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WEB casa ruiProtesto em frente à Casa de Rui Barbosa, em Botafogo - Foto: Lucas AbreuMais de cem pessoas protestaram, na segunda-feira (14), contra a política de desmonte da Fundação Casa de Rui Barbosa pelo governo Bolsonaro. A presidente da AdUFRJ, Eleonora Ziller, e os diretores Josué Medeiros e Marcos Dantas participaram da manifestação.
“O que está acontecendo na Casa de Rui Barbosa é uma síntese da hecatombe cultural que estamos vivendo”, afirmou Eleonora. “Não se trata de uma batalha política em torno de cargos de direção. O problema é que a atual direção não tem qualquer ideia do que aquilo significa. E o que é pior, não tem humildade para aprender com quem sabe”.
A intenção inicial dos organizadores do ato era ocupar os jardins da casa, mas a diretoria da Fundação fechou os portões do local, em Botafogo, sem apresentar qualquer justificativa.
A manifestação foi uma resposta à exoneração de cinco pesquisadores de suas funções na diretoria: Flora Süssekind, Joëlle Rouchou, José Almino de Alencar, Antonio Herculano Lopes e Charles Gomes. A demissão foi tomada pela nova presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Letícia Dornelles, indicada ao cargo pelo deputado Marco Feliciano (sem partido). “Essas instituições exigem qualificação técnica, exigem sensibilidade para o mundo dos livros”, lembrou Eleonora.
“As exonerações podem ter sido por razões pessoais, ou ideológicas. O fato é que a decisão pode levar a uma diminuição da atividade de pesquisa da Fundação Rui Barbosa”, explicou José Almino de Alencar.
“Não é comum exonerar toda uma diretoria. Achamos arbitrário”, disse o presidente da Associação dos Servidores da Fundação, Walter Honorato. “Também estamos sendo censurados. Todos os eventos eram decididos pela Casa, e agora fomos comunicados de que terão que ser aprovados por Brasília”.

WEBdinossauroDivulgaçãoO professor Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, é o principal nome por trás de uma recente descoberta: uma nova espécie de pterossauro – réptil voador que viveu há, aproximadamente, 95 milhões de anos, no período Cretáceo Superior. “É uma espécie nova de um grupo novo”, destaca o pesquisador.
O animal tinha cerca de um metro e meio de envergadura com as asas abertas. O focinho era largo e os dentes espaçados e pontiagudos. O fóssil foi encontrado no Líbano, soterrado em rochas calcárias, e recebeu o nome de Mimodactylus libanensis.
Kellner assina o artigo da descoberta com outros pesquisadores do Museu Nacional – Borja Holgado, aluno de doutorado do Programa de Pós-Gradução em Zoologia, e Juliana Sayão, paleontóloga e pesquisadora colaboradora da instituição. O trabalho foi feito em parceria também com pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá.
Para Kellner, a pesquisa dá um recado principal ao mundo: apesar do incêndio que devastou o Museu, no ano passado, a instituição segue fazendo ciência. “O Museu Nacional vive. Isto é muito mais do que um slogan”, afirma. “Não perdemos a nossa capacidade de gerar conhecimento novo”, destaca o diretor.
Os autores do trabalho defendem a tese de que o animal se alimentava de crustáceos, algo que o diferenciaria entre os pterossauros. O exemplar foi encontrado completo, algo também raro em se tratando de fósseis tão antigos.
A nova espécie pertence a um novo grupo de dinossauros chamado Mimodactylidae, que reúne, além de Mimodactylus, o chinês Haopterus gracilis.
O professor Kellner contou à reportagem da AdUFRJ que foi convidado a coordenar as pesquisas. “O fóssil foi encontrado e, num dado momento, Michael Caldwell (pesquisador da Universidade de Alberta e segundo autor do artigo) pediu que o material fosse enviado para lá. Eu, então, fui contactado e viajei para analisá-lo”, relembra.
O pesquisador conta que esta foi a primeira vez que um fóssil de réptil alado foi encontrado na região do Líbano. “Entendemos muito pouco dos pterossauros. É como se trabalhássemos com um quebra-cabeças de mil peças e estivéssemos diante de apenas cem”, exemplifica.

WEBIPPMGFoto: Fernando SouzaPapai Noel fascinou crianças e familiares de pacientes do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). O hospital infantil da UFRJ celebrou a festa de Natal do projeto de extensão Alunos Contadores de Histórias. As crianças receberam presentes, tiraram fotos com o bom velhinho, ganharam balões e gorros. Os voluntários do projeto ganharam sorrisos, abraços e olhinhos brilhantes. A festa aconteceu dia 17.
“São muitas as razões para se emocionar”, resume a estudante Ester de Oliveira Borges, do curso de Design de Interiores. “Existe você antes dos Contadores e depois dos Contadores. Não dá para sair igual a gente entra”, diz.
Sami Ayad, doutorando de Engenharia Mecânica, concorda. “Quando vim para o projeto, percebi que ninguém tem um sofrimento maior do que a dor do outro”.
Uma das coordenadoras do projeto, a fisioterapeuta Regina Fonseca é fundadora do grupo. Iniciou sua atuação junto a uma organização não governamental há dez anos. Com a dificuldade de trazer voluntários para o fundão, a ONG deixou de atuar no IPPMG. “Daí surgiu a ideia de abrirmos inscrições para alunos da área de saúde da UFRJ”, conta. “Hoje, a cada semestre cerca de 1.400 estudantes se inscrevem para a nossa seleção, mas só temos 70 vagas”.
Por ser um projeto de extensão universitária, os alunos precisam cumprir uma carga horária mínima de 45 horas de contações de histórias. “Mas eles fazem muito mais do que isso. Nossos estudantes estão envolvidos em todas as etapas desde o planejamento de festas, até a seleção e treinamento dos novos voluntários”, explica Sonia Motta, médica do IPPMG e também coordenadora do projeto.
“Nosso foco inicial era oferecer conforto para as crianças atendidas no hospital. Humanizar o ambiente auxilia no tratamento”, relata. Ao longo do tempo, as coordenadoras assumiram uma nova tarefa: “Passamos a nos concentrar também na formação cidadã de alunos dos mais diversos cursos da universidade”, comemora.
As crianças aprovam os contadores. “Eu gostei do presente e gosto das historinhas que a tia conta pra mim”, diz a pequena Thamiris Amorim, de cinco anos.
O projeto abre vagas duas vezes ao ano. Podem se candidatar alunos de graduação e pós. A divulgação da seleção é feita nas redes sociais dos Contadores e nos meios oficiais da PR-5.

Versos de luta e de cor: “Minha poesia sou eu mesmo. Onde ela estiver, eu estou”

WEBpoeta 1Foto: Fernando SouzaDecano da literatura afro-brasileira, militante do movimento negro, Carlos de Assumpção visitou a UFRJ, pela primeira vez, em 10 de dezembro. O evento foi organizado pelo grupo Transcultura, formado por alunos negros da Letras, da Belas Artes, entre outras unidades. Com 92 anos de luta e resistência por meio da arte, o poeta é conhecido por suas obras que refletem sobre a realidade de negros e negras no Brasil e as desigualdades geradas pelo racismo.

Uma roda de conversa entre o poeta, professores, alunos e visitantes da universidade discutiu o racismo, visibilidade na academia, negritude e a importância da arte.

Estudante de Belas Artes e integrante do Transcultura, Aline Santiago destacou a presença do poeta na universidade. “É uma alegria muito grande tê-lo aqui. O seu Carlos tem a presença de um ente familiar. É um avô querido, um pai que muitos de nós não tivemos. Poder estabelecer essa troca com ele tem sido incrível”, destacou a estudante.
Confira a entrevista a seguir:

Jornal da Adufrj - Como o senhor se sente sendo uma referência para o movimento negro, enquanto poeta e militante?
Carlos de Assumpção - Eu me sinto muito feliz por poder fazer algo pelo nosso povo, que está numa situação muito difícil, de isolamento, um verdadeiro apartheid. Espero que minha poesia desperte as pessoas para esse problema que não é só nosso; é de nós todos. Somos 54 por cento da população. Enquanto o Brasil não resolver essa situação, não vai sair do lugar.

O senhor se sente reconhecido nas universidades?
O pessoal acolheu a minha poesia, a minha maneira de pensar. A minha poesia sou eu mesmo. Onde ela estiver, eu estou.

Qual é a importância da poesia e da arte frente ao preconceito?
Eu acho que só a arte conseguirá mudar o mundo, é um meio de comunicação que vai transformar o mundo. Não transformou ainda porque não foi bem direcionada, mas que vai, vai sim! Eu acredito nisso piamente.

O senhor acredita que a sua poesia pode ser uma ferramenta de mudança?
Eu faço apologia da palavra. Ela tem muita força. Se não, o poder público não estaria tão atento aos nossos passos. A poesia incomoda o poder.

A poesia do poeta negro incomoda o poder?
Deve incomodar muito mais. Muita gente pensa que nem existe poeta negro e, no Brasil, tivemos muitos grandes poetas negros. Luiz Gama, Machado de Assis, Cruz e Souza, Solano Trindade, Abdias do Nascimento e, agora, há uma safra nova que é da pesada! Olha, esse negócio vai esquentar e eu espero que esquente mesmo porque precisamos mudar, há muita coisa que precisa ser consertada.
A poesia, por lidar com sentimento, é capaz de fazer muita coisa em benefício do país e o que nós queremos é igualdade, nada além disso. Nós merecemos igualdade porque nós é que quase sozinhos construímos esse país, embora muita gente não saiba ou não considere isso.

WEBprofpg8Professor Carlos Pedreira, da Coppe - Foto: DivulgaçãoAs crianças do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) recebem o que há de mais moderno no mundo em tratamento de câncer. E a tecnologia para isto foi desenvolvida pela própria UFRJ. A doença já é a principal causa de morte infantil no Brasil. Quanto mais cedo for diagnosticada, menor o risco para os pacientes. Professores e pesquisadores se empenham dia e noite para acelerar a identificação desses tumores.
“Há estudos que indicam que um paciente com câncer, em média, passa por quatro serviços de saúde diferentes. É uma peregrinação. Com essa ferramenta, nós conseguimos, em pouco tempo, dar o diagnóstico e iniciar o tratamento mais adequado”, explica a professora Elaine Sobral, do Departamento de Pediatria. “Os cânceres infantis respondem mais rápido ao tratamento, mas crescem com velocidade muito maior. Um diagnóstico rápido ajuda a preservar muitas vidas”.
A docente conta que o resultado do exame fica pronto cerca de três horas depois de a amostra chegar ao laboratório. Ela coordena o trabalho no Laboratório de Citometria de Fluxo do hospital infantil e é parceira de Carlos Eduardo Pedreira, da Coppe, nas pesquisas relacionadas à área. Pedreira, aliás, vive momentos virtuosos. Seus modelos matemáticos hoje são aplicados em cerca de 3 mil laboratórios de todo o mundo.
Professor do Programa de Engenharia e Sistemas de Computação, ele criou um método que alia inteligência artificial e mineração de dados para tornar o diagnóstico mais rápido e preciso. A iniciativa já tem dez anos, e transformou Pedreira numa referência internacional. Seus modelos matemáticos estão no coração do software Infinicyt, fabricado na Europa em parceria com a UFRJ.
O objetivo do modelo é identificar qual dos vários tipos de linfomas ou leucemias um determinado paciente tem. Outra aplicação é encontrar doença residual em pessoas que foram tratadas. “Nesse caso é preciso encontrar vinte ou trinta células doentes ‘perdidas’ em um mar de vários milhões de células normais”, esclarece.
O pesquisador é pioneiro. “Em 1991, publiquei com um aluno de mestrado o artigo Optimal Schedule for Cancer Chemoterapy (Programação Ótima para Quimioterapia de Câncer), no jornal Mathematical Programming. Talvez uma das primeiras publicações no mundo em métodos matemáticos aplicados a câncer”, relembra.
Em 2002, veio a cooperação com a Universidade de Salamanca, na Espanha. A instituição é uma das 14 universidades do consórcio EuroFlow – a UFRJ é a única de fora da Europa a participar do grupo. O consórcio atua no desenvolvimento e aprimoramento do software. “Essa parte de computação e modelagem matemática partiu e em grande parte é desenvolvida por nós, na Coppe”, orgulha-se.
Ao longo dos anos, a ferramenta ganhou mais destaque com o aumento da complexidade dos aparelhos de diagnóstico. “Os citômetros mais modernos têm a capacidade de gerar uma enorme massa de informações. Esses dados precisam ser processados de modo inteligente para gerar informação útil”, explica o docente.
webprofessoraProfessora Elaine Sobral, do IPPMG - Foto: Silvana Sá Para se ter uma ideia, o citômetro de fluxo tem capacidade de gerar de 20 a 30 informações de cada célula analisada. O número de células necessárias para um exame varia de 10 mil a dois milhões.
O pesquisador destaca o diferencial de seus modelos: “Recebo as demandas e as críticas dos parceiros médicos diretamente. O objetivo o tempo todo é colocar em uso no mundo real o que estamos fazendo”, afirma.
É justamente daí que vem sua motivação. “Como pesquisador, minha maior satisfação não vem de meus artigos, mas de saber que o que faço está ajudando pessoas. É muito bom saber que o trabalho da gente faz diferença”.
Hoje, o laboratório consegue precisar 90% dos tipos de tumores em poucas horas. A análise clínica comum leva de uma semana a um mês. “Os dados nos dão subsídio seguro para começarmos o tratamento direcionado”, afirma Elaine Sobral. “Ter uma ferramenta que nos subsidia para uma indicação mais precisa de tratamento é maravilhoso”, conclui.

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