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Há cinco anos, UFRJ aderia ao Enem


Decisão que acabou com o vestibular próprio foi tomada no Conselho Universitário para democratizar o acesso ao ensino superior

Silvana Sá
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Neste 30 de junho, completam-se exatos cinco anos que a UFRJ aderiu ao Exame Nacional do Ensino Médio como sistema de ingresso na graduação. A decisão aconteceu no Conselho Universitário depois de amplo processo de discussão que pôs fim ao vestibular próprio da instituição. Na época, durante a gestão do professor Aloísio Teixeira, também foi definida a destinação de 30% das vagas em cada curso a candidatos que tivessem cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas e que possuíssem renda familiar per capita de até um salário mínimo.

 Uma das justificativas era a necessidade de ampliar os mecanismos de democratização do acesso ao ensino superior e as ações afirmativas voltadas para a valorização da escola pública.

A possibilidade de as universidades federais participarem da elaboração de questões do Enem aparecia também como uma forma de a UFRJ não abrir mão da construção da prova. “Ingressamos neste processo com o compromisso de influenciar no processo. A prova de Matemática, por exemplo, tem mudado para melhor. Muitas questões são feitas na UFRJ”, conta a professora Angela Rocha, do Instituto de Matemática. Ela assumiu a pró-reitoria de Graduação na gestão de Carlos Levi, pouco depois de a universidade aderir ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

“A grande consequência do Sisu é que a UFRJ se tornou realmente a universidade do Brasil. Antes de aderirmos ao sistema, tínhamos apenas 2% de alunos de outros estados. Hoje, eles já passam de 20%”, disse. Setenta e cinco por cento dos ingressos na UFRJ estão entre os 2% com melhor desempenho no Enem Nacional.

Ela reconhece, também, diferenças entre o antigo vestibular e a prova do Enem. “O nosso vestibular próprio sempre foi conteudista e elitista. Uma pesquisa feita pela universidade demonstrou que 30% dos alunos das escolas públicas se excluíam do vestibular da UFRJ. Há muitas pessoas que dizem que nosso vestibular influenciou no conteúdo do ensino médio, mas que ensino médio? Só influenciava no conteúdo das escolas de elite”, avaliou.

 

Associado ao Sisu, a lei de cotas, de 2012, ampliou o acesso de pessoas que não pensavam poder entrar numa universidade federal. “Fizeram as pessoas sonharem com a universidade pública. Elas entram, mas são obrigadas a desistir do curso porque não damos estrutura para que elas permaneçam e passem nas disciplinas. Precisamos pensar uma forma de suprir uma educação básica deficiente”, observa Angela.

Espaço apertado para realizar as atividades, mofo nas salas de aula e falta de saída de emergência são algumas das situações enfrentadas

Texto e fotos: Silvana Sá
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IMG 9519Umidade causa mofo no subsolo do CCS

Gastronomia e  insalubridade não combinam. Ainda assim, andam de mãos dadas na UFRJ. Os professores da Gastronomia dão aula majoritariamente no subsolo do CCS. Um local sem saídas de emergência, sem ventilação e com umidade aparente. O cheiro de mofo é sentido assim que se acessa o pavimento. “Quando manipulam formol numa ponta do subsolo, todos os corredores imediatamente ficam com o cheiro também, já que não há ventilação. Temos que dar aulas com as portas abertas, por conta do cheiro insuportável. Os ares-condicionados também são velhos, alguns estão quebrados”, relatou uma docente, que não quis se identificar.

IMG 9460Teto apresenta diversos buracos por onde entra água da chuva

Os professores  não têm sala individual. Vinte e seis docentes dividem uma única área. O espaço é apertado com mesas, cadeiras e fios espalhados. Uma copa improvisada graças ao rateio entre os próprios docentes dá conta das necessidades mais imediatas de alimentação. A água precisa ser comprada e a limpeza não acontece sempre. Também nesta sala não há saída de emergência.

O sistema de energia não comporta mais equipamentos. Computadores novos estão instalados, mas não podem ser ligados. O microondas também precisou ser desligado. “Tivemos que desligar a impressora porque recebemos a informação de que a sala pode pegar fogo”, disse outra professora. Dos 28 docentes efetivos do curso, cerca de 20 ainda estão em estágio probatório, o que justifica a negativa de se identificarem para a reportagem.

O teto apresenta diversos buracos por onde entra água da chuva. “Realizamos atendimento a alunos, preparação de aulas, atividades de pesquisa, extensão. Chove dentro da sala por conta do buraco no forro”, apontou o professor Marcio Marques, um dos poucos que já passaram pelo estágio probatório.

Outra professora complementa: “Normalmente, se precisamos preparar aulas ou corrigir provas, demoramos muito mais tempo que o necessário, porque é difícil se concentrar. Muitos colegas acabam trabalhando nos corredores ou em salas de aula”.

Curso novo, problema antigo

IMG 9475Alguns equipamentos novos estão desligados pelo risco de incêndio

Criado em 2011, no âmbito do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o curso é sediado no Instituto de Nutrição, mas ainda não faz parte do Estatuto. Portanto, não está oficialmente na estrutura da universidade.

O prédio prometido para abrigar o curso seria erguido atrás do Restaurante Universitário Central, mas não saiu do papel. Por isso, a sala dos professores do curso funciona em um espaço cedido pela Decania do Centro de Ciências da Saúde, dentro da Biblioteca do CCS. Assim, o horário de trabalho fica atrelado ao horário de funcionamento do setor: das 8h às 21h. “Mas, quando há qualquer problema com os servidores técnico-administrativos, não conseguimos entrar e nossos alunos ficam sem acesso”, relatou outra professora.


 

 



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Fusão de ministérios atrasa democratização da comunicação no país

A fusão entre os ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e o das Comunicações (MCTIC) não repercutiu mal apenas na comunidade científica. A medida do governo interino de Michel Temer (PMDB) também deixou insatisfeitos setores progressistas que militam na área das Comunicações. Isso ficou bem claro nesta terça-feira (28), quando senadores se reuniram em audiência pública com representantes de instituições do setor de telecomunicações e radiodifusão para discutir o tema.

“Todos defendemos uma melhoria na gestão pública, mas todos os enxugamentos e extinções que temos visto até agora são prejudiciais a segmentos historicamente excluídos da nossa sociedade”, lamentou Bia Barbosa, secretária-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Bia Barbosa, durante a audiência.

De acordo com a secretária-geral do FNDC, a fusão já causa impacto negativo nas políticas públicas de democratização das comunicações. Dois editais de concessão de outorgas para emissoras rádio e televisão deixaram de ser lançados em junho. Uma das chamadas era para rádios comunitárias em comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas, e outra voltada para emissoras de rádio e televisão educativas em vários municípios.

Conflito de interesses

A representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) também demonstrou preocupação com a descontinuidade do debate acerca da concessão de outorgas de rádio e televisão para parlamentares. Segundo dados da Anatel, oito senadores e 32 deputados estão diretamente ligados à administração desses veículos. “Temos o receio de que agendas como essa deixem de ser discutidas e implementadas a partir da criação do MCTIC”, relatou a secretária-geral do FNDC.

Durante a audiência, as associações brasileiras de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e de Rádio e Televisão (Abratel) saíram em defesa da fusão das pastas.

O presidente da comissão, senador Lasier Martins (PDT-RS), informou que o ministro do MCTIC, Gilberto Kassab, será convidado mais uma vez a falar sobre o tema, desta vez na perspectiva da comunicação. Ele já esteve no Senado para debater as consequências da junção para a C&T. Esta é a terceira audiência sobre o tema.

(Fontes: Agência Gestão CT&I e Agência Senado. Edição: Adufrj)


Levamento mostra que UFRJ tem 4.143 docentes. Medicina é a maior unidade


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Um retrato minucioso da universidade pode ser encontrado na plataforma digital “Somos UFRJ”. Lá, descobre-se, por exemplo, que a Faculdade de Medicina é a maior unidade da instituição, com 416 professores. Que 845 orientações de doutorado foram concluídas, em 2015. Que 68,9% dos 4.143 docentes cadastrados na página já atualizaram seu currículo Lattes, neste ano.

“É uma fonte inesgotável de informação. Ontem mesmo, uma pessoa me perguntou quem trabalhava com nanotecnologia na universidade. Falei pra ele entrar no ‘Somos’, digitar ‘nano’ e começar a pesquisar. Ele me mandou e-mail agradecendo depois, fascinado com a página, dizendo que achou três professores na área que queria”, disse Ricardo Pereira, coordenador da Agência UFRJ de Inovação, à qual a plataforma está vinculada.

Ele alerta que a página (www.somos.ufrj.br) ainda está em processo de construção: “Claro que há erros. Mas, se as pessoas não acessarem, não vamos saber o que está errado e não vamos poder corrigir”. Às vezes, exemplifica, o professor é lotado no Departamento X, mas fica no Departamento Y. A informação precisa ser modificada no Currículo Lattes, do CNPq, no qual a plataforma se baseia. Os dados são atualizados com varreduras periódicas — a última, até o fechamento desta matéria, ocorreu em 8 de junho.

Pelos seus números, acredita Ricardo, a página também pode funcionar como um instrumento de gestão: “Por exemplo, o responsável pode ver qual o percentual de professores da Medicina está com o currículo atualizado”. O diretor pode fazer uma cobrança aos colegas em seguida, se for um índice alto.

Como foi criada a plataforma

Todas as empresas que ingressam no Parque Tecnológico da UFRJ assumem o compromisso de investir uma quantia em projetos de interesse da universidade. E qualquer pessoa pode oferecer ideias à direção do Parque. Em 2014, Ricardo Pereira propôs o serviço do banco de dados, que já tinha visto na Universidade Federal de Minas Gerais. E, no ano passado, a proposta saiu do papel.

DSC01591bLançamento da plataforma ocorreu em junho de 2015, ainda na gestão do professor Carlos Levi - Foto: Divulgação

O modelo da plataforma criada pela Coordenadoria de Transferência e Inovação da instituição mineira, em 2012, espalhou-se por várias universidades: Unicamp, Federal de São Carlos e Federal de Juiz de Fora são outros exemplos.

Coube à Siemens, empresa alemã de tecnologia, bancar o projeto, com uma verba de R$ 7 mil mensais. “Nós, UFRJ, não gastamos nada”, frisa Ricardo. A firma custeia o licenciamento da plataforma à fundação de apoio da UFMG e o trabalho de levantamento da infraestrutura dos laboratórios da UFRJ, que está sendo feito por empresas juniores da universidade: “Esperamos concluir esta tarefa em seis meses. Por enquanto, não chegamos a 20% dos laboratórios”, diz.

Ao mesmo tempo em que comemora o aniversário da plataforma, Ricardo chama atenção para o desafio de aperfeiçoamento e difusão do serviço. Pelo contrato, a Siemens comprometeu-se com a manutenção da página por dois anos: “Falta um ano. Precisamos que a plataforma se torne mais conhecida e utilizada. Caso contrário, se a Siemens ou outra empresa não continuar com os pagamentos, a ferramenta vai morrer e ninguém ou quase ninguém vai sentir sua falta. Temos de fazer o ‘Somos’ útil para muita gente”, observa. 

Companhia aérea proíbe transporte de cobaias e prejudica ciência



A Latam Airlines, maior companhia aérea em atuação no país, proibiu o transporte de animais vivos destinados a experimentos laboratoriais. A recente medida preocupa a comunidade científica pelo impacto que poderá causar às pesquisas das áreas biológicas e da saúde.

Para derrubar a proibição, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviaram uma carta ao secretário de Aviação Civil da presidência da República, Guilherme Walder Mora Ramalho, e à presidente da Latam Airlines Brasil, Claudia Sender. Segundo o texto, a medida da Latam vai prejudicar, por exemplo, estudos em andamento dos vírus da chikungunya, zika e dengue.

Em resposta à carta das entidades científicas, a Latam — resultado da fusão entre a chilena LAN e a brasileira TAM, em 2012 — reafirmou apenas que não permite o transporte de animais de laboratório em seus aviões, mas propôs uma reunião para debater o tema.

Professores da UFRJ estão preocupados

Diretora da Adufrj e professora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Silvana Allodi considera a medida da companhia aérea um “absurdo”: “É uma dificuldade adicional aos cientistas brasileiros, que já enfrentam tantos problemas”. Segundo ela, os colegas do instituto e de todo o Centro de Ciências da Saúde estão muito preocupados com a proibição.

Para Silvana, o caso é bastante grave, pois de se trata da maior empresa aérea, que oferecia diversas opções de rotas e horários para o transporte dos animais. Recentemente, a professora encomendou ratos e camundongos de São Paulo e precisou buscar os serviços de outras companhias.

(Com informações da Academia Brasileira de Ciências)

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