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Protesto contra o genocídio da juventude negra

Gizele Martins

Mais de mil pessoas participaram do ato ‘Contra o Genocídio da Juventude Negra’, realizado na tarde desta quinta, 3 de dezembro, no Parque de Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. A manifestação foi convocada com o objetivo de lembrar o que ocorreu no último sábado, dia 28, quando cinco jovens foram assassinadosdentro de um carro pela Polícia Militar, em Costa Barros.

Cartazes, músicas, frases e falas marcaram o ato que percorreu algumas ruas movimentadas de Madureira. Inúmeras pessoas que passavam paravam e ouviam as mensagens de revolta contra as mortes e de solidariedade aos familiares das vítimas.

Bruno Rico, estudante de publicidade e morador do bairro, disse que a passeata de ontem foi organizada de forma independente, totalmente apartidária, desvinculada de qualquer movimento. “Apenas criei o evento e vieram outras pessoas se colocando, se mobilizando, se organizando". 

"A mensagem que a gente quer passar é que cinco jovens morreram e que jovens negros, pobres e favelados têm morrido todos os dias”, disse Bruno.

Rachel Barros, militante do Fórum Social de Manguinhos e participante da organização Fase, disse que é preciso que a sociedade veja que meninos negros têm morrido todos os dias por causa de um racismo que se faz presente no dia a dia.

“Queremos dar o grito nesta cidade, a gente está vendo a cada dia, a cada mês jovens morrendo, desaparecendo. O mundo legitima essa política.  O racismo culpa os negros por todas as mazelas sociais e isso tem que acabar.  Espero que este seja um período intenso de mobilização da juventude negra contra as mortes e a militarização da vida”, disse Rachel.

Extermínio diário

Para Sidney Teles, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro (Alerj), é preciso chamar atenção para o que tem acontecido com a juventude pobre, negra e favelada. “Precisamos saber como vai ser tratada a juventude nesse tema da segurança. Neste caso, foram 111 tiros disparados contra essas crianças. Lembrando que 111 foi o número de mortos no Carandiru. A gente não pode mais se calar, a gente tem que partir pra cima e disputar o poder e fazer dele uma política que preserve a vida dos nossos jovens, porque estamos sendo exterminados diariamente, mas ainda estamos calados.”

Margarida Prado, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, também esteve presente e disse estar feliz não pela pauta, mas por ver inúmeros jovens da periferia presentes na manifestação. “Estou feliz e emocionada por estar aqui hoje, porque a maior força que a gente tem são as pessoas comuns. Elas saíram de suas casas para dizer que não querem mais assassinatos de jovens negros. Não querem mais violações de direitos cometidos pelo Estado, sendo estes os maiores violadores de direitos desta juventude.”, concluiu.  

Mapa da violência
O Mapa da Violência de 2014aponta que, no Brasil, são os jovens negros, especialmenteos das periferias, as principais vítimas da violência policial no país. A cada 10 mortos, sete são negros, o que comprova que o que ocorreu com os cinco jovens em Costa Barros não se trata de um caso isolado.

Para uma primeira mudança efetiva nas assembleias da ADUFRJ, não foi preciso reinventar a roda. Bastou trazer de volta o instrumento com o qual os atenienses, no tempo de Péricles, implementaram a democracia : a urna.  

 A urna, com pauta e horários de votação previamente definidos, possibilita que os professores amadureçam sua decisão livremente, com tempo para discussão antes e durante a assembleia, e possam expressar sua posição sem o constrangimento temporal de uma votação em um momento imprevisível (e suscetível aos interesses de uma mesa, esta ou aquela, que o antecipe ou adie). Na assembleia da última quarta-feira, o anúncio prévio do período para a votação permitiu que professores se programassem para participar da assembleia como lhes conviesse: seja buscando chegar mais cedo para informar-se, discutir e tirar dúvidas; seja para chegar mais tarde por força de compromissos, ou por considerar que sua posição já estava suficientemente consolidada. Na primeira assembleia com urnas, ainda vimos ocorrer uma terceira situação inesperada: professores que aproveitaram o período mais extenso da votação para tirar suas últimas dúvidas tranquilamente com os colegas presentes, após o final das falas,  antes de depositarem seus votos.

O resultado desse procedimento simples foi uma ampliação exponencial da presença e da participação docente, verificável pela comparação com o número de presentes nas assembleias dos últimos dois anos. Descontadas as assembleias de greve, em que a mobilização é naturalmente maior, e as não deliberativas (posses da diretoria e do conselho), as assembleias dos últimos dois anos registram a presença média de 22 professores (sindicalizados e não-sindicalizados somados), variando de um mínimo de 5 a um máximo de 50 presentes em uma assembleia (ver quadro). Com o agendamento prévio das etapas da assembleia e a votação em urnas, 200 professores assinaram a lista de presença.  Não é preciso comentar a ordem quantitativa da diferença, mas há o que comentar com relação aos acontecimentos.

Um grupo de colegas, em número muito próximo ao das presenças em assembleias sem urna, ocupou a maior parte do tempo de discussão durante a assembleia de 25 de novembro de 2015 para questionar as urnas. Ao fim de repetidas críticas ao novo procedimento, foi solicitado um encaminhamento de alteração no método de votação. A mesa disse que não acataria encaminhamentos que colocassem em questão a votação em urnas. Justificou que era um compromisso de campanha, referendado pela própria eleição da atual diretoria. Obviamente, se um encaminhamento de tal teor fosse acatado, além da traição ao compromisso, seriam prejudicados todos os professores que agendaram o seu momento de votar conforme o horário informado, e que não estivessem presentes na ocasião precisa da votação do encaminhamento. Indo mais além, imaginemos que um tal encaminhamento fosse acatado, e fosse aceito pôr em votação se votaríamos em urnas ou não. Como faríamos a votação do encaminhamento? Votando em urnas ou não? Teríamos então que deliberar como vamos deliberar como vamos deliberar, levando a um impasse infinito e travando o processo deliberativo democrático?

Precisamos ampliar ainda mais os espaços, otimizar o tempo da assembleia e, sobretudo, encontrar motivação para participar de um ambiente político democrático. Um ambiente propício à diversidade que seja avesso a manobras inesperadas ou ao uso de métodos de constrangimento. Um espaço de discussão aberta e de deliberação tranquila, que permita a expressão do voto de maior número de professores da UFRJ. Neste sentido, precisamos sempre ouvir as críticas e sugestões dos colegas. Um colega criticou a cédula vir marcada com casinhas de sim e não, outro sugeriu que houvesse espaço para opções abertas, outro ainda que as opções não fossem marcadas na cédula mas nas urnas, como faziam no tempo em que a democracia foi inventada. São ideias construtivas. É dever da diretoria examinar como pôr boas ideias em prática. Aperfeiçoar as urnas é aperfeiçoar o instrumento da democracia, este processo que se inventa, se reinventa e se aperfeiçoa.

Fernando Santoro
Vice-presidente da Adufrj-SSind

Em meio à crise, mutirões de limpeza ganham força na UFRJ

Elisa Monteiro
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Mais de sessenta pessoas participaram de uma reunião nesta quarta-feira, 2, no Instituto de Química (IQ), para discutir a falta de pagamentos dos salários dos funcionários terceirizados da limpeza, contratados via empresa Venturelli. Professores, alunos e terceirizados compareceram.

A ideia de mutirão como protesto para chamar atenção para o problema prevaleceu mais uma vez. Na semana anterior um grupo de estudantes da Engenharia Civil limpou simbolicamente o corredor do bloco D do CT.

Um segundo mutirão foi programado pelo Centro Acadêmico do Instituto de Química (CAIQ) para a quinta-feira, 10, um dia depois da audiência pública convocada pela reitoria para discutir a crise.

O CAIQ, que está à frente de outras iniciativas como o recolhimento de donativos, pretende envolver outras unidades no protesto, como o Instituto de Matemática (IM) e o Instituto de Física (IF). O horário escolhido (às 11h e 30) para a atividade coincide com o do almoço dos funcionários.

A diretora do IQ, Cássia Curan, presente à reunião, destacou a importância da mobilização para enfrentar o problema. Ela relatou que a equipe de 20 funcionários de limpeza foi reduzida a cinco pessoas. “Eu não consigo nem saber quem foi e quem não foi demitido. As pró-reitorias dizem que as listagens estão com a empresa”, disse. “Antigamente, a gente ainda conseguia indicar quem entraria no corte ou não. Dessa vez foi totalmente aleatório”, queixou-se.

“Diárias”

12294803 402688796522281 5283852265002584715 nFotos: Elisa MonteiroSem salários, tíquete-alimentação e vale-transporte há quatro meses, a parte do grupo que se mantém disponível à universidade se reveza a cada semana em grupos de cinco, trabalhando dois funcionários no turno manhã-tarde e três na tarde-noite.

Segundo o vice-diretor do IQ, Cláudio Motta, para assegurar a presença desses funcionários, professores decidiram fazer uma vaquinha para remunerá-los com uma espécie de diária. Cada docente entra com R$ 50.

“Para não interromper as aulas, ao menos até o fim do semestre, nós acatamos essa medida paliativa”, justificou Motta. “Mas para o ano que vem, será impossível manter essa situação. Teremos que ver como ficarão as coisas”, disse em seguida, citando a possibilidade de redução da oferta de vagas para estudantes no curso.

“Eu contribuí e apoiei (a iniciativa). Da mesma forma, os estudantes devem se conscientizar retirando seu lixo, dando descarga e o que mais puderem. Eu estou trazendo sabonete líquido e papel higiênico para o banheiro que uso. Sei que não resolve, que é um paliativo, mas se cada um fizer a sua parte, a gente consegue manter o mínimo até o fim do ano”, disse a docente Débora Azevedo.

Veja também: Alunos fazem mutirão de limpeza

E ainda: Xerém faz mutirão 

Na mesma linha, o aluno Igor Vieira defendeu que os professores fossem instruídos a pedir no início e final das aulas que os estudantes “levem seu lixo na mochila de volta para casa” para “minimizar o trabalho” dos funcionários.

O professor Rodrigo Volcan é de outro entendimento. “O fundamental é que o pagamento dessas pessoas seja realizado imediatamente. E pagar do próprio bolso é fazer o jogo de quem não quer resolver isso. É esconder o problema”, contestou.

Xerém faz mutirão 

A crise da limpeza atinge o polo da UFRJ em Xerém (Caxias). As fotos registram os esforços de estudantes em mutirão para manter condições mínimas de higiene – diante da paralisação dos serviços dos terceirizados que estão também sem receber salários.

Por meio de nota, os estudantes clamam por auxílio e condições dignas para estudar. “Cobramos melhorias sanitárias, infraestrutura adequada e assistência estudantil”, diz o documento. “Não queremos outra greve”, ressalvam, contudo. “Para não prejudicar as aulas e o calendário acadêmico decidimos fazer nossa parte”, afirmam na nota.


Fotos: Monique Anjos e Gabriela Almeida

Gabriela Almeida

M Anjos

Em meio à crise, multirões de limpeza ganham força na UFRJ

Elisa Monteiro
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Mais de sessenta pessoas participaram de uma reunião nesta quarta-feira, 2, no Instituto de Química (IQ), para discutir a falta de pagamentos dos salários dos funcionários terceirizados da limpeza, contratados via empresa Venturelli. Professores, alunos e terceirizados compareceram.

A ideia de mutirão como protesto para chamar atenção para o problema prevaleceu mais uma vez. Na semana anterior um grupo de estudantes da Engenharia Civil limpou simbolicamente o corredor do bloco D do CT.

Um segundo mutirão foi programado pelo Centro Acadêmico do Instituto de Química (CAIQ) para a quinta-feira, 10, um dia depois da audiência pública convocada pela reitoria para discutir a crise.

O CAIQ, que está à frente de outras iniciativas como o recolhimento de donativos, pretende envolver outras unidades no protesto, como o Instituto de Matemática (IM) e o Instituto de Física (IF). O horário escolhido (às 11h e 30) para a atividade coincide com o do almoço dos funcionários.

A diretora do IQ, Cássia Curan, presente à reunião, destacou a importância da mobilização para enfrentar o problema. Ela relatou que a equipe de 20 funcionários de limpeza foi reduzida a cinco pessoas. “Eu não consigo nem saber quem foi e quem não foi demitido. As pró-reitorias dizem que as listagens estão com a empresa”, disse. “Antigamente, a gente ainda conseguia indicar quem entraria no corte ou não. Dessa vez foi totalmente aleatório”, queixou-se.

“Diárias”

12294803 402688796522281 5283852265002584715 nFotos: Elisa MonteiroSem salários, tíquete-alimentação e vale-transporte há quatro meses, a parte do grupo que se mantém disponível à universidade se reveza a cada semana em grupos de cinco, trabalhando dois funcionários no turno manhã-tarde e três na tarde-noite.

Segundo o vice-diretor do IQ, Cláudio Motta, para assegurar a presença desses funcionários, professores decidiram fazer uma vaquinha para remunerá-los com uma espécie de diária. Cada docente entra com R$ 50.

“Para não interromper as aulas, ao menos até o fim do semestre, nós acatamos essa medida paliativa”, justificou Motta. “Mas para o ano que vem, será impossível manter essa situação. Teremos que ver como ficarão as coisas”, disse em seguida, citando a possibilidade de redução da oferta de vagas para estudantes no curso.

“Eu contribuí e apoiei (a iniciativa). Da mesma forma, os estudantes devem se conscientizar retirando seu lixo, dando descarga e o que mais puderem. Eu estou trazendo sabonete líquido e papel higiênico para o banheiro que uso. Sei que não resolve, que é um paliativo, mas se cada um fizer a sua parte, a gente consegue manter o mínimo até o fim do ano”, disse a docente Débora Azevedo.

Veja também: Alunos fazem mutirão de limpeza

Na mesma linha, o aluno Igor Vieira defendeu que os professores fossem instruídos a pedir no início e final das aulas que os estudantes “levem seu lixo na mochila de volta para casa” para “minimizar o trabalho” dos funcionários.

O professor Rodrigo Volcan é de outro entendimento. “O fundamental é que o pagamento dessas pessoas seja realizado imediatamente. E pagar do próprio bolso é fazer o jogo de quem não quer resolver isso. É esconder o problema”, contestou.

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