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WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.22.54 1Por Denise Pires de Carvalho
Reitora da UFRJ

 

O ano de 2022 marca o bicentenário da independência do Brasil e uma escolha política das mais importantes desde a redemocratização do país. No próximo domingo, dia 2 de outubro, devemos escolher qual o projeto de nação que defendemos para nos tornarmos um país finalmente desenvolvido e menos desigual. Essa é a real polarização em jogo: os que lutam pela verdadeira independência e pelo desenvolvimento do Brasil e aqueles que o querem manter como um país periférico e subserviente aos interesses das potências econômicas internacionais. Essa última escolha tem como resultado a manutenção da desigualdade social, a insegurança pública, dentre outras mazelas brasileiras.

Não há exemplo de país no mundo que tenha se desenvolvido em termos socioeconômicos sem investimento em educação, ciência e tecnologia. Nenhum país que pretende se desenvolver pode prescindir de educação básica de qualidade e da educação superior associada à produção de conhecimento, que se reflete em maior capacidade de inovação.

Enquanto os países mais ricos e desenvolvidos aumentaram o investimento em pesquisa e desenvolvimento durante a pandemia, o Brasil vem assistindo ao desmonte das suas universidades e centros de pesquisa, que estão asfixiados com os sucessivos cortes nos orçamentos dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Esses ministérios são estratégicos e deveriam ser liderados por profissionais altamente qualificados e que defendam o modelo de Brasil soberano. Caso contrário, continuaremos patinando no subdesenvolvimento. Neste século, os países que não investem em inteligência artificial, novas formas de energia, inovação social e disruptiva, atenção à saúde ou na descoberta de novos fertilizantes estará escolhendo um futuro incerto como nação.

É urgente aumentarmos o acesso e a permanência no ensino superior, o número de mestres e doutores e a formação qualificada de professores para melhorar a educação básica. Devem ser essas as nossas urgências e não se pode avançar neste sentido sem investimento adequado por parte do Estado, conforme previsto na Constituição de 1988.

Nosso povo não merece continuar a ser explorado. Nossos biomas e nossas riquezas não devem ser utilizados para concentração de renda e nossas instituições de saúde, ensino e pesquisa devem parar de ser desqualificadas. Vamos escolher aquele que sempre esteve do lado da ciência, da educação de qualidade, contra o obscurantismo, a favor do desenvolvimento da nação brasileira, pois o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e das instituições de Estado é um projeto que deve ser retomado no país o mais rápido possível, para garantir mais dignidade ao nosso povo.

Apesar de sermos independentes sob o ponto de vista legal e termos uma Constituição cidadã vigente, não somos uma nação verdadeiramente independente sob vários aspectos, o que foi confirmado durante o enfrentamento da pandemia pela Covid-19. Nesses últimos anos, assistimos perplexos à demonstração inequívoca da nossa total dependência de outros países do mundo para obtermos insumos farmacêuticos diversos, equipamentos hospitalares, fertilizantes, entre outros bens de consumo que poderiam ser produzidos no próprio país. Inclusive, a nossa atual Constituição tem sido perigosamente modificada ao longo do tempo.

Nos primeiros 100 anos após a proclamação da independência, a pobreza não foi combatida, sequer havia ensino superior consolidado e a educação básica era incipiente no país. Ou seja, naquela época continuamos perpetuando o modelo de país colonizado e com enorme parte de sua população alijada de educação e renda digna.

Durante os 100 anos subsequentes, houve avanços, porém a sociedade brasileira fez algumas escolhas políticas equivocadas e não privilegiou a educação e a ciência. Este fato, associado ao fenômeno da globalização das últimas décadas, promoveu a progressiva desindustrialização da nação, o aumento da pobreza e a dependência cada vez maior da importação de bens de consumo de alta tecnologia, que têm maior valor agregado. Com enorme mercado consumidor, por que dependemos da importação de insumos básicos para a produção de vacinas e medicamentos, por que não refinamos nosso próprio petróleo, dentre outras ações que diminuiriam o custo de vida da população, além de gerar mais empregos e renda? Se ao contrário, tivéssemos perseguido o modelo de nação independente, o que depende de financiamento suficiente por parte do Estado, já poderíamos ser exportadores de alta tecnologia.

Há alguma capacidade técnico-científica que foi instalada, com muita dificuldade, no Brasil nas últimas seis décadas, o que propiciou a transformação tecnológica nacional. Cito alguns exemplos importantes desse processo e que estão profundamente enraizados na UFRJ: tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, um projeto bem-sucedido de um dos primeiros trens de levitação do mundo e carros com motor movido a etanol e, mais recentemente, a hidrogênio. São descobertas científicas e tecnológicas que geraram riquezas, mas poderiam ter sido muito melhor aproveitadas pela nação.

Ressalto que a ciência brasileira é muito recente, pois foi estruturada há menos de um século, além de ser subfinanciada devido à escolha equivocada de alguns governantes. Sabemos que o país está polarizado e identificamos dois grupos bem diferentes.

Por um lado, há os que tentam mantê-lo a todo custo como colônia de exploração. Devemos refletir sobre os interesses velados daqueles que almejam manter o nosso país subdesenvolvido. Desta vez, a exploração da nação, de suas terras, riquezas e do seu povo, vem sendo realizada por esses mesmos grupos internos que se beneficiam financeiramente no curto prazo e não têm projeto coletivo de nação que se projete soberana no futuro.

Do outro lado, existem aqueles que sonham com o verdadeiro desenvolvimento do país. É com esse lado, soberano, altivo, emancipatório, cidadão, que sonho que a UFRJ contribua. Sem medo e com esperança.

Bom voto !

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.45.48Foto: Ricardo Stuckert/Twitter Lula 13O último e mais importante debate eleitoral entre os presidenciáveis, promovido pela Rede Globo na última quinta-feira (29), abriu mais espaço para a desqualificação da política do que serviu para informar os indecisos. Mas mostrou um Lula indignado e firme. “A reação de Lula diante da enxurrada de mentiras foi firme e altiva. Mesmo com os limites de tempo e a insistência dos adversários, desmascarou distorções e corrigiu o rumo da conversa para temas relevantes”, analisa a professora Carol Proner, da Faculdade Nacional de Direito.
Mayra Goulart, professora da Ciência Política e vice-presidente da AdUFRJ, concorda. “A corrupção esteve no centro do debate e a novidade é Lula acentuar a defesa do seu governo como uma gestão que combateu a corrupção”, destaca. A docente também diferencia as posturas de Ciro Gomes e Simone Tebet. “Enquanto Ciro se organiza à direita, às franjas do bolsonarismo, para ser o porta-voz da oposição ao governo Lula, a Tebet quer construir um outro lugar, talvez até dentro do governo Lula, e que não se captura pelo bolsonarismo. Alguém que se apresenta para além da polarização e reforça uma agenda programática, de mulheres que têm preocupações sociais”, diz.
Analistas ouvidos pelo Jornal da AdUFRJ criticam também o modelo do debate. “A função era convencer as pessoas que ainda não tinham definido seu voto. Oferecer uma perspectiva mais assertiva sobre os candidatos”, diz a professora Suzy dos Santos, diretora da Escola de Comunicação da UFRJ e coordenadora do PEIC – grupo de pesquisa em Políticas e Economia Política da Informação e Comunicação. “Nada disso aconteceu. Houve pouco espaço para o debate de propostas. As imagens que temos (pós-debate) são dos ‘nanicos’ e de um padre que não é um padre, uma candidatura histriônica”, completa.
Para o professor Pedro Lima, do Departamento de Ciência Política do IFCS, a candidata Simone Tebet foi a grande vitoriosa. “Lula deveria ter sido mais altivo. Não tinha que ir pra lama e bater boca com Bolsonaro e com o falso padre, dois golpistas desqualificados”, acredita.
Emérito da Escola de Comunicação, o professor Marcio Tavares D’Amaral não acredita num grande vencedor do debate, mas concorda que Tebet e Soraya Thronicke se destacaram. “As mulheres foram muito bem também porque elas não têm nada a perder”, analisa. “Simone, inclusive, tem até alguma coisa a ganhar. Ela pode passar Ciro Gomes e ficar em terceiro lugar, colocando o MDB com a maior votação em sua história”, avalia. “E Soraya é uma criadora de memes”.
Já para a professora Thais Aguiar, também da Ciência Política, a postura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa ser destacada. “Lula foi firme. Respondeu muito bem às questôes de corrupção, não foi passivo e dialogou com a camada mais ampla da população”, diz. Ponto de maior força e também calcanhar de aquiles do PT, os mais pobres compõem a parcela da população que mais se abstém proporcionalmente nas eleições. “Essa abstenção é o que mais afeta o PT desde 2006, quando sua base eleitoral passou a ser mais concentrada nessa faixa da população”, avalia o cientista político Jorge Chaloub, do IFCS. “E pode fazer a diferença no domingo”.

AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES

Lula foi alvo primordial dos ataques

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 1JORGE
CHALOUB
Professor do Departamento de Ciência Política do IFCS/UFRJ

O tom predominante foi o da direita nesse debate. Quem acabou sendo alvo primordial dos ataques foi Lula, pelo tom dos adversários, à direita, e por ser o líder nas pesquisas. Dada a organização entre Lula e Bolsonaro, como competidores diretos, as outras candidaturas tentavam se colocar como terceira via. Ciro pode perder parte de seu eleitorado com essa postura mais à direita, porque seu eleitorado não muda de orientação tão rapidamente. Lula promete menos e menciona mais os feitos. Bolsonaro promete mais e se justifica mais pelo que não cumpriu. A campanha petista tão ostensiva pelo voto útil é um risco – de desanimar a militância num eventual segundo turno e esgarçar importantes relações políticas – mas também uma aposta de redução de risco e diminuição da violência.

Modelo do debate foi longo e desinteressante

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59MARCIO
TAVARES
D’AMARAL
Professor da Escola de Comunicação da UFRJ

O modelo do debate é muito ruim: longo e desinteressante. O debate era para conduzir ao voto útil ou mexer com os indecisos, mas não acho que foi efetivo. Alguém atacado, como o Lula foi por todo mundo, mais tem que se defender do que ser propositivo. Destaco o momento em que o padre e o Lula se enfrentaram. Começou um bate-boca. Depois Lula recolocou as coisas em seus devidos lugares. Eu não sei como isso será apreciado. Bolsonaro botou uma casca de banana para o Lula, porque não o chamou para a disputa e deixou esse embate para o padre. Vamos ver se essa postura de Lula vai ser considerada como reação esperada de uma pessoa agredida em sua honra, ou falta de controle. Temos que terminar no primeiro turno. Está difícil até de respirar e a violência pode aumentar.

Faltou discussão de ideias. Formato está esgotado

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 2SUZY DOS
SANTOS
Professora e diretora da Escola de Comunicação da UFRJ

A conclusão mais inicial que me chama atenção é que esse modelo de debate não funciona. É profundamente esgotado na imagem e com pouco debate de ideias. O campo da comunicação política já reverbera, há um tempo, que esse formato é esgotado, observando resultado eleitoral após debates e vendo que não há mudanças nas tendências do eleitor como acontecia há 20 anos. É preciso fazer uma busca para se qualificar os debates. Há que se pensar em como reorganizar esse processo para que existam debates efetivos, que informem, que esclareçam, que evitem essa midiatização do que é o escracho, do que é o estereótipo quase negativo da própria política, desse tipo de candidato-comédia. O sistema midiático precisa saber por que e como fazer o debate político numa lógica democrática.

Presidente e padre desinformam e atacam a democracia

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.36.59 3THAIS
AGUIAR
Professora do Departamento de Ciência Política do IFCS/UFRJ

Ciro Gomes, num primeiro momento, se soma aos ataques ao Lula e ao PT, mas depois percebe o jogo que estava sendo engendrado com Felipe D’Avila como escada de Bolsonaro e padre Kelmon sendo um duplo do atual presidente. Então ele se reposicionou para não colaborar com essa dobradinha. Ciro e Tabet se saíram bem entre os indecisos, na pesquisa focal, mas não me parece que houve um grande vencedor. Bolsonaro fugiu da pergunta sobre tentativa de golpe. E claramente fugiu do embate direto com Lula. A desinformação que ele e padre Kelmon promoveram e que não pode ser contradita no debate pesa, porque é um ataque à democracia. Nem todos os eleitores conseguem distinguir o que é verdade e o que é mentira. De modo geral, houve pouca discussão programática.

WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.33.59O professor Pedro Lima, da Ciência Política, monitora com rigor as pesquisas eleitorais e avalia que as perspectivas de vitória de Lula no primeiro turno são grandes. “Mas não posso ser um torcedor. O cenário ainda não está definido. Falta pouco, mas não está definido”, resume. “Temos que ficar atentos com o que vai acontecer com duas faixas de renda: a dos muito pobres com até dois salários mínimos, e os que ganham entre dois e cinco. Esse setor, de dois a cinco, é um perigo. Bolsonaro cresceu alguns pontos aí nos últimos dias”, alerta.

Jornal da AdUFRJ - Qual a novidade dessa semana nas pesquisas?
Pedro Lima –
Acho que a novidade é a estabilidade do cenário. Lula cresceu essa semana e voltou ao patamar de um mês atrás. Tinha 47%, caiu para 44%, depois subiu para 45% e agora voltou aos mesmos 47%. Mesma coisa em sentido inverso ocorreu com Bolsonaro. É um cenário estável, em que as oscilações ocorrem dentro da margem de erro.

O Datafolha aponta um aumento de 2 pontos de Lula. De onde vieram esses pontos?
São poucos pontos, e por isso não há como precisar o movimento de migração de votos. É provável que tenha vindo de várias fontes, uma parte do Ciro, outra dos indecisos e até de Bolsonaro e dos candidatos nanicos. Os nanicos aparecem nas pesquisas como sem pontuação, mas eles têm eleitores.

Nessa reta final, qual deve ser a estratégia de vira voto?
Primeiro temos que entender que o voto vira para os dois lados nesse momento. É natural que os eleitores migrem para os melhores colocados nesse momento. Isso vale, portanto, para Bolsonaro e Lula. Outro ponto que devemos tratar com muito cuidado é a performance dos candidatos em cada faixa. Isso é decisivo nessa reta final. As pessoas falam muito dos resultados gerais e esquecem os segmentados. A estratégia tem que focar nos segmentos de renda.

O que está ocorrendo de relevante nos votos por segmentos de renda?
Ocorreu algo muito importante e que a campanha de Lula deve tomar cuidado. É o crescimento de alguns pontos de Bolsonaro entre os eleitores da faixa de 2 a 5 salários mínimos. E prestar atenção à faixa entre os muito pobres, com até dois salários mínimos. Se somarmos esses dois grupos temos a grande maioria do eleitorado. Por outro lado, no setor de mais de dez salários, o movimento de vira voto já está acontecendo e é meio natural que seja assim. Não é necessário se preocupar muito.

Bolsonaro passou a semana dizendo que vai ganhar no primeiro turno. É cena ou é sinal de trama?
Acho que são as duas coisas. E as duas coisas preocupam e se alimentam. Ele faz essa cena mentirosa para alimentar sua base. Só que ele é bizarro e a base dele também é bizarra. Não vejo uma grande disposição institucional das Forças Armadas de entrar numa aventura golpista, mas a base eu não sei.

A campanha de Lula parece pouco presente nas ruas aqui do Rio. Quase não vemos carros com adesivos e bandeiras nas janelas. Por quê?
As pessoas estão com medo de ataques. Os bolsonaristas são violentos, atuam com ódio e não suportam a divergência.

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.22.53Alexandre Medeiros e Ana Beatriz Magno

‘Não há força maior no mundo do que a esperança de um povo que sabe que vai voltar a ser feliz”. Foi com essa frase que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana final de campanha, em seu discurso na live “Brasil da Esperança! Lula Presidente 13!”, na segunda-feira (26). No patamar dos 50% dos votos válidos nas duas principais pesquisas divulgadas esta semana — a do Ipec e a do Datafolha —, Lula lembrou que “falta só um tiquinho” para que vença no primeiro turno: “O tempo do ódio, o tempo da guerra, o tempo da desunião e da discórdia está chegando ao fim. Eu nunca tive tanta fé e tanta esperança como tenho hoje”.
É isso. Chegou a hora. A esperança de que a eleição presidencial seja decidida já no domingo foi alimentada pelas pesquisas do Ipec e do Datafolha. Na segunda-feira (26), o Ipec mostrou que Lula tem 52% dos votos válidos e Bolsonaro, 34% — os mesmos percentuais da rodada anterior. Ao analisar a pesquisa do Ipec, o sociólogo e cientista político Paulo Baía, professor do IFCS/UFRJ, enxerga duas ondas em formação nos últimos dias de campanha. “São ondas diferentes, mas são sinérgicas a favor de Lula. Há uma onda de contágio pró-Lula. E existe uma onda anti-Bolsonaro que impede o candidato do PL de crescer. Ele está rigorosamente estabilizado há mais de 20 dias”, avalia o professor.
Paulo Baía acha real a possibilidade de Lula vencer em primeiro turno, sobretudo se crescer a adesão ao voto útil ou necessário. “O levantamento do Ipec mostra uma indefinição em relação a Ciro Gomes (PDT), que teve uma pequena queda, e há uma tendência de desidratação de sua campanha. Pode ser que Ciro mantenha seu percentual de votos entre 6% e 8%, mas podemos ter uma surpresa, com ele despencando para o quarto lugar, com menos de 4%. Simone Tebet (MDB) se mostra mais estável e conquista entre 3% e 5% dos votos. Ambos estão sendo pressionados pelo voto necessário ou pelo voto útil dentro de seus próprios partidos”, diz Baía.WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.47.23
A onda antiBolsonaro identificada pelo professor Paulo Baía teve algumas adesões expressivas durante a semana. Na terça-feira (27), o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa — que foi relator no tribunal do processo do mensalão, no qual votou pela condenação de dirigentes do PT — divulgou um vídeo com duras críticas ao candidato do PL. “Bolsonaro não é um homem sério. Não serve para governar um país como o nosso. Não está a altura. Não tem dignidade para ocupar um cargo dessa relevância. Nas grandes democracias, Bolsonaro é visto como um ser humano abjeto, desprezível”, diz Barbosa. O ex-ministro encerra assim o vídeo: “É preciso votar já em Lula no primeiro turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”.
A onda anti-Bolsonaro também atingiu outro ex-presidente da Corte, o ex-decano Celso de Mello, que divulgou carta em que qualifica o presidente como “um político menor, sem estatura presidencial, de elevado coeficiente de mediocridade”. “Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: não votarei em Jair Bolsonaro! É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno”, diz a carta. Tucanos históricos, como o economista André Lara Resende, também declararam voto em Lula esta semana.
Divulgada na quinta-feira (29), pouco antes do debate entre os presidenciáveis na TV Globo (veja matéria sobre o debate na página 5), a pesquisa do Datafolha mostra Lula com 50% dos votos válidos e Bolsonaro, com 36%. A pesquisa revela uma leve queda de Ciro Gomes, de 7% para 6%, também detectada pelo Ipec. Para o professor Paulo Baía, a vitória de Lula em primeiro turno pode ser decidida em detalhes. “Vamos ver o comportamento dos eleitores de Ciro e Simone. Se houver uma movimentação do chamado voto necessário, ou útil, essa movimentação pode favorecer tanto Lula quanto Bolsonaro. Os dois estão trabalhando a tese do voto útil”.
A estabilidade nas intenções de votos de Lula e Bolsonaro nas pesquisas pode ser mais um fator a favor do candidato do PT nas suas pretensões de liquidar a fatura no próximo domingo. Em debate no programa Prós e Contras, da Jovem Pan News, de quinta-feira (29), a cientista política Mayra Goulart, vice-presidente da AdUFRJ, observou que essa estabilidade vem se mantendo. “Pesquisa é uma fotografia do momento, e as preferências estão estáveis ao longo do tempo, com poucas oscilações”, atesta Mayra, para quem a vitória de Lula em primeiro turno é uma possibilidade real.
Possibilidade feita de esperança. A poucas horas do voto na urna, vale lembrar outra frase de Lula na live do início da semana: “Nós vamos juntos reescrever a história”.

Cientista político diz que é impossÍvel cravar resultado

WhatsApp Image 2022 09 30 at 20.39.20PEDRO
LIMA
Professor de Ciência Política da UFRJ

“Fazer política é disputar hegemonia. Me parece que hoje a esquerda tem a hegemonia na chapa Lula e Alckmin. Alckmin saiu do PSDB, foi para o PSB, colocou boné do MST, cantou a Internacional, se aliou a Lula. Claro, que pode ser farsa e teatro, e que só saberemos se essa aliança empurrará o PT para a direita no decorrer do governo, mas até agora, me parece que a esquerda hegemoniza. Isso é muito importante num cenário eleitoral disputado como esse. É mais um indicador da importância de liquidar a eleição no primeiro turno porque fortalece a esquerda e reduz a margem de negociação.
Isso não significa que ter um segundo turno seja uma derrota. Claro que não é. Pode até ter um gostinho de derrota, mas não é uma derrota de jeito nenhum. Temos que colocar as coisas em perspectiva. Estamos lidando com um presidente fascista, bandido, criminoso. Lula foi preso, viu um golpe se realizar para evitar sua eleição. Neste contexto, somar 48%, 49% ou 51% dos votos não faz diferença. É uma supervitória.
A última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira, não permite que a gente crave o resultado. Lula está em algum lugar entre 48 e 52%. O viés de alta da semana anterior parece, segundo a pesquisa, ter se estabilizado. É um cenário delicado porque Lula está muito perto de vencer no primeiro turno e qualquer mudança de voto é significativa. De quinta a domingo, a decisão girará em torno do que irá acontecer com os 2% de indecisos e com os votos de Ciro. Se parte de votos de Ciro e dos indecisos migrar para Simone Tebet, fortalece ainda mais a senadora na política nacional, e não favorece Lula. Já se parte desses votos forem para Lula, liquidaremos a fatura no primeiro turno, o que seria fantástico, porque derrotaríamos com força uma aberração política e fortaleceríamos a democracia”.

WhatsApp Image 2022 09 26 at 14.35.25Os professores e técnicos-administrativos da UFRJ acabam de ganhar mais opções de planos de saúde, com valores em geral mais baixos que os praticados no mercado, além de outras vantagens. A universidade anunciou esta semana a adesão a um contrato celebrado entre o MEC e a administradora de benefícios Qualicorp. A negociação contou com decisiva participação da diretoria da AdUFRJ que, desde dezembro de 2021, insiste com a reitoria sobre a importância da oferta de um plano de saúde para professores, dentro de condições financeiras favoráveis e de qualidade de serviço.
“A AdUFRJ foi absolutamente fundamental. Quando herdamos essa discussão da gestão anterior do sindicato, nós tínhamos a informação que a reitoria não tinha se interessado por este projeto”, explica o presidente, professor João Torres. “Somos ardentes defensores do SUS, mas sem hipocrisia. É uma das questões mais prementes do conjunto dos professores. Muita gente se preocupa não só com o preço do plano de saúde na ativa, mas também na aposentadoria”.
Em março de 2021, por ofício, a então pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo, respondeu à Qualicorp que a UFRJ não tinha interesse em aderir ao acordo de parceria. Depois da negativa, a empresa entrou em contato com o setor de convênios da AdUFRJ e as conversas foram retomadas.
A Qualicorp procurou a AdUFRJ no final de agosto, ainda na gestão anterior. O setor jurídico fez uma avaliação preliminar da proposta em setembro. A diretoria atual tomou posse em outubro e, dois meses depois, iniciou as tratativas com a administração superior da universidade.
O sindicato oferece alguns convênios, mas a diretoria já queria apresentar opções mais baratas aos professores: “Sempre buscamos oferecer um plano mais vantajoso, com um desconto maior. O que a gente não vinha conseguindo. E pesquisamos bastante. As corretoras praticam valores muito próximos. Até que ficamos sabendo desse acordo feito através do MEC”, diz a professora Karine Verdoorn, 2ª secretária da AdUFRJ. “Mas somente as universidades podem fazer. Tivemos que buscar a reitoria para fazer a negociação e mostrar esta possibilidade. Não havia nenhum impedimento e convencemos a reitoria a dar andamento neste processo. O benefício é oferecido a todos os servidores, não só aos associados. O que achamos bom”, completa.

PREÇOS COMPETITIVOS
O contrato da Qualicorp oferece planos de saúde das operadoras Assim, SulAmérica, Amil e Bradesco, além de planos odontológicos SulAmérica e Dentaluni. Funcionária do setor de convênios da AdUFRJ, Meriane Paula comparou as principais tabelas da parceria do MEC com outras praticadas no mercado.
Na SulAmérica, no plano Especial 100 R1 (apartamento), que possui atendimento nas melhores redes de hospitais, há economia de mais de R$ 200 em relação aos atuais, para pessoas com mais de 49 anos. Os descontos ficam maiores para pessoas que já possuem um plano de saúde e estão sofrendo com novos reajustes. No Amil S450, com apartamento, o desconto é de quase mil reais para pessoas com mais de 59 anos e de R$ 500 para pessoas na faixa de 49 anos até 59 anos. Já os planos do Bradesco estão com valores bem elevados, superiores a algumas tabelas existentes. A AdUFRJ não trabalha com Assim, então não há um comparativo.
Em apresentação virtual realizada no dia 22, a consultora de relacionamento da Qualicorp com a Administração Pública, Rosana Ferreira, explicou que os valores mais competitivos têm relação com o alto número de segurados já sob abrangência do contrato com o MEC. “Só no Rio de Janeiro, são 3.817 vidas. Isso sem ter trazido a UFRJ”. Dentro do ministério, em todo o país, são aproximadamente 44 mil vidas. “Por ter uma carteira robusta, a gente tem um poder de negociação maior com as operadoras”, disse. “Cada uma das operadoras tem um mês de reajuste diferente. As tabelas da SulAmérica e da Assim acabaram de ter reajuste. Terão reajuste só daqui a um ano”, completou. À reportagem, Rosana não soube explicar a diferença encontrada no caso do Bradesco.
Universidades federais do Ceará, de Pernambuco, de São Paulo e de Santa Catarina, entre outras, já fazem parte do contrato celebrado via MEC. No Rio de Janeiro, instituições como UFF, UniRio, IFRJ, Instituto Federal Fluminense e Cefet também celebraram o acordo.
“As grandes vantagens oferecidas são: inclusão dos dependentes, pensionistas (os que já eram dependentes, antes do falecimento) e ausência da taxa de inclusão”, diz Meriane. A inclusão de dependentes é comum nos planos, mas estaria bastante ampliada neste contrato.
A representante da Qualicorp respondeu à reportagem da AdUFRJ que não haverá limite de idade para adesão aos planos. “Há muitos professores que pagam R$ 5 mil de plano, mas não conseguem migrar por causa da idade”, informa Meriane. “Para o professor que já possui plano e teve um alto reajuste, também é uma boa opção migrar para as novas tabelas, que possuem um valor mais baixo e ausência de carência, se for solicitada a portabilidade”.

SERVIÇO
Canais de atendimento
da Qualicorp

• Telefone: 0800 254 26 22
• WhatsApp: (11) 96058-0665
• Simulador:
www.aliancaadm.com.br

Taxas
Não há necessidade de pagamento de taxas, apenas da mensalidade do plano contratado

Quem pode aderir
Servidores ativos e inativos, de cargos de natureza especial ou de cargos comissionados e os pensionistas. No caso dos pensionistas, somente será assegurado o direito à inclusão no plano o beneficiário que já configure como dependente do servidor antes da data do falecimento.

Auxílio-saúde
Assim que fizer o plano, o professor precisa fazer o cadastro no Sigepe (Sistema de Gestão de Pessoas do governo federal) para garantir o recebimento do auxílio-saúde.

Pagamento
O desconto pode ser feito no contracheque, por débito em conta ou no boleto bancário

Tabelas, dependentes e carência:
Confira, AQUI, a apresentação da Qualicorp realizada no dia 22, com as tabelas e os detalhes sobre adesão de dependentes e carência

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