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Nem na UFRJ nem na Rural, estupro não é normal

Em ato no Fundão, mulheres denunciam assédio nas universidades

Samantha Su
Estagiária e Redação


O Centro de Tecnologia do Fundão amanheceu, no dia 27 de abril, com uma manifestação feminista contra o assédio e o estupro. Com cartazes e palavras de ordem, estudantes, servidoras e terceirizadas caminharam do CT até a Ponte do Saber para denunciar a falta de segurança nas universidades. A manifestação surgiu em apoio e solidariedade ao levante feminista da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), após diversas denúncias de estupro naquele campus. Mas a atividade também expôs a realidade da UFRJ.

“Nós precisamos parar de naturalizar a violência. Estamos aqui em solidariedade às estudantes da Rural, que sofrem com as especificidades de lá, um campus já conhecido pelos recorrentes abusos. Mas também para falar que na UFRJ também somos violentadas e vamos somar nessa luta contra o machismo nas universidades. Estudantes e trabalhadoras estão aqui reunidas para dizer: ‘Nem na UFRJ nem na Rural, estupro não é normal!’”, declarou uma das organizadoras do ato e presidente do Centro Acadêmico de Engenharia, Thaís Rachel Zacharia.

Uma das bandeiras levantadas pelas mulheres durante o percurso foi contra a conduta machista da revista Veja, que retratou Marcella Temer, esposa do vice-presidente Michel Temer, como “bela, recatada e do lar”. A publicação acrescentava que, por isso, o parlamentar seria “um homem de sorte”: “Homem nenhum pode nos ditar que devemos ser belas, recatadas e do lar. Ninguém pode ditar o que devemos ser. Estamos aqui porque ainda precisamos afirmar que não somos inferiores, que somos seres humanos que merecemos respeito e nenhum sistema machista nos dirá o contrário”, declarou Noemi Andrade, servidora da Divisão de Segurança (Diseg).

As estudantes reivindicaram mais segurança no campus e criticaram os assédios em sala de aula: “Sabemos que passamos por um momento difícil na conjuntura política, mas as mulheres demonstraram no ano passado que o nosso caminho é a união. Durante os atos do ‘Fora, Cunha’, nós gritávamos ‘a pílula fica, o Cunha sai’. Hoje nós estamos aqui para gritar que as mulheres ficam na universidade e o machismo é que vai embora. Todas nós sofremos com assédio de professor em sala de aula, com falta de segurança, com falta de assistência, mas as mulheres estão aqui para mostrar que sabemos brigar pelos nossos direitos”, afirmou Katerine Oliveira, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O Sintufrj também marcou presença: “Essa opressão é algo que nos tira a dignidade enquanto cidadãs e mulheres. Enquanto tivermos voz, precisamos gritar e lutar para mudar isso”, afirmou a representante do sindicato, Ana Célia. Além das servidoras, as terceirizadas também foram protestar. Elas lembraram que o direito a exercer política ainda é muito masculino: “Eu queria dizer a vocês que, se nesse ato, nós não temos tantas terceirizadas aqui, é justamente pelo constante assédio moral que sofremos nesse tipo de trabalho quando passamos a exercer nosso direito político. Então isso também é sobre nós”, observou Waldinéa Nascimento, presidente da Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ (Attufrj).

A participação feminina na política foi abordada com muita ênfase: “O nosso curso de Enfermagem é um curso no qual existe maioria feminina, mas, mesmo lá, os espaços de direção política são sempre masculinos. Precisamos mudar essa realidade, a mesma realidade que impõe também a ideia de que o ato de cuidar é exclusivamente feminino. A Escola de Enfermagem Anna Nery durante muitos anos só aceitou mulheres. E mulheres que provassem sua conduta de bem para serem enfermeiras. Não tem de ser reservado a nós o convívio do lar e do cuidado e, aos homens, as ruas e as políticas”, explicitou a estudante Brígida Rodrigues pelo Diretório Acadêmico Sandra Cristina Feitosa, da EEAN.

“Nós não podemos nos esquecer de que não é só sobre feminismo a nossa luta. A pauta de assistência estudantil também diz muito sobre nós, que a política também é assunto nosso. Nós não permanecemos nesse espaço porque ele nos é hostil e convivemos com assédio, estupro e violência, mas também não permanecemos por falta de assistência estudantil e isso também é caro às mulheres”, concluiu Josi Oliveira, estudante de Gestão Pública para o Desenvolvimento Economico e Social.

As obras vão bem?

No segundo semestre de 2014, a Comunicação da Adufrj-SSind produziu uma série de matérias especiais sobre as obras da UFRJ, fazendo um raio-x em parte importante do seu projeto de expansão. Quase dois anos depois e com a universidade sob nova administração, voltamos a questionar: em que pé estão as reformas e as construções de novos prédios e equipamentos previstos no Plano Diretor — aprovado pelo Conselho Universitário em 2009?

Abre esta série o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec).

Ladetec: obra perto da conclusão

O Ladetec corresponde à expansão acadêmica e administrativa do Instituto de Química. O projeto é uma das poucas obras do campus Fundão que não implicou custo para a universidade e abrange laboratórios e salas.

De acordo com dados do site do Escritório Técnico da Universidade, o valor contratado para obra foi de R$ 79.575.486,63. Mas, segundo o pró-reitor de Gestão e Governança, Ivan Carmo, todo o empreendimento que inclui equipamentos diversos e a logística para as Olimpíadas alcança a marca de aproximadamente de R$ 210 milhões com origem no Ministério dos Esportes e no Ministério da Educação (MEC). “A logística inclui as passagens, alimentações e hospedagem do grupo internacional que vem trabalhar nos exames de doping durante os Jogos (Olimpíadas e Paralimpíadas 2016)”. A universidade entrou com a cessão do espaço para o megaevento e pessoal para acompanhamento e fiscalização das obras.

O empreendimento foi veloz também. Os trabalhos tiveram início em 22 de janeiro de 2014 e previsão de finalização em 18 de outubro de 2014. A adequação dos prazos jogou para 14 de setembro de 2015. Mas o ponto final estava marcado para este final de abril. Atualmente, o prédio se encontra integralmente finalizado. O entorno, contudo, ainda está fora das especificações: “Faltam detalhes tanto na parte paisagística quanto na segurança”.

 

 

Encontro nacional discute cotas na universidade

Com a participação de delegações de vários estados brasileiros, acontece nestes dias 13, 14 e 15, no campus do Fundão, o Encontro Nacional de Estudantes e Coletivos Universitários Negros (EECUN). O evento no auditório Quinhentão (CCS) conta com o apoio da Adufrj. Na abertura da reunião, a Seção Sindical lançará sua revista, que traz as cotas raciais como tema. Essa nova mídia da Adufrj pretende abrir espaços para reflexões mais profundas sobre temas que envolvem a comunidade acadêmica.

Caroline Borges, do coletivo Carolina de Jesus — um dos organizadores do encontro —, disse que são esperados cerca de 1,5 mil estudantes. Ela explicou que o objetivo é aprofundar o debate sobre as cotas, a política de permanência para estudantes cotistas e a avaliação institucional dos programas de cotas nas universidades prevista em lei federal (nº 12.711/2012) para 2022.

Além das mesas de debates, o evento inclui painéis e apresentações artísticas. A maratona do EECUN está prevista para terminar na noite de domingo.

Confira a programação do evento em http://eecun.com.br/programacao

Assembleia do dia 17 discute ameaças a direitos docentes

Para ampliar participação no debate, AG será realizada em três lugares distintos, simultaneamente

Dando sequência ao compromisso de buscar ampliar a participação das professoras e dos professores da UFRJ nas decisões do sindicato, a diretoria da Adufrj convocou a próxima Assembleia Geral da categoria em um formato diferente: a atividade vai ocorrer, simultaneamente, em três lugares diferentes.

A AG está marcada para 17 de maio (terça-feira), de 15h às 18h, e será realizada: na Sala D220, Bloco D, 2º andar, no Centro de Tecnologia; no Salão Nobre do IFCS; e no Auditório do Bloco B, campus de Macaé. Será utilizada tecnologia de videoconferência para a conexão dos três locais. E haverá transmissão online da reunião nos seguintes links: 

https://plus.google.com/events/cmemcu3oc0lviqi1jjoepuineq0 

ou

https://www.youtube.com/watch?v=gs3AVhGxDT0&feature=youtu.be

 

Na pauta da Assembleia, além da autorização de ações a serem movidas pelo Departamento Jurídico da Adufrj, consta a discussão da agenda política e da agenda de mobilização contra medidas que afetam a universidade pública, direitos e condições de trabalho dos docentes.

Confira aqui o documento com as principais propostas (e seus riscos) que estão sendo discutidas no Executivo e no Legislativo.

Veja também as Propostas da Diretoria da Adufrj para a Assembleia de 17 de maio

Excepcionalmente, por conta do deslocamento dos funcionários da Adufrj-SSind para apoio à Assembleia Geral — que será realizada em três locais distintos —, o atendimento na sede (sala 200, bloco D do CT) será interrompido às 14h30 desta terça-feira, 17 de maio.

 

 
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AG dia 17


Sem pagamento, Light cortou energia de parte da UFRJ

Universidade faz contraproposta à empresa para resolver o problema, mas também estuda ação judicial contra a concessionária pela interrupção do serviço

Elisa Monteiro
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A interrupção do fornecimento de energia pela concessionária Light em algumas unidades acadêmicas da UFRJ, na segunda-feira, 18, pegou de surpresa a comunidade. Em nota, a reitoria manifestou “indignação”, argumentando que “o procedimento ocorreu logo após a universidade ter saldado faturas em atraso, no dia 15, conforme compromisso firmado junto à empresa”. Segundo a administração, foram pagos à Light “cerca de R$ 15 milhões”.

À Comunicação da Adufrj, o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3), Roberto Gambine, detalhou que o repasse citado se refere à dívida com a empresa de fevereiro até outubro 2015. Estão em aberto contas de novembro a fevereiro de 2016, em um total de R$ 23.047.355,66.

Segundo o dirigente, a universidade atua no sentido de ao menos manter os pagamentos atrasados de todos os serviços como a vigilância, telefonia, água, alimentação e transporte interno entre 60 e 90 dias, prazo máximo admissível pelos contratos. Mas a situação da conta de luz, contudo, exige uma liberação de recursos acima da média.

Gambine confirmou que houve prévia ameaça de corte. No entanto, a concessionária não chegou a notificar formalmente a universidade nem informou quais unidades seriam alvo da suspensão do serviço. “Foi com enorme surpresa que, na segunda-feira, fomos comunicados pelas direções de que a Light tinha disparado uma série de equipes em varias áreas universidade para efetuar corte da energia”.

Ficaram às escuras a Escola de Música, o Observatório do Valongo e a Casa da Ciência e a Editora da UFRJ. Segundo o pró-reitor, na Faculdade de Direito (FND), no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e na Reitoria, as equipes da concessionária recuaram ao serem solicitadas a apresentar  uma notificação formal de corte.

Impasse

A Light queria o acerto das contas até 8 de abril. A universidade retornou com a impossibilidade de fixar uma data. Na negociação, além da dependência de recursos do Ministério da Educação (MEC), a universidade argumentou que, durante 45 dias, entre março e abril, chegou a saldar três faturas.  

Como resposta, recebeu a mensagem: “A Light tem ciência das dificuldades financeiras que a UFRJ vem passando, mas R$ 23 milhões estão fazendo muita falta no caixa da Light. Dessa forma, a carta de corte permanece válida”.

Segundo Gambine, após protestos da universidade, a empresa informou a suspensão dos trabalhos das equipes.  Mas a queda de braço sobre a dívida continua. De acordo com o dirigente, a Light apresentou uma proposta de atualização da dívida de março com juros considerados extorsivos. A contraproposta da UFRJ, nas mãos da Procuradoria da universidade, é uma atualização mais modesta de março e diluição dos demais atrasados nas faturas dos próximos meses. Os advogados da universidade estariam estudando ainda uma ação contra a Light: “Estamos levantando junto às unidades os prejuízos nas atividades, danos a equipamentos e materiais”, informou Gambine.

De acordo com a assessoria da reitoria, ainda no dia 20 seria religada a luz de todos os pontos da UFRJ que ficaram às escuras. Uma reunião com a concessionária será realizada na segunda (25).

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