“O desafio será retomar os tempos dourados da UFRJ, que é liderança do ponto de vista de formação. Trazer a UFRJ para a EBSERH é impactante para nós e é impactante para a UFRJ”, afirmou o presidente da estatal, Arthur Chioro.
O dirigente apresentou o plano para os primeiros cem dias de gestão das três unidades hospitalares, com destaque para a recuperação da infraestrutura e a compra de suprimentos. “Vamos fazer uma rápida contratação de um escritório de projetos para a gente poder se dedicar à recuperação predial e à revitalização dos edifícios hospitalares, execução do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e demais investimentos”, disse.
Novos suprimentos chegarão aos hospitais em dois meses, de acordo com o presidente da EBSERH. “Já estabelecemos os procedimentos necessários para a compra de mais de dois mil itens em 55 pregões, com início de entrega já em agosto”, observou. “Para implantação do nosso aplicativo de gestão hospitalar, estamos fazendo a aquisição de 760 novos computadores”, completou.
Dentro de um ano, a previsão é contratar 764 novos profissionais. “Fazendo, progressivamente, a substituição de todos os trabalhadores em situação de precariedade. Há uma situação desafiadora na UFRJ que se arrasta há muitos anos”, afirmou ele em referência aos extraquadros, funcionários sem qualquer direito trabalhista.
As verbas para tantos investimentos virão do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): R$ 50 milhões para aplicação imediata este ano e R$ 65 milhões em 2025. Além de uma parceria com o Ministério da Saúde: com o programa de qualificação e ampliação dos hospitais universitário (PRHOSUS), serão mais R$ 211 milhões.
Não será um processo fácil, adiantou o dirigente. “Muitas vezes não se tem noção da complexidade que é a adesão de um hospital. E de um complexo hospitalar com a potência da UFRJ é como trocar os quatro pneus, mais a gasolina, freios, mais o estofamento, mais a direção de um automóvel em movimento. E em altíssima velocidade, porque o hospital não pode parar”, comparou Chioro.
“VAI DAR CERTO”
O reitor Roberto Medronho comemorou a desafiadora transformação que se avizinha. “Não tem como não dar certo. Vai dar certo mesmo. Em prol do ensino, da pesquisa e da assistência de qualidade”, afirmou.
Com a adesão da UFRJ, a EBSERH passa a contar com 45 hospitais, 64.611 trabalhadores — entre estatutários e celetistas — 9 mil leitos e um cenário de ensino e pesquisa para mais de 55 mil alunos e 8,5 mil residentes.
Medronho lamentou a tardia adesão da universidade a essa rede. A ideia dos governos petistas era que a UFRJ se tornasse a primeira da fila, dez anos atrás. A proposta, porém, sofreu grande oposição. “Os mais à esquerda associavam a EBSERH a uma privatização e os conservadores, na Câmara, diziam que era mais um estatização. A incompreensão foi muito grande e nós não pudemos celebrar esse contrato naquele momento”.
O professor lembrou que o Clementino Fraga Filho já contou com 450 leitos num passado muito distante, mas ultimamente oferece aproximadamente 200. A diferença, ao longo de tantos anos, pode ter sido fatal. “Quantas pessoas deixaram de ser atendidas e morreram? Essa dívida que nós temos com a saúde da população iremos pagar em dobro. Ampliando número de leitos, ampliando número de cirurgias, ampliando número de atendimentos especializados”.
COMPROMISSO COM O SUS
O ministro da Educação, Camilo Santana, também celebrou o investimento que vai beneficiar o povo brasileiro. “A EBSERH faz parte do SUS. Esse é o compromisso do MEC com a importância de formar bons profissionais, ampliar as residências médicas, principalmente nas especialidades de que estamos precisando dentro do Programa Mais Médicos, para atender lá na ponta a população”, observou.
Para além da EBSERH, a crise financeira das universidades não passou em branco no discurso do ministro. “Na próxima segunda-feira, teremos reunião com o presidente Lula e todos os reitores. E, se Deus quiser, será para anunciar boas notícias de reforço orçamentário para nossas universidades”.