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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

Mil e setenta e seis professores votaram na última assembleia. Mil e setenta e seis por extenso porque é um número recorde que honra esta diretoria com a maior participação docente numa votação sobre greve em quase 43 anos de AdUFRJ. E aqui o menos importante é se 883 colegas votaram contra a paralisação, 169 votaram a favor e 24 se abstiveram. O recado das urnas é límpido e explicita o compromisso dos professores da UFRJ com o retorno presencial, mas sinaliza também nosso repúdio ao governo Bolsonaro e sua estratégia sistemática de desmonte da universidade pública.
O começo da paralisação estava previsto para 23 de março, duas semanas antes do recomeço das aulas presenciais da graduação na UFRJ, após dois anos trágicos de pandemia, milhares de mortes e centenas de horas de ensino remoto. Parar a essa altura seria virar as costas para os estudantes, muitos deles jovens que ultrapassaram barreiras gigantescas para entrar no ensino superior. Seria também abrir brechas para ataques do governo Bolsonaro contra a universidade, às vésperas do mais importante processo eleitoral desde a redemocratização.
Recusar a greve, no entanto, não é ficar de braços cruzados diante dos ataques às universidades nem conformados com nossas perdas salariais que já somam quase 20% em apenas três anos. A diretoria da AdUFRJ não está nem vai ficar parada. Na mesma semana da assembleia, participamos de ato em defesa do serviço público na Praça XV e, preocupados com a adesão da sociedade às nossas causas, realizamos uma série de grandes projeções nos muros da cidade com informações sobre a importância da UFRJ e da valorização do trabalho docente.

Estamos virados para fora e para dentro da universidade. No dia 8 de Março, fomos para a Candelária e levantamos nossas bandeiras contra o machismo. Também participamos de reuniões com os sindicatos dos servidores públicos, tocamos o Observatório do Conhecimento, organizamos a comitiva para o Congresso do Andes, e publicamos semanalmente nas oito páginas de nosso jornal as informações sobre o cotidiano dos campi, da seção sindical e de temas relevantes para a comunidade acadêmica e para o país. Sempre com transparência e respeito ao contraditório.
Respeito e acolhimento, aliás, são palavras que interessam muito a essa diretoria. Nas próximas semanas, começaremos uma campanha para acolher a comunidade acadêmica no retorno presencial e para valorizar o trabalho docente. Somos professores: nosso ofício de ensinar rima com esperança, mas nossas salas de aula, laboratórios e salários andam tão precarizados que, volta e meia, encontramos colegas, principalmente os mais jovens, desencantados com a universidade.
Já a histórica votação da assembleia é alvissareira e nos anima. Juntos, sem ceder um milímetro à cultura política e discursiva do ódio que tenta nos dividir, vamos reocupar a universidade, traçar campanhas coletivas e nos encontrar no enorme abraço da democracia.
Boa leitura e bom fim de semana!

WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.36.25Em uma votação histórica, a maior já registrada nos mais de 40 anos da AdUFRJ, os professores da UFRJ, por esmagadora maioria, decidiram não aderir à greve nacional por tempo indeterminado do funcionalismo público federal, marcada para o próximo dia 23. O indicativo foi proposto pelo Fórum Nacional das Entidades do Serviço Público Federal (Fonasefe) e encaminhado pelo Andes para deliberação nas seções sindicais. Nesta sexta-feira (18), mobilizados pela assembleia convocada pela AdUFRJ, 1.076 professores votaram de forma virtual, pelo Sistema Helios: 883 entenderam que não é momento para a deflagração de um movimento paredista, 169 votaram a favor da greve, e outros 24 se abstiveram. A urna ficou aberta das 12h às 18h.
“Isso é um recorde, nunca aconteceu uma votação tão expressiva em nossa seção sindical. Só por isso, nosso movimento já é vitorioso”, afirmou o professor João Torres, presidente da AdUFRJ, ao anunciar o resultado da consulta.
Cerca de 250 docentes participaram das mais de três horas de debate na assembleia virtual e muitos argumentos sustentaram a decisão contra a greve. Os principais têm relação com o baixo nível de envolvimento e mobilização dos professores, com o fato de a universidade estar em recesso acadêmico, com o impedimento de reajustes ao funcionalismo a partir de 4 de abril pela legislação eleitoral e, principalmente, com os preparativos para o retorno das aulas presenciais após dois anos de trabalho remoto.
“Eu gostaria muito de fazer uma ação contundente contra o governo Bolsonaro, e esse desejo eu creio que se exprima na categoria. Mas estamos num cenário pouco propício para uma greve por tempo indeterminado, temos uma janela muito curta de articulação”, ponderou o professor João Torres, presidente da AdUFRJ. “A opinião pública não pode ser ignorada, inclusive a dos nossos alunos, que anseiam voltar para os campi universitários”, argumentou o dirigente.
O professor Paulo Maia Neto, do Instituto de Física, lamentou o quadro de degradação da universidade provocado pelos cortes orçamentários do governo Bolsonaro. “Desde que eu ingressei na UFRJ, há 30 anos, nunca vi uma situação tão ruim”, afirmou. No entanto, o docente pontuou a dificuldade de envolver os professores numa greve ao final de um período remoto. “É extremamente complicado fazer uma mobilização remota, as pessoas estão trabalhando muitas vezes fora do Rio de Janeiro. Esse tipo de situação é inédita e temos que entender que fica muito difícil mobilizar nesse contexto”, disse. “Creio que fazer greve neste momento é ruim, porque [a suspensão das atividades] poderia ser usada pelos agentes que querem destruir a universidade pública”.
O desejo de se agregar a um movimento nacional unificado foi expresso pelo professor Ricardo Medronho, 2º vice-presidente da AdUFRJ. “Seria uma coisa fantástica se conseguíssemos mobilizar todos os servidores públicos”, afirmou. No entanto, ele destacou situações objetivas que enfraquecem uma greve por tempo indeterminado neste momento. “A partir de 4 de abril vai ser ilegal o reajuste para o funcionalismo. Teríamos apenas dez dias para estabelecer e concluir negociações com o governo”, disse. “Além disso, a sociedade não ficará ao nosso lado se entrarmos em greve no momento de voltarmos às aulas presenciais. Boa parte da sociedade sofreu duras consequências da pandemia. A gente, mal ou bem, continua com nossos salários em dia”.
Para a professora Marta Castilho, do Instituto de Economia, o ponto central de uma greve por tempo indeterminado neste momento é seu caráter desmobilizador. “Eu não vejo como a gente vai conseguir reproduzir uma dinâmica de participação sem voltar presencialmente. É impensável, para mim, que a gente não retorne ao presencial depois de dois anos”, afirmou. “É nas salas de aula que a gente vai discutir, trazer os estudantes e funcionários para mobilizações. Eu acho que o Paulo Guedes adoraria a greve. O governo não está incentivando a volta porque está interessando a ele que permaneçamos desmobilizados”, concluiu.
Mesmo entre professores com reconhecida posição a favor da greve, houve discursos moderados. “A greve é um horizonte posterior. O que temos que fazer é instituir uma comissão de mobilização para construir o retorno presencial”, afirmou a professora Selene Alves Maia, do Instituto de Matemática. “O retorno presencial tem que ser acompanhado de algumas medidas fundamentais, como o mapeamento rigoroso das condições de trabalho. É preciso que fique claro para a sociedade brasileira que a UFRJ está pronta para o retorno presencial, porém está construindo condições de trabalho para que esse retorno aconteça”, disse. “Temos que ocupar a universidade. Queremos ouvir os estudantes, devemos construir percursos que nos possibilitem esse retorno pleno”.
Luis Acosta, professor da Escola de Serviço Social e ex-presidente da AdUFRJ, reconheceu que o momento não é o mais propício para a paralisação das atividades. “Parece-me que no dia de hoje a nossa base não está preparada para deflagrar essa greve necessária. Então, creio que devamos continuar nos mobilizando”, defendeu. “Uma forma de mantermos a mobilização é a AdUFRJ declarar um estado de assembleia permanente, para avaliar a conjuntura. Outra proposta é realizar uma assembleia comunitária e manifestações na rua”, sugeriu. “Podemos marcar o dia 23 como um dia de mobilização e de luta, com uma espécie de universidade na praça”.
Outros integrantes da oposição, no entanto, foram enfáticos na defesa da greve. “Não podemos nos entregar ao possibilismo que tomou conta das últimas gestões”, criticou o professor Mathias Luce, também da Escola de Serviço Social. “Tivemos greves que aconteceram ao longo do período letivo, outras que aconteceram ao término do período e outras que não deixaram o período começar. Então, a questão do recesso não é um impedimento”, argumentou. “Em ano eleitoral, temos até o dia 4 de abril para colocar em projeto de lei o reajuste salarial, mas há outros trâmites. Não necessariamente um projeto terá sua tramitação concluída, daí a importância de trabalharmos politicamente com a pressão sobre a greve por tempo indeterminado”.
“O calendário não respeita a dinâmica das universidades porque a greve não é das universidades, é de todo o funcionalismo”, frisou o professor Cláudio Ribeiro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e ex-presidente da AdUFRJ. “Construirmos a greve e irmos para a rua lutar contra esse governo pode ser importante para ajudar aqueles que estão perdendo muitos direitos a entenderem que também podem se juntar a esse movimento”, ilustrou. “A solução eleitoral de outubro não está dada. É necessário pensar o desgaste político de quem tanto nos atacou”.
Ex-diretor da AdUFRJ, o professor Felipe Rosa, do Instituto de Física, dicordou. “Estamos no meio do processo de retorno presencial depois de dois anos de pandemia, no meio da preparação para esse reencontro. Se não voltarmos agora, a gente corre sério risco de não voltar mais”, alertou. “Sabotar a operação mais importante que a UFRJ tem neste momento, eu não posso concordar. Isso não é um tiro no pé, é um tiro na cabeça. E tiros na cabeça costumam ser fatais”.
Para a professora Eleonora Ziller, ex-presidente da AdUFRJ e docente da Faculdade de Letras, aprovar greve sem unidade traria mais prejuízos do que benefícios. “Uma greve não pode ser tirada com a universidade dividida. Nos últimos dez, doze anos, as nossas greves nos afastaram mais da sociedade e dificultaram nossa luta. O avanço do pensamento conservador, inclusive na universidade, acaba sendo consequência também de decisões equivocadas do movimento docente, que se isolou”, afirmou. “As greves passaram a ser sustentadas por 500 professores e outros três mil ficavam de fora da decisão”, lembrou.
Alguns encaminhamentos foram sugeridos ao longo do debate e a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, indicou que a diretoria dará sequência às ações, em parceria com o Conselho de Representantes. “A gente tem acordo com o ‘Fora, Bolsonaro!’, com vários encaminhamentos que foram colocados. Todas as datas do calendário de mobilização do Fonasefe vão contar com nosso apoio. Queremos estar presentes à próxima plenária do serviço público do Rio de Janeiro, estamos envolvidos com as demandas do retorno presencial. A gente vai fazer panfletagens em sala de aula para atuar nessa mobilização envolvendo os alunos, os professores e queremos fazer isso juntamente com o Sintufrj”, garantiu.

Técnicos descartam paralisação

O Sintufrj realizou assembleia virtual dos técnico-administrativos para deliberar sobre a greve nacional, com participação de 213 servidores. A votação aconteceu por enquete simples da plataforma Zoom, que indicou 81% de rejeição à greve por tempo indeterminado. Outros 18% votaram favoravelmente à deflagração do movimento e 1% dos votantes se absteve. Os técnicos decidiram realizar uma paralisação de 24 horas no dia 23 de março. Uma nova assembleia, no dia 29, vai reavaliar a mobilização e decidir novos encaminhamentos.

A diretoria da AdUFRJ marcou uma assembleia geral dos professores para o dia 18 de março, às 10h. Docentes não filiados ao sindicato também podem participar e votar — CONFIRA AQUI A LISTAGEM DOS DOCENTES NÃO SINDICALIZADOS QUE SOLICITARAM VOTO.

WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.41.02Fotos: Fernando SouzaA última quarta-feira (16) foi o Dia Nacional de Mobilização, Paralisações e Manifestações do funcionalismo público federal, parte da campanha salarial da categoria. Foram organizados atos em diversas cidades em dez estados e no Distrito Federal, segundo um levantamento feito pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). No Rio, a manifestação aconteceu na Praça 15, no Centro, e reuniu principalmente entidades ligadas à área de Educação. A AdUFRJ esteve no ato do Rio, representada pelo presidente João Torres e pelos diretores Karine Verdoorn, Nedir do Espirito Santo e Ricardo Medronho.
Embora pequeno em tamanho, a manifestação mostrou que o funcionalismo público está empenhado em enfrentar a gestão Bolsonaro e reivindicar o reajuste de 19,99%, o equivalente às perdas inflacionárias nos três anos do atual governo. Representantes das entidades ligadas à Educação também lembraram a política econômica que vem asfixiando o ensino superior com cortes orçamentários, e as propostas de desmonte do Estado que fazem parte do cardápio do ministro da Economia, Paulo Guedes, como a reforma administrativa.
Na avaliação do professor João Torres, a luta é mais do que justa, mas é preciso tomar cuidado com a estratégia adotada. “Temos perdas acumuladas nos nossos salários. Acho que é importante ir às ruas mostrar isso para a sociedade”, defendeu o dirigente. Mas ele observou que este é o pior momento para uma greve unificada do funcionalismo. “Eu adoraria fazer greve contra o governo Bolsonaro, mas não nessas circunstâncias. Estamos voltando de dois anos de trabalho remoto, e o tempo para a negociação do reajuste este ano é exíguo”, explicou João. Segundo a lei eleitoral, nenhum reajuste pode ser concedido ao funcionalismo público menos de seis meses antes de uma eleição majoritária.WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.41.02 1
João reafirmou que a direção da AdUFRJ é contrária à greve. “É importante ir para às ruas falar, se conectar com a sociedade, mas sem perder de vista que o apoio da sociedade é fundamental”, observou. O que está em jogo, para o professor, é a capacidade de angariar o apoio da população à causa dos professores. “Não somos a favor da greve por tempo indeterminado agora. Precisamos do apoio das pessoas e, entrando em greve agora, nós dificilmente conseguiríamos este apoio”, explicou.
WhatsApp Image 2022 03 18 at 22.41.02 2A presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Adur – RJ), Elisa Guaraná, também exaltou a união diante do cenário tão complicado em que vive a educação superior no Brasil. “Essa união é fundamental. Estamos sofrendo vários ataques, que acontecem de várias formas”, disse. Segundo ela, o desmonte do Serviço Público Federal é parte da política neoliberal do atual governo. “O ataque ao funcionalismo federal o torna praticamente inviável. Seguimos com salários rebaixados, com o trabalho sucateado e atendendo mal a população”, disse.

ATOS PELO BRASIL
Em Brasília, os servidores públicos foram em passeata até o Ministério da Economia, com a intenção de levar ao ministro Paulo Guedes o recado da categoria. Além da capital federal, os servidores se reuniram em cidades de Alagoas, Pará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Servidores públicos federais de diferentes categorias foram à Praça XV, no Centro do Rio, para dialogar com a população. A diretoria da AdUFRJ marcou presença. O objetivo da manifestação era angariar apoio para as demandas do funcionalismo junto ao governo e ao Congresso. Os servidores cobram a revogação do teto de gastos públicos (Emenda Constitucional 95), o arquivamento da proposta de reforma administrativa (PEC 32) e 19,99% de aumento salarial. O índice corresponde à inflação acumulada nos três primeiros anos do mandato de Bolsonaro.

Confira algumas imagens do ato produzidas pelo fotógrafo Fernando Souza.

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