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WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.09 3CENA DE ABERTURA DE ‘1900’. Pintura : “O Quarto Estado” - Giuseppe Pellizza da Volpedo (1868-1901)“Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes”. A constatação do Marquês de Sade, na França do século XVIII, reflete o pensamento antifascista presente nas obras cinematográficas italianas do fim do último século, analisadas no CineAdUFRJ da quinta-feira, 27, com o tema “Entendendo o fascismo”. A iniciativa é uma parceria entre a AdUFRJ e o Grupo de Educação Multimídia (GEM), da Faculdade de Letras.
Os filmes escolhidos para o debate foram “1900”, de Bertolucci, “Um dia muito especial”, de Ettore Escola, e “Saló”, de Pasolini. Os três tratam da questão do fascismo na Itália num momento próximo aos anos áureos de Mussolini. “Se abre nesse miolo um espaço que se começa a repercutir o fascismo através de uma releitura de época”, afirmou Ricardo Cota, jornalista, crítico e escritor convidado pelo CineAdUFRJ para refletir tecnicamente as obras. “É uma década extremamente rica (os 70), e nasce um cinema que já foi chamado de político e hoje algumas pessoas qualificam como de urgência”, relembrou Cota.
“Essa dimensão de cinema, democracia e liberdade não enquanto substantivo, mas o cinema enquanto condição de liberdade foi muito importante na história dos anos 70/80”, lembrou o professor e historiador da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira, um dos maiores estudiosos brasileiros das Forças Armadas, e convidado pelo CineAdUFRJ para analisar as relações entre o fascismo e a cena política brasileira contemporânea.
“O filme “1900”, do cineasta Bernardo Bertolucci, é uma epopeia com uma visão macropolítica, abrangente, e os outros dois filmes refletem a micropolítica que acontecem nas franjas da história”, explicou Cota. “Já “Um dia muito especial” se passa num momento em que vai haver uma marcha fascista e os dois personagens, Antonieto e Gabriele, vão se encontrar no condomínio que vivem, com as suas limitações diante das imposições do fascismo não só na politica, mas na sexualidade também”, contou.
Antonieta é a mama italiana, a loba que sustenta. Já no filme de Saló, há um aspecto muito curioso, segundo Cota. “É um filme que na apresentação dos créditos recomenda a leitura de alguns livros. O filme provoca esse diálogo com a literatura. Se passa com as mulheres narrando histórias num ambiente altamente sofisticado, de elite, com acompanhamento musical”, refletiu.
WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.10 2‘UM DIA MUITO ESPECIAL’: o fascismo no cotidiano O cinema produzido na Itália dos anos 70 universalizou a experiência histórica italiana, e permite a compreensão de outras manifestações neofascistas. Para o jornalista, os cineclubes tiveram uma função de combate na ditadura militar brasileira muito grande. “Havia muitos sindicatos com cineclubes, escolas, levando esses filmes que não estavam no circuito comercial. Essa junção desses três filmes é muito especial”, avaliou.
Para Francisco Teixeira, que participou do movimento cineclubista durante a Ditadura, o cinema foi muito importante na história da resistência e da democratização do Brasil. “A gente não podia se reunir, as reuniões estavam proibidas para mais de 100 pessoas. Esse movimento de cineclubes foi uma forma de reunir pessoas”, explicou. Ele interpreta o fascismo a partir de um conceito criado por Umberto Eco, chamado “Uhr Fascismo”. “Uhr significa aquilo que vem da coisa mais antiga, que vem de dentro e de cada pessoa. Mostra que o fascismo é uma coisa que está entranhada nas coisas e num tipo de pessoa, e que não é histórico”, analisou. “É interessante um historiador falando que o fascismo não é histórico. Ele está no tempo presente. Eu diria que ele não está nos anos 20, 30, 70, ele está neste tempo que é presente, e que é reproduzido o tempo todo”, refletiu.
Para o historiador, o fascismo está no medo das pessoas em encarar o outro como diverso, como possível, alternativo. Como diferente dele. “Ele está nessa possibilidade em que você mata o humano, que destrói a diversidade, acaba com a floresta. Isso é o que Umberto Eco nos diz e que está presente nesses filmes. O fascismo é uma fala do tempo presente”, concluiu.
A presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller, também acompanhou o debate e lembrou que participou dos cineclubes, quando ainda era adolescente. “Entre 78 e 80 eu não tinha 18 anos, então a chance de eu assistir a esses filmes eram os cineclubes, porque eram lugares de menos controle”, lembrou carinhosamente. “Esses são filmes que marcaram profundamente uma geração, em termos de consciência democrática, percepção crítica sobre a história do fascismo e do movimento operário”, opinou. Eleonora nutre uma verdadeira paixão pelo cinema italiano dessa época. “Considero o mais rico do mundo. É muita diversidade e potência estética”, contou.

WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.09 2A inovação e o empreendedorismo ganharam mais reconhecimento institucional com a regulamentação das atividades pelo Conselho Universitário na sessão do dia 27. A resolução abrange tanto a inovação de produtos (bens e serviços), processos, organizacional e marketing quanto a inovação social e economia solidária. E não se restringe às áreas de saúde, ciência e tecnologia, incluindo também as humanidades e ciências sociais aplicadas.
“Esse documento não inaugura nenhum debate de inovação na UFRJ. Essa universidade vem fazendo inovação há muito tempo. Ela se organizou naturalmente em estruturas como o Parque Tecnológico, a Incubadora de empresas, Incubadora Tecnológica de cooperativas populares, Agências de inovação e mais recentemente na criação de diversos agentes promotores de inovação”, destacou a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Denise Freire. “Nas humanidades, as inovações vêm contribuindo para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, acrescentou a pró-reitora.
As diretrizes apresentadas pela PR2, depois de um ano de trabalho, receberam parecer favorável unânime da Comissão de Legislação e Normas e foram aprovadas por 43 votos favoráveis e apenas duas abstenções. “A proposta reconhece a UFRJ como uma instituição do Estado, toma como referência a ideia de desenvolvimento inclusivo e sustentável e se encontra alinhada com a discussão de política industrial tecnológica que temos no país. É totalmente pertinente”, avaliou o professor Adriano Proença. Para o docente da Escola Politécnica, uma concepção de inovação tecnológica “não estritamente de hardware e software, mas também de modelos organizacionais e de negócios” está entre as principais lacunas do Brasil atual.
A diretora do campus UFRJ Duque de Caxias, Juliany Rodrigues, compartilhou a mesma opinião: “Os nossos alunos pedem inovação e empreendedorismo desde o primeiro dia em que pisam nas universidades, porque eles não querem mais ser empregados da Petrobras ou da Shell. Eles querem ter suas próprias empresas. Eles querem ter a possibilidade de desenvolver suas próprias ideias”, afirmou durante o Consuni.
O texto aprovado pelos conselheiros indica ainda uma estrutura de produção de inovação descentralizada, a partir dos Centros e das unidades. “Com essa resolução, nós abrimos um novo caminho para a UFRJ. Ela organiza o que já tínhamos e prepara a universidade para voar voos mais robustos”, celebrou o professor Francisco Esteves.

WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.11Foto: Arquivo da famíliaA gentileza em forma de professor e médico dono de dedicação incansável aos pacientes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, IPPMG. Esse é o retrato de Roberto Aires, morto no último dia 28, aos 80 anos, de causas naturais.
“Roberto foi um dos maiores exemplos da forma cuidadosa, carinhosa e extremamente competente de atuar na pediatria”, afirma o professor Hélio Rocha. Segundo ele, características herdadas do convívio com César Pernetta, diretor do IPPMG no fim da década de 1960, e um dos maiores nomes da especialidade. “Roberto sempre foi uma pessoa extremamente acolhedora, que buscou o diálogo”, completa.
“Uma vez, estive na casa dele para um churrasco, com piscina. Naquela época, nem tinha celular. Mas ele levava uma extensão do telefone para onde estivesse. Não se recusava a atender paciente em hora alguma”, relata Hélio, aluno de Roberto na década de 1970. ˜Ele coordenou a sessão clínica solene do IPPMG durante mais de 15 anos — a sessão, realizada semanalmente, reúne todo o corpo clínico do hospital para discutir os casos mais difíceis˜.
Ex-diretor do IPPMG de 1994 a 2002, o professor Luiz Afonso Henrique Mariz se soma à legião de admiradores do colega recém-falecido e ressalta a forma peculiar de Roberto compartilhar o conhecimento. ˜Ele fazia comparações com casos atendidos no próprio IPPMG. Tinha uma experiência enorme. Em situações que a gente olhava assombrado, o Roberto sempre oferecia um comentário a mais”, diz.

HOMENAGEM
“Roberto juntava conhecimento, simplicidade e educação. Era um modelo para todos nós”, avalia Ricardo Barros, diretor adjunto de Atividades Assistenciais do IPPMG. Um exemplo pessoal mostra este cuidado: quando o filho apresentou febre, Ricardo, então com poucos anos de formado, acreditou se tratar de um quadro de pneumonia, mas levou o caso para o colega. “Com muita delicadeza, Roberto mostrou que meu diagnóstico estava errado”.
“Não tinha quem não gostasse dele”, reforça. Fato que explicava Roberto ser escolhido praticamente todos os anos como patrono ou paraninfo das turmas. Não à toa, Ricardo é autor de uma proposta para prestar uma homenagem permanente a Roberto Aires: batizar a sessão clínica ou o anfiteatro do instituto com o nome do docente que formou gerações de pediatras. “Ele merece”, observa.
A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, que trabalhou no IPPMG de 1991 a 2001, conta que guarda as melhores recordações do professor Roberto Aires. “Ele pertence ao elenco dos grandes clínicos e professores que fizeram a história do IPPMG” , lembra.

TRABALHOU ATÉ O FIM
O compromisso com a profissão era imenso, mas a família não ficava em segundo lugar. “Nós crescemos dividindo meu pai com o trabalho. Com os pacientes, com a docência. Ele gostava muito de ensinar”, afirma Mariana Aires, que também é médica do IPPMG. “Mas ele sempre foi um pai excelente, amoroso. Sempre tinha uma palavra de incentivo. E foi um marido maravilhoso para minha mãe”.
A postura do pai influenciou a escolha profissional não só dela, mas dos outros dois irmãos, também pediatras. E de muitos primos, que também se tornaram médicos. “Como filho mais velho de seis irmãos, meu pai influenciou vários sobrinhos. Foi um exemplo para toda família”.
Não havia separação entre trabalho e família, mesmo no ambiente doméstico. “Meu pai atendia os pacientes dentro de casa, na sala. A hora que fosse. Era algo normal, como se fosse uma extensão do consultório. Até adultos vizinhos que estivessem passando mal no prédio”, explica Mariana. “Ele trabalhou até o último dia de vida. E ele dizia isso, que queria trabalhar até o final”.

WhatsApp Image 2021 06 04 at 18.54.10 1Estimular a divulgação científica com muita mão na massa é a essência do Museu Interativo de Ciências do Sul Fluminense (MICInense) que agora completa onze anos. “Devemos ocupar os vazios no interior com ciência e cultura. A maioria dos centros de divulgação científica e cultural ainda estão nas grandes metrópoles brasileiras”, explicou Christine Ruta, vice-presidente da AdUFRJ e uma das coordenadoras do Museu. “Na contramão dessa tendência de desigualdade social entre as cidades brasileiras o MICInense foi idealizado”.
Instalado no CIEP 054, em um bairro residencial da periferia do município de Barra Mansa, o MICInense oferece oficinas e exposições para estudantes e professores da rede pública, e para os interessados em geral. Desde sua fundação, em 2010, mais de 50 mil pessoas participaram das atividades. Muitas delas são inclusivas e integram parceria com o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado (CEMAE) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). “A ideia é contemplar a todos e todas”, conta o professor de Barra Mansa, Luciano Gustavo da Silva, um dos coordenadores do Museu. O professor destaca o impacto do museu para os municípios do entorno. “Mais de 90% dos estudantes de zonas rurais nunca tinham tido contato com um espaço científico”.
Muito além de exposições interativas, o MICInense proporciona práticas de laboratório de biologia, química e física. O espaço oferece ainda cursos de atualização e de formação continuada para professores do ensino básico e é um espaço de estágio e pesquisa para graduandos e pós-graduandos que moram na região. Ao todo, a estrutura é composta por cerca de 150 metros quadrados, divididos entre um salão de exposição interativa e um laboratório multidisciplinar. “O museu já ganhou inúmeros prêmios científicos, mas o nosso maior prêmio é o sorriso do nosso público”, ressaltou Luciano.
“O apoio da FAPERJ através do edital Melhorias do Ensino em Escolas Públicas foi a pedra fundamental do MICInense. Estamos exultantes de poder celebrar uma década de MICInense ao lado da FAPERJ”, frisou a professora Christine.
Para o Presidente da FAPERJ e professor do IBqM Jerson Lima Silva, a iniciativa acerta na “interação da universidade com a educação básica” e em “um olhar mais voltado para o interior”. “O foco na interdisciplinaridade é também muito importante. Estão de parabéns”, afirmou o presidente da FAPERJ durante a comemoração virtual promovida pela equipe do MICInense, na terça (1).
“Nesse momento em que estamos vivendo, a divulgação científica ganha um papel ainda mais estratégico”, avaliou a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora Tatiana Roque, que também participou da live. Débora Foguel, professora do IBqM e titular da Academia Brasileira de Ciências, enfatizou a contribuição para a retomada do ensino presencial. “O pós-pandemia vai exigir um grande esforço para envolver as escolas em atividades que possam melhorar a recuperação e a reconstrução no retorno presencial. Espaços como o MICInense são muito importantes nisso”.
Durante o evento virtual que contou com cerca de 60 participantes foi lançado o vídeo institucional do museu que pode ser acessado no canal do Youtube do MICInense.

WhatsApp Image 2021 05 21 at 22.50.10 1o programa AdUFRJ no Rádio desta semana repercute a manifestação nacional do último sábado, 29 de maio. Milhares de brasileiros foram às ruas, enfrentando a pandemia, para exigir a saída de Jair Bolsonaro e o fim de sua política genocida. A presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, fala sobre o ato realizado no Centro do Rio de Janeiro. Diretor da AdUFRJ, o professor Josué Medeiros aborda os desdobramentos políticos da ocupação das ruas pela oposição ao governo. O docente também analisa a politização das polícias, a partir da violenta repressão aos manifestantes no Recife. O programa vai ao ar toda sexta-feira às 10h, com reprise às 15h.

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