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A AdUFRJ promoveu a live “Elas inspiram” na manhã do dia 8 de Março, um bate-papo entre as diretoras do sindicato e as reitoras Denise Pires de Carvalho, da UFRJ, e Joana Guimarães, da Federal do Sul da Bahia. O evento marcou as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher e foi transmitido pelos canais da seção sindical no Youtube e no Facebook. As diretoras Karine Verdoorn, Eleonora Kurtenbach, Nedir do Espirito Santo e Ana Lúcia Fernandes foram as mediadoras e entrevistadoras da live e conduziram a conversa por assuntos como igualdade de gênero, inclusão, vida acadêmica, desafios das universidades, entre outros temas.
Primeiras pessoas de suas famílias a ingressarem num curso de nível superior, as duas reitoras deram depoimentos tocantes sobre a transformação e mobilidade social proporcionadas pelo acesso à universidade. “Vivíamos no interior da Bahia e um dia minha mãe resolveu ir para a cidade para que seus seis filhos estudassem”, contou a reitora Joana Guimarães. “Meus pais não puderam estudar e passamos muitas dificuldades porque meu pai era um homem da lavoura. Um dia ele disse para minha mãe: ‘Vamos voltar para a roça. Lá, pelo menos, a gente tem o que comer’”, lembrou a dirigente. “Minha mãe, então, respondeu: ‘Não vamos voltar para a roça. Eu morro de fome, mas meus filhos não saem da escola’”, disse, emocionada.
A reitora da UFRJ lembrou que seu pai era seu maior incentivador. “Também sou a primeira pessoa da minha família a ingressar e me formar numa universidade e meu pai sempre me dizia que a educação é a melhor herança que se pode deixar para um filho. Foi isso que eu fiz com as minhas filhas”, disse a professora. “A gente não pode abandonar os nossos sonhos. Nossas famílias viram o poder transformador da educação. É preciso que todas, todos e todes tenham oportunidade de escolha na nossa sociedade. É a educação que retira as amarras do silenciamento”, afirmou a reitora.
Pesquisadoras de carreira reconhecida no Brasil e no exterior, Denise e Joana falaram das disparidades de gênero e das dificuldades enfrentadas por mulheres para seguir uma carreira acadêmica. “O Brasil tem evolução positiva em número de publicações femininas. Nos equiparamos a Portugal e Estados Unidos, por exemplo”, apontou a reitora Denise. “As bolsas de Iniciação Científica já são majoritariamente femininas e respondem a cerca de 56%”. Mas lá no topo da carreira, o quadro muda. “Bolsa 1A do CNPq tem em média 24% de participação feminina. Se elas são maioria na iniciação científica, por que são apenas 1/4 como 1A? O que explica isso, se não o efeito tesoura?”, questionou. O ‘efeito tesoura’ é um conceito que caracteriza o corte drástico entre a participação feminina na pós-graduação e pesquisa e o número de cientistas reconhecidas.
A reitora Joana complementou que a carga do papel doméstico feminino ainda é muito pesada e compromete, como também apontou Denise, o tempo dedicado à pesquisa. “Socialmente, tudo o que acontece na casa é culpa da mulher porque ela negligenciou a família por conta da profissão. O patriarcado está aí para nos manter neste lugar. Eu fui muito acusada por fazer o doutorado com uma filha de dois anos que ficava o dia inteiro na creche. A gestão da casa, a organização doméstica, também é um trabalho que nos demanda tempo, nos tira energia. É preciso que a gente possa se libertar disso”.
As dirigentes fazem parte da Andifes, o fórum de reitores das instituições federais de nível superior. E observaram que também neste espaço é preciso buscar mais igualdade. “Já fomos 20 reitoras, o que ainda era muito pouco. Mas hoje somos 12 mulheres na Andifes”, apontou Joana. “Um retrocesso enorme”, completou Denise.
As docentes também conversaram sobre os desafios orçamentários, a necessidade de ampliar políticas de cotas e permanência estudantil e sobre ações para tornar as universidades locais mais democráticos e igualitários. O bate-papo completo pode ser conferido na TV AdUFRJ.

Documentário sobre mulheres cientistas

Para encerrar as comemorações pelo Mês da Mulher, o Observatório do Conhecimento – rede de nove associações e sindicatos docentes, dentre os quais a AdUFRJ – vai lançar no final de março um documentário que conta a história de quatro mulheres cientistas. As gravações acontecerão nas cidades dessas personagens: Belém, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. “São pesquisadoras que enfrentam os desafios e as delícias de ser mulher e fazer Ciência. A ideia é que a gente traga trajetórias distintas, corpos distintos, mas que se encontram na produção do conhecimento”, afirma a social media do Observatório, Andressa Oliveira. “O objetivo do documentário é mais do que valorizar as mulheres que já são cientistas. É mostrar que ser cientista é possível, mesmo quando existem obstáculos estruturais”, analisa a professora Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ. “Queremos estimular jovens mulheres que não veem a Ciência como lugar para elas”. O filme tem a produção do Observatório do Conhecimento, com direção de Rithyele Dantas, e faz parte da campanha “Elas na Ciência”.

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