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WhatsApp Image 2024 06 21 at 20.45.12 5DivulgaçãoNão é surpresa que o Centro do Rio é a expressão da arte e da história do país. Alguns cantinhos, no entanto, concentram enorme riqueza cultural, por vezes esquecida, abandonada à própria sorte. É o caso, por exemplo, da degradada região do Largo do São Francisco de Paula, no Centro do Rio, onde se localiza o prédio histórico que abriga o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e o Instituto de História da UFRJ. Mas essa realidade está com os dias contados.
Ao menos esse é o projeto do professor Fernando Santoro, diretor do IFCS e idealizador do Quarteirão Cultural Literário João do Rio, ambicioso projeto que reúne instituições vizinhas ao instituto para a revitalização da região.
A ideia é constituir a Fundação Cultural João do Rio, com a união do IFCS, do Real Gabinete Português de Leitura e da Igreja de São Francisco de Paula. “Essas seriam as instituições fundadoras, por assim dizer, mas teríamos apoios da Prefeitura do Rio, do BNDES e do Iphan, por se tratar de uma região histórica”, conta o professor Fernando Santoro.
As conversas estão avançadas. “Já no próximo mês deveremos nos debruçar sobre os documentos de criação da fundação”, conta. Advogados atuam na formulação das características da associação. O prazo para o início do funcionamento da instituição sem fins lucrativos ainda é indefinido. “Dependemos de burocracias e outros atores externos que não nos permitem, ainda, ter uma previsão da efetiva criação da fundação”.
Depois de criada, a associação permitirá a captação de recursos para a criação de um alojamento estudantil, um restaurante universitário e um abrigo para pessoas em vulnerabilidade social. “A associação fará a manutenção desses espaços e a animação cultural do Largo Alexandre Herculano, que fica nos fundos do IFCS”, conta Santoro. A praça é rodeada pelo Real Gabinete e o Teatro João Caetano. Fazem parte também do grande quarteirão a Biblioteca Marina São Paulo Vasconcelos, uma das mais importantes do mundo na área das Humanidades.
“Temos ali um espaço maravilhoso, mas muito maltratado. Queremos criar uma região voltada para os estudantes. Vamos buscar convênios com todas as universidades públicas do Rio de Janeiro, para que os alunos não só da UFRJ, mas de todas as instituições públicas possam utilizar tanto o restaurante, como o alojamento”, explica o professor. “Ao mesmo tempo que contribuiremos para a revitalização do Centro do Rio, incidiremos numa importante área, que é a permanência estudantil”, defende Santoro.
Além da intervenção física do quarteirão, o prédio tombado do IFCS também será beneficiado. “O edifício não foi criado para abrigar um bandejão que fornece 800 refeições por dia. Os problemas de água que tivemos são, em grande medida, decorrentes dessa sobrecarga”, avalia o diretor do IFCS.

REVITALIZAÇÃO DA FACHADA

Corre em paralelo, em fase de pré-licitação, a reforma da fachada do prédio do IFCS-IH. O projeto já foi autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Iphan), responsável por prédios tombados. A contratação do serviço será da Prefeitura do Rio e será acompanhada pela Coordenação de Preservação do Patrimônio Tombado (Coprit), do Escritório Técnico da Universidade.
O arquiteto Leonardo Santos, coordenador da Coprit, diz que a reforma tem previsão de durar pelo menos um ano, depois de contratada a licitação. “Embora não seja uma restauração completa, é uma obra de grande porte, complexa, até pelo tamanho da edificação, com muitos andaimes e intervenção nas calçadas”, justifica.
Ele explica a diferença entre as duas modalidades de reforma. “Uma restauração envolve tempo maior, mais recursos e mais pessoas especializadas. As esquadrias são todas retiradas, desmontadas, recuperadas separadamente, por exemplo”, diz. O que será feito no IFCS tem outra proposta. “Temos o mapeamento de danos e as especificações técnicas de tudo que precisará ser feito para melhorar a estanquidade do edifício”.
Os valores previstos para as obras não foram divulgados pelo ETU, uma vez que a licitação ainda não foi lançada. “Há muitos dados sensíveis que não podem ser publicados ainda. O valor é uma dessas informações”, justifica o arquiteto.
A reforma elétrica será a próxima obra. “O projeto já está em fase final e a obra elétrica é a próxima etapa da parceria entre a UFRJ e a Prefeitura”, finaliza.

WhatsApp Image 2024 06 21 at 20.45.10Foto: Silvana SáA AdUFRJ participou na terça-feira, dia 18, de uma reunião convocada pelo reitor, com as demais entidades representativas dos segmentos da UFRJ (Sintufrj, DCE e APG). Na pauta, informações sobre a recomposição orçamentária (publicadas na edição passada do Jornal da AdUFRJ) e sobre as greves dos técnicos e estudantes. Na ocasião, a diretoria da AdUFRJ entregou um ofício ao reitor. Veja a íntegra do documento ao lado.
A carta da AdUFRJ expressa preocupação com conflitos ocorridos nas dependências de algumas unidades cujos estudantes aderiram à greve. Barricadas têm impedido a livre circulação dos professores, acesso a salas, laboratórios e materiais de trabalho. “Nós trouxemos o problema ao conhecimento da reitoria para que fique registrado que há uma indignação dos docentes”, frisou a professora Nedir do Espirito Santo, vice-presidenta da seção sindical. “Em vários lugares estão se repetindo agressões verbais, constrangimentos a professores. É preciso que a administração central saiba o que está acontecendo”, criticou.
A professora explicou que a AdUFRJ respeita o direito de greve dos estudantes e frisou que a intenção não é de intervir na movimentação política dos alunos. “Nós estamos falando de respeito, de uma atitude cidadã, de diálogo”. A diretora relatou, no encontro, a denúncia do Instituto de História de que um docente do IFCS teria agido contra uma professora substituta que estava dando aula. “Um professor deve respeitar sua categoria”, disse Nedir. Veja detalhes do caso na página 7.
A professora Veronica Damasceno, também diretora da AdUFRJ, relatou outras situações de agressão na Escola de Belas Artes. “Há uma falta de respeito muito grande dos estudantes com os professores, um clima de muito constrangimento e ânimos muito acirrados. Está muito difícil”.
O reitor Roberto Medronho recebeu o ofício e disse estar triste com o embate entre professores e estudantes. “Eu fico muito preocupado com essas posturas mais agressivas que, infelizmente, não se diferenciam de quem quer implantar a ditadura nesse país”, disse o dirigente. “Defendo o direito de ir e vir de qualquer servidor e estudante nesta universidade. Há o direito de greve, mas há o direito de ir e vir”, completou.
A entrega do documento gerou reação da representação do DCE Mário Prata. “Nós temos direito de nos manifestar, porque estamos em greve pelo direito de ter aula com dignidade. Eu me sinto muito incomodada com essas colocações nesse espaço”, criticou a estudante Camila Paiva. Ainda segundo a estudante, o Centro Acadêmico da EBA emitiu um pedido de desculpas público por ações, segundo o DCE, isoladas de desrespeito aos docentes.
O Sintufrj defendeu o diálogo, mas apoiou os estudantes. “As entidades têm pontos comuns. Repudiamos a agressão física e oral, mas impedir de ir e vir é relativo. Os estudantes impediram a aula. Não agrediram ninguém.”, justificou o coordenador Esteban Crescente.

Dinheiro ainda
não entrou
Nos informes sobre o orçamento da UFRJ, o reitor contou aos representantes que os recursos previstos para integrar o orçamento de custeio, os investimentos e as obras do PAC ainda não chegaram ao caixa da universidade. Dos R$ 400 milhões anunciados para o custeio das instituições, a reitoria espera receber de R$ 8 a R$ 10 milhões, além dos R$ 110 milhões para os hospitais que aderiram à Ebserh. Há, ainda, uma solicitação de mais R$ 80 milhões para a segunda fase da obra do “paliteiro”, para o término do alojamento estudantil ao lado do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), e para o término das estruturas modulares para assistência estudantil ao lado do Cenpes. “São todas previsões. A única coisa certa são os R$ 110 milhões, mas nada disso chegou ainda”, destacou o reitor. Pró-reitorias de todas as áreas participaram do encontro.

Veja a íntegra da carta
entregue ao Reitor

IMG 20240410 144220Bolsistas apresentarão trabalhos na JICTAC - Foto: Arquivo AdUFRJOs conselhos de Ensino de Graduação e Para Graduados, CEG e CEPG, se reuniram na manhã desta sexta-feira, 14, para a aprovação de editais que distribuirão bolsas de iniciação à pesquisa na universidade. São os editais PIBIC/PIBID/PIBITI/PIBIC-Ações Afirmativas e PIBIC-Ensino Médio. As bolsas atuais para esses programas têm vigência apenas até agosto deste ano, por isso havia certa urgência na aprovação dos novos editais.
Houve mudanças em relação aos editais em vigor. Agora, eles passam a durar por três anos, com ciclos anuais, e não mais por dois anos. Assim, a vigência dos editais que serão lançados já na próxima semana durará até 31 de agosto de 2027. Outra novidade é que desta vez não há destaques de áreas prioritárias. O CNPq retirou esta exigência e a UFRJ seguirá a nova orientação. Assim, todas as bolsas poderão ser disputadas por todas as áreas do conhecimento.
A Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa informou que os editais deverão ser lançados na segunda-feira, dia 17. O público-alvo são estudantes de graduação e de ensino médio da UFRJ e de outras instituições regulares de ensino. A universidade espera poder ofertar mais de duas mil bolsas nos editais.

WhatsApp Image 2024 06 14 at 20.50.14O professor titular José Sergio Leite Lopes, renomado pesquisador aposentado do Museu Nacional, é o novo professor emérito da UFRJ. O título é um reconhecimento para os docentes que se distinguiram ao longo de sua vida acadêmica e pelos relevantes serviços prestados à ciência, à universidade e ao país.
A aprovação aconteceu por aclamação no Conselho Universitário de 13 de junho. O docente atua, desde 1978, no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. Leite Lopes é referência nos estudos de antropologia do campesinato, das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais.
Colegas elogiaram a trajetória do docente, que é autor de 16 livros, 63 capítulos de livros e ajudou a formar gerações de pesquisadores.
Na mesma sessão do Consuni, outros dois professores também foram agraciados com a emerência. Ambos da Faculdade de Medicina.
A professora titular Sheila Knupp Feitosa de Oliveira, pediatra especializada em reumatologia, foi pioneira na área e fundou o setor dedicado ao tema no IPPMG. Contribuiu para a qualidade de vida de inúmeras crianças com Lúpus e outras doenças autoimunes.
O professor Edson dos Santos Marchiori, especialista em radiologia, é pesquisador 1A do CNPq e impressionou por sua extensa obra: são 8 livros, 54 capítulos de livros e 1.196 artigos publicados. Desde 2014, o docente é emérito da Universidade Federal Fluminense.

WhatsApp Image 2024 06 14 at 20.11.12Fotos: acervo pessoalDesde o dia 8 de junho, não cessam as homenagens à professora Maria da Conceição Tavares. Colegas, ex-alunos, líderes políticos e instituições da sociedade civil manifestam seu pesar pelo falecimento da economista, recordam passagens de convivência e celebram seu imenso legado acadêmico.
“Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios sociais e econômicos no Instituto Cidadania, em conversas no Rio de Janeiro ou em viagens pelo Brasil”, registrou o presidente Lula.
Ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e professora do Instituto de Economia, Esther Dweck lamentou o falecimento da mestra: “Perdemos hoje a maior economista que atuou no Brasil”.
“Enquanto esta casa estiver de pé, seus ideais estarão presentes em cada economista formado dentro destas salas”, escreveu o diretor executivo do centro acadêmico Stuart Angel, Danilo Ponciano.
Ex-funcionária do Instituto e nossa colega de AdUFRJ, Deborah Trigueiro destacou a força midiática de Conceição: “Ela tinha uma capacidade de síntese formidável, com qualquer tempo que disponibilizassem pra ela”, relatou.
O Instituto de Economia da Unicamp, que Conceição ajudou a fundar, também se pronunciou: “Sua sabedoria, generosidade e dedicação deixaram uma marca indelével em todos nós, e sua ausência será profundamente sentida”.

• Conceição Tavares nos ensinou a importância de entender a economia não como um conjunto de números frios, mas como um instrumento de transformação social. Ela nos mostrou que por trás de cada dado econômico existe uma pessoa, uma família, uma comunidade. Nos ensinou a olhar para além dos gráficos e estatísticas, ela nos ensinou a enxergar o rosto do povo brasileiro, mas especialmente o rosto dos mais pobres.
E é essa chama que Conceição acendeu em nossos corações que nos guiará nesta luta. Por mais que tentem enfraquecer as universidades públicas, por mais que tentem nos afastar do debate econômico, jamais nos calarão. Enquanto houver injustiça e desigualdade neste país, o espírito de indignação da professora Conceição Tavares estará no Palácio da Praia Vermelha.
Enquanto esta casa estiver de pé, seus ideais estarão presentes em cada economista formado aqui. Sonharemos os sonhos de Conceição, em busca de um Brasil onde o povo tenha seus anseios atendidos.

Danilo Ponciano
Estudante e diretor do Centro Acadêmico Stuart Angel

• Conceição formava, com os saudosos e queridos Celso Furtado, Carlos Lessa e Antonio Barros de Castro o quarteto de ouro do pensamento social-desenvolvimentista brasileiro.
Tivemos esse privilégio, aqui na Economia, de ter tido Furtado como inspirador e os outros três como os grandes professores da história da economia da UFRJ. Cabe a nós, professores e alunos darmos continuidade a esse legado.
Conceição tinha um espírito humanista e universalista onde sempre couberam, também, paixão pelo Brasil, e coragem para a exposição pública de ideias raramente convencionais, e frequentemente “hereges” (que expunha, lembre-se, mesmo durante o período mais duro da ditadura).
No plano intelectual, era mente brilhante, com solidez teórica em economia, cultura histórica, e perspectiva multidisciplinar – não é que fizesse análises totalizantes, ela sempre se burlava disso, mas é que tinha a sensibilidade que os economistas tradicionais não têm para as disciplinas afins, a sociologia, a ciência política, a história.
Para ela, a economia é uma disciplina social e histórica, que para ser bem empregada requer, conhecimento teórico, mas requer também análises que saiam do âmbito restrito das aborrecidas tecnicalidades, e ajudem a entender a história e a sociedade em toda sua complexidade.
Foi professora como poucos, com aulas inesquecíveis para tantas gerações de economistas. A vida acadêmica brasileira em geral, e nós do Instituto de Economia em particular, somos infinitamente gratos à Conceição, por ter combinado de forma tão poderosamente inspiradora três atributos da atividade intelectual: rigor analítico, criatividade e rebeldia.
Mas a gratidão não se restringe ao mundo acadêmico. Conceição não só sempre mexeu com a cabeça dos alunos e dos colegas economistas, o fez com a intelectualidade brasileira em geral, com os tecnocratas, os políticos e os governantes, os sindicalistas e empresários, sempre obrigou todo mundo a “pensar grande”. Obrigou o Brasil a se pensar grande.

Ricardo Bielschowsky
Professor titular no Instituto
de Economia da UFRJ

• Nos despedimos com muito pesar da professora emérita do Instituto de Economia Maria da Conceição de Almeida Tavares. A economista, matemática e escritora luso-brasileira teve relevante papel na política e na economia do país.
Desejo em nome da Reitoria da UFRJ, meus pêsames e sentimentos aos amigos familiares. Agradecemos imensamente por toda contribuição para a Academia e Sociedade que Maria da Conceição promoveu.

Roberto Medronho,
Reitor da UFRJ

WhatsApp Image 2024 06 14 at 20.11.12 1Ricardo Stuckert/PR• Maria da Conceição de Almeida Tavares foi professora, deputada federal pelo PT, economista e matemática, uma das maiores da nossa história. Nascida em Portugal, adotou o Brasil e nosso povo com o seu coração e paixão pelo debate público e pelas causas populares. Foi uma economista que nunca esqueceu a política e a defesa de um desenvolvimento econômico com justiça social. Formou geração de economistas na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escreveu centenas de artigos e muitos livros. Até hoje suas aulas são consultadas pelos jovens em vídeos na internet, pela sua fala sempre franca e direta. Tive o prazer e a honra de conviver e conversar muito com minha amiga ao longo dos anos, debatendo o Brasil e os nossos desafios. Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, aos muitos amigos, alunos e admiradores de Maria da Conceição Tavares.

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil

• Maria da Conceição amou profundamente o Brasil e o povo brasileiro, tendo sido uma das grandes pensadoras sobre o destino do país, os rumos da nossa economia e os caminhos para o desenvolvimento com Justiça Social.WhatsApp Image 2024 06 14 at 20.11.12 2Ricardo Stuckert/PR
Minha amiga e professora era uma mulher brilhante e profundamente comprometida com a soberania nacional, tendo atuado decisivamente na construção de um Brasil menos desigual. Era uma portuguesa que veio para o país ainda criança e virou uma brasileira de coração e de compromisso firme com o nosso povo.
Minha companheira de lutas e sonhos. Maria da Conceição Tavares, presente!

Dilma Rousseff
Ex-Presidenta do Brasil

• O Brasil perde hoje uma grande referência. Não só como economista, mas também como pensadora do Brasil. Ao conectar sua produção de conhecimento com a elaboração de políticas públicas, ela mostrou que a ciência e o pensamento ligados aos principais desafios sociais são decisivos para melhorar a vida dos mais pobres e combater as desigualdades.
Obrigada por tudo, Maria da Conceição Tavares. Que você descanse em paz, e nós honremos esse jardim que você cultivou ao longo da sua vida!

Tatiana Roque
Professora e Ex-Presidenta
da ADUFRJ

•Maria da Conceição Tavares deixa um rico legado. Seu pensamento, sua crítica e sua defesa inegociável da justiça social será sempre uma estrela guia para o pensamento econômico brasileiro.

Fernando Haddad,
Ministro da Fazenda

•A professora Maria da Conceição Tavares deixa uma trajetória exemplar de educadora engajada no que de melhor o pensamento crítico gerou no Brasil. Intelectual comprometida com a transformação nacional ousou diuturnamente enfrentar a ditadura civil-militar, constituindo parte integrante do movimento da democratização do país. Apoiou o programa esperança e mudança do PMDB nos anos de 1980 e, posteriormente, contribuiu nos programas de governo do PT. Foi uma das bases fundamentais da produção teórica-analítica e do ensino formativo de muitos alunos e orientandos, consolidando o pensamento desenvolvimentista latino-americano ancorado na UFRJ e Unicamp. No parlamento, exerceu, com entusiasmo, a representação popular, enfrentando o neoliberalismo de forma corajosa e inteligente.
Marcio Pochmann
Presidente do IBGE

• Perdemos hoje a maior economista que atuou no Brasil! Maria da Conceição Tavares em seus 94 anos deixou na história do país um legado tanto acadêmico, quanto político e contribui para o debate de ideias por um país mais justo, desenvolvido e inclusivo!
Maria da Conceição Tavares dizia que um desenvolvimento econômico que não se preocupa com a justiça social condena os povos a uma brutal concentração de renda e de riqueza, ao desemprego e à miséria.
Que possamos seguir lutando com base nesse legado acadêmico, político e de ideias para um país mais justo e desenvolvido! Maria da Conceição Tavares, presente! Um forte abraço nos seus filhos, Laura e Bruno, e toda a família!

Esther Dweck,
Ministra da Gestão, professora de Economia da UFRJ

• Conheci a Conceição aos 19 anos quando fui trabalhar pela primeira vez no Instituto de Economia. Ela era uma das professoras e eu era a secretária da pós-graduação. Em 1986, ela se tornou diretora do Instituto e assessora dos ministros Funaro e Sayad. Foi quando houve a implantação do Plano Cruzado que congelou preços. Conceição me convidou para trabalhar e eu fui, feliz da vida. Deixei o trabalho num banco internacional para voltar pra UFRJ. Conceição era o centro das atenções e a imprensa não a deixava em paz. O desempenho na frente das câmeras e a língua afiada tinham conferido a ela um lugar que eu não me lembro de ter visto ninguém ocupar. Tinha uma capacidade de síntese formidável, com qualquer tempo que disponibilizassem pra ela. Um minuto, dois minutos, quanto fosse. Se comunicava com extrema facilidade pra quem falava de um assunto complexo. Nada era complicado, e o tom era emotivo, tocava os corações. Surgia ali uma força midiática até então desconhecida. Foi depois da aparição dela na tv que surgiram os “fiscais do Sarney”. Brasileiros de todos os cantos enviavam cartas para ela relatando preços praticados na mercearia, na padaria, no supermercado. A pessoa escrevia, envelopava e ia ao correio enviar uma carta pra Conceição. Sentiam que ela era alguém em quem se podia confiar. Durante o período do congelamento recebemos aproximadamente mil cartas.
Conceição era antes de tudo uma professora. Era pedagógica. Justiça social, redução das desigualdades, luta das mulheres por espaço no discurso da autoridade, que naquele momento era majoritariamente feito por homens, por militares, mas sobretudo homens, eram assuntos que não faziam parte ainda do meu cotidiano aos 26 anos. Ela era uma mulher que me inspirava a saber mais, a ser melhor, principalmente porque me valorizava, confiava em mim. E me apoiava emocionalmente também. Fez questão de ser minha fiadora me ensinando na prática o que era proteção social. Era uma forma de nos protegermos, eu de um jeito, ela de outro. Eu me sentia privilegiada e orgulhosa de trabalhar no instituto e conviver com ela. Nesses tempos de tantas ameaças à humanidade, a vida, a obra e o exemplo da Conceição serão sempre uma luz de esperança.

Deborah Trigueiro
Técnica aposentada da UFRJ

•Maria da Conceição Tavares foi uma figura icônica e inspiradora, uma verdadeira mestra fundadora do Instituto de Economia da Unicamp. Sua contribuição para a instituição e para o campo da economia foi de uma magnitude inigualável.
Como professora e pesquisadora exemplar, Tavares deixou um legado profundo em gerações de economistas. Seu trabalho incansável e suas ideias inovadoras moldaram a forma como entendemos e estudamos a economia. A perda de Maria da Conceição Tavares deixa um vazio imensurável no Instituto de Economia da Unicamp e em toda a comunidade acadêmica. Sua sabedoria, generosidade e dedicação deixaram uma marca indelével em todos nós, e sua ausência será profundamente sentida.

Instituto de
Economia da Unicamp

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