facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

painel2Conectados por redes, mas desconectados da vida. A fórmula pode colocar em risco o futuro da humanidade. “Nós sabemos que o mundo de hoje é altamente interconectado. E, ao mesmo tempo, que as pessoas estão desconectadas de seus ecossistemas de apoio”, alerta Sarah Cornell, pesquisadora das Mudanças Climáticas da Universidade de Estocolmo. Cornell está entre os nomes da série internacional de conferências Amanhãs Desejáveis, evento virtual promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, que ocorre até o dia 7 de junho. A programação completa pode ser conferida em https://eventos.ufrj.br/evento/amanhas-desejaveis/.
Sarah Cornell participou do painel “A urgência da mudança social: construção de um futuro sustentável e equitativo na segunda-feira (3). Ela afirma que as ações coletivas humanas estão alterando bruscamente as condições físicas, químicas e biológicas do planeta: “Há um desequilíbrio inédito com o progressivo declínio da natureza selvagem, a intensificação da demanda por um ambiente onde se possa viver e uma mudança climática sem precedentes. Eu não queria ser pessimista, mas a tendência de pico para o clima, para o final deste século, tem paralelo com três milhões de anos atrás”, destacou Sarah. Nesse sentido, o único caminho possível seria a colaboração: “Se abrirmos novos diálogos com diferentes atores podemos ajudar a criar a capacidade de experimentar e inovar para a mudança”.
A visão é compartilhada pelo sociólogo norte-americano Miguel Centeno, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. O segundo convidado do painel avalia que o futuro desejável “é aquele em que o valor agregado é maior que a soma das partes”. O pesquisador considera que o século é marcado por problemas complexos “globais, não mais nacionais” e cita a pandemia da covid-19 como exemplo. Em outra analogia, faz um paralelo com o mercado de segurança: “Nos Estados Unidos, queremos seguro para tudo. Mas se a casa do vizinho pegar fogo, a minha corre risco da mesma maneira”.
Para Centeno, o atual modelo econômico só funciona em capacidade máxima, pressionando constantemente para a redução de custos, sacrificando a mão de obra. “A eficiência é como um elástico, você pode esticar para prender mais coisas, mas há um ponto no qual ele se rompe. O problema do sistema é que ele ignora essa fragilidade”, critica.
A construção do Burj Khalifa — o prédio mais alto do mundo, com 828 metros de altura, localizado em Dubai, nos Emirados Árabes — é mencionada pelo pesquisador como mau exemplo de sustentabilidade. “Imaginem o que não é a fragilidade daquela torre de aço, com o aumento de temperatura. Imaginem a quantidade de energia necessária só para operar aquele sistema de refrigeração”.
Já o historiador francês Mathieu Baudin aponta para a apatia como um dos principais obstáculos para a criação de alternativas inovadoras. “Os ‘colapsólogos’ nos falam de uma maneira muito apelativa. E eles paralisam uma parte da nossa energia que precisaríamos para fazer coisas diferentes”, opina o pesquisador do Institut des Futurs Souhaitables, em Paris. O intelectual aposta na “resistência criativa” para superar práticas cotidianas que levem a um futuro menos “mortífero”. “A arte e a poesia estão aí para isso”, acrescenta.
Baudin fala em “uma ideia de futuro colonizada” pela noção de “falta de tempo” para prospecção. Segundo ele, o fator decisivo é o resgate da vontade por mudanças. “O antônimo de desejo é o desinteresse. E nós estamos em uma sociedade desinteressada, porque não há mais solução. Então, precisamos falar de desejo para ultrapassar o desinteresse”, afirma.

sougovEntidades representativas de servidores públicos federais receberam com desconfiança o novo aplicativo do governo para gestão de pessoal, o SouGov.br. Lançado oficialmente no dia 4, sob a justificativa de facilitar rotinas administrativas, a plataforma vai substituir o Sigepe Mobile — o sistema, hoje muito utilizado pelos professores da UFRJ para visualização dos contracheques, entre outras tarefas, será desativado no início de junho. O SouGov.br também vai agregar outros canais de atendimento digitais.
E é aí que mora o perigo, segundo os sindicatos. “Uma preocupação é haver uma nova sistematização dos dados que possa ser usada para perseguir professores”, afirma o vice-presidente da AdUFRJ, professor Felipe Rosa. “Uma coisa é ter todos os dados espalhados, outra coisa é ter tudo centralizado”, completa.
Presidente do Andes, a professora Rivânia Moura reforça a cautela com o SouGov.br. “A alteração será prejudicial se o governo fizer mau uso desses dados ou usá-los para fins persecutórios, para apropriação de informações confidenciais ou venda da base de dados para o mercado”, diz. “Como estamos diante de um governo fascista, muito nos preocupa a utilização dessas informações, que incluem cadastramento digital e escaneamento facial, para fins que contrariem o interesse público e sirvam para punir e perseguir os servidores”, completa.
Para além da questão política, o aplicativo já estreou com o pé esquerdo. No chat da transmissão no Youtube, muitos reclamaram da impossibilidade de acesso. Situação que foi confirmada pela pró-reitoria de Pessoal da UFRJ (PR-4). “O novo aplicativo está com um problema no cadastramento dos e-mails funcionais. Isso é um problema que afeta diversos órgãos. Os gestores da plataforma foram reportados e estão atuando para os acertos”, informou a superintendente administrativa da PR-4, Maria Tereza Ramos.
A pró-reitoria ainda não fez uma análise detalhada do novo aplicativo, mas a primeira impressão é que a iniciativa vai favorecer o trabalho das áreas de Recursos Humanos, “uma vez que várias rotinas serão realizadas diretamente pelos servidores”. O SouGov.br promete viabilizar o envio de atestados médicos e a realização de provas de vida virtual para aposentados e pensionistas, além de todas as funcionalidades existentes no Sigepe Mobile.  
É o mínimo que espera o vice-presidente da AdUFRJ. “Quando entrei como professor, não se imprimia mais a carteira funcional. Pelo Sigepe Mobile, eu tenho uma. Também posso visualizar o contracheque e marcar férias, por exemplo. Eu uso bastante. Se o novo aplicativo não desempenhar as mesmas funções, será ruim”, diz Felipe Rosa, que também não conseguiu acessar o aplicativo. “Diz que o e-mail institucional tem um formato que não é reconhecido e aí não vai para frente”, relata.

RESPOSTA DO GOVERNO
A assessoria de imprensa da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia respondeu que “os dados armazenados continuam nos sistemas de Gestão de Pessoas SIAPE e SIGEPE, e a preocupação quanto à centralização de dados não se confirma, porque isso não sofreu alteração”.
Quanto ao problema com o e-mail institucional, a assessoria informou que o problema foi resolvido no dia 5 e que os usuários poderiam tentar novo acesso. “Vale destacar que o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados, empresa pública que desenvolveu o aplicativo) tem atuado de forma tempestiva nos ajustes naturais que são necessários numa nova solução tecnológica inovadora como é o SouGov.br”.
Durante a apresentação no Youtube, o secretário de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia, Leonardo José Mattos, disse que o objetivo do SouGov.br é tratar os 600 mil servidores ativos e 700 mil aposentados, além dos pensionistas, com mais agilidade. Informou ainda que diversos serviços serão implantados no aplicativo, gradativamente, até setembro do ano que vem.
RISCO COM PRIVATIZAÇÃO
Integrante do conselho de administração do Serpro como representante eleito pelos funcionários, Marco Sobrosa não acredita que a criação da nova plataforma favoreça perseguições políticas. Mas ele alerta que há outra ameaça à segurança dos dados de todos os cidadãos, não só os servidores: que as informações caiam nas mãos de empresas particulares.
Por decreto presidencial, em janeiro de 2020, o Serpro e a Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência) foram inseridos no Plano Nacional de Desestatização (PND). A coordenação dos estudos e contratação de consultorias especializadas ficaram sob responsabilidade do BNDES. E, mesmo com os atrasos decorrentes da pandemia, existe a expectativa de privatização das duas empresas públicas ainda no primeiro semestre de 2022.
Desde o início do ano passado, os funcionários das duas companhias iniciaram uma campanha intitulada “Salve seus dados”, para chamar a atenção da sociedade para a gravidade do processo de venda. “Vou dar exemplo de uma declaração de imposto de renda. Ali, ficam registradas doações para partidos políticos. Hoje, tem uma proteção. Com a iniciativa privada, não há garantias”, esclarece Marco. “O valor da informação é inegável. Já é chamado de o ‘novo petróleo’”, completa

 

WhatsApp Image 2021 05 07 at 19.59.11No programa AdUFRJ no Rádio desta sexta-feira (às 10h, com reprise às 15h), os professores Eleonora Ziller e Josué Medeiros, diretores do sindicato, repercutem a triste notícia da morte do comediante Paulo Gustavo, uma das mais de 410 mil vítimas da covid no Brasil. Os docentes também apresentam as expectativas em torno da CPI da pandemia no Congresso e comentam a criação de um “Guia de boas práticas de apoio à parentalidade e às pessoas cuidadoras em atividade na UFRJ”. No quadro Café com Ciência e Arte, o diretor Felipe Rosa conversa com o pró-reitor de Planejamento e Finanças da universidade, professor Eduardo Raupp, sobre as dificuldades orçamentárias deste ano.

bolsonaroFoto: Carolina Antunes/PRProfessores do ensino superior e dos colégios de aplicação das universidades públicas do Rio de Janeiro se reuniram remotamente na última terça-feira (4), para planejar as ações do dia 19 de maio. A data vai ser marcada por manifestações em todo o país contra o governo Bolsonaro. Os principais focos dos protestos são a reforma administrativa e o projeto de lei (PL 5595/2020) que torna a Educação um serviço essencial na pandemia. Ambos tramitam no Congresso. A AdUFRJ foi a anfitriã do encontro virtual.
A professora Rivânia Moura, presidente do Andes, destacou o fato de a base de apoio do governo aprovar um projeto que torna a educação serviço essencial no pior momento da pandemia no Brasil. “Educação é um direito fundamental e ao ser apresentado como serviço essencial muda conceitualmente o que é a Educação, a resume a um serviço, e não a um direito que precisa ser efetivado”, disse. “E tudo isso no momento mais letal da pandemia”.
Já a reforma administrativa busca mudar toda a concepção do Serviço Público. Ela acaba com a estabilidade, tal qual a conhecemos. Além disso, a proposta do governo cria cinco novos vínculos jurídicos em substituição ao atual Regime Jurídico Único (RJU): por prazo determinado; por cargo de liderança e assessoramento; por tempo indeterminado (via concurso público); por cargo típico de Estado (via concurso público); e vínculo de experiência (via concurso público). Este último, na prática, será mais uma etapa do concurso público, em que o servidor será avaliado ao final do período de dois anos e só então poderá (ou não) tomar posse no cargo.
Michel Torres, diretor do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), foi um dos convidados para falar sobre a reforma. “É um grande pacote que, se passar, representa um retrocesso histórico na prestação do Serviço Público”, disse. “É preciso que a gente ataque o discurso que aponta para falsos privilégios. A reforma é justificada por supostos altos salários, mas a média salarial no Serviço Público Federal é de R$ 6 mil, na esfera estadual, R$ 4 mil e, na municipal, pouco mais de R$ 2 mil”, argumentou. “Para resistir diante dessa ofensiva, só há um caminho: unificar nossas bandeiras e nossas lutas”, finalizou.
O professor Hélio de Mattos, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, também participou do encontro, que reuniu outros 35 docentes. Ele defendeu a atuação unificada da categoria em duas frentes: articulação com a bancada do Rio de Janeiro e a Frente Parlamentar em Defesa da Educação, e a realização de ações conjuntas com outras entidades nacionais, como a Fasubra, a UNE e a Andifes. “Não vejo outro caminho neste momento. É muito difícil fazer caravanas, hoje, a Brasília, até porque o Congresso está com boa parte dos parlamentares trabalhando virtualmente”, ressaltou. Ele também lembrou que a atuação sindical está ameaçada. “Isto está no bojo dos ataques do governo Bolsonaro. Eles vão abrindo processos, intimidando”.
Os docentes também apresentaram outras propostas de atuação no dia 19, como a realização de carreatas, ações coordenadas nas redes sociais e interdições parciais de vias públicas. Tudo com o objetivo de chamar atenção da sociedade para os riscos envolvidos na reforma administrativa e no PL 5595/2020.

WhatsApp Image 2021 05 07 at 19.56.392“Comecei a entrar no movimento politico em 1966/67 fazendo cineclubismo”, contou o cineasta Silvio Tendler (foto), durante a última sessão do CineAdUFRJ, em 29 de abril. “Me lembro da gente no enterro do estudante Edson Luís e na Marcha dos 100 mil (em junho de 1968) com um cartaz escrito: cineclubes contra a ditadura!”, lembrou.
O evento discutiu como o golpe de 1964 foi representado no cinema brasileiro em dois momentos bem distintos: um, durante a fase final do regime militar; e outro, após 30 anos, já na democracia. “É possível pensar cinema como fonte histórica. Mais do que tudo, é uma fonte do momento em que foi produzido”, explicou a professora Maria Paula Araújo, do Instituto de História. Para o cineasta Luiz Arnaldo Campos, o cineclube era, na ditadura, a iniciação para todos que estavam insatisfeitos com o regime. “Era um daqueles pontos onde os divergentes podiam se encontrar. Quantos grupos de estudo não saíram dos cineclubes? Quantos não viraram militantes depois de assistir a uma cópia contrabandeada?”, disse.

Topo