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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Começamos a debater o retorno presencial e já nos deparamos com desafios de uma magnitude que há muitos anos não experimentávamos. Em menos de dois anos de pandemia, e quase três de governo Bolsonaro, parece que estamos prestes a retornar ao campus dos anos 90 do século passado, sem recursos nem para capina, com desovas de cadáveres e prédios em péssimas condições. Não estávamos nem perto de resolver todos os nossos históricos problemas, mas muito havíamos caminhado. Esse será o maior desafio que enfrentaremos no retorno de nossas atividades. O impacto do estrangulamento orçamentário ficou amenizado pela ausência da vida no campus, mas com o retorno gradativo, essas dificuldades tendem a aumentar, caso não haja uma reversão imediata do nosso quadro orçamentário.
E, se já não nos bastasse o retorno de velhos fantasmas, temos que lidar também com novos assombros, pois o desmonte do sistema nacional de pesquisa não tem paralelo com nenhum outro governo. O que nos tem sido revelado pela CPI da Covid explica o horror que o atual governo tem pela Ciência e seus métodos, por seu controle rigoroso, checagem de resultados, comissões de éticas e cuidados redobrados na divulgação dos resultados de investigações. Assim como o jornalismo responsável, que apura e investiga, que também checa suas fontes e verifica de forma responsável o que ocorre à sua volta, a arte e a educação, que incomodam e nos fazem pensar e enxergar para além do imediato e do visível, somos todos alvos de ações persecutórias.
Com a dolorosa marca oficial de 600 mil mortos no país por covid-19, muitas manifestações, e alguma esperança, começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel. Mas sabemos que a pandemia não terminou, e que o retorno às atividades presenciais, embora seja o desejo da maioria de nós, é também atravessado pelas enormes preocupações e inseguranças que esse cenário nos traz. Se nossa gestão enfrentou o desafio de criar as condições para a existência da vida sindical em ambiente remoto, a próxima, que se inicia daqui a uma semana, terá que responder a um desafio não menor, pois a retomada das atividades também irá demandar novas práticas e o reconhecimento de que alguma coisa se extinguiu e daremos início a uma nova forma de vida institucional.
Também se aproxima o final de mais um semestre letivo, e teremos ao menos uma pausa para recarregar as baterias. Nesse momento, é importante ressaltar que, embora estejamos vivendo um momento de perdas e retrocessos, também temos conseguido resistir e nos mantemos inteiros. Ainda estamos em plena batalha, pois a PEC 32 não foi sepultada. A pressão que as entidades representativas dos servidores públicos têm realizado no Congresso está sendo crucial e deve se intensificar nos próximos dias. Por isso, vamos fixar nosso olhar no que fomos capazes de garantir até agora, e não foi pouco. O país autoritário e servil de Bolsonaro não se realizou. E não permitiremos que se imponha sobre nós. Vamos sacudir a poeira e ocupar com dignidade e responsabilidade o espaço que nos pertence, a universidade pública não se vergará e nós, professores e professoras da UFRJ, estaremos prontos para dar mais uma lição de civilidade e responsabilidade sanitária a esse desgoverno da morte.

WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.22.03Em 18 meses de mandato exclusivamente remoto, a diretoria da AdUFRJ promoveu uma série de iniciativas para oferecer serviços aos docentes, para que a migração para uma realidade tão fria, no modo remoto, fosse menos penosa para a categoria. Além das ações que listamos na edição passada (veja em www.adufrj.org.br), a AdUFRJ se empenhou em contribuir com o dia a dia dos professores, com as discussões que movimentaram a UFRJ e com ações que deram visibilidade à pauta da Educação.
“Nessas ações, protestamos por um Brasil mais justo, solidário, e com mais oportunidades para todas e todos”, resume a professora Christine Ruta, 2ª vice-presidente da AdUFRJ. A seção sindical realizou duas intervenções políticas com projeções em fachadas de prédios de grande visibilidade, em 15 de maio de 2020 e em 8 de maio deste ano. As ações foram filmadas e compartilhadas nas redes sociais. Houve, ainda, uma série de lives e tuitaços com denúncias sobre os ataques do governo contra a ciência, a educação e a vida. “Tivemos oportunidade de nos unir a outras entidades sindicais por meio do Observatório do Conhecimento, o que nos possibilitou realizar projeções em outras cinco cidades, além do Rio e Macaé”, sublinha Christine.
No cenário interno, o apoio aos docentes teve grande destaque. “Uma associação saudável é aquela que enxerga a hora de brigar pelos direitos dos docentes, mas que também enxerga os seus deveres e a função da categoria na sociedade”, considera o professor Felipe Rosa, 1º vice-presidente da AdUFRJ. “Certamente eu realizaria essas iniciativas de novo, como oferecer o Zoom, o suporte on line para os professores e o nosso posicionamento político pela volta das aulas no meio remoto”, destaca. “Havia a necessidade de mantermos a interação entre nós e junto à sociedade”.
Para a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, a pandemia demonstrou o quanto os docentes reconhecem a importância de sua seção sindical. “Quando praticamente tudo foi suspenso, nossas reuniões tinham expressiva participação. Eram encontros gigantescos”, analisa. Estar na diretoria num momento tão desafiador traz certo alento para a professora. “Não houve tempo para ouvir o silêncio, para sentir as dificuldades, porque a vida ficou tomada das preocupações com o outro”, reflete. “Apesar do sentimento de impotência diante de uma grande tragédia, foi muito importante estar num lugar que me possibilitava tentar mitigar danos. A AdUFRJ foi uma ótima companheira e me salvou de muita coisa”.
Confira mais detalhes das ações, neste segundo capítulo de balanço da diretoria.

ZOOM
Apenas dez dias depois que as atividades presenciais foram suspensas na UFRJ, a diretoria disponibilizou o primeiro serviço de suporte aos professores: a plataforma Zoom, com agendamentos gratuitos. A novidade foi divulgada no dia 26 de março de 2020. Do dia 27 ao dia 31 daquele mês, 22 professores realizaram reuniões. Um mês depois, já passavam de cem encontros. Até 30 de setembro deste ano, ocorreram 638 agendamentos. “Muitos professores precisavam de uma plataforma para interagir on line e decidimos oferecer esse serviço”, conta o professor Felipe Rosa. O serviço continua ativo. Para solicitar agendamento, o docente precisa preencher o formulário disponível em http://bit.ly/agendamentozoom e aguardar a confirmação pelo celular.

CONSELHO DE
REPRESENTANTES
Logo que a pandemia começou, a diretoria atuou em conjunto com o Conselho de Representantes. “Tudo ainda estava muito nebuloso e então começamos a realizar os primeiros CRs semanais, buscando entendimento entre as instâncias da universidade e os representantes das unidades”, explica Eleonora. Só nos dois primeiros meses da pandemia, o sindicato reuniu o Conselho oito vezes. Estudantes e terceirizados em vulnerabilidade social, o funcionamento da universidade, trabalho e aulas remotas e direitos trabalhistas foram alguns dos temas debatidos.

GRUPOS DE TRABALHO
A AdUFRJ também teve representação nos grupos de trabalho da UFRJ durante a pandemia. A professora Christine Ruta participou do GT Ensino Remoto Emergencial, criado para discutir o PLE; do GT Pós-Pandemia, instituído para formular diretrizes para o retorno das atividades presenciais; e do GT Aulas Práticas, voltado exclusivamente para o retorno seguro das aulas práticas presenciais. “Nesses GTs, pude acompanhar a gestão da crise pela universidade e levar o manifesto da AdUFRJ diante das pressões inéditas impostas pelo novo quadro de trabalho”, explica a professora.

CALENDÁRIO
A AdUFRJ também se envolveu nas discussões sobre as aulas remotas. A diretoria convocou seu conselho, assembleias, participou de reuniões do CEG e do Consuni sobre o tema. “Toda a discussão foi muito complexa, envolvia o acesso à internet, meios para as aulas remotas e, principalmente, a dimensão de que a gente não foi formado para isso”, considera Eleonora Ziller. “Havia muita insegurança e nós ficamos muito tensionados, porque estávamos entre dois extremos: desde professores que gastaram seu dinheiro montando um estúdio em casa para garantir a excelência do seu trabalho até aqueles que, diante da impossibilidade de oferecer excelência no seu trabalho, paralisavam. Todos tinham preocupações legítimas”.

SOS ENSINO REMOTO
Com o início do período letivo excepcional, muitos professores tiveram dificuldades para dominar as ferramentas necessárias às aulas on line. Por isso, a AdUFRJ ofereceu assessoria de uma especialista. O serviço começou em 2 de dezembro. “Montamos uma consultoria para os professores. A ideia foi tentar minimamente equipar os docentes, não do ponto de vista material, mas do aprendizado das técnicas e de maneiras melhores de interagir on line”, explica Felipe Rosa.

SINDICATO DE TODOS
“Exercer funções de direção e de chefia são partes também de nossa atuação profissional como docentes. A gente considera que é necessário um espaço de escuta também para os professores nessas funções”, analisa Eleonora Ziller, ao lembrar da atuação do sindicato junto aos diretores, decanos e coordenadores de curso, tanto nas discussões preliminares sobre um calendário remoto, quanto no momento de corte do vale-transporte, oferecendo apoio jurídico. “A vida institucional estava muito difícil. Dentro dos limites, a gente conseguiu cumprir com esse papel de apoio, de escuta”.

CONVÊNIOS
Para solicitar o novo serviço, o docente filiado à AdUFRJ deve entrar em contato com Meriane dos Santos Paula, no celular (21) 99358-2477 ou pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Para conhecer melhor as parcerias, acesse o menu “Convênios” na aba “Serviços” do nosso site:
www.adufrj.org.br

Rio de Janeiro
MAPLE BEAR TIJUCA  
10% de desconto na mensalidade de dependentes. Caso o pagamento seja semestral ou anual, serão acrescidos descontos de 3% e de 5%, respectivamente.

MIT CUIDADORES
10% de desconto em plantões de cuidadores de 6h, 8h e 12h; 5% de desconto em plantões de 24h e 48h; 8% de desconto em contratos de técnicos de enfermagem em plantões de 12h e 24h.
ACADEMIA TIJUCA FIT
15% de desconto na mensalidade de atividades individuais ou coletivas.

MADONA CLINIC
15% de desconto em todos os pacotes de tratamentos (corporais, faciais e depilação a laser).

PSICARE
15% de desconto para atendimentos presenciais e online em todas as especialidades.

FISIOTERAPIA RJ LTDA
25% de desconto no valor total nos procedimentos de Fisioterapia Ortopédica, RPG, Acupuntura, Pilates de solo e fortalecimento em geral.

CRECHE AMANHECENDO
15% de desconto na mensalidade e 20% na matrícula de dependentes. Berçário ao 1º ano do Ensino Fundamental.

CRECHE ESCOLA RECRIAR
10% de desconto para os alunos matriculados no período parcial e desconto de 15% para alunos matriculados em período integral.

CESTA CAMPONESA DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS
5% de desconto em compras acima de R$ 100 e 10% em compras acima de R$ 200, realizadas no site.

ROÇA URBANA ORGÂNICOS
10% de desconto na compra de todos os produtos vendidos pela Roça Urbana. Cupom disponível no Setor de Convênios (Falar com Meriane).

JC LUZ CORRETORA
Na contratação de plano de saúde na modalidade coletivo por adesão, das empresas Amil, Amil Fácil, Assim Saúde, Bradesco, Integral Saúde Caberj, NotreDame Intermédica, Sulamérica e Unimed: 30% de desconto na taxa de angariação, além de benefícios exclusivos oferecidos por cada plano de saúde. Seguro residencial, seguro de automóvel e seguro de portáteis: 5% de cashback direto na conta do contratante do seguro.

Macaé
ESCOLA ALFA
10% de desconto na mensalidade de dependentes.

CLÍNICA ESTAÇÃO
CORPORAL
25% de desconto em tratamentos fisioterápicos e estéticos.

HUMANA CLÍNICA
MULTIDISCIPLINAR
Descontos de até 17% nos atendimentos de Nutrição (presencial), Psicologia (presencial e online, sendo o online apenas para maiores de 18 anos), Psiquiatria (presencial) e Psicopedagogia (presencial). Público: docentes filiados à AdUFRJ e seus dependentes (cônjuge e filhos), mediante comprovação de vínculos.

ARTIGO

Do Pleistoceno ao mundo pós-pandêmico: Uma entidade sindical preparada para os desafios do mundo atual!

WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.22.031Christine Ruta
Professora do Instituto de Biologia
e 2ª vice-presidente da AdUFRJ

Em janeiro de 2021, a AdUFRJ idealizou o novo Setor de Convênios. O principal objetivo é estabelecer uma rede de parcerias com empresas confiáveis que ofereçam serviços e produtos de qualidade com descontos para os sindicalizados de todos os campi da UFRJ. Alguns dos convênios são estabelecidos também como forma de fortalecer empresas sociais, como o MST e a agricultura de produtos orgânicos. Os convênios não trazem benefícios financeiros para a AdUFRJ, quem se beneficia são apenas os professores sindicalizados, que podem ter um ganho considerável. Temos depoimentos de filiados que afirmam que o benefício financeiro de um único convênio já ultrapassa a contribuição sindical.
Já estão à disposição descontos em creches, escolas, cursos de idiomas, clínicas de atendimento (psicológico, fisioterápico e de bem-estar), seguros (residenciais e automotivos), mercearias e mercado de frutas e hortaliças, entre outros. A lista completa dos benefícios está no nosso site www.adufrj.org.br (aba “Serviços”, menu “Convênios”). O setor busca parcerias principalmente nas áreas da saúde, educação e bem-estar, e leva em consideração os diferentes perfis dos sindicalizados. Sugestões de empresas e serviços podem ser enviadas para o setor, que as analisa cuidadosamente e busca então estabelecer as melhores parcerias.
O novo setor atua em conjunto com o Jurídico, que supervisiona os contratos firmados entre as partes interessadas. Para ampliar ainda mais o atendimento às demandas dos sindicalizados, buscamos parcerias com farmácias e drogarias que podem nos trazer até 30% de desconto em compras. Para isso, vimos a necessidade de contratar um outro serviço jurídico mais especializado na área de Direito digital e proteção de dados pessoais. Desta forma, poderemos garantir um processo esclarecido e ainda mais seguro para nossos filiados. Este é um dos principais paradoxos dos tempos atuais: como proteger os dados de um indivíduo e ao mesmo tempo fornecer informações úteis a respeito de um conjunto populacional do qual ele faz parte?

Recadastramento
A criação do Setor de Convênios impulsionou o andamento de outras metas de campanha: a criação de um novo sistema de filiação e a atualização dos dados cadastrais dos sindicalizados (cadastro.adufrj.org.br). É importante ressaltar que a nossa gestão herdou um modelo de filiação do “Pleistoceno”, lento e burocrático. A importância da criação de um método mais moderno está no fato de que ele funciona remotamente e na autonomia do docente de atualizar seus próprios dados. O novo sistema já foi projetado para a inclusão de módulos, e em breve serão anexados os módulos de agendamento jurídico online e acesso aos descontos de convênio.
O moderno processo de filiação depende da atualização de dados que é feita pelo próprio associado. Dentre os 3.426 filiados, cerca de 1.200 atualizaram suas informações de cadastro, e desde a sua implementação, em 2 de agosto, foram excluídos da base 349 nomes de filiados por motivos de falecimento, exoneração ou afastamento da universidade. A nova base de dados também permitiu observar que apenas no período da pandemia, de março de 2020 até hoje, 134 docentes solicitaram filiação à AdUFRJ, contra 58 pedidos de desligamento (especialmente de aposentados que alegam dificuldades financeiras). Portanto, um saldo positivo de 77 filiações.
A nossa querida quarentona AdUFRJ não somente se reinventou na questão dos convênios, buscando dar mais benefícios aos nossos sindicalizados, como também fez um lifting em seu cadastro. Agora podemos conhecer ainda mais nossos sindicalizados e pretendemos que isto dê mais agilidade às causas trabalhistas. Não há dúvidas de que as entidades sindicais devem urgentemente adaptar-se às novas tecnologias, seja na sua administração ou na luta por direitos. O negacionismo deste fato apenas pune o docente sindicalizado e enfraquece o movimento sindical. Nossa gestão vai despedindo-se convicta de que revolucionou e tornou a AdUFRJ uma entidade ainda mais forte e preparada para os desafios deste mundo pós-pandemia, que será ainda mais digital, porém, se depender de nós, sempre humanitária!

ARTIGO 2

Uma quarentona nas novas formas de luta!

Christine Ruta
Professora do Instituto de Biologia
e 2ª vice-presidente da AdUFRJ

No nome da nossa chapa já era clara a mensagem: “Não vamos parar nem voltar atrás” – um compromisso com a sociedade, que em maio de 2019 foi pra rua em uma intensa mobilização contra os cortes na Educação. Quando assumimos, em outubro de 2019, imaginamos inúmeros cenários possíveis para a nossa gestão. Só não sabíamos que iriamos enfrentar uma pandemia com medidas drásticas de distanciamento social para o controle da doença.
WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.22.032Durante a pandemia, a diretoria da AdUFRJ também ficou confinada durante longos meses e adaptou-se a essa nova condição de trabalho remoto. Mas enquanto o mundo lamentava os milhares de vítimas e tentava se adaptar a esse novo tempo, o governo Bolsonaro aproveitava para “passar a boiada” e promover o desmonte do Serviço Público e das políticas sociais. A AdUFRJ não poderia ficar parada e assim fizemos a nossa quarentona AdUFRJ mergulhar na era da tecnologia digital e fomos pra rua!
Fizemos duas fortes campanhas sindicais, em 15 de maio de 2020 e 8 de maio de 2021. As campanhas envolveram diversas ações, dentre elas: projeções luminosas. As projeções nos espaços urbanos já são conhecidas como uma importante forma de luta e de diálogo social no mundo atual. A pandemia apenas potencializou este tipo de manifesto. Nessas ações, protestamos por um Brasil mais justo, solidário, e com mais oportunidades para todas e todos. As intervenções luminosas foram realizadas por empresas com conhecimentos artísticos e tecnológicos, e drones fizeram vídeos e fotografias das ações. Os sindicalizados contribuíram com frases que foram projetadas em diferentes espaços urbanos Brasil afora. A nossa ação no 8M, em especial, contou com a diva Elza Soares cantando “Dentro de cada um”. Na canção, quando ela fala “e vai sair de dentro de cada um, a mulher vai sair, e vai sair de dentro de quem for, a mulher é você”, eu lembro do lema da nossa gestão e sinto que não ficamos parados e nem voltamos para trás. Avançamos nas novas formas de lutas e de organização sindical!

 

 

WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.17.56Foto: Ana Marina Coutinho (Coordcom/UFRJ)Mais um ataque à universidade. Por meio de uma ação civil pública em tramitação na 22ª Vara Federal, o Ministério Público exige a implantação de um ponto eletrônico biométrico para controle da jornada dos professores do Colégio de Aplicação da UFRJ. O processo, que ignora como se organiza o trabalho acadêmico, causa indignação na comunidade do CAp.
Na primeira audiência de conciliação do caso, dia 28, não houve acordo entre a representação jurídica da universidade e o MPF. A UFRJ agora precisa apresentar sua defesa. A situação preocupa, pois o colégio ensaia uma volta presencial das atividades a partir de 13 de outubro.
A procuradora Maria Cordeiro, que assina a ação do MPF, argumenta que o colégio descumpre um decreto de 1995 e uma instrução normativa de 2018, que estabeleceram o controle de assiduidade e pontualidade para toda a administração pública federal.
Só que há algumas exceções na própria legislação: os professores da carreira de magistério superior do extinto Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE) são dispensados do controle de frequência. E, desde março de 2013, os docentes do CAp e do magistério superior compartilham a mesma lei da carreira.
Em nota aprovada na plenária pedagógica do colégio (leia a íntegra abaixo), os docentes repudiam a ação do MPF: “Ante o compromisso que temos com nosso trabalho, é simplesmente afrontosa a ideia de controle de nossa frequência pelo preenchimento de um ponto — seja ele eletrônico ou de qualquer outra espécie”.
Presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller criticou a iniciativa do Ministério Público: “O MPF tem o direito de cobrar prestação de contas do que a universidade está fazendo. E o CAp respondeu a essa demanda. Tudo está documentado”, afirma. “O problema é que querem exigir um tipo de controle estranho ao modus operandi da universidade”, completa. Eleonora colocou a assessoria jurídica do sindicato à disposição dos colegas do CAp.

EM DEFESA DA CARREIRA DOCENTE: nota de repúdio à implantação de ponto eletrônico para controle de frequência no Colégio de Aplicação da UFRJ

Vimos por meio desta expressar nossa indignação e extrema preocupação com a ação civil pública do Ministério Público Federal para implantação de controle de frequência, por ponto eletrônico, dos docentes efetivos da carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) no Colégio de Aplicação (CAp) da UFRJ. Essa medida alteraria profundamente a natureza do trabalho na instituição e prejudicaria a realização das atividades de excelência em ensino, pesquisa e extensão que a têm caracterizado ao longo de sua história.
A carreira EBTT é regida pela Lei nº 12.772/2012, que a coloca em relação de isonomia à carreira do Magistério Superior (MS), de forma que ambas se caracterizam pela indissociabilidade entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Como unidade universitária de Educação Básica voltada para a formação inicial e continuada de professores, atuamos não apenas em atividades de ensino de estudantes do ensino básico; também desempenhamos tarefas voltadas para estudantes da graduação em formação docente inicial nas mais diversas licenciaturas da UFRJ e de instituições parceiras, bem como em variados cursos de pós-graduação, ministrando disciplinas e orientando Trabalhos de Conclusão de Curso, Dissertações e Teses.
Associadas a essas atividades, nosso corpo docente: compõe bancas de concursos públicos, de titulação e de conclusão de cursos de graduação e de pós-graduação; realiza pesquisa dentro e fora da escola, contando inclusive com um Núcleo de Iniciação Científica Jr. voltado para estudantes de Ensino Médio em parceria com diferentes instituições, para além da própria UFRJ; participa e desenvolve projetos de Pesquisa na área de educação, com resultados que têm se mostrado muito importantes para reflexões sobre a educação pública no nosso país; e compromete-se com a sociedade civil pela destacada atuação na Extensão Universitária, ofertando para o público externo ao corpo social da Universidade um expressivo número de ações e projetos de extensão ativos. Por meio desses, promovemos a realização de cursos e eventos nos quais se estabelecem trocas e elaborações conjuntas com outras escolas públicas, especialmente dentro do Complexo de Formação de Professores da UFRJ.
Além disso, orientamos um grande número de estudantes extensionistas e bolsistas nos projetos de extensão e de pesquisa, assim como professores em formação continuada. Para troca e maior produção de conhecimentos, nosso trabalho em pesquisa e extensão inclui ainda a participação em congressos, seminários e outros encontros de divulgação científica. Entre nossas atividades docentes, cumpre observar que no âmbito da administração pública desempenhamos funções de representação em órgãos colegiados da Universidade, como o Conselho de Ensino de Graduação, o Conselho de Extensão, o Conselho do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, o Conselho Universitário, dentre outros, bem como assumimos cargos de diretoria, chefia e de coordenação do próprio Colégio de Aplicação. Consequentemente, a realização de todas essas atividades exige nossa frequência em diferentes campi da UFRJ, em outras universidades públicas e em outros espaços, como escolas públicas de diversos locais do país, secretarias de educação, etc., além de transitarmos entre as duas sedes de nossa unidade, Lagoa e Ilha do Fundão.
Saliente-se ainda que professores da carreira do MS também atuam no CAp como mais um campo de trabalho, orientando estudantes de licenciatura e acompanhando a realização de atividades do estágio curricular obrigatório. A atuação de docentes de ambas as carreiras no espaço da escola é almejada e em muito enriquece o trabalho desempenhado no âmbito do Colégio de Aplicação; não obstante, o controle eletrônico de frequência aplicado exclusivamente aos docentes EBTT acirraria, de maneira ainda mais conflitante, a ausência da isonomia entre as carreiras.
Isso posto, afirmamos com toda a propriedade que nos é conferida que um controle eletrônico de ponto fixo no Colégio de Aplicação é incompatível com a natureza do trabalho desenvolvido por seu corpo docente. O Colégio de Aplicação é uma unidade da UFRJ; como tal, requer de sua gestão e organização o indispensável princípio da autonomia universitária. Portanto, submeter docentes EBTT ao controle de ponto eletrônico não só fere um princípio fundador da própria UFRJ, como também rompe com a isonomia entre as carreiras de docentes que atuam na universidade, subalternizando a carreira EBTT em relação à carreira do MS.
Como última questão, esclarecemos que a direção da escola, como parte de sua função gestora, controla e garante a realização do trabalho pelo seu corpo docente em todas as suas atividades. O Plano Individual de Trabalho Docente (PLANIND) elaborado no Colégio de Aplicação é entregue anualmente pelo seu conjunto de professores e acompanhado com cuidado pela direção. Este documento inclui não só os horários semanais dedicados às aulas na educação básica, graduação e pós, como também os horários para: planejamento, acompanhamento e avaliação das atividades de ensino; realização dos projetos de pesquisa e extensão; orientação de estudantes de licenciatura, extensionistas e bolsistas; participação em reuniões pedagógicas e em Conselhos e Órgãos de Representação. Pelo intenso trabalho desenvolvido por nosso quadro de professores, a carga horária do trabalho docente é distribuída em até três turnos. Cabe ainda mencionar que nos relatórios para progressão docente, equiparados aos da carreira do MS, descrevemos toda a nossa produção acadêmica e realizações em ensino, pesquisa e extensão. Ante o compromisso que temos com nosso trabalho, é simplesmente afrontosa a ideia de controle de nossa frequência pelo preenchimento de um ponto — seja ele eletrônico ou de qualquer outra espécie.
Por isso, reafirmamos: a implantação de ponto eletrônico de frequência aos docentes do Colégio de Aplicação da UFRJ significaria atingir profundamente toda a estrutura organizativa e a natureza do nosso trabalho, o qual, pela realização de Projetos de Pesquisa e Extensão, reflete-se nas atividades pedagógicas de Ensino e constroem a qualidade da nossa escola. Essa implantação abriria precedentes para uma verdadeira derrocada na construção histórica e pioneira dos Colégios de Aplicação de todo o Brasil como espaços de formação docente, bem como aprofundaria ainda mais o controle do trabalho docente que tem ferido a autonomia da profissão de professores das escolas públicas de todo o nosso país. Por todos os motivos expostos acima, e contando com amplo reconhecimento e apoio do corpo social da Universidade ao trabalho desenvolvido em nossa unidade, posicionamo-nos veementemente contrários à instalação de ponto para controle de frequência em nosso Colégio de Aplicação.

Docentes da carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico lotados no Colégio de Aplicação da UFRJ

WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.25.08Um movimento coletivo de amor à vida e cuidado com a saúde. O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro) deu origem em 2014 ao Setembro Amarelo, uma campanha brasileira dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio. Ao longo do mês, diversas ações são realizadas no sentido de dar visibilidade ao debate da saúde mental, para que a sociedade possa agir em prol do tratamento de pessoas que sofrem de depressão e transtornos mentais. “Ter um mês dedicado ao tema é uma oportunidade de discutir o suicídio para quebrar o tabu, acabar com o preconceito e a vergonha”, afirma  Angela Maria dos Santos, psicóloga do Instituto de Psicologia (IP/UFRJ). Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 12.895 suicídios foram registrados no Brasil em 2020, o que reforça a necessidade de atenção ao tema diante das dificuldades trazidas pela pandemia.

Na Divisão de Psicologia Aplicada (DPA), onde  Angela atua como supervisora de estágio na área da Saúde, houve um grande esforço para dar continuidade aos atendimentos de forma remota. “É importante lembrar que esses atendimentos são realizados por alunos do curso de Psicologia e supervisionados por psicólogos, docentes e técnicos do IP”, pontua. Para ela, as ações ligadas à saúde mental não podem se limitar ao mês de setembro e, por essa razão, a UFRJ tem implementado diversas iniciativas de suporte à comunidade acadêmica. “O mais importante é que estas campanhas possam servir como dispositivos para o desenvolvimento de projetos e políticas que promovam espaços de fala, de escuta e de fortalecimento, para que possam ser ressignificadas, reparadas, as dificuldades de viver”.

Uma dessas ações foi a criação da Central de Apoio à Saúde Mental dos Trabalhadores e Estudantes da UFRJ/covid-19 (Ceate), em 2020. O projeto nasceu a partir da participação do Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea) no GT Coronavírus, e é realizado em parceria com diversas unidades da UFRJ, além de parceiros externos. “Trata-se de um canal de apoio psicossocial, com um grupo de profissionais de saúde mental, saúde do trabalhador e Bioética, sob a coordenação da professora Maria Cláudia Vater, do Nubea”, explica  Angela. Ela lembra que parte da inspiração da Ceate está no trabalho da médica psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), sobre a emoção de lidar. De abril de 2020 a setembro de 2021, já foram realizados 2.300 atendimentos pelos técnicos e docentes voluntários da Central.


RODAS DE CONVERSA

Já a pró-reitoria de Políticas Estudantis (PR-7), por meio da Divisão de Saúde do Estudante (Disae), tem buscado promover rodas de conversa, grupos de acolhimento, lives, orientações específicas de saúde e bem-estar, apoio aos docentes e coordenadores em discussões de caso, entre outras atividades. “Essas ações tomam por base a promoção e prevenção à saúde, em um conceito ampliado, focando na integralidade do cuidado”, comenta Roberto Vieira, pró-reitor de Políticas Estudantis. Todas essas atividades foram mantidas e ampliadas na pandemia. Além disso, Roberto ressalta que a Disae também acolhe e encaminha demandas dos estudantes para as unidades de saúde da UFRJ, como o Hospital Escola São Francisco de Assis, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Instituto de Psiquiatria, a Maternidade Escola e o Instituto de Psicologia.
Nesse ano, a PR-7 realizou duas rodas de conversa para tratar do Setembro Amarelo. “A primeira foi sobre prevenção do suicídio, no dia 15, com a participação de duas psicólogas do Núcleo da PR-7 de Macaé. A segunda foi sobre saúde mental para além da Psicoterapia, e ocorreu no dia 29, com a equipe da Disae”, diz Roberto. O Diretório Central dos Estudantes (DCE-UFRJ) também tem procurado frisar a importância do acompanhamento profissional, através de ações que facilitam o acesso do corpo discente aos especialistas. “A pasta de Saúde do DCE fez um conglomerado de psiquiatras e psicólogos que atendem gratuitamente ou com um preço mais popular, para divulgar entre os estudantes”, destaca Antônia Velloso, diretora do DCE. Ela acredita que a quantidade de alunos que necessitam desse apoio ainda é maior do que aquilo que a universidade pode atender.


TABU E ACOLHIMENTO

Dentre os docentes, o tabu talvez seja ainda maior. “Eu acho que há uma peculiaridade no caso de como professores lidam com transtornos mentais, que é o fato da nossa profissão exigir o uso constante da mente”, aponta Felipe Rosa, professor do Instituto de Física e vice-presidente da AdUFRJ. Para ele, muitos docentes têm dificuldade de reconhecer o problema em si e a necessidade de buscar ajuda, pois é como se sua ferramenta de trabalho estivesse danificada, e eles mesmos fossem capazes de lidar com isso sozinhos. “Então, no caso de começar a se sentir mal, um pouco mais triste, agitado ou ansioso do que o normal, é muito importante procurar ajuda especializada de profissionais para cuidar da mente”, aconselha.

Para auxiliar os professores e funcionários, a UFRJ conta também com a Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST), vinculada à pró-reitoria de Pessoal (PR-4). A CPST atua em duas frentes: a Seção de Promoção e Prevenção em Saúde do Trabalhador (SEPS); e a Seção de Atenção Psicossocial aos trabalhadores (SAPS). Segundo Catiuscia Munsberg, psicóloga da CPST, as duas seções permanecem atendendo, remotamente, os trabalhadores durante a pandemia. “Quando for avaliado que o servidor necessita de um acompanhamento continuado, ele poderá ser encaminhado para tratamento nos dispositivos da rede de saúde mental de seu território ou, em casos mais complexos, na assistência do Polo de Atenção à Saúde Mental do Trabalhador UFRJ (Polo-PRASMET)”, completa.

Nesse período, os atendimentos à distância possibilitaram um acompanhamento mais regular de servidores dos demais campi da UFRJ, como Macaé e Xerém, e também das pessoas acometidas pela covid-19. “Estabelecemos um caminho ao acolhimento via e-mail, e o atendimento com chamadas de voz e de vídeo. Como divulgamos para todos os servidores, mais pessoas também tomaram conhecimento de que o trabalho existia e puderam acessar”, conta a psicóloga. O serviço está disponível para todos os trabalhadores da UFRJ que buscam ajuda para si ou para colegas, através do e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Em muitos casos que acompanhou, Catiuscia descobriu servidores que não estavam tendo acesso a direitos básicos, como a licença para tratamento de saúde. “É muito importante que as pessoas saibam que podem entrar em contato, e que serão bem recebidas”.

WhatsApp Image 2021 10 02 at 10.17.05Foto: Vitor JorgeA UFRJ nunca parou durante a pandemia. A universidade estava na linha da frente contra a covid-19, os cientistas continuaram suas pesquisas e as aulas remotas começaram há um ano. Mas há uma parte da UFRJ que pode ser vista pelo público, desde março deste ano, e que oferece às pessoas arte – fundamental, especialmente em um momento tão difícil. No último dia 17, a Orquestra Sinfônica da UFRJ fez apresentação na Sala Cecília Meireles, e o concerto foi aberto ao público, com as devidas restrições de lotação impostas pela pandemia.
A primeira apresentação da orquestra com público, desde o começo da crise sanitária, foi em março deste ano, no mesmo lugar. “Estamos em atividades presenciais na verdade desde agosto do ano passado, quando a reitoria nos solicitou uma apresentação para o evento comemorativo do centenário da UFRJ”, contou o professor André Cardoso, regente e diretor da orquestra. “A partir daí,  fizemos uma série de gravações ao longo do segundo semestre do ano passado. O músico não pode ficar parado”, detalhou o professor. As apresentações podem ser vistas no YouTube.
Para a orquestra voltar a se apresentar foram tomados muitos cuidados. Primeiro na sua composição. A Orquestra da UFRJ tem 47 instrumentistas fixos, técnicos da universidade. “Esse núcleo de profissionais forma uma orquestra de câmara. Quando temos os alunos da disciplina Prática de Orquestra, aí temos o formato sinfônico”, explicou André. Mas os alunos não têm participado, salvo raros casos pontuais, porque não estão tendo aulas presenciais na Escola de Música. “Nós dividimos a orquestra em três grupos, dois de cordas e um de sopro e percussão. Em espaços maiores, como a Sala Cecília Meireles, nós podemos juntar os dois grupos de cordas, mas por enquanto ainda não juntamos todo o efetivo da orquestra”, contou.
O número de ensaios também foi reduzido. De acordo com o professor, para concertos gravados é feito apenas um ensaio, no dia da gravação, e para apresentações ao vivo são feitos quatro ensaios, durante a semana. “Normalmente os ensaios eram de três horas com intervalo de 20 minutos. Então, eliminei o intervalo e reduzi de três para duas horas”, contou o diretor. Os músicos recebem as suas partes por e-mail com antecedência, e se preparam em casa.
Na hora das apresentações, o cuidado é igualmente rigoroso. O maestro e os músicos tocam de máscara – com uma óbvia exceção para os músicos de instrumentos de sopro, que em compensação ficam separados uns dos outros por barreiras de acrílico – e com uma distância de 1,5 metro entre eles, cada um com a sua estante. Para o professor André, a formação reduzida não traz prejuízos para a música, ao contrário do distanciamento. “O fato de tocar muito distante do outro prejudica um pouco, porque assim a gente tem mais dificuldade de ouvir quem está mais distante, o que prejudica o conjunto”, explicou.
Mas mesmo com as restrições e dificuldades, voltar para a sala de concerto, especialmente com a presença do público, foi positivo para André. “No ano passado gravamos concertos, era uma gravação. O concerto ao vivo tem o público, tem outra energia. É muito bom voltar ao palco”, exaltou.

PIXINGUINHA
Para Everson Moraes, trombonista da orquestra, a volta aos palcos foi em meio a uma certa insegurança. “Da primeira vez você fica com um pouco de medo. Você olha para o público e estão todos de máscara, e você não. E nós do sopro utilizamos uma grande quantidade de ar na respiração”, contou. Mas a preocupação arrefeceu com o tempo e a parceria com os instrumentistas. “Músicos precisam tocar uns com os outros, nós temos essa necessidade”, resumiu. Everson é um dos técnicos da orquestra, e foi responsável por fazer os arranjos das músicas tocadas no concerto do último dia 17, que foi dedicado ao Choro.
O recital foi feito pelo conjunto de sopros e incorporou o nome de músicos importantes do gênero que são ligados à UFRJ – incluído aí Pixinguinha, que foi aluno da Escola de Música. “Para resgatar o espírito do Choro eu estou tocando um instrumento chamado oficleide, que caiu em desuso no início do século 20, mas eu fiz um trabalho de pesquisa, há alguns anos, o resgatei”, contou Everson.
A volta da Orquestra Sinfônica da UFRJ tem uma importância simbólica para a cultura do país. “Os teatros foram os primeiros a fechar com a pandemia, e estão sendo os últimos a reabrir”, disse o professor Marcelo Jardim, um dos responsáveis pela Orquestra. “Nós somos um grupo acadêmico, uma orquestra universitária, mas quando olhamos para o mercado, que é para onde vamos encaminhar os nossos alunos, houve um caos. Isso tem um impacto muito grande no ganha-pão dos músicos, dos artistas e dos trabalhadores envolvidos nesses espetáculos”, explicou. Marcelo reforça que toda volta às atividades presenciais foi feita seguindo os protocolos de segurança sanitária e respeitando o desenvolvimento da pandemia no Rio. “Foi tudo pensado respeitando a ciência. Conseguimos manter a estrutura da orquestra sinfônica presente, e conseguimos manter essa rotina sem nenhuma infecção ocasionada por ela”, contou.
Pode parecer que a volta aos palcos foi tímida, com a orquestra dividida em grupos e público restrito, mas ela acendeu uma chama de esperança entre os músicos. É o caso da estudante Luiza Chaim, do oitavo período. Luiza é monitora da disciplina Prática de Orquestra, e participou de algumas das apresentações que foram gravadas no ano passado. “Ter a oportunidade de voltar a tocar foi muito bom. Foi uma experiência muito boa para me motivar a estudar mais. Com tudo parado, estava muito difícil manter o estudo diário”, contou Luiza. Ela dá aulas particulares de violino e trabalha em um projeto social na Zona Oeste. Para Luiza, o retorno da música clássica para os palcos representou um alívio. “A classe artística foi muito prejudicada nesse período da pandemia. Essa volta dá um certo alívio e conforto para quem estuda música. A gente enxerga uma luz no fim do túnel”.

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