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Arte sem obra


Escola de Belas Artes completa 200 anos com instalações precárias

Texto e fotos: Silvana Sá
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Prestes a completar 200 anos, em agosto, a Escola de Belas Artes ainda não tem prédio próprio. O curso mais antigo da UFRJ funciona em instalações improvisadas, emprestadas pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, no prédio da reitoria, desde que se mudou para a Cidade Universitária, na década de 1970.

Os laboratórios de pintura e gravura são constantemente infestados por cupins que corroem mesas, cadeiras, cavaletes e atacam também os trabalhos dos estudantes. Quando chove, há goteiras por todo o ateliê de pintura. No curso de Escultura, faltam espaço e sistema de exaustão para quem trabalha com resina. Os cursos não possuem sistema de refrigeração e, menos ainda, de controle de umidade para o armazenamento das obras. Os professores não possuem salas ou laboratórios próprios para pesquisa. A iluminação é precária.

“Temos carência de espaço para as diversas disciplinas. No caso do curso de Artes Visuais com ênfase em Escultura, precisamos de um amplo espaço para trabalharmos as obras em três dimensões. Aqui, fazemos adaptações, mas não é o ideal”, reclama o professor Nivaldo Rodrigues, docente da UFRJ desde 1999.

O curso de gravura funciona em salas improvisadas com divisórias no mezanino do antigo ginásio da FAU e que hoje abriga o ateliê de pintura da EBA. “Não há acústica, nem sistema de refrigeração. Já houve caso de um professor desmaiar de calor no verão. É difícil conseguir materiais, dos básicos, como cavaletes, aos mais complexos, como computadores, câmeras fotográficas, data-shows, igualmente importantes para o trabalho”, revela o professor Licius Bossolan.

IMG 9606Ateliê de pintura improvisado no antigo ginásio da FAU

Também falta pessoal docente e técnico-administrativo. “Nós, que trabalhamos 40 horas em Dedicação Exclusiva deveríamos destinar um tempo importante para a pesquisa, mas precisamos cobrir a deficiência de professores em sala de aula”, diz. “Além disso, meu departamento, por exemplo, está sem secretária há seis anos. Isto faz com que os professores tenham que realizar também essas funções de secretaria, o que nos sobrecarrega ainda mais”, revela Licius.

Prédio invisível

O prédio prometido em 2009 para a EBA até hoje não foi construído. “Se nem o curso de 200 anos da universidade não tem estrutura, quiçá os novos”, completa a professora Martha Werneck. “Onde está o dinheiro investido no prédio novo? Então, uma empresa ganha a licitação, declara falência e fica por isso mesmo?”, questiona.

A empresa que venceu a licitação, Lytoranea Ltda., deveria ter terminado a obra em 2011. A demora na entrega do projeto executivo fez com que a universidade acusasse a empresa de “inexecução contratual”. Depois, a construtora entrou na Justiça contra a UFRJ e a obra está embargada desde então.

 

“Nossos problemas seriam solucionados com um edifício que atendesse às especificidades de cada um dos cursos. O projeto que não foi continuado previa todas essas necessidades. A direção atende às nossas demandas dentro do possível, mas faltam recursos”, completa Nivaldo Rodrigues.

IMG 9610Pintura descascada nas instalações

Coppe inaugura supercomputador

O mais potente computador instalado em uma universidade federal é da UFRJ. A Coppe inaugurou o equipamento, que pode executar 226 trilhões de operações matemáticas por segundo, na manhã desta quarta-feira (13).

A enorme capacidade de processamento da máquina é importante para projetos científicos que precisam avaliar milhares ou milhões de situações. Ou seja, com o computador, os pesquisadores só levariam para os testes não virtuais as combinações boas. E em menos tempo. “Na fase de testes do supercomputador, cálculos de projetos que demandavam 29 dias foram feitos em dois dias e meio”, afirma Guilherme Travassos, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe. 

IMG 9654O professor Guilherme Travassos explica detalhes do supercomputador - Foto: Kelvin Melo

 O supercomputador passa a integrar o Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad). Além da UFRJ, outras instituições poderão utilizar o equipamento. O professor Guilherme explica que os projetos serão submetidos a um comitê de especialistas do Núcleo Avançado de Computação de Alto Desempenho. Chamadas públicas serão feitas, mas ainda sem uma data prevista.

Homenagem

O supercomputador ganhou o nome de Lobo Carneiro em homenagem ao professor Fernando Luiz Lobo Barboza Carneiro, da própria Coppe (1913-2001). Ele coordenou durante 20 anos o primeiro convênio de cooperação técnico-científica entre a Coppe e a Petrobras, assinado em 1977.

Eficiência energética

Uma inovação desta máquina da Coppe é sua eficiência energética. Em horários de pico na utilização da energia no país (quando fica mais cara), o supercomputador poderá sofrer redução em sua atividade. E aumentá-la, quando a energia estiver mais barata.  Ainda não existe uma estimativa de gasto com o equipamento.

Também não há necessidade de um operador sempre presente ao local. Em qualquer possível falha, o equipamento desliga sozinho. O controle pode ser feito remotamente. O investimento foi de aproximadamente R$ 10 milhões. Os recursos vieram de um fundo controlado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). 

A solenidade que antecedeu a inauguração do supercomputador foi concorrida. O ministro Gilberto Kassab, o reitor Roberto Leher e diversas outras autoridades marcaram presença no auditório do CT-2.

IMG 9624Solenidade que antecedeu a inauguração do equipamento ocorreu no auditório do CT-2 - Foto: Kelvin Melo


Cientistas rejeitam medidas do governo Temer


Silvana Sá

Os integrantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, durante a reunião anual da entidade, rejeitaram uma série de medidas do governo de Michel Temer. A recente extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC foi uma das ações criticadas pelos cientistas. Eles também repudiaram a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o das Comunicações.

Durante o encontro realizado em Porto Seguro (BA), entre os dias 3 e 8, também houve manifestação da assembleia geral da entidade em defesa do Estado Democrático de direito e pelo fortalecimento da democracia no país. “Os processos políticos e eventuais mudanças políticas devem ocorrer sempre em conformidade com o que estabelece a Constituição Federal, com o respeito às instituições, dentro das regras democráticas e seguindo os princípios da ética. O estado de direito não pode ser subjugado a interesses econômicos e políticos menores”, diz trecho do documento.

Houve apoio ao documento de pesquisadores indígenas feito em parceria com caciques e lideranças (íntegra em http://www.sbpcnet.org.br/site/arquivos/arquivo_563.pdf). A moção aprovada pelos sócios da SBPC destacou “ser inadmissível, no âmbito do Estado democrático de direito, que sejam violados os direitos originários garantidos tanto na Constituição brasileira quanto nos instrumentos jurídicos internacionais dos quais o Brasil é signatário”.

A assembleia retirou da pauta um manifesto contrário ao governo Temer. “Houve o entendimento consensual de que aprovar ou rechaçar o documento dividiria a Sociedade, já que não há uma unanimidade dos cientistas quanto ao posicionamento em relação ao novo governo”, esclareceu o professor João Torres, do Instituto de Física da UFRJ e conselheiro da SBPC.

Nader continua à frente da SBPC

A pesquisadora Helena Nader, presidente da Sociedade, decidiu permanecer no cargo após o conselho da entidade se manifestar unanimemente pela sua permanência. Pesquisadores de todo o Brasil também prestaram solidariedade. Ela havia colocado o mandato à disposição após ser chamada de “pelega” por um grupo que criticou a falta de uma posição da SBPC sobre o governo de Michel Temer. O conselho pediu, por unanimidade, que a pesquisadora permanecesse à frente da SBPC, o que foi acolhido.

Os ataques pessoais vieram depois de Nader ter declarado em evento que “A SBPC é uma entidade sem cor político-partidária” e a que a Sociedade “não está unânime em posições”. O conselho e a assembleia da entidade científica aprovaram nota de desagravo a Helena Nader. “Manifestações de caráter violento que visam desqualificar pessoas, e não debater ideias, são incompatíveis com a missão da SBPC e o Estado democrático”, diz um dos trechos do texto.

Veja a íntegra

“A Diretoria e o Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) repudiam manifestação contra a pessoa da Presidente Helena Nader durante ato público, nesta última quarta-feira. Esse ato, pela manutenção de um Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação forte e com orçamento compatível com sua missão, foi convocado pelo Conselho. Manifestações de caráter violento que visam desqualificar pessoas, e não debater ideias, são incompatíveis com a missão da SBPC e o estado democrático. Conselho e Diretoria reunidos extraordinariamente na manhã de hoje recusaram o pedido de renúncia ao cargo da Presidente e após apelo unânime de cada um dos presentes, Helena Nader aceitou prosseguir no exercício do mandato.

Porto Seguro, 7 de julho de 2016.”

 

 


Senado aprova reajuste dos professores parcelado em duas vezes

Reestruturação da carreira docente até 2019 também foi decidida

Silvana Sá
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O Senado aprovou os reajustes salariais para os servidores da educação, aí incluídos os professores do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. O aumento linear de 5,5% entrará em vigor no contracheque de setembro, referente ao salário de agosto. Em fevereiro de 2017, há mais 5% de reposição.

Há a previsão, ainda, da reestruturação das carreiras docentes em três etapas: agosto de 2017, 2018 e 2019. O objetivo é minimizar as distorções causadas com a aprovação da Lei 12.772/2012.

Os percentuais e a reestruturação foram acordados entre as categorias da educação e o governo de Dilma Rousseff no fim do ano passado. O texto segue para sanção do presidente interino, Michel Temer.

O Andes – Sindicato Nacional criticou severamente o projeto aprovado, apontando que ele não repõe as perdas inflacionárias e desestrutura a carreira. Com as mudanças, até o final de 2019, os steps entre níveis ficarão constantes e a retribuição por titulação passará a ser proporcional ao vencimento básico, com valorização do doutorado.

Também haverá percentuais fixos entre os regimes de trabalho de 20 horas, 40 horas e dedicação exclusiva, nos seguintes parâmetros: o valor do vencimento básico do regime de 40 horas será 40% superior ao de 20 horas. O vencimento básico da Dedicação Exclusiva será o dobro do VB de 20 horas.

O período de vigência do reajuste do VB é de 2016 e 2017, possibilitando a negociação de novo reajuste em 2017 para vigência em 2018. E os ganhos percentuais obtidos com a reestruturação serão adicionais em relação ao reajuste de 10,8% (somados os aumentos deste e do próximo ano) no VB.

O projeto cria mecanismos para assegurar a isonomia entre docentes do Magistério Superior e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.

O projeto aprovado é o PLC 34/2016, antigo PL 4251/2015. Confira, em http://goo.gl/SuJmOy as tabelas salariais dos professores em 2019, sem contar com nenhum novo aumento no intervalo a partir de 2018.

Aprovada urgência do PLP 257/2016

Ao mesmo tempo em que diversas categorias recebem aumentos, passa a tramitar na Câmara em regime de urgência o PLP 257/2016. O projeto repactua as dívidas dos estados com a União e prevê desligamento de servidores públicos e congelamento de salários. Também propõe o aumento do percentual de contribuição para a previdência dos servidores estaduais como contrapartida para a renegociação da dívida de cada ente da federação. Apesar do regime de urgência, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), informou que o projeto só deverá ser votado em agosto.


Lançamento da Frente Nacional contra o ‘Escola sem Partido’ ocorre na UFRJ


Tatiana Lima

Será lançada nesta quarta, 13 de julho, a Frente Nacional Contra o ‘Escola Sem Partido’. O evento ocorre às 9h30 no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ.

“Tem o propósito de articulação de forças para debater de forma mais constante junto à população os riscos do ‘Escola Sem Partido’. É preciso esclarecer estudantes, pais, professores, trabalhadores servidores sobre o risco desse programa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação”, explica a professora Domenichi Miranda Sá, pesquisadora da Casa Oswaldo Cruz. Ela participa da Frente como diretora da Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC).

Na esfera federal, o programa do “Escola sem Partido” tramita no Senado (PLS 193/2016) e na Câmara dos Deputados (PL 867/2015). Também está nas casas legislativas de dez estados, no Distrito Federal e em vários municípios.

No Senado, de autoria de Magno Malta (PR-ES), o Projeto de Lei 193/2016 seria discutido no último dia 7. Mas a audiência pública sobre o tema foi adiada.  Na Câmara, o Projeto de Lei 867/2015 está parado nas comissões de Educação e de Seguridade Social e Família.

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Carta-manifesto

O movimento Professores Contra o Escola Sem Partido lançou campanha na internet (http://bit.ly/2a62yXY) para pressionar a realização da audiência pública antes da entrega do parecer. O mesmo movimento ressalta em carta-manifesto, intitulada “Em Defesa da Liberdade de Expressão em Sala de Aula” (http://bit.ly/29KLn0v), assinada por mais de cem coletivos e entidades — entre elas, a Adufrj —, a ameaça à democracia e liberdade de educação que o Programa Escola Sem Partido promove.

Na prática, o projeto implica uma lista de atividades em que o professor é proibido de discutir temas do cotidiano político social em sala de aula. Qualquer menção pode ser considerada propaganda político-partidária e incitação de alunos à participação em manifestações, atos públicos e passeatas. Diz que professores não são educadores, mas apenas instrutores. Portanto, deveriam limitar-se a transmitir a “matéria objeto da disciplina”, sem discutir valores e a realidade do aluno.

Mais informações: https://contraoescolasempartidoblog.wordpress.com/

 

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