facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

 

Unidade contra o teto de gastos públicos

Na assembleia da Adufrj, ações de mobilização foram aprovadas para barrar os cortes nas políticas sociais

Os professores da UFRJ demonstraram que estão unidos contra a proposta do governo interino que limita os gastos públicos, especialmente em Saúde e Educação, por 20 anos. Na assembleia da Adufrj, realizada neste dia 26, várias ações foram aprovadas contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 241/2016, encaminhada por Michel Temer e seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao Congresso Nacional.

A unanimidade contra o conteúdo da PEC 241, no entanto, não se traduziu nas formas de enfrentá-la. Um grupo de professores queria maior inserção da Adufrj nas instâncias, deliberações e formas convencionais de atuação do Andes-SN; outros defenderam as atividades que a atual diretoria tem promovido, utilizando ferramentas da internet para alcançar um público maior.

“Nós estamos lutando pela mesma pauta: contra a PEC 241. Uns acham que é melhor mobilizar de uma maneira; outros, de maneira diferente. Ótimo. É pior para a PEC 241”, resumiu Tatiana Roque, presidente da Adufrj, sobre as diferentes formas de luta que se apresentaram ao longo da reunião. Sem deixar de apoiar a mobilização pelo Andes-SN, Tatiana deixou claro que a direção vai investir em mecanismos de mobilização pela internet, em busca de maior impacto na sociedade. Ações assim teriam alcançado ampla repercussão, como no caso da campanha pela manutenção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, capitaneada pela Adufrj.

O debate

Mariana Trotta, da Faculdade Nacional de Direito e da Regional Rio de Janeiro do Andes-SN, cobrou participação da diretoria da Adufrj nas instâncias do Sindicato Nacional: “O cenário que temos à frente é muito árduo. Se não tivermos unidade entre todas as seções sindicais e articulação com os demais servidores públicos, nós vamos ver a aprovação desta PEC e de outras legislações que vão impactar diretamente e vão desconstruir o que ainda resta de direitos sociais”, afirmou.

A professora Leila Bergold, do campus Macaé, chamou atenção para a possibilidade de explorar a realização das Olimpíadas para incomodar o governo: “Podemos espalhar cartazes, faixas. Este é o momento para termos mais visibilidade. Inclusive na passagem da tocha olímpica por Macaé e no Rio. Temos de unir aos outros movimentos sociais e ao Andes-SN. Não é momento de picuinhas”.

Tatiana Rappoport, do Instituto de Física, reforçou que a conjuntura apresenta vários desafios e demanda unidade: “Não diria que vamos conseguir unificar nossas lutas. Há posições divergentes. O que temos de tentar é, pontualmente, buscar essa união. Essa pauta da PEC 241 dá para trabalhar em conjunto”. Ela criticou, porém, a “forma centralizadora de atuar, de cima para baixo, da direção do Andes-SN”.

Fábio Freitas, do Instituto de Economia da UFRJ, disse que as diferentes correntes políticas que atuam no movimento docente da universidade precisam fazer um esforço para deixar de lado suas desavenças e atuar no que é realmente mais relevante: barrar a PEC 241. “Precisamos sensibilizar a sociedade para a importância da universidade pública”, disse.

Também do Instituto de Física, Thereza Cristina de Lacerda Paiva falou que a atual divergência sindical “é inócua” para enfrentar a PEC 241. Para ela, atividades como o “Ciência na Praça”, interagindo com crianças e seus responsáveis, são positivas e conquistam o apoio da sociedade para a defesa da universidade pública.

Propostas de mobilização aprovadas

Ao todo, 114 docentes participaram da Assembleia Geral, que ocorreu simultaneamente em auditório do Instituto de Física e no Salão Nobre do IFCS. Dentre os principais encaminhamentos estão: novas intervenções do tipo “Universidade na Praça” para dialogar com a população sobre os ataques do governo Temer; colocação de outdoors pela cidade contrários à PEC 241 para aproveitar o momento das Olimpíadas; além de panfletagens e mobilizações em alguns locais de competições.

Será feito um convite para que a presidente afastada Dilma Rousseff participe, ainda em agosto, de uma atividade com a comunidade acadêmica. O objetivo seria chamar atenção da mídia e da sociedade para os problemas que afligem a universidade.

A assembleia aprovou, ainda, moção de apoio à comunidade acadêmica da Uerj e a Adlène Hicheur, professor visitante do Instituto de Física da UFRJ deportado sumariamente para a França em 15 de julho.

Também ficou decidida a participação de representantes da Adufrj nas próximas atividades nacionais do Andes-SN (reunião do Setor das Federais e encontro pós-Conad, ambas no início de agosto).

O que vem por aí

De acordo com o texto da PEC nº 241, seria permitido apenas o reajuste dos gastos públicos com base na inflação oficial do ano anterior. A PEC prevê, ainda, a desvinculação constitucional dos gastos com Saúde e Educação. Se a norma já valesse, só no ano passado deixariam de ser investidos R$ 70 bilhões na Educação.

 


DECISÕES DA ASSEMBLEIA

- Fazer novas intervenções do tipo "Universidade na Praça" para dialogar com a população sobre os ataques à educação realizados pelo governo interino de Michel Temer;

- Instalar outdoors pela cidade contrários à PEC 241;

- Foi formado um comitê de mobilização para organizar ações durante as Olimpíadas;

- Convidar a presidente afastada Dilma Rousseff para uma atividade com a comunidade acadêmica da UFRJ;

- Aprovada moção de apoio à comunidade acadêmica da Uerj, que enfrenta grave situação financeira;

- Aprovada moção de apoio a Adlène Hicheur, professor visitante do Instituto de Física da UFRJ deportado sumariamente para a França em julho;
- Representantes da Adufrj vão participar nas próximas atividades nacionais do Andes-SN (reunião do Setor das Federais e encontro pós-Conad, ambas no início de agosto);

- Foi rejeitada a proposta de paralisações pontuais dos professores após o retorno das aulas.


Resolução da ONU pressiona países a investirem na educação pública

Também cobra regulação do ensino privado
 



Uma recente resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU cobra dos países-membros o máximo investimento em educação pública. O texto surge em boa hora para se somar aos argumentos contrários à Proposta de Emenda Constitucional nº 241, do governo Michel Temer. A PEC busca instituir um teto para os gastos públicos.

O documento da ONU foi aclamado por 21 organizações da sociedade civil. Entre elas, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, do Brasil. Maria Rehder, coordenadora de projetos desta entidade observou que se trata de um pacto histórico e criticou a PEC 241, que vai na contramão da resolução internacional: “Já está provado que são necessários mais recursos para se alcançar um patamar mínimo de qualidade na Educação. A PEC fragiliza ainda mais o financiamento do setor público. É inaceitável uma medida como esta. Independentemente de crise econômica”.

Maria Rehder também citou que a PEC contraria a meta 20 do Plano Nacional de Educação, em vigor. Pelo item, os investimentos na área pública devem ser ampliados até atingir, no mínimo, 7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB em 2024.

Regulação do ensino privado

A resolução da ONU também cobra a regulação dos fornecedores privados de educação. O que se torna bastante significativo no momento em que a Kroton, maior empresa do setor no Brasil, fez proposta para comprar a Estácio, vice-líder. Se confirmada pelo Conselho de Administração Econômica do país, a negociação vai gerar uma entidade que vai concentrar mais de 1,5 milhão de alunos e grande parte da verba do programa de financiamento universitário (Fies).

A íntegra do documento da ONU pode ser conferida em http://goo.gl/SAEtNm, em espanhol.

 

 


Alunos pressionam e reitor amplia assistência

Estudantes desocuparam área da Praia Vermelha, após seis dias de protesto. Acordo prevê aumento de bolsas, congresso universitário e criação de pró-reitoria

IMG 9969Negociação entre reitoria e estudantes ocorreu logo após audiência pública sobre assistência estudantil realizada na Praia Vermelha

Texto e foto: Tatiana Lima
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A reitoria e o Diretório Central dos Estudantes fecharam um acordo de ampliação da política de assistência estudantil da UFRJ. A negociação inclui aumento de bolsas, realização de congresso universitário e criação de uma pró-reitoria exclusiva para apoiar os alunos. 

Após a assinatura do acordo, na noite de 20 de julho, os estudantes concordaram em desocupar o campinho de futebol da Praia Vermelha, onde estavam acampados há seis dias. Eles protestavam contra um contrato que prevê o uso do campinho por forças de segurança nos Jogos.

Os estudantes acusavam a gestão Leher de descumprir promessa de campanha de que faria uma gestão compartilhada da universidade. O reitor participou pessoalmente da negociação com os alunos e pediu desculpas por escrito pela cessão do espaço, sem amplo debate interno. Mas não cancelou o contrato, o que poderia causar problemas jurídicos para a instituição. A verba do contrato já tinha sido transferida para a universidade.

Outras medidas, no entanto, agradaram o movimento estudantil. O reitor se comprometeu, por exemplo, a aumentar em 15% o valor-base das bolsas de assistência estudantil. Com o reajuste, o auxílio passa a ser de R$ 460, já no segundo semestre de 2016. Ficou garantida, ainda, a realização de um Congresso Universitário até o fim de 2016.

demandas



 


Na ponta da ciência

Pesquisadores da Biologia e da Química descobrem proteína que ajuda a desvendar os efeitos da Zika no cérebro de recém-nascidos

Texto e foto: Silvana Sá
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Três professores da UFRJ coordenam estudos que podem explicar por que os sintomas provocados pelo vírus Zika são mais graves na Paraíba do que no restante do país. Proteínas do vírus BVDV (vírus da diarreia bovina) foram encontradas em fetos com agudas más formações, cujas mães tiveram a doença durante a gestação, naquele estado.

“Nos outros estados, há o surto de Zika, mas são muito baixos os índices de microcefalia e muito rara a síndrome congênita (conjunto de sintomas) da doença”, explicou o professor Rodrigo Brindeiro, do Laboratório de Virologia Molecular e diretor do Instituto de Biologia. “Já está comprovada a desestruturação de células pelo Zika, só que na Paraíba a morbidade é muito maior. Por que lá é diferente de outros lugares, se o vírus é o mesmo? Chegamos à conclusão que havia um segundo fator. Sempre suspeitamos de um segundo vírus, mas não sabíamos qual”.

Reforça a teoria da influência do vírus bovino o fato de Adriana Melo, do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Venâncio Neto (Ipesq), da Paraíba, ter demonstrado que vários casos confirmados na região não são de gestantes da capital, mas do interior.

O genoma do Zika havia sido sequenciado pelo professor Amilcar Tanuri, também do Laboratório de Virologia Molecular. Mas Rodrigo Brindeiro contou que a descoberta da proteína do BVDV em fetos humanos foi do professor Gilberto Domont, do Instituto de Q u í m i c a. “Esse vírus é da mesma família do Zika e da d e n g u e. No gado, ele causa 80% dos abortos e os bezerros que nascem têm os mesmos quadros apresentados pelos fetos humanos da Paraíba. O bezerro que sobrevive tem microcefalia, é pequeno e tem diarreia constantemente”. A forma de transmissão do vírus da diarreia bovina ocorre por contato com a saliva, com o focinho do animal infectado ou com a contaminação pelas fezes.

Apesar de todas as indicações de que o vírus bovino, em conjunto com o Zika, amplia a gravidade dos sintomas nos bebês, Brindeiro mantém a cautela: “Proteína de vírus não é o vírus. É preciso humanizar os kits existentes para buscar o vírus ativo do gado em humanos, porque eles são feitos para bois”, disse. O professor espera obter resultados conclusivos em até quatro meses.


Erramos: Pesquisadores do Instituto de Química relatam pela primeira vez presença do vírus BVDV em cérebros de crianças com microcefalia Zika-positiva da Paraíba

Diferente do noticiado na abertura da matéria “Na Ponta da Ciência”, a descoberta da proteína do vírus BVDV foi realizada por professores do Instituto de Química. A correção foi solicitada pelo professor Gilberto Domont (foto). O BVDV foi identificado empregando técnicas proteômicas utilizadas pelo grupo formado por ele e pelos pesquisadores Erika Velasquez e Fabio Nogueira. O Instituto de Biologia ficou responsável pelo sequenciamento do genoma do vírus.

IMG 9972



Pesquisa colore Fundão


Fotos: Kelvin Melo

Um colorido diferente tomou conta do gramado no lado oposto ao CT, nesta semana. Alunos de pós-graduação da Escola de Belas Artes apresentaram trabalhos de pesquisa no local. A atividade fez parte do projeto “Desilha”, coordenado pela professora Livia Flores. Para ela, a saída do ateliê permite aos alunos pensar a arte e a cidade a partir do território do campus.

IMG 0519IMG 0522


Topo