Fotos: Fernando SouzaA última quarta-feira (16) foi o Dia Nacional de Mobilização, Paralisações e Manifestações do funcionalismo público federal, parte da campanha salarial da categoria. Foram organizados atos em diversas cidades em dez estados e no Distrito Federal, segundo um levantamento feito pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). No Rio, a manifestação aconteceu na Praça 15, no Centro, e reuniu principalmente entidades ligadas à área de Educação. A AdUFRJ esteve no ato do Rio, representada pelo presidente João Torres e pelos diretores Karine Verdoorn, Nedir do Espirito Santo e Ricardo Medronho.
Embora pequeno em tamanho, a manifestação mostrou que o funcionalismo público está empenhado em enfrentar a gestão Bolsonaro e reivindicar o reajuste de 19,99%, o equivalente às perdas inflacionárias nos três anos do atual governo. Representantes das entidades ligadas à Educação também lembraram a política econômica que vem asfixiando o ensino superior com cortes orçamentários, e as propostas de desmonte do Estado que fazem parte do cardápio do ministro da Economia, Paulo Guedes, como a reforma administrativa.
Na avaliação do professor João Torres, a luta é mais do que justa, mas é preciso tomar cuidado com a estratégia adotada. “Temos perdas acumuladas nos nossos salários. Acho que é importante ir às ruas mostrar isso para a sociedade”, defendeu o dirigente. Mas ele observou que este é o pior momento para uma greve unificada do funcionalismo. “Eu adoraria fazer greve contra o governo Bolsonaro, mas não nessas circunstâncias. Estamos voltando de dois anos de trabalho remoto, e o tempo para a negociação do reajuste este ano é exíguo”, explicou João. Segundo a lei eleitoral, nenhum reajuste pode ser concedido ao funcionalismo público menos de seis meses antes de uma eleição majoritária.
João reafirmou que a direção da AdUFRJ é contrária à greve. “É importante ir para às ruas falar, se conectar com a sociedade, mas sem perder de vista que o apoio da sociedade é fundamental”, observou. O que está em jogo, para o professor, é a capacidade de angariar o apoio da população à causa dos professores. “Não somos a favor da greve por tempo indeterminado agora. Precisamos do apoio das pessoas e, entrando em greve agora, nós dificilmente conseguiríamos este apoio”, explicou. A presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Adur – RJ), Elisa Guaraná, também exaltou a união diante do cenário tão complicado em que vive a educação superior no Brasil. “Essa união é fundamental. Estamos sofrendo vários ataques, que acontecem de várias formas”, disse. Segundo ela, o desmonte do Serviço Público Federal é parte da política neoliberal do atual governo. “O ataque ao funcionalismo federal o torna praticamente inviável. Seguimos com salários rebaixados, com o trabalho sucateado e atendendo mal a população”, disse.
ATOS PELO BRASIL
Em Brasília, os servidores públicos foram em passeata até o Ministério da Economia, com a intenção de levar ao ministro Paulo Guedes o recado da categoria. Além da capital federal, os servidores se reuniram em cidades de Alagoas, Pará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.