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Em reunião com o futuro ministro de Ciência e Tecnologia, o astronauta Marcos Pontes, representantes da comunidade científica reivindicaram R$ 300 milhões para o CNPq, além do orçamento já previsto para 2019. O encontro aconteceu em 6 de dezembro, em Brasília. Pontes não garantiu atender às revindicações. Segundo os cientistas, o CNPq precisa da verba para fechar 2019. “Só para bolsas são necessários mais R$ 200 milhões. Sem isso, o CNPq deixa de pagar os bolsistas em setembro de 2019”, afirmou o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich.

Os cientistas conseguiram do futuro ministro Pontes o compromisso de que a Finep permanecerá no âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O contingenciamento dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico foi outro tema tratado, mas sem definição final. O grupo de cientistas considerou o encontro positivo. “Foi uma reunião intensa, que durou o dia inteiro. O futuro ministro se mostrou aberto e ouviu todas as demandas e preocupações”, afirmou Davidovich.

A comunidade científica aguarda ações concretas. “Há certo receio. O presidente eleito nos respondeu uma carta afirmando que até o final do seu mandato destinaria 3% do PIB para ciência e tecnologia. É uma meta ousada. Para isso, entendemos que é preciso já em 2019 ampliar os recursos e eliminar o contingenciamento do FNDTC”, afirmou o dirigente. “Para que ele cumpra a promessa, é preciso agir agora”, completou. Outros temas discutidos foram a necessidade de fomentar o desenvolvimento de biotecnologia, além de um maior investimento em energias renováveis.

Preocupado com o futuro da UFRJ no governo Bolsonaro, o Consuni decidiu cercar de cuidados a escolha dos nomes que vão compor a lista tríplice para reitor e vice-reitor. A reunião do dia 13 aprovou as normas da eleição para a reitoria do mandato 2019-2023. O objetivo é evitar possíveis questionamentos de Brasília, e a consequente nomeação de dirigentes indesejados pela comunidade acadêmica. A votação é em abril. A primeira medida foi desvincular a votação realizada pelo Colégio Eleitoral e a tradicional pesquisa feita junto à comunidade. O Colégio, reconhecido pela legislação, é composto pelos integrantes dos conselhos superiores e será realizado dia 30 de abril. A pesquisa eleitoral, em primeiro turno, será de 2 a 4 de abril. Outra novidade é que será necessária a inscrição prévia (dias 24 e 25 de abril) de candidaturas no Colégio Eleitoral, com apresentação obrigatória de uma carta-programa da chapa.

A comunidade acadêmica deve continuar vigilante em defesa da liberdade de cátedra mesmo após a derrota do programa Escola sem Partido na Câmara, dia 11. Após intenso trabalho da oposição, o projeto foi arquivado pela comissão designada para avaliar o assunto. Mas a próxima legislatura (2019-2022) pode desarquivar o texto.

Na mesma data, no Rio, professores e estudantes da UFRJ reuniram-se no Núcleo de Estudos de Políticas Púbicas em Direitos Humanos para debater a resistência ao programa que tenta censurar os educadores brasileiros. A 1ª vice-presidente da Regional Rio do Andes-SN, professora Mariana Trotta, destacou a importância de reagir a qualquer tentativa de cerceamento de liberdades. O Boletim da Adufrj já publicou orientações da cartilha lançada pelo Coletivo de Advogados do Serviço Público para proteger o professor de qualquer intimidação.

As aulas nos cursos de graduação e pós-graduação da UFRJ recomeçam no dia 11 de março de 2019, depois do Carnaval. O calendário acadêmico para o próximo ano foi aprovado na reunião do Conselho Universitário do dia 13 de dezembro.

Na graduação, serão dois períodos letivos: de 11 de março a 13 de julho e de 5 de agosto a 14 de dezembro, para a maioria. Os cursos da Faculdade de Medicina (do Rio e de Macaé) têm períodos maiores: de 4 de fevereiro a 6 de julho e de 22 de julho a 14 de dezembro. Para a Escola de Educação Infantil e o Colégio de Aplicação, também existem diferenças: o primeiro semestre será de 7 de fevereiro a 12 de julho. As aulas são interrompidas para o recesso do meio do ano e retomadas no dia 30 de julho, terminando em 20 de dezembro.

As atividades de ensino dos cursos de pós-graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado) da UFRJ podem ser organizadas em dois ou quatro períodos letivos. Os que são organizados por semestre irão de 11 de março a 13 de julho e de 5 de agosto a 14 de dezembro. No formato bimestral, o calendário vai de 11 de março a 10 de maio; de 20 de maio a 19 de julho; de 5 de agosto a 27 de setembro; e de 7 de outubro a 14 de dezembro. No trimestral: de 11 de março a 14 de junho; de 24 de junho a 13 de setembro; de 23 de setembro a 20 de dezembro; e de 02 de janeiro de 2020 a 06 de março de 2020.

O evento Conhecendo a UFRJ, em que os estudantes do ensino médio visitam a universidade para ter mais informações sobre os cursos, será de 21 a 23 de maio. A Semana de Integração Acadêmica (SIAc), com apresentação de trabalhos de pesquisa em vários níveis, ocorrerá de 21 a 27 de outubro.

No dia 13 de dezembro de 1968, a ditadura militar brasileira perdeu o verniz e o Brasil foi empurrado para os porões da tortura e do arbítrio. Naquela tarde, o locutor da Voz do Brasil, Alberto Curi, foi chamado às pressas ao Palácio Laranjeiras, então sede do governo militar, para anunciar ao país medidas como fechamento do Congresso, prisões arbitrárias e cassação de políticos. Acabara de ser decretado o Ato Institucional número 5.

A transmissão foi realizada à noite e encerrada às 22h30. Às 23h começaram as prisões. A capa do “Jornal do Brasil”, do dia seguinte, tentava dar a dimensão dos fatos, na previsão do tempo: “Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos”. “Foi a legalização do estado de exceção, da tortura e da violência”, afirma a historiadora Maria Paula Araújo, diretora da Adufrj.

“Há uma relação direta entre os crimes da ditadura e o AI-5”, afirma o procurador da República Antônio do Passo Cabral, integrante da Comissão da Verdade do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. De acordo com ele, as investigações mostraram “um progressivo aparelhamento e profissionalização das torturas e assassinatos a partir de 1969”. O DOI-Codi, por exemplo, foi completamente reformulado para torturas entre os anos de 1970 e 1971. “Sem dúvidas, é o período mais crítico e com maior número de violações”, considera.

Desde que foi instalada, em 2011, a Comissão Nacional da Verdade reconheceu 434 mortos e desaparecidos políticos. A quase totalidade desses crimes aconteceu durante a vigência do AI-5 (1968-1978). Os 50 anos do ato que deu início ao período mais sangrento da ditadura foi lembrado em debate organizado pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ. A atividade aconteceu no dia 12, no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS).

Para Carlos Vainer, coordenador da Comissão da Memória e Verdade da UFRJ, debater o tema é tarefa necessária. “O passado não é estanque, e os processos históricos não são lineares. Eles estão em constante disputa. Não à toa há quem diga hoje que 1964 foi um ‘movimento’. Outros, que foi uma época melhor que a atual. Nossa tarefa é revisitar este passado, resgatá-lo e contrapor com nosso presente”.

A historiadora Maria Paula Araújo concorda: “O debate sobre o AI-5, hoje, serve principalmente para pensar e fortalecer o que foi construído nas últimas décadas. Temos uma herança positiva, de reconstrução do tecido social a partir da nossa Constituição Cidadã de 1988. Precisamos valorizar este enorme esforço”, afirma.

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