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PEC 55: menos R$ 1,2 bilhão para a UFRJ

Estudo mostra quanto a universidade teria deixado de receber, se as regras do teto de gastos já estivessem valendo há uma década

Silvana Sá
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A reitoria fez um estudo do impacto da Proposta de Emenda à Constituição 55, que impõe teto aos gastos primários do governo por 20 anos, no orçamento da UFRJ. A projeção foi feita entre 2007 e 2016, considerando apenas os valores executados pela universidade em cada período. A diferença é espantosa. Em uma década, a perda de financiamento seria da ordem de R$ 1,2 bilhão.

Se estivesse em vigor, a “PEC do Fim do Mundo” representaria, somente para este ano, um prejuízo de R$ 156,6 milhões. Também teria sido impossível expandir a universidade, com um orçamento reduzido a menos da metade entre 2011 e 2013.

“A PEC 55 coloca como teto o que foi executado no orçamento do ano anterior, ou seja, cria uma espécie de subteto e achata ainda mais o orçamento das universidades”, explica o reitor Roberto Leher.

A tabela abaixo mostra a progressão dos cortes. No ano inicial da aplicação dos efeitos da PEC, 2007, não há diferença no orçamento. Em 2008, a redução já é de R$ 2,4 milhões. O valor pula para R$ 34,9 milhões em 2009; R$ 64,8 milhões em 2010; e praticamente quadriplica em 2011.

  tabela pec

Contas da universidade voltam à pauta

O orçamento voltou à pauta do Conselho Universitário neste dia 8. Desta vez, o assunto foi abordado como uma prestação de contas de 2016. Sem caráter deliberativo, a discussão se resumiu à apresentação dos números e os conselheiros puderam, no máximo, esclarecer dúvidas daquilo que foi executado ao longo do ano.

A reitoria chamou atenção para o esforço de rever contratos e racionalizar seus gastos, o que diminuiu a dívida de 2015 de R$ 121,4 milhões para R$ 94,1 milhões. Também houve redução do déficit projetado para o fim deste ano. Ainda assim, o rombo é grande. Faltarão R$ 126,2 milhões para a universidade fechar 2016.

Os conselheiros destacaram a necessidade de a reitoria propor ações de redução do impacto, sobretudo da energia elétrica, nas contas da universidade. Houve, ainda, preocupações sobre o planejamento das despesas da administração e das unidades. “Temos um sistema que nos empurra a gastar o mais rápido possível o que recebemos. Isso diminui a qualidade do gasto”, disse o professor Ericsson Almendra.

A reitoria rechaçou que o rombo nas contas seja resultado de má gestão de recursos: “Se temos déficit, não é porque gastamos mais. É porque recebemos menos”, disse o pró-reitor de Planejamento, Roberto Gambine. 

IFCS aprova ações de combate ao machismo

Texto e foto: Silvana Sá

As mulheres do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais aprovaram na Congregação da Unidade um documento que tipifica assédio moral e sexual. O assunto foi debatido em um recente encontro promovido pelo Coletivo de Mulheres do IFCS, formado, sobretudo, por estudantes do instituto. O movimento surgiu nas redes sociais a partir da hashtag #meuamigosecreto, na qual mulheres denunciavam casos de violência verbal, sexual e psicológica, e logo se tornou um grupo organizado politicamente na unidade.

Barbara Grillo, integrante do coletivo, explicou que o documento aprovado na Congregação da unidade foi uma forma de responder aos casos de assédio envolvendo, na maior parte das vezes, alunas e professores. “Estávamos com uma situação que não sabíamos como lidar. A gente tem que procurar formas de dar respostas e responsabilizar os agressores. Esse documento é um tipo de resposta que a gente conseguiu produzir”.

Por conta da mobilização das alunas, a direção do instituto criou um “Mecanismo de Assessoramento”, com professoras que buscaram, ao lado das estudantes, elaborar diretrizes para prevenir e combater o assédio moral e sexual no IFCS. “Nosso objetivo foi desnaturalizar as práticas machistas cotidianas. A injustiça e a violência contra alunas, terceirizadas e até contra algumas professoras nos fez tentar mostrar aos ‘donos do mundo’ que o mundo não comporta mais ‘donos’”, disse a professora Carla Rodrigues, integrante do “Mecanismo”.

Tatiana Roque, presidente da Adufrj, participou do debate e saudou a iniciativa do grupo. Para ela, é mais que urgente discutir o machismo na Academia. “É preciso que este movimento se espalhe pela universidade. Há um despreparo da comunidade acadêmica para lidar com o tema”.

A própria forma de homens e mulheres progredirem na carreira docente, segundo Tatiana, já indica as dificuldades que as professoras enfrentam para se igualarem na Academia. “Existe uma divisão do trabalho na universidade muito sutil, mas muito presente, que coloca homens e mulheres em atividades específicas mesmo quando a gente acha que faz o mesmo trabalho”. Como exemplo, ela citou um estudo da Unicamp que aponta a prevalência de homens na classe de Titular, mesmo em carreiras consideradas femininas. Este mesmo estudo apontou uma tendência de homens exercerem cargos máximos, como reitoria, pró-reitorias e diretorias de unidades. “As mulheres são as coordenadoras de graduação, aquelas que cuidam dos alunos”.

Outra convidada para o debate foi a professora da Faculdade Nacional de Direito, Luciana Boiteux. Para ela, a iniciativa do Coletivo de Mulheres do IFCS é muito importante porque pode ajudar a criar uma nova cultura de relações entre homens e mulheres no ambiente universitário. “As estruturas da universidade são marcadas por pessoas com grande poder. É um lugar de hierarquias. Aí entra a necessidade de ações para aplicação de regras de convívio”.

 

A docente deixou claro que situações que envolvam assédio não podem ser tratadas como conflitos comuns, que podem ser tratados no âmbito administrativo com ações de conciliação. “Assédio não é uma mera relação entre as pessoas, ela envolve poder. É uma relação desigual e, por isso, nesses casos, não cabe uma conciliação. O grande desafio é garantir à vítima espaços seguros e que lhe deem privacidade”.

Professor da Coppe foi sequestrado no campus

Kelvin Melo*

Um professor do programa de Engenharia Oceânica da Coppe passou quatro horas de terror na terça-feira, 29. Ele foi sequestrado no estacionamento dos fundos do Centro de Tecnologia, na ilha do Fundão, ao meio-dia. O carro, celular, aliança, cartões bancários e mais de R$ 20 mil foram roubados. Os bandidos usaram os cartões de crédito e débito. Quando os saques e compras deixaram de ser autorizados, o docente foi liberado, em Bonsucesso.

O professor registrou ocorrência na polícia. A 37ª Delegacia, na Ilha do Governador, está investigando o caso. A polícia ainda não sabe a identidade dos criminosos, mas reconheceu que uma quadrilha tem agido no Fundão, sempre da mesma forma. Os docentes são os principais alvos.


Há mais de 30 anos estudando e trabalhando no Fundão, o professor da Engenharia Oceânica sonha com dias mais calmos na universidade e planeja uma campanha contra a insegurança no campus. Ele foi sequestrado perto da entrada do estacionamento dos fundos do CT quando parava seu carro. O docente foi abordado por quatro homens encapuzados e armados. Eles saíram de um veículo preto, que já estava no local. Sob a mira de pistolas, foi levado ao carro dos bandidos, onde ficou amarrado e encapuzado durante todo o tempo. O celular teve o mecanismo localizador desligado. Não houve agressão física. Após o carro rodar por alguns minutos, o professor sofreu ameaças até entregar as senhas bancárias.


Liberado nas imediações da Avenida Brasil, o professor entrou em uma loja de onde conseguiu ligar para a Coppe. Os colegas o buscaram e partiram para a 21ª Delegacia, em Bonsucesso, onde foi feita a primeira comunicação da ocorrência.


Investigação em curso

Sobre o sequestro do professor da Coppe, o inspetor-chefe da 37ª Delegacia de Polícia, da Ilha do Governador, limitou-se a dizer que “há uma grande investigação em curso”, que envolve outras delegacias e que “trabalha com inteligência”, para desbaratar grupos que atuam com “roubos”. Ele se recusou a chamar o caso de sequestro, apesar de a vítima ter sido mantida em cárcere privado por quatro horas sob a mira de pistolas. Também não quis comentar casos semelhantes ocorridos entre os meses de abril e novembro deste ano, com médicos do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).
 

O 17º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo no Fundão, disse que realiza rondas constantes na Cidade Universitária para coibir crimes no campus. Já a Secretaria de Segurança Pública, por meio de sua assessoria, disse que o órgão vai elaborar um conjunto de ações a partir das demandas apresentadas pelo reitor Roberto Leher, em reunião no dia anterior ao sequestro. 

 *colaborou Elisa Monteiro e Silvana Sá

 

Comunidade critica violência no Fundão


Texto e fotos: Valentina Leite
Estudante da ECO-UFRJ e estagiária da Adufrj

 

Insegurança. Esta é a palavra que melhor define o estado de quem trabalha, estuda ou circula pela Cidade Universitária. O recente sequestro de um professor da Coppe ampliou a sensação entre docentes, funcionários e alunos.

IMG 1117Pesquisador Ivo Gersberg diz que o clima de tensão é constante no campus


Ivo Gersberg, pesquisador em engenharia civil na Escola Politécnica, confirma que o clima de tensão é constante. “
É um problema muito sério um professor passar horas na mão de um bandido. Isso não pode acontecer. Esse trauma deixa uma marca”, afirma. “Precisamos falar sobre segurança! Mexer na ferida. Do jeito que está, não pode ficar. Não podemos viver assim”.

O pesquisador diz que prefere se deslocar para o CT de moto. “Já tive experiências desagradáveis em ônibus”, conta. “No caso do carro, uma professora quase foi assaltada há alguns dias aqui no estacionamento”.


Já o professor José Ricardo de Almeida, do Instituto de Geociências, conta que usa o carro para ir trabalhar. Desistiu do ônibus quando foi assaltado há alguns anos, na linha 485. “
Fui abordado por três homens armados. É uma situação terrível”, diz. Apesar de se sentir mais seguro de carro, fica receoso quando sai tarde da noite do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, onde dá suas aulas, e precisa andar pelo estacionamento.

IMG 1114 1Para o professor José Ricardo de Almeida, não houve melhoras no sistema de segurança
Para ele, não houve melhora no sistema de segurança ao longo dos anos. “Eu trabalho aqui desde 1994 e sempre me senti inseguro. Em relação a isso, nada mudou”, comenta. José Ricardo acredita que o policiamento no campus funciona de maneira sazonal. “Só vejo polícia circulando quando acontece algo”.


A professora Marta Tapia, da Engenharia Naval e Oceânica, trabalha há 30 anos no Fundão e enxerga uma evolução recente da segurança. “
Antes, entrava qualquer um aqui. Agora, pelo menos no Centro de Tecnologia, temos câmeras, um patrimônio mais bem cuidado e preservado”, opina. Ela nunca sofreu nenhuma situação de risco, mas ouve histórias diárias de seus alunos. “Tem assalto às 9h no ônibus. Isso é absurdo”, critica. Para evitar problemas, ela toma algumas precauções, como não carregar itens de valor. 


Sequestro: Coppe cobra providências

A Coppe, unidade do professor Tsequestrado dia 29, no estacionamento do CT, emitiu na quarta-feira (30) uma nota considerando “revoltante a crescente insegurança e violência que atingem a sociedade do Rio de Janeiro, em particular o campus da Cidade Universitária”. A diretoria da Coppe está enviando um ofício ao secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, no qual reitera a solicitação de reforço da segurança pública no campus da Cidade Universitária.

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