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interno2A diretoria da AdUFRJ marcou uma assembleia geral dos professores para o dia 18 de março, às 10h. Docentes não filiados ao sindicato também poderão participar e votar (veja detalhes ao lado) — CONFIRA AQUI A LISTAGEM DOS DOCENTES QUE SOLICITARAM VOTO. A pauta é a decisão sobre a adesão ou não à greve por tempo indeterminado marcada para 23 de março — cujo indicativo foi aprovado pelo Andes — dentro da campanha salarial dos servidores públicos federais. A assembleia será remota, por meio da plataforma Zoom (com link enviado por e-mail), e a votação será feita pelo Sistema Helios, muito utilizado na UFRJ. A diretoria do sindicato é contrária à greve, e considera que este não é o momento de paralisar por tempo indeterminado as atividades docentes na UFRJ.
Para o presidente da AdUFRJ, professor João Torres, é preciso levar em consideração o longo período em que a universidade manteve aulas remotas por causa da pandemia de covid-19. “Ficamos dois anos fisicamente afastados, e na hora de voltar surge essa proposta de greve? Como conseguir assim o apoio da comunidade universitária e, principalmente, da sociedade em uma luta justa como a da campanha salarial?”, questionou João.
A proposta de greve se insere na campanha por recomposição salarial do funcionalismo público, que reivindica um reajuste de 19,99%, o equivalente às perdas durante o governo Bolsonaro.
“A reivindicação é justíssima. Além dos salários defasados, há também os cortes no orçamento das universidades, que asfixiam as instituições. É uma onda muita grave de ataques à Educação, mas entendo que uma greve por tempo indeterminado não é a melhor estratégia para enfrentar essa situação”, defendeu João. Ele reiterou que a intenção da diretoria do sindicato é que a AdUFRJ participe da campanha, mesmo sem aderir à greve. “Vamos promover ações de mobilização, como o Universidade na Praça, por exemplo, para dar visibilidade ao trabalho dos professores e mostrar para a sociedade que a nossa luta é justa”, explicou.
O professor emérito Ricardo Medronho, diretor da AdUFRJ, também é contra a greve no atual momento. Não só pela volta às aulas presenciais, em 11 de abril, mas pelo curto prazo que há para negociação. A legislação proíbe o aumento do salário de servidores a menos de seis meses da eleição (o prazo se encerra em 2 de abril). “O problema é o timing. Perdemos o momento adequado para a construção de uma greve unificada”, explicou Ricardo. “Se começarmos a greve no dia 23, serão menos de 15 dias para abrir a negociação com o governo, um prazo que não seria factível com qualquer que fosse o governo, imagina com Bolsonaro”.
Na opinião do professor, a decisão de começar uma greve reivindicando um reajuste, mas sem tempo hábil para que ele seja concedido, interrompendo o retorno presencial, pode afastar a possibilidade de apoio da sociedade. “É uma completa falta de bom senso começar neste momento, depois de dois anos trabalhando de casa. Muito, mas de casa. Diante de uma sociedade que sofreu duríssimas consequências por causa da pandemia, como vamos justificar isso?”, questionou Ricardo.
Já para Luis Acosta, professor da Escola de Serviço Social e ex-diretor da AdUFRJ, o momento é oportuno para a construção de um movimento nacional do funcionalismo. “Quando Bolsonaro prometeu o reajuste para segmentos específicos, abriu a janela de oportunidade para pleitearmos o aumento. Estamos tendo perdas salariais significativas, então é importante pressionar o governo”, disse. O professor defendeu também que a assembleia seja um espaço de construção da luta: “Minha proposta para a assembleia é avaliar e, em função disso, decidir quais serão as melhores formas de luta para alcançar nossos objetivos. Deflagrar uma greve é uma das possibilidades”. Para Acosta, uma eventual paralisação não significa ficar de braços cruzados. “A greve não é um momento de esvaziamento da universidade, mas sim parte da mobilização da categoria para ir para as ruas”, explicou.
O Jornal da AdUFRJ abre suas páginas para esse debate, com artigos de dois professores com opiniões distintas. A professora Eleonora Ziller, ex-presidente do sindicato, é contrária à paralisação. Já o professor Jorge Ricardo Gonçalves, da Faculdade de Educação, é a favor. O debate começa aqui, mas a decisão vai ser tomada na assembleia, onde a participação de todos os professores é fundamental.

Artigo

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.50.24É greve?

ELEONORA ZILLER
Professora da Faculdade de Letras e ex-presidente da AdUFRJ

Neste mês de março, completo 40 anos de UFRJ. Sim, me espantei. Caloura da Letras, em 1982, estudei num prédio que era provisório há 14 anos, na Avenida Chile. Nos estertores da ditadura, o cenário era de baixos salários, entulho autoritário, estrangulamento orçamentário... Mas havia muita esperança no ar. Nos primeiros anos da AdUFRJ e da Andes (quando não nos era permitido construir um sindicato), importantes vitórias tinham sido alcançadas, principalmente em relação à carreira.

Em 1984, a primeira grande greve me fez conhecer a UFRJ. A emoção de entrar pela primeira vez no auditório lotado do CT, para assistir a uma assembleia docente, ainda está muito viva na minha memória. Pelo menos 800 pessoas estavam ali. E, ainda, descobri que o Museu Nacional (que amava desde criança) era nosso: a primeira “Universidade na Praça” a gente nunca esquece.
As lutas, os sonhos, a dedicação de tantas pessoas, foi dessa matéria que se construiu a universidade que temos hoje. Carreira, eleições, dotação orçamentária e, mais que tudo, a gratuidade do ensino público e a autonomia universitária foram conquistas de um movimento que teve seu ápice na elaboração da Constituição de 1988. Trinta e quatro anos nos separam da grande caravana que partiu do campus do Fundão com centenas de professores, estudantes e funcionários. Acampados em Brasília, ajudamos a escrever o artigo 207, que ultimamente nos tem salvado das mais terríveis ameaçadas deste desgoverno federal.
Na década de 1990, a chamada Fernandécada (expressão do saudoso professor Carlos Lessa, referindo-se ao Collor e ao FHC) e a privataria tucana nos feriram de morte, mas uma poderosa rede de resistência impediu que nos desmontassem por completo. Mas aquela poderosa aliança, que unira a todos, já não se apresentava da mesma forma. O exemplo maior, na UFRJ, dessa fratura, foi a nomeação do Vilhena para reitor.
A reforma da Previdência de 1998 foi outra devastação, precipitou a saída de uma grande quantidade de docentes. A grande mobilização da década de 1980 cedera lugar a uma espécie de “cultura de greve”, onde uma boa parte já não participava de sua construção, mas passivamente aprovava, diante da dificílima situação em que nos encontrávamos. Arrastavam-se por semanas, meses, à espera de uma porta de negociação com o governo. O tempo foi nosso inimigo. As relações internas começaram a se desgastar, os espaços coletivos de deliberação foram se esvaziando e uma militância aguerrida e determinada passou a ocupar quase que sozinha os fóruns de decisão da categoria. Valeria uma detalhada avaliação de todo esse processo, principalmente a partir de 2003, quando as divergências se agudizaram com a reforma da Previdência protagonizada pelo governo Lula. Mas não há espaço aqui para rever todo esse processo. O fato é que chegamos a uma situação limite em 2015, quando um grupo muito grande e significativo de professores se organizou para dar um fim a essa “cultura”.
Sempre existiu, e eu me incluo nesse grupo, uma parte do movimento docente que não se identificava com os métodos e as propostas encaminhadas pelo Andes, sindicato nacional. Longas greves, corredores vazios, passeatas pequenas. Há décadas, posso dizer assim, defendo uma forma diferente de intervenção. Nós tínhamos força quando nosso movimento expressava uma ampla e sólida unidade interna. Ao longo dos anos, fomos nos distanciando de nós mesmos e da sociedade, cada vez mais fechados num enfrentamento corporativo, embora o discurso se radicalizasse para declarar o compromisso classista do sindicato nacional. A militância aguerrida e revolucionária se acostumou a falar para ela mesma, e hoje, esfacelada em pequenos grupos, mal se escuta. Sem retaguarda consistente, com baixos quóruns em assembleias e eleições sindicais, o movimento docente precisa encontrar novamente seu caminho de diálogo e representação da maioria da sua categoria.
Nunca fomos atacados de forma tão sistemática e institucional. É urgente lutar e enfrentar essa onda negacionista, fundamentalista e ultraconservadora. Disso depende a nossa sobrevivência. A mim, me parece esgotado e pouco eficiente o modelo de greve por tempo indeterminado, nos moldes das que ocorreram nos últimos 20 anos, ainda mais com um desgoverno em fim de mandato como esse. Precisamos de forte presença coletiva, de unidade interna, de vontade de mudança.
O que nos unifica? O que nos mobiliza? Como sairemos às ruas? Depois de dois anos em ambiente remoto devemos ter quase metade dos estudantes que nunca pisaram no campus, que não conhecem a vida universitária, que nunca nos encontraram nos corredores. Que vínculos foram criados com os novos professores, que também mal conseguiram pisar numa sala de aula? Além da exaustão, ainda temos um calendário de mobilizações que se desenvolverá em pleno período de recesso acadêmico. Por tudo isso, e muito mais que não cabe nessas linhas, acho que a nossa pior opção será suspender as atividades por tempo indeterminado em plenas férias acadêmicas. Não nos faltam razões para isso, elas existem e são muitas. Mas é que não vejo, nesse momento que atravessamos, rebeldia maior do que fazer a nossa UFRJ funcionar a todo vapor, para desespero dos governantes de plantão. Isso não pode significar inércia ou conformismo. As velhas “novas formas de lutas” nunca foram tão necessárias. Ou, como nos versos daquela canção, “as lições nós sabemos de cor, só nos resta aprender...”.
Seja lá qual for a nossa decisão, ela só será forte e significativa se for unitária, se envolver a maioria dos professores numa participação ativa e decisiva. Assim, se será uma greve ou uma paralisação, se será de um dia ou por tempo indeterminado, isso tudo é secundário. O que precisamos é que seja representativa, que rompa o círculo vicioso que nos jogou em sucessivas experiências que nos dividiram e que afastaram das assembleias a maioria dos docentes.

Artigo

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.50.24 1Alô, alô, geral!

JORGE RICARDO GONÇALVES
Professor da Faculdade de Educação

Tudo bem com os companheiros e as companheiras? Talvez não como gostaríamos, mas melhor agora do que há um tempo atrás, não é mesmo?

Venho falar agora de algo muito sério — a nossa situação profissional. Estamos há dois anos encurralados em casa, alguns de nós tendo adoecido, até mesmo perdido entes queridos.
E quando vemos a luz no fim do túnel da pandemia e olhamos à nossa volta, com que situação nos deparamos? Uma inflação altíssima, causada em parte pela pandemia, pela incapacidade do desgoverno federal atual, e já no início da inflação mundial, fruto da guerra insana que está começando. Ou seja: nosso salário, há cinco anos sem reajuste, encolhe cada vez mais. E a nossa querida universidade, como vai? A Arquitetura, a Belas Artes e a reitoria continuam desalojadas, sem espaço físico para as aulas agora “presenciais”. A Praia Vermelha está pior do que antes da pandemia, pois tem enorme déficit de salas de aula, e o “Aulário” — nome péssimo para a estrutura de contêiners instalada — está com sérios problemas de conservação. O mesmo acontece com algumas partes do IFCS. Isto para citar só algumas unidades com problemas infraestruturais.

E quais são as perspectivas
de apoio do MEC?

Pelo histórico recente, se não nos mexermos, nada conseguiremos, pois com este governo, até agora, só perdemos!
E na maior parte do funcionalismo público federal, a situação é a mesma, com exceção daqueles setores apoiados pelo presidente da República, como militares e policiais.
Por isso, os sindicatos dos diversos setores do funcionalismo público federal, incluindo os professores das outras universidades públicas federais, institutos federais de Educação, entre outros, estão realizando um grande esforço conjunto para pressionar o governo a repor o valor das nossas perdas salariais e por condições de trabalho adequadas ao labor presencial.
Em vista de tudo isso, haverá este mês um dia nacional de mobilização com paralisação do trabalho dos servidores públicos federais, dia 16/03/2022. Será um dia de luta e de diálogo com a sociedade, já anunciando ao governo o movimento grevista que está por vir, a partir do dia 23/03/2022.
Para nós, da UFRJ, infelizmente marcamos a próxima assembleia do nosso sindicato para discussão destes fatos para depois do dia 16/03, dia da paralisação de 24 horas, somente para o dia 18/03, dois dias após.

Mesmo assim, que tenhamos uma assembleia geral forte e participativa, para decidirmos sobre a inserção da querida UFRJ nesse movimento de pressão pela conquista de nossos direitos!

 

ÚLTIMOS REAJUSTES

WhatsApp Image 2022 03 11 at 20.52.20Parcelas lineares:
5,5% em agosto de 2016
5% em janeiro de 2017

Reestruturação na carreira
Aumentos diferenciados entre os professores em três parcelas: agosto de 2017, 2018 e 2019

CALENDÁRIO

16/3 Dia Nacional de Mobilização, com paralisações e manifestações em todo o Brasil. A AdUFRJ vai participar do Dia Nacional de Mobilização com diversas ações, entre elas projeções em paredões do Rio de Janeiro em defesa da universidade pública e gratuita.

18/3 Rodada de assembleias para definir a deflagração da greve

21/3 Reunião do setor de IFES (Andes)

23/3 Indicativo para o início da greve geral por tempo indeterminado, respeitando as especificidades de cada entidade

1º/4 Ato em Porto Alegre (40º Congresso do Andes)

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