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Andifes defende autonomia

Elisa monteiro

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 Reitores fizeram ato de solidariedade a Leher e protestaram contra crise das estaduais

A Casa da Ciência da UFRJ sediou a reunião da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), na segunda-feira, 20. A escolha do Rio não foi aleatória. O encontro teve caráter de ato de desagravo ao reitor Roberto Leher e à estudante Thais Zacharia, indiciados pelo Ministério Público por participar do debate “UFRJ em Defesa dos Direitos Sociais, Políticos e Democráticos”, no ano passado. À noite, os dirigentes realizaram manifestação de apoio à Uerj.

“Um conjunto de reitores e de universidades viveu uma situação excepcional, em 2016, denunciado por algo que na verdade é seu papel, fazer reflexões e produzir conhecimento sobre a realidade social da nação”, argumentou a presidente da Andifes, Ângela Maria Paiva Cruz (UFRN). “Isso foi confundido, equivocamente, com partidarismo político”, completou.

Autonomia em discussão

A reunião começou com um seminário sobre a autonomia universitária. Nele, especialistas do Direito apresentaram pontos de vista distintos. Enquanto a liberdade de cátedra foi ponto pacífico, as visões sobre autonomia de gestão levantaram polêmicas.

Menos judicialização e mais reconhecimento da sociedade foi a mensagem da ex-secretária da Educação Superior, Maria Paula Dallari Bucci (USP). “O capital social da universidade é muito grande”, argumentou ela.

A docente chamou atenção para a necessidade dos reitores unificarem uma agenda mínima para preservar a autonomia das universidades. A fórmula desenhada por Dallari prioriza a manutenção da legislação atual que já assegura a autonomia universitária, propostas orçamentárias que têm como contrapartida planejamento de gastos e prestação de contas, a defesa da diversidade como identidade da universidade e eleições para dirigentes.

Já o desembargador e professor da Unirio, André Ricardo Cruz Fontes, endossou a liberdade acadêmica, mas foi duro em relação à prestação de contas. André frisou que não existe instituição no Brasil com autonomia absoluta, “A democracia pressupõe observância das regras”, sublinhou.

 O professor da UFRJ, Geraldo Prado, deu ênfase em sua fala à “instabilidade política” e atribuiu as ações do Ministério Público Federal ao cerceamento das manifestações contrárias ao impeachment. “Autonomia significa dizer não ao consentimento. Conhecimento não é consentimento".

 O professor de Direito da UFMG, Fernando Gonzaga Jayme defendeu a autonomia científica e administrativa nos moldes da Constituição Federal. E afirmou que o ordenamento jurídico brasileiro é “suficiente para afirmar autonomia”.

Para ele, a questão não é legal, mas política: “O problema está em um enfraquecimento institucional das universidades e agigantamento do controle exercido pelo MEC e órgãos de controle”. Fernando Jayme criticou ainda o fim das procuradorias próprias das universidades, absorvidas pela Advocacia-Geral da União.

 Uerj

 Na noite de segunda-feira, os reitores fizeram um ato de solidariedade à Uerj. “Atravessamos a maior crise de financiamento desde a fundação da Uerj”, disse o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques.

Corte dos 28% afeta 1.580 professores

Ministério do Planejamento cortou percentual de mais de oito mil servidores da UFRJ . O valor era pago desde 2002. Sintufrj vai recorrer

Silvana Sá

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O Ministério do Planejamento cortou dos contracheques de professores e técnicos o valor correspondente à ação dos 28,86%. Para a surpresa da comunidade acadêmica, os salários de fevereiro já chegarão sem a rubrica. A medida atinge 611 docentes dos 6.056 ativos e 969 dos 2.236 aposentados. Ao todo, cerca de oito mil servidores perderam o percentual. O direito foi conquistado por meio de ação movida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintufrj).

O advogado do Sintufrj, André Viz, afirmou que já realiza medidas jurídicas pedindo a ilegalidade da medida, uma vez que o governo não respeitou o direito à ampla defesa dos servidores.

A reitoria afirmou que recebeu a notícia com surpresa e esclareceu que o corte foi uma “medida arbitrária” do Ministério do Planejamento. “Foi um ato unilateral do governo. A reitoria está no aguardo da ação do sindicato e estamos em contato com o Ministério para tentar uma reunião”, disse o pró-reitor de Pessoal, Agnaldo Fernandes.

Em nota, a administração central afirma que vai disponibilizar “todo o suporte institucional cabível ao Sintufrj” para “proteger o poder aquisitivo dos servidores”.

HISTÓRICO

A chamada “ação dos 28%” visava ampliar para servidores da UFRJ o reajuste que os militares receberam em 1993. Em 1997 houve decisão favorável do Supremo Tribunal Federal, que entendia que todo o funcionalismo civil deveria obter o mesmo reajuste, mas o direito só foi incorporado aos contracheques em dezembro de 2002.

26% PRESERVADOS

A Diretoria da Adufrj esclarece que neste momento a ação dos 26,05% não é questionada pelo governo e não há risco de cortes para os servidores ativos. Já para quem se aposenta, há uma pressão do Tribunal de Contas da União para que a universidade corte todos os percentuais constantes no contracheque. Os servidores estão sendo comunicados pela PR-4 para apresentarem suas defesas em processos individuais. Os docentes que estiverem nesta situação devem procurar a assessoria jurídica da Adufrj para garantir a permanência do direito.

ASSEMBLEIA DEFINE ESTRATÉGIAS

 

O corte dos 28,86% foi debatido em assembleia realizada pelo Sintufrj na última terça-feira (14), com a presença dos pró-reitores de Pessoal, Agnaldo Fernandes, e Finanças, Roberto Gambine. “Foram dez anos de ameaças. Agora, eles resolveram executar o corte”, disse Francisco de Assis, coordenador geral do sindicato. A próxima assembleia do Sintufrj está marcada para o dia 21, no Centro de Tecnologia. O objetivo é definir uma agenda política, com negociações e mobilizações em Brasília para reverter o corte.

MEC interfere na reitoria de federal de São Paulo

Reitora ganhou nos três segmentos da universidade, mas não foi nomeada 

Elisa Monteiro

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A professora Soraya Smaili venceu a reeleição para reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em novembro, mas ainda não foi nomeada para o cargo. Primeira mulher a ocupar o posto, ela ganhou nos três segmentos – docentes, técnicos e estudantes. Sua nomeação está parada no Ministério da Educação (MEC) que concedeu à reitora apenas o status de pro-tempore. Na prática, significa que ela pode ser substituída a qualquer momento. 

A justificativa usada pelo MEC é a reclamação de um docente aposentado da Medicina, Antonio Carlos Lopes, sobre a validade da consulta. Ele afirma que o voto paritário é ilegal porque dá o mesmo peso para estudantes, professores e técnicos. Foi a primeira vez que a Unifesp usou a paridade, incorporada recentemente ao estatuto da universidade. O mal-estar com a interferência fez o único concorrente na eleição, professor Nildo Alves Batista, se recusar a oficializar o nome na lista tríplice. 

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) acompanha os processos de nomeações de reitores. Por email, a assessoria da Andifes destacou que “o MEC tem nomeado o primeiro nome da lista tríplice enviada pelas instituições. Entretanto, observa-se há algum tempo demora nos trâmites administrativos”. E informou que em relação à Unifesp “o atual ministro da Educação afirmou à nossa diretoria, que continuará o rito desse processo”. 

Ana Maria Estevão, professora da Unifesp na Baixada Santista e diretora do Andes-SP, explica a situação: “A lisura do processo foi referendada pelo Conselho Universitário, não tem discussão”. 

MOVIMENTO DOCENTE 

Soraya Smaili foi eleita pela primeira vez em 2013 por votação não paritária. A professora atua no movimento docente, com passagem pelas diretorias do sindicato local e nacional.

Arqueóloga faz a diferença

 

Trabalho da professora Tânia Andrade ganhou prêmio do jornal O Globo

Valentina leite

Estudante da ECO/UFRJ e estagiária

Todo arqueólogo sonha encontrar grandes tesouros perdidos. A professora e arqueóloga Tania Andrade Lima, do Museu Nacional/UFRJ, conseguiu. Seu achado rendeu o prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, na categoria Rio. O tesouro é formado por artefatos da época da escravidão encontrados no Cais do Valongo, na zona portuária. Pedras, miçangas e amuletos religiosos foram escavados e estão em ótimo estado de preservação. 

Qual foi o diferencial desse trabalho? 

Foi um trabalho árduo, mas gratificante. Fomos convocados pelo IPHAN para monitorar a Zona Portuária, na época das obras da revitalização. Sabíamos da importância histórica do local, que é o antigo Cais do Valongo. O diferencial foi que, ao escavar, nos surpreendemos com a tremenda riqueza preservada, pois achamos que o local já estaria destruído pelo tempo. 

O que há de mais positivo em trazer esse reconhecimento da mídia?

Creio que nós, docentes e pesquisadores da UFRJ, trabalhamos pesado e, na maioria das vezes, em condições difíceis. Nossos esforços são pouco reconhecidos e quase não são vistos pela sociedade. Quando uma pesquisa ganha visibilidade, é de grande utilidade. Nem que seja para mostrar uma pequena parte do imenso trabalho que é feito dentro da universidade. 

Após mais de 30 anos de dedicação, como foi para a senhora ser premiada? 

Para mim foi uma grande honra. Mas, para além disso, o reconhecimento deve ser dado aos escravos: suas crenças, costumes e, principalmente, sua força, moldaram a nossa nação. É a cultura do nosso país preservada. Acredito que o prêmio é deles. Eles é que fizeram a diferença.

Arquitetura de problemas
FAU decide suspender o início do primeiro semestre até que as condições de trabalho sejam normalizadas

 

Fernanda Oliveira
Estudante da ECO/UFRJ e estagiária

Não foi uma decisão fácil. No dia 1º de fevereiro, após uma série de reuniões, a Congregação da Faculdade de Arquitetura decidiu suspender o início do primeiro semestre de 2017, até então previsto para 13 de março. A decisão foi unânime. A FAU argumenta que os prazos das obras de recuperação da unidade não estão sendo cumpridos.

Na reunião do Consuni, a professora Mônica Salgado explicou que a decisão condiciona o começo do semestre ao funcionamento básico da rede elétrica, dos aparelhos de ar-condicionado, instalações hidrossanitárias, telefonia e internet.

Hoje, professores, alunos e funcionários não contam com nada disso. As atividades são realizadas de maneira precária no térreo, mezanino e parte do 3º andar. Mais de quatro mil alunos compartilham quatro banheiros.

A Arquitetura reivindica também a reativação dos elevadores, um projeto de segurança contra incêndio e pânico e cronograma de obras para o todo o edifício.

Para Andrea Borde, professora de Pós-graduação em Urbanismo, “não se trata de não oferecer o próximo semestre, mas de não começá-lo nas mesmas condições”. Ela argumenta ser impossível preservar a excelência nas condições atuais: “A nossa universidade precisa de investimentos em manutenção e em pessoal”.

Durante o Consuni, a reitoria prometeu colocar no site institucional o cronograma das obras da Arquitetura.

Outro lado

O pró-reitor Roberto Gambine informou que usou parte dos recursos emergenciais enviados pelo MEC após o incêndio do ano passado para fechar as contas da universidade em 2016. Ele explicou que o dinheiro não possuía rubrica específica e, para não ser devolvido por falta de uso, foi remanejado. “Recebemos R$ 6,5 milhões. Desse valor, R$ 600 mil foram utilizados para a limpeza da área atingida pelo incêndio. O restante foi usado em outros fins, mas existem R$ 5,9 milhões disponíveis no orçamento atual para custear as obras e que serão utilizados conforme forem andando as licitações”, garantiu.

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