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WhatsApp Image 2021 05 22 at 10.45.36Para os adultos, a folia da ciência já é tradicional e acontece todo ano em volta da mesa de bares, com pesquisadores das mais diversas áreas debatendo temas nada boêmios. É o Pint of Science, encontro mundial de divulgação científica em espaços não ortodoxos. Por conta da pandemia, o evento aconteceu de modo on line pela segunda vez em 67 cidades brasileiras e 30 países. Além das conversas com os adultos, a turma resolveu ampliar a clientela e criou, no ano passado, uma versão kids – o Pint of Milk. O evento deste ano foi dividido entre os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Pará. A equipe do Rio organizou o “Pint of… Perguntas!” na tarde da última segunda-feira, 17, com ativa participação de crianças com idades entre três e 12 anos, todas muito curiosas sobre os mistérios da ciência.
O cardápio temático foi o mais variado possível e reuniu cientistas para responder perguntas intrigantes dos pequenos aprendizes. Teve o professor e escritor Daniel Munduruku, do povo indígena Munduruku do Pará, a virologista Yuli Maia, doutoranda em Biologia Celular e Molecular da Fiocruz, e o astrofísico João Torres, professor do Instituto de Física da UFRJ. A apresentação e mediação foi da contadora de histórias Carol Passarinha, personagem interpretada por Carolina Gigliotti, mestre em Física pela UFRJ.
O evento foi transmitido pelo canal do Youtube Cenabio Extensão, do Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem da UFRJ. Você pode conferir o evento na íntegra aqui: https://youtu.be/qzH9slxQlcI. A seguir, algumas das perguntas que espelham a esperança de que essas crianças criarão um mundo melhor.


Sara, 8 anos - Os remédios que os indígenas usam são os mesmos dos hospitais?
Daniel Munduruku - Na verdade, o que acontece é um pouquinho diferente e, às vezes, ao contrário. Muitos dos medicamentos das cidades são extraídos dos conhecimentos que vêm da floresta. A cidade, por conta do progresso, foi desenvolvendo formas mais rápidas de criar esses medicamentos todos, porque a população é maior e é necessário ter grande quantidade de remédios. Já nas aldeias, a nossa farmácia é a floresta. E lá nós temos os nossos médicos, que chamamos de pajés. Os pajés são grandes conhecedores da medicina indígena. Eles são os responsáveis pela cura das nossas doenças. Os remédios estão na floresta e o pajé é um grande sabedor das propriedades de cada planta. Grande parte das coisas que curam nosso corpo está na natureza em formato de plantas, de ervas, de raízes. Tudo isso é feito dentro de uma tecnologia que é própria nossa. Quando os cientistas da cidade começam a pesquisar esses remédios, eles descobrem as suas propriedades e sintetizam, transformando em comprimido, xarope, cremes de mãos, de rosto. Muitos deles são feitos com base nos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas. Hoje em dia, muitos remédios que os indígenas usam vêm das farmácias, porque às vezes a doença tem mais urgência e precisa de um tratamento mais rápido.

Maria Carolina, 7 anos - Vão existir máquinas do tempo no futuro?

João Torres – Essa pergunta envolve o tempo. Hoje, nós sabemos que o tempo não é tão simples quanto as pessoas pensam. O tempo é um pouco mais complicado. Vamos supor que você tenha uma irmã gêmea. Ela é astronauta, pega uma nave espacial e sai pelo espaço. Fica cinco anos fora e quando volta, ela vê que você está diferente dela. Quem fica na Terra vai envelhecer mais e quem andou pelo espaço vai envelhecer menos. Viajar para o passado é meio complicado. Vamos imaginar que a sua irmã gêmea vá para o tempo dos dinossauros. Ela sai da máquina e a sua irmã morre lá no passado. Olha o problema: ela morreu antes de nascer. Então, isso não pode. Por isso, os cientistas exigem que exista uma coisa chamada causalidade. Quer dizer que tudo o que acontece mais na frente, no tempo, foi causado lá atrás. Se eu solto um copo, ele cai no chão e quebra, ele quebrou porque eu o soltei. Ele não pode quebrar antes de eu soltá-lo. Isso é a causalidade. Mas isso são teorias muito interessantes porque a gente quer saber se a Física permite essas coisas. Então, do ponto de vista da aplicação, de construir uma máquina, eu diria que isso não vai acontecer.

Marina, 3 anos – Quando as crianças vão ter uma vacina para o corona?
Yuli Maia – Lembra que eu falei mais cedo que a vacina é dividida em várias etapas de testes? Então, durante aquelas fases, os cientistas testam a vacina no grupo alvo, que é o grupo que vai receber aquele imunizante. A covid-19 é uma doença que tem enormes riscos para os idosos e para adultos com comorbidades. As crianças e os adolescentes são afetados, claro, mas em proporção bem menor. Então, por conta disso, inicialmente os testes clínicos não focaram na faixa etária de vocês. Eles buscaram idosos e pessoas que tinham alguma comorbidade. Mas, isso já mudou. Todas as vacinas existentes para a covid-19 estão entrando em protocolos para avaliar se a vacina é segura para vocês. Vocês ainda não podem tomar porque não se sabe se ela é segura. A vacina da Pfizer já foi aprovada nos Estados Unidos para ser aplicada em adolescentes de 12 a 15 anos, mas eles ainda estão testando em crianças de 5 a 12 anos. Aqui no Brasil ainda não há aprovação para menores de 18 anos, mas tudo indica que seja só uma questão de tempo mesmo. Com o andar da vacinação no Brasil, espera-se que vocês sejam vacinados no ano que vem. Até lá, a gente continua com distanciamento social, com uso de máscara, lavando as mãos com água e sabão e usando álcool em gel.

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