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WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.33.43Neste último capítulo de nossa série sobre o balanço da atual diretoria, relembramos as ações de solidariedade e apoio a pessoas, instituições e entidades da sociedade civil ao longo da pandemia. Os apoios tiveram três eixos principais: o primeiro, emergencial, como as doações de insumos e equipamentos para hospitais e laboratórios da UFRJ. Um segundo eixo consistiu em ações de solidariedade junto a coletivos e grupos em vulnerabilidade social. O terceiro correspondeu à atuação política do sindicato, em atividades junto ao comitê “Fora Bolsonaro”, além do apoio a entidades estudantis, culturais e movimentos sociais. “A gente participou dessas ações contribuindo com a mobilização coletiva. Entramos completando esse esforço, que todos os sindicatos fizeram, em âmbito nacional. Destinamos recursos inclusive para o Amapá”, destaca a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller. De março de 2020 a 5 de outubro de 2021, a AdUFRJ destinou um total de R$ 614.504,37 a ações gerais de apoio e solidariedade. “Todas as entidades foram checadas antes de receber os recursos. Houve muita responsabilidade ao lidar com um dinheiro que não é nosso, mas dos sindicalizados”, afirma Eleonora. “Muito da economia gerada por não estarmos em atividade presencial foi direcionada às doações. O sindicato deu uma resposta ao hiperindividualismo, construindo uma cultura coletiva de solidariedade e ajuda mútua”. Para Eleonora, a AdUFRJ também conseguiu resgatar a dimensão do sindicato “como instrumento de proteção a quem trabalha”. “A gente investiu muito em voltar a fortalecer o sindicato nesse aspecto, como instrumento de defesa, de atuação coletiva. Estamos entregando uma gestão que teve uma delegação recorde no Congresso do Andes, teve um quórum recorde na eleição do Andes, um quórum recorde na sucessão da diretoria, conseguiu duplicar o caixa”, elenca. “Só foi muito difícil alcançar os docentes que não estavam sindicalizados, exatamente por conta da atuação remota”. Os desafios já eram enormes há dois anos. O professor Pedro Lagerblad, também diretor da seção sindical, relembra a sensação de quando tomou posse. “Havia um sentimento de ‘e agora, José?’ entalado na garganta. Assumíamos um sindicato importante, da maior universidade federal do país, no meio de um governo que fala em nome da ignorância, da brutalidade e de um projeto de destruição nacional. Enfim, um governo inimigo declarado da universidade”, resume. A chegada da pandemia trouxe desafios extras. “Tentar construir canais de ação, de reunião, responder a demandas que não existiam e criar esperança nesse cenário foi algo que nunca conseguiremos esquecer”. O professor Jackson Menezes, também diretor da AdUFRJ e representante da gestão em Macaé, destaca a resiliência de professores, técnicos e estudantes neste período tão adverso. “O ponto que mais me marcou foi a capacidade do corpo social da UFRJ em se organizar para atender à demanda da população durante a pandemia e, em especial, a capacidade dos alunos, técnicos e docentes em se adaptarem ao ensino remoto emergencial”, afirma. Manter-se presente nas lutas da universidade, ele reforça, não foi tarefa simples. “Houve muita força da atual diretoria em manter a mobilização sindical mesmo de forma remota”. Lagerblad completa: “A AdUFRJ era uma parte da luta diária. Sobrevivemos. Um dia de cada vez”.

HOSPITAIS 
A AdUFRJ fez doações de equipamentos para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no valor de R$ 100.110,00. Para o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, as doações foram de materiais médicos, no valor de R$ 100.120,00. “A AdUFRJ não foi uma patrocinadora dos hospitais. Esta é uma atribuição do Estado. Mas entendemos que, naquele primeiro momento, era urgente colaborar para que a população pudesse ser atendida”, explica a professora Eleonora Ziller.

LABORATÓRIOS
A AdUFRJ doou insumos para pesquisa, para realização de testes de covid-19 e para a fabricação de álcool 70º. Os materiais, para laboratórios do Rio e de Macaé, somaram R$ 111.200,00. Desse montante, R$ 74.200,00 foram doados em 2020.

WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.33.43 1CESTAS BÁSICAS
Era preciso aplacar a fome das camadas mais vulneráveis. Foram R$ 160.492,00 em doações de cestas básicas, principalmente para trabalhadores terceirizados e estudantes que perderam renda nos meses mais críticos de isolamento social e se mantêm em situação financeira instável até os dias atuais. Além disso, houve também doações para coletivos de bairros e favelas.

APOIO AOS COLETIVOS
Houve destinação de recursos para coletivos negros atuantes na universidade e apoio político na formação de coletivos docentes de professores negros e de parentalidade. “Tudo o que nos foi solicitado pelos coletivos nós transmitimos aos nossos sindicalizados. A gente tentou fazer toda essa costura, inclusive com o coletivo das mães docentes de Macaé que se transformou no GT Parentalidade”, conta Eleonora Ziller.

APOSENTADOS
A AdUFRJ teve atenção especial aos professores mais idosos, que poderiam necessitar de algum suporte específico durante o período de isolamento. Um dos serviços oferecidos foi o de transporte para os locais de vacinação. Os professores foram contatados um a um. “Felizmente, a gente não encontrou um quadro de mais necessidade, mas houve esse esforço de localizar, nos nossos quadros, se havia algum tipo de vulnerabilidade”, lembra Eleonora.

ADUFRJ NO RÁDIO
Uma novidade da gestão foi o programa AdUFRJ no Rádio, veiculado na rádio UFRJ. Desde que estreou, em 16 de outubro de 2020, foram produzidos 47 programas. “Não tínhamos muita ideia de qual seria o impacto, mas, sem dúvidas, foi muito bom ter essa experiência. Foi mais um canal de comunicação aberto para falarmos à universidade e à sociedade. Muito recompensante do ponto de vista intelectual e sentimental”, descreve o vice-presidente, professor Felipe Rosa.

PLANOS INTERROMPIDOS

A pandemia não permitiu que a AdUFRJ desse sequência ao censo idealizado para traçar o perfil de todos os professores da UFRJ. “Isso mudaria qualitativamente nosso trabalho. A pandemia aprofundou a noção de bolha. A gente só conseguiu maior contato com os sindicalizados, mas há mais de dois mil professores aos quais não conseguimos chegar”, lamenta a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller.

Outro projeto que não pôde sair do papel foi a ampla campanha de sindicalização. “Ela dependia bastante do censo para saber quem somos nós e o que queremos ser”, argumenta Eleonora. Na avaliação da presidente, a seção sindical foi se afastando gradativamente da categoria, sobretudo após a era FHC. “Com a perda desse contato, a gente não sabe mais o que pensam principalmente os jovens professores”.

Finalmente, uma sala de convivência e atendimento jurídico aos professores estava planejada para ser inaugurada na Praia Vermelha. Outro plano suspenso pela necessidade de isolamento social. “Mas a cooperação com o CCJE para a realização da revista Versus continua acontecendo, e a gente espera que continue de pé e que renda frutos. Esta foi outra forma de apoio que a gente inaugurou nessa gestão”, orgulha-se a docente.


ARTIGO

Sensação boa de dever cumprido e com muita energia para apoiar a próxima gestão!

WhatsApp Image 2021 10 08 at 21.14.10CHRISTINE RUTA
Professora do Instituto de Biologia e 2ª vice-presidente da AdUFRJ

No dia 11 de março de 2020, o estado do Rio de Janeiro decretaria a adoção de isolamento e quarentena, entre outras medidas, para o combate ao novo coronavírus. Quando assumimos, em outubro de 2019, imaginamos inúmeros cenários possíveis para a nossa gestão. Só não sabíamos que iríamos enfrentar uma pandemia com medidas tão drásticas de distanciamento social para o controle da doença que nos afetariam até hoje. Durante 19 meses da nossa gestão de dois anos, conduzimos de modo virtual o sindicato da maior universidade do Brasil. Estamos prestes a encerrar o nosso mandato e sairemos com a sensação de dever cumprido, mas é inegável que nós, diretores engajados com a defesa da universidade pública e da carreira docente, fecharemos a nossa gestão com a sensação do “gostinho de quero mais”.

O modo remoto, sem o obstáculo da distância entre os espaços, possibilitou à nossa gestão uma vasta aproximação junto aos docentes dos mais diferentes campi e cursos da nossa universidade. O saldo do remoto também é positivo no sentido de que diversas ações sindicais foram menos custosas financeiramente, sem, contudo, deixarmos de atuar em diversos locais, inclusive outros estados. Por outro lado, não há como negar que uma gestão a distância trouxe a necessidade de adequação a esse novo tempo, sobretudo nos eixos de ação coletiva sindical que sempre foram organizados de maneira presencial e, muitas vezes, na forma de grandes movimentos. Tivemos que nos reinventar, e já no nome da nossa chapa deixávamos clara a mensagem: “Não vamos parar nem voltar atrás”. Neste sentido, destaco a seguir três de nossas ações anteriores ao período do confinamento e como nos adaptamos para continuar o trabalho sindical nestas ações.

Na luta contra os ataques e o desmonte da universidade pública, em dezembro de 2019, representamos a AdUFRJ na audiência convocada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados com o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, que se notabilizou como o “pior ministro da história” (https://www.adufrj.org.br/images/WEB-STANDARD_1112.pdf). Na Câmara, iniciamos as nossas primeiras articulações in loco com deputados e outros atores do cenário político. Durante o período de confinamento, toda a nossa agenda sindical na capital federal foi obrigatoriamente cancelada. Mas seguimos em frente! Conseguimos nos articular e fortalecer a AdUFRJ junto aos nossos pares das demais seções sindicais, principalmente via Observatório do Conhecimento, e outras entidades e movimentos sociais por meio de reuniões virtuais. A quarentona AdUFRJ foi inserida na era da comunicação digital e redes sociais. Aprendemos a ir “pra rua” por meio das projeções luminosas durante a campanha do 15 de maio de 2020 contra as infâmias e a estupidez do então ministro da Educação (https://www.adufrj.org.br/images/WEB-STANDARD_1128.pdf).

É uma sensação compartilhada por toda a diretoria: as ruas fizeram muita falta durante a pandemia! No dia 9 de março de 2020, ocupamos o Centro do Rio de Janeiro junto com mais de 30 mil mulheres no Dia Internacional das Mulheres pela igualdade de gênero. A AdUFRJ empunhou uma enorme faixa que se destacou pelo tamanho e pela vibração. Agitamos intensamente a faixa pelas ruas do Rio de Janeiro, nosso símbolo para expressar a vontade coletiva de varrer esse governo Bolsonaro, que desde o início atacava as mulheres em todos os campos. Em 2021, no dia 8 de maio, nos reinventamos. Mesmo sem levar nossos corpos para a rua, e novamente por meio das projeções luminosas, ocupamos diversos espaços urbanos no Rio de Janeiro e em outros estados. Fomos além da imagem. A voz emblemática da icônica Elza Soares, cantando “Dentro de cada um”, nos representou nesta ação (https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/21-destaques/3624-na-ciencia-e-na-vida-a-forca-das-mulheres).

Por fim, podemos destacar também a reunião do dia 12 de novembro de 2019 junto aos professores substitutos, a primeira reunião exclusiva com essa categoria para discutirmos sobre a contratação temporária na universidade, entre outras questões que atingem o setor precarizado dos substitutos. Havíamos planejado uma agenda de trabalho junto a esses docentes, mas a dinâmica da pandemia acabou por absorver essa frente de atuação. Durante todo o nosso mandato, estivemos abertos aos docentes de todas as unidades. Por meio do nosso Jornal da AdUFRJ, conseguimos dar voz dos substitutos aos aposentados. Como mencionou o professor substituto Bruno Clarkson, do Instituto de Biologia: “Não vou esconder que fiquei frustrado de ter a minha primeira experiência como professor na UFRJ em um cenário que exige distanciamento dos alunos e ensino remoto. Mesmo assim, para mim é gratificante, em um momento como esse, ter participado de alguma forma do combate à pandemia e da manutenção do ensino em uma das melhores universidades do país” (artigo veiculado na edição especial 1170 - https://www.adufrj.org.br/index.php/pt-br/noticias/arquivo/81-antigas/3651-depoimento-bruno-clarkson-mattos-instituto-de-biologia).

De certa forma, é o sentimento que me invade também no que toca à gestão da ADUFRJ. Espero que esta nossa frustração de trabalhar no modo remoto tanto tempo impulsione os colegas que tomarão posse na semana que vem para que a transformem em pura energia sindical!

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