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Lucas Abreu e Liz Mota Almeida

A pandemia marcou uma geração de alunos da educação básica, mas também vai marcar uma geração de futuros professores. Campo de estágio de aproximadamente 500 licenciandos, o Colégio de Aplicação vive os dois lados desta experiência inédita e tenta se adaptar da melhor forma possível para manter a qualidade do ensino.
“O contato com crianças foi escasso”, lamenta o graduando em Pedagogia, Vitor Fuchs. “Era um estágio nas séries iniciais, com 100 horas presencialmente; e, no remoto, foram apenas 25 horas. A carga horária abaixou drasticamente, porque não dá para ficar horas e horas com crianças numa tela de computador”, explica.
Por ter realizado estágios presenciais antes da pandemia, Vitor acredita que não perdeu tanto. “O CAp dá uma atenção maior para os estagiários, mas sinto que, se não tivesse feito um estágio não obrigatório anteriormente, talvez tivesse uma dúvida de como ser professor dentro da sala de aula”, diz.
Natalia Barros, licencianda em Ciências Biológicas, não teve a mesma sorte do colega. “Diferente de muitos da licenciatura, eu nunca tinha tido experiência em sala de aula. Para mim, era um peso muito grande, porque, ao longo da graduação, me dediquei bastante à pesquisa”, conta.
A aluna estava no último ano do curso, que costuma ser destinado às práticas de ensino, quando a pandemia começou. “Foi um momento que esperei muito, experienciar de verdade o que é visto ao longo do curso”, diz. A bióloga afirma ter se surpreendido com as práticas de ensino de maneira remota. “Uma questão que fica muito marcada para mim é que não sei dizer o que perdi, por não ter outras experiências presenciais. Mas foi um momento muito desafiador, em que a gente teve que repensar o que já estava estabelecido e senti que foi uma experiência enriquecedora”, pontua.
Jaqueline Pontes Domingos, graduada em Letras-Literatura durante a pandemia, começou o estágio no CAp em setembro de 2019, o que deu a ela experiência do ensino presencial e remoto no mesmo local. “Eu senti muita falta do chão da escola, do contato direto com os alunos. Na sala de aula, os alunos podiam chamar a gente, conversar. Uma aproximação que gerava confiança nos estudantes”, conta.
A licencianda já está dando aulas em uma escola particular na Baixada Fluminense, e consegue fazer um balanço da sua formação como professora no CAp. “Eu tive a experiência que todos os professores tiveram no momento de pandemia, que foi de dúvida e de trabalho redobrado”, explica.
Desde a semana passada, o CAp retomou as atividades presenciais para os alunos da educação básica, mas, por medida de segurança, os licenciandos continuam nas atividades remotas.
“A supervisão do estágio obrigatório manteve a estrutura que já tínhamos, mas adaptada ao modelo remoto”, conta a professora Raquel Fonseca, diretora adjunta de Licenciatura, Pesquisa e Extensão do colégio. “Por ser, essencialmente, um colégio de formação de professores, o CAp não poderia se esquivar da responsabilidade de continuar oferecendo, mesmo em um contexto tão difícil, o estágio supervisionado para os nossos futuros professores”, explica.
Segundo Raquel, o plano de adaptação para as atividades remotas foi construído com um amplo debate. O estágio é normalmente dividido em três etapas: observação, coparticipação e regência, e todo o processo é supervisionado por professores responsáveis pelo estágio. “Tudo isso permaneceu garantido aos licenciandos com a adaptação para o ensino remoto emergencial”, afirma.
Raquel reforça os depoimentos dos licenciandos em relação à falta de contato com os alunos da educação básica. “Atravessados pela pandemia e pela imposição do distanciamento social, experimentamos o maior desafio docente: viver os processos de ensino e aprendizagem sem a escola, espaço fundamental de convívio e partilhas”, reforça.
A professora do CAp elenca outros prejuízos para a formação dos futuros colegas: falta de continuidade no acompanhamento das turmas — resultado das diferenças nos calendários do CAp e da graduação —, o prolongamento dos estágios, que atrasa a formatura dos licenciandos e a falta de infraestrutura para acompanhamento das atividades remotas, problema que afetou alguns estudantes da graduação. “São muitas as perdas que estamos vivenciando na educação brasileira, mas estamos também aprendendo a lidar com as dificuldades e a transformar essa experiência em oportunidades para a construção de conhecimento”, avalia a diretora adjunta.
Para a professora Nedir do Espírito Santo, especialista em formação de professores no Instituto de Matemática e diretora da AdUFRJ, os prejuízos para os licenciandos são terríveis, mas existem atenuantes e formas de mitigar as perdas posteriormente. “Estes alunos, que recebem uma orientação constante de atividades, estão aprendendo como trabalhar remotamente em conjunto com os seus coordenadores”, explica.
Um dos caminhos para diminuir o impacto na formação desta geração de estudantes é a aplicação de um processo de formação continuada. “A vocação profissional ajuda muito, mas a vivência e a experiência da estrutura presencial é fundamental”, defende a professora.

WhatsApp Image 2021 10 22 at 15.26.37CAp LITERÁRIO: ANTES E
DEPOIS DA PANDEMIA
A licencianda Jaqueline Domingos experimentou a organização de um evento literário anual do colégio, o CAp Literário, em dois momentos bastante distintos: antes da pandemia, em 2019, em formato presencial; e, em 2020, participou da adaptação do festival para o formato remoto. “Eu tive uma jornada dupla, e acho que isso acrescentou muito na minha formação, porque alguns colegas não puderam ter essa experiência”, avaliou.

WhatsApp Image 2021 10 22 at 15.10.271Marcos (FND), Camila (CAp), Bruno (Biologia) e Rodrigo (Letras)Kelvin Melo e Kim Queiroz

Marcos de Souza Paula é professor da Faculdade Nacional de Direito, mas nunca deu aulas no histórico prédio do Centro do Rio. A inusitada situação, porém, não é um caso isolado entre os docentes da UFRJ. Marcos faz parte de um grupo de 500 substitutos da universidade contratados após 16 de março de 2020, data de suspensão das atividades acadêmicas não emergenciais, segundo levantamento da Pró-reitoria de Pessoal.
“A minha contratação foi precedida de uma prova, realizada antes do período pandêmico, por volta de fevereiro de 2020. Chegamos a ser convocados em março, mas, com a pandemia, tudo foi suspenso”, lembra Marcos.
O grande volume de contratações de substitutos, que só deveriam “atender a necessidade temporária de excepcional interesse público”, conforme a legislação federal, revela a urgência de novos concursos públicos. Enquanto isso não ocorre, a professora Gisele Pires, pró-reitora de Graduação, não tem dúvidas sobre a importância dos substitutos.
“Os profissionais que optam por ingressar na carreira docente na UFRJ, quer seja para um contrato transitório ou não, passam por um criterioso processo seletivo gerenciado pelas unidades ou campi, permitindo, assim, que os mais qualificados sejam selecionados”, diz. “Mesmo durante todo o período de completa atipicidade — a pandemia de covid-19 —, as unidades e campi primaram pela manutenção da excelência do ensino de graduação”, completa.
Só que preservar a excelência no ensino tem sido uma experiência mais desafiadora para os substitutos, que tiveram pouco ou nenhum tempo para construir laços presenciais com seus alunos e colegas docentes. Marcos assinou o contrato de dois anos em dezembro de 2020. Hoje, dá aula para três turmas de Direito Civil, cada uma com cerca de 60 alunos. Durante este período, viu muitas câmeras fechadas nas atividades síncronas. Mas também colecionou pequenas vitórias em sua primeira experiência formal como professor. “Vários alunos têm feito elogios e comentários positivos, dizendo terem se interessado pela matéria, e que se sentiram estimulados pelas aulas”, orgulha-se.WhatsApp Image 2021 10 22 at 15.22.401
Já a professora Camila Costa de Oliveira, do Colégio de Aplicação, precisou se reinventar como professora para ensinar artes cênicas. “Como trabalhar com o corpo e jogar através das telas, diante de um grande número de câmeras fechadas? Seguimos experimentando, descobrindo e aprendendo junto com os estudantes”, diz.
A docente acredita que o maior desafio está na construção e manutenção do vínculo afetivo com esses alunos. “Isso foi se dando pouco a pouco, por meio de propostas pedagógicas baseadas no afeto e na troca. Acredito que sem essa troca afetuosa não existe processo de ensino-aprendizagem”.
Um momento marcante foi o espetáculo “Estação Terror e Miséria”, com estudantes do 1º e 2º anos do ensino médio, desenvolvido e apresentado inteiramente online. “Foi muito bonito ver o fazer teatral na escola se apropriando dos meios de criação disponíveis no momento atual. A força e a importância do teatro como disciplina curricular na escola é imensa, e não seria diferente agora”, afirma.
Camila só conheceu os alunos em carne e osso, nesta semana. “Foi muito emocionante estar com os estudantes. Dava para ver a alegria nos olhos deles, e nos nossos também”, disse. O colégio retomou o ensino em formato híbrido desde o dia 13.
 O CAp é a unidade da universidade com mais substitutos (79), mas a professora quer ajudar a diminuir o número, participando de um concurso para ser efetivada no Setor de Artes Cênicas. “Aprendi muito desde a minha chegada ao CAp e, ao longo desse ano, tive a oportunidade de delinear mais fortemente minha identidade docente e o sentido da profissão”.

UMA ÚNICA AULA PRESENCIAL
O contrato de professor temporário tem duração máxima de 24 meses. “Portanto, alguns foram contratados sim, antes do início da pandemia, em março de 2020, e ainda estão em atividade”, informou a pró-reitoria de Graduação. Ao todo, a UFRJ possui 628 substitutos: os 500 contratados durante a pandemia e mais 128, com vínculos anteriores a 16 de março do ano passado.
É o caso do professor Bruno Clarkson Mattos, do Instituto de Biologia, que chegou a participar de apenas uma reunião presencial, antes da suspensão das atividades não emergenciais.
Enquanto aguardava o início do ensino remoto, o docente se voluntariou para trabalhar no combate à pandemia. “Como eu tenho experiência com biologia molecular, trabalhei no Centro de Triagem Diagnóstica (CTD), fazendo a triagem dos profissionais de hospitais públicos que iam à UFRJ para fazer o teste de PCR”, lembra. Em julho, ele se desligou do CTD para se dedicar integralmente à preparação das aulas para o Período Letivo Excepcional (PLE), que começaram no final de agosto.
Bruno já teve 23 turmas, distribuídas entre as disciplinas de Zoologia I e II, e duas eletivas. “Houve turmas com 60 alunos e outras, com menos de 20. Essa variação ocorre muito também em razão de a Zoologia ter uma carga horária considerável de aulas práticas”, explica.
O professor destaca que a experiência tem sido enriquecedora, mas ainda não chega nem perto daquilo que os docentes podem oferecer presencialmente. “Dentro da sala de aula, existe uma percepção muito maior de como os alunos estão recebendo o conteúdo. A realidade no ensino remoto é que quase nenhum aluno liga a câmera, então não sabemos nem se eles realmente estão ali”, completa.
Rodrigo Octávio Cardoso, da Faculdade de Letras, também deu uma única aula presencial na UFRJ, em março do ano passado. Depois disso, só voltou a encontrar os alunos no PLE, em agosto de 2020. Atualmente, ele dá aula para três turmas de Teoria Literária I, matéria obrigatória para todas as habilitações de Letras, e passará a lecionar também Teoria Literária II no próximo período.
“As aulas sem o contato presencial tornam-se muito mais cansativas. É difícil acompanhar o progresso dos alunos e é preciso fazer mais atividades, o que torna o curso mais cansativo para eles e pra mim”, ressalta Rodrigo. “A principal dificuldade talvez seja a de estabelecer debates mais fluidos, o que é uma característica importante dessa disciplina”, diz.
O contrato de Rodrigo será finalizado em março de 2022. Pela lei, não poderá mais trabalhar como substituto pelo período de dois anos. Até lá, o docente alimenta o esperança de muitos desses 628 temporários: o de seguir carreira na maior universidade federal do país. “Seria um sonho conseguir passar um dia num concurso de efetivo na UFRJ, que tem um excelente departamento de Ciência da Literatura”, completa.

PEDRO LAGERBLAD DE OLIVEIRA
Professor do Instituto de Bioquimica Médica
1º secretário da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.371Difícil fazer um balanço desses dois anos da associação sem de alguma forma misturar com os sentimentos gerados por um período tão singular da vida do país e do mundo. A pandemia colocou desafios inusitados ao movimento docente. Mas, na maioria das vezes, acho que reagimos bem. Olhando para trás, o sentimento é contraditório. Dei mais tempo à AdUFRJ do que havia planejado no início, mas menos do que seria necessário.
Bem no início da pandemia, na nossa última assembleia presencial, alguns colegas defenderam a realização de uma manifestação presencial, sustentando que deveríamos ter coragem, ou, ainda, que a pandemia era uma invenção do neoliberalismo global. Ali, a nossa vinculação com uma base de apoio com forte lastro na academia e na comunidade científica foi o diferencial que permitiu diagnosticar, ainda no início, o tamanho do problema. Esse momento ilustra o papel da base social da diretoria na forma de trabalhar e na tomada de decisões.
Mais adiante trabalhamos para organizar o trabalho remoto, não para impedi-lo como alguns propunham naquele momento. Nos esforçamos para dar suporte às mais diversas iniciativas comunitárias de apoio a segmentos desprotegidos. Criamos encontros virtuais de docentes na forma do “tamo junto”, uma happy hour virtual onde se discutia política e conjuntura.
Como diretoria, conseguimos manter uma coesão interna muito boa, eu acho, especialmente nas condições em que tivemos de trabalhar. Não posso deixar de fazer uma referência especial que estar na diretoria me permitiu um contato maior com a Eleonora, colega de militância clandestina no tempo da ditadura, ainda no movimento secundarista.
Dentro da diretoria, dividimos as frentes de trabalho. Acho que fui um misto de idoso com “café com leite”... e os demais carregaram mais o piano do dia a dia do sindicato. Mas, nesse último ano, me envolvi com duas iniciativas que deixo inconclusas, o que não é um bom sentimento.
Uma delas foi estabelecer uma negociação com a reitoria que tem feito progressos pequenos e lentos, na verdade sem grandes desfechos positivos já há quase um ano de conversas. Avançamos na definição das questões, no levantamento dos problemas e identificação dos docentes que têm demandas e pendências. Infelizmente, progressos de fato têm acontecido por conta dos processos judiciais que temos ganhado quando o diagnóstico do nosso jurídico é que o caminho administrativo está esgotado. Processar a UFRJ não é um bom sentimento. Mas acho que a questão está encaminhada para ser reformulada na próxima gestão.
A outra frente que me envolvi nesses últimos períodos foi a de tentar criar um espaço de discussão plural e não sectário sobre a Ebserh. A condução de parte dos movimentos sociais na UFRJ nessa questão, de organizar “debates” monotônicos com mesas compostas de quem é contra a Ebserh, debatendo com alguém muito contra, não contribui. Não é razoável, nem democrático, ignorar que todas as unidades hospitalares pedem novamente para reabrir a discussão do tema, por não enxergarem solução viável no futuro próximo. Ignorar uma parte expressiva da universidade, a maioria documentada nos conselhos acadêmicos do CCS, que entende que esse é o caminho, não me parece aceitável. Rotular como privatistas colegas que têm a vida dedicada à saúde pública e militância ligada à história do SUS é, no mínimo, injusto. A criação do “hotsite” dedicado ao tema para oferecer informações qualificadas e uma tribuna para um debate plural foi um caminho, mas ainda não deslanchou como ferramenta efetiva de discussão.
Mas a maior frustração desses dois anos é perceber que, embora tenhamos oferecido alguma resistência e que a opinião pública tenha muitas vezes se posto ao nosso lado, esse período foi de grande retrocesso para universidade, para a Ciência e para a Cultura no país.
Faço 60 anos poucos dias depois da posse da nova diretoria, e, embora eu nunca tenha largado o “chão da fábrica” (meu laboratório e os alunos), a sensação de retorno, de ciclo fechado é inevitável e inspira a busca de uma fase nova concentrada no meu círculo próximo, mas mantendo o vínculo com o movimento docente e a AdUFRJ, que seguirá sendo um porto seguro e um canal de participação e de escuta essencial no próximo ano.

 

JACKSON MENEZES
Professor UFRJ Macaé
2º tesoureiro da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.48.44A experiência de ser diretor da AdUFRJ é muito gratificante e nos ensina bastante. Especialmente nossa gestão, que foi marcada pela pandemia. Se, por um lado, a pandemia limitou nossa atuação, por outro lado, nos ensinou bastante. O ponto que mais me marcou foi a capacidade do corpo social da UFRJ em se organizar para suprir a demanda de atendimento da população durante a pandemia (serviços sociais, voluntariado, hospitais, atendimento psicológico etc) e, em especial, a capacidade dos alunos, técnicos e docentes em se adaptarem ao ensino remoto emergencial. Tivemos que ter muita força para manter a mobilização sindical mesmo de forma remota.
Lidar com as atrocidades do atual governo em meio à pandemia, quando familiares, amigos, conhecidos, alunos e colegas de trabalho perdiam suas vidas, não foi nada fácil.
Diante de tantas perdas, me vi obrigado a me dedicar ao trabalho voluntário de diagnóstico da covid-19 na população macaense. Um momento emocionante foi quando não tínhamos mais material para trabalhar e a AdUFRJ não mediu esforços para conseguir materiais, garantindo desta forma a continuidade do diagnóstico da população de Macaé.

Estarei sempre à disposição da causa trabalhista dos docentes da UFRJ.

CHRISTINE RUTA
Professora do Instituto de Biologia
e 2ª vice-presidente da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.51Chegar ao fim de um projeto como um mandato na AdUFRJ é sempre um momento contraditório. Agradeço aos meus colegas de diretoria e aos funcionários da AdUFRJ pelas longas horas que trabalhamos juntos. Há, ao mesmo tempo, uma frustração de não ter feito tudo que planejei, tudo que sonhei fazer e também um sentimento de realização pelos projetos terminados. Cada tarefa realizada eu queria ter multiplicado por algum fator: ir mais a Brasília e atuar no Congresso, realizar muitas projeções Brasil afora, afirmando a universidade pública, produzir muitos vídeos sobre o trabalho das professoras e dos professores, ao som da voz de Elza Soares e de outros nomes maravilhosos da música brasileira. Ao mesmo tempo, há uma enorme sensação de alívio, de  dever cumprido, de ter empregado uma grande energia no projeto AdUFRJ durante a pandemia, de ficar mais longe do Zoom e das longas reuniões de planejamento e de discussão. Mas, de toda forma, reúno o que há de melhor na soma destas contradições e envio todos os meus melhores pensamentos para a próxima diretoria: que eles façam melhor o que nós fizemos e que realizem tudo o que não pudemos realizar.

 

FELIPE ROSA
Professor do Instituto de Física
e 1º vice-presidente da AdUFRJ (2019-2021)

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.38.38Quando anunciei minha decisão de concorrer à direção da AdUFRJ, lá em 2017, vários dos meus colegas reagiram com certo espanto. “Você está louco de se meter com isso!”, diziam alguns; “É uma perda de tempo enorme”, argumentavam outros. Mas tínhamos acabado de passar por um ponto de inflexão dois anos antes com a vitória da primeira chapa de oposição em muitos anos, e eu achava que era a minha vez de “ir para o sacrifício”, ou seja, me afastar um pouco da vida acadêmica e colaborar com esse novo projeto de associação sindical. Pois bem: 4 anos e 2 mandatos depois, o que dizer?
Bom, desde logo é preciso dizer que meus colegas não estavam totalmente errados: foi uma certa loucura achar que, sem jamais ter participado de qualquer movimentação política, eu poderia ser um diretor sindical. Depois de nossa posse, foram alguns meses sem entender quase nada do que estava acontecendo, e mais outros tantos até conseguir “tirar as rodinhas da bicicleta”. Felizmente, como eu não tinha noção da minha própria ignorância, pude ir aprendendo sem medo de passar vergonha, e ali no meio do 2º mandato eu já era um sujeito diferente: eu havia atravessado o véu que separa as pessoas “normais” das “politizadas” (que é impossível de cruzar de volta, pois uma vez atravessado, ele desaparece). Junto com todo o aprendizado sobre os meandros da UFRJ, todas as amigas e amigos que fiz, todo o  endurecimento causado por disputas nem sempre nobres e toda a exasperação com o chamado “tempo da política”,  isso é o que há pra ser dito.

Um forte abraço,

Felipe

 

WhatsApp Image 2021 10 22 at 15.10.27Kelvin Melo e Kim Queiroz

Voltar com saúde e segurança. Esse é o desafio do Conselho Universitário da UFRJ que, desde o dia 14, debate as condições do retorno presencial. Nas quatro horas da reunião extraordinária da última quinta-feira, 21, os conselheiros discutiram o documento apresentado pelo relator, professor Fernando Rochinha, que tentou estabelecer os paradigmas do “novo normal” numa instituição gigante e complexa como a UFRJ.
Alguns consensos já foram aprovados: professores e técnicos com 60 anos ou mais poderão apresentar requerimento para realizar atividades remotas. Já os servidores com filhos em idade escolar — que não tenham retomado as aulas presenciais — também poderão fazer a mesma solicitação. Por outro lado, o colegiado ainda não definiu como a universidade deve proceder em relação aos que rejeitam a vacinação (veja no quadro abaixo). A discussão continua no próximo Consuni, dia 28.
Enquanto o Conselho Universitário não finaliza a nova resolução, os gestores das instâncias acadêmicas e administrativas podem contar com uma ferramenta digital para auxiliar no planejamento do retorno presencial. A universidade desenvolveu o site “Espaço Seguro UFRJ”, que facilita a classificação dos ambientes de trabalho conforme as vulnerabilidades estruturais do ambiente e os riscos de exposição ao Sars-Cov-2.
 “Com a demanda de elaborarmos também as diretrizes de retorno das aulas teóricas e dos ambientes de trabalho, que abrange um número muito maior de ambientes, surgiu a ideia dessa plataforma”, afirma a professora Maria de Fátima Bruno, coordenadora do GT para Planejamento do Retorno Gradual das Atividades Didáticas Práticas.
Veja, na infografia abaixo, como utilizar o “Espaço Seguro UFRJ”.

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O QUE O CONSUNI AINDA VAI DISCUTIR

IMUNIZAÇÃO
COMPLETA
Vários conselheiros querem incluir na resolução sobre o retorno presencial a obrigatoriedade de vacinação. A questão é controversa. A consultoria jurídica do MEC emitiu um parecer, no dia 20, contra o impedimento. O documento justifica que o chamado “passaporte da vacina” fere direitos fundamentais das pessoas, como o direito de um aluno à educação. “Podemos não ter a autonomia para tudo, mas temos para muitas coisas. É essa a hora de usarmos. Vacinação, sim; negacionismo, não”, argumentou a professora Maria das Graças, representante dos Adjuntos do CLA.

GARANTIA DE
INFRAESTRUTURA
Representantes estudantis e técnico-administrativos defendem que o planejamento de retorno seja acompanhado de garantias mínimas de infraestrutura, como bandejão e transporte interno do campus. Os alunos solicitaram apoio da reitoria para cobrar o retorno do bilhete único universitário à prefeitura do Rio.

FREQUÊNCIA
Os técnicos-administrativos também querem a manutenção da frequência regular para o caso dos servidores que estiverem em sistema de escala ou que não puderem retornar ao local de trabalho, principalmente por um eventual não cumprimento dos protocolos de biossegurança. “Se eu não vou poder estar todos os dias no meu ambiente, porque eu preciso revezar com meus colegas ou porque o ambiente não reúne condições para me acolher, minha frequência tem que ser normal, regular. Não foi uma opção minha”, disse Joana de Angelis, coordenadora do Sintufrj.

Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em setembro, revelou que os professores brasileiros têm os piores salários iniciais entre os 40 países do bloco — 37 integrantes e três parceiros. Em média, um docente brasileiro do Ensino Fundamental recebe US$ 13,9 mil por ano,  enquanto nos demais países membros e parceiros da OCDE essa média é de US$ 35,6 mil. Na Alemanha, o valor supera os US$ 70 mil.
Segundo a pesquisa, os docentes brasileiros no início de suas carreiras recebem menos do que docentes em países como México, Colômbia e Chile. Apesar de receberem os maiores salários, os profissionais universitários no Brasil têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial. (Estudo da OCDE, setembro de 2021)

As mulheres dominam a profissão na educação básica, chegando a ocupar 88% das salas de aulas da educação infantil, mas estão mal representadas na educação superior, com apenas 46% dos postos de trabalho em 2019. (Estudo da OCDE, setembro de 2021)

Pesquisa feita pela Associação Nova Escola aponta que a saúde mental dos professores melhorou em 2021, em comparação com 2020: 47,8% dos profissionais da Educação Básica avaliam que a saúde mental atualmente está “boa” ou “excelente”. Em 2020, eram 26%. A pesquisa foi feita com quatro mil professores, coordenadores pedagógicos e diretores da educação básica em todo o país, entre agosto e setembro de 2021.

 

WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.55Os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.
Rubem Alves

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.40.27
Feliz aquele que
transfere o que sabe
e aprende o que ensina.
Cora Coralina


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.551O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram.
Jean Piaget


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.552A tarefa essencial do
professor é despertar
a alegria de trabalhar
e de conhecer.
Albert Einstein


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.56Ser professor é apostar
na esperança. É trabalhar com algo que não está pronto ainda.
É entender-se parte de um processo de transformação.
Leandro Karnal


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.44.561A aprendizagem resultante do processo educativo não tem outro fim, senão o de habilitar a viver melhor, senão o de melhor ajustar o homem às condições do seu meio.
Anísio Teixeira


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.581Ser professor é poder ajudar os alunos a lidar com a própria humanidade deles.
Luiz Felipe Pondé

 

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.582O educador se eterniza em cada ser que educa.
Paulo Freire

 

 


WhatsApp Image 2021 10 14 at 21.46.583O homem não é nada além daquilo que a educação
faz dele.
Immanuel Kant

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