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Homenagem ao livreiro Sebastião Mendes de Carvalho, que por décadas ajudou a formação de professores e estudantes com seus livros e histórias. Ele morreu no dia 27 de julho

todo sebo é o pretérito imperfeito
dos livros como um rio cujo leito
fosse feito de acúmulo e mistura
do que livra de si cada leitura

é todo livro um seixo que polido
devolve-se ao comércio a ser relido
e devolvido o livro não obstante
espreita outro leitor de sua estante

um rio o corredor com seu livreiro
que faz de todo livro um verdadeiro
motivo desta gente que dispersa
para para comprar ou por conversa

sempre doce o sorriso em seu trabalho
imprime na lembrança seu Carvalho

Marcelo Diniz,
Professor da Faculdade de Letras

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O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio) divulgou, no dia 26, um vídeo em defesa da volta às aulas presenciais. Com argumentos contrários às orientações mais elementares das autoridades sanitárias, a propaganda causou indignação nas redes sociais e entre educadores.
No vídeo, uma narradora dispara frases como “Aprendemos a conviver com o vírus”, “O Covid nunca irá de todo, o que acaba é o medo” e “Estudos só confundiram. Trancar todos em casa não é a ciência”.
“É um absurdo. O vídeo chega a ser criminoso”, disse Oswaldo Teles, presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio). “Nega a ciência e, de uma certa maneira, desrespeita os mais de 90 mil mortos pela doença no Brasil”.
O Sinpro-Rio já se manifestou contra a volta das aulas presenciais. “Abrir as escolas agora é colocar em risco a comunidade escolar”, disse Oswaldo. “As escolas devem ficar fechadas até que instituições de pesquisa sérias digam que pode haver um retorno com segurança”.
Enquanto isso, o sindicato apoia o ensino remoto como medida emergencial. “Somos contrários a qualquer tipo de educação a distância para o ensino básico, mas estamos a favor das aulas remotas no contexto da pandemia”, contou o professor, que reconheceu as muitas dificuldades na adaptação ao meio virtual.
Segundo Oswaldo, escolas particulares, algumas delas associadas ao Sinepe-Rio, criticaram o vídeo. “Conversamos com donos e diretores de escolas. Eles precisam voltar por uma necessidade econômica, mas acham que a decisão da volta precisa ter base científica”, afirmou. Segundo ele, entre as escolas estão instituições religiosas de ensino, o Grupo QI, o Colégio São Vicente de Paulo, o Centro Educacional Anísio Teixeira (CEAT) e a Escola Parque.
As duas últimas se manifestaram publicamente sobre o tema.
“Queremos expor nossa perplexidade e nosso veemente repúdio ao vídeo sobre o retorno às atividades presenciais divulgado pelo Sinepe”, diz a nota do CEAT.
O texto também afirma que o colégio “sempre esteve e sempre estará conectado à ciência”. Já a Escola Parque enviou para os pais e alunos um comunicado em que diz: “Embora filiada ao Sinepe-RJ, não concorda com o conteúdo do vídeo quanto às razões para retorno às aulas presenciais”.
“Nós ficamos indignados com o vídeo. Ele não condiz com o que se espera de um sindicato que representa a escola, que representa a educação”, explicou a diretora pedagógica da educação infantil da Escola Parque, Viviane Monteiro. A Parque começou a oferecer atividades remotas para os alunos desde a primeira semana de isolamento social, em março, e não tem previsão para as aulas presenciais. “Nós não tínhamos outra opção. Era o que estava sendo colocado no momento. Não existe a opção de não ter escola. A Parque não se propõe a ser uma escola online. Ela é uma escola presencial que está oferecendo um trabalho online para este momento”, disse.
Um grupo de pais e mães de alunos se organizou para pressionar as escolas particulares contra a volta das atividades presenciais.
Há uma petição pública online com críticas contundentes ao Sinepe-Rio, chamando o vídeo de obscurantista e tratando a posição do sindicato patronal como negacionista da pandemia. “Além do desrespeito à vida e à inteligência das famílias que possuem vínculo com as escolas, desperta horror o descompromisso com suas e seus trabalhadoras/es”, diz um dos trechos do abaixo-assinado, que também exalta a ciência e seu alerta sobre a importância do isolamento social para o controle da pandemia. A petição já conta com a assinatura de mais de 2,8 mil pessoas.

Voz potente sobre o tema da diversidade, a professora da Escola de Comunicação e primeira trans a completar o doutorado pela UFRJ, Dani Balbi participou do Festival  do Conhecimento e mostrou que a diversidade ainda está muito distante. “O projeto de exclusão sistemática das demandas reais de conjuntos e segmentos diversos da população vai ao encontro do projeto politico e ideológico vigente”, analisou a docente que, no dia 17, participou da mesa  “Pandemídia: Comunicar a diversidade”.
A docente acredita que existe uma narrativa midiática mentirosa sobre um Brasil homogêneo, onde a diversidade é celebrada. “Esse Brasil não existe”, criticou.
O Festival tratou o tema da diversidade e do preconceito  em várias mesas, como a do dia 21, “Conhecimentos, ativismos e subversão do normativo”, com  Mônica Benício, militante de Direitos Humanos e ativista LGBTI+.  “A gente está falando do país que mais mata pessoas trans no mundo. É isso que a gente chama de normal?”.
Para Mônica, a subversão à normalidade é uma afronta ao sistema. “Nós, LGBTS, somos lidos pela sociedade como os corpos que são os anormais, fora da norma”, contou. “Por si só, a nossa existência é uma afronta às normas da sociedade postas hoje”, afirmou.
A ativista é viúva de Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018. “Entender o que está por trás do assassinato da Marielle é algo que dialoga muito com o sistema opressor e estrutural/estruturante da nossa sociedade”, explicou Mônica. Ela elogiou o Festival pela promoção do debate. “Para que a gente possa compreender que existe um sistema que está colocado em ordem, mas também existe um outro que está querendo fazer uma subversão dessa dita lógica normal”.
Drag queen e pessoa com deficiência, a produtora cultural Severa Paraguaçu representou o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ no debate. Ela abordou, em uma perspectiva histórica, as raízes do normativo na sociedade. “A República e a democracia são processos”, disse.”A República tem uma estrutura que vem do século 18,construída pelas revoluções liberais”, explicou.   
Severa observou que o país apresenta vários problemas de politização.“É um terreno estéril, advindo de uma politica eleitoreira baseada em uma dinâmica de privilégios e carências”, afirmou. “Nosso trabalho é transformar esse terreno estéril em terreno fértil”, concluiu.

As entidades representativas de professores, técnicos-adminstrativos, estudantes e terceirizados — que se organizaram no Fórum de Mobilização e Ação Solidária, durante a pandemia — lançam um novo boletim unificado. Desta vez, o tema principal da edição é o "Retorno Virtual". Confira AQUI.

Ensino remoto para que e para quem? A pergunta norteou uma das lives do Festival do Conhecimento da UFRJ, no dia 21. Houve críticas à decisão do Conselho Universitário de iniciar o ensino remoto para a graduação e pós-graduação. “Todo mundo sabe quem é mais afetado pela pandemia, mas parece que a UFRJ não presta atenção nisso. Eu moro numa favela e a casa tem infiltração, tem internet instável, quando tem internet. Todas essas situações precisam ser levadas em conta. Não é só uma questão de modem, chip ou dinheiro para equipamento”, defendeu a estudante Thuane Nascimento. “Essa pandemia nos mostra quem vai ser excluído do ensino universitário”.
“Justamente por ser emergencial, (o ensino remoto) não é pensado, não tem uma metodologia bem construída, com professores e estudantes numa relação dialógica”, pontuou a professora Luciana Boiteux, da FND. Para a docente, o ensino superior brasileiro não pode voltar a ser um privilégio. “O que está colocado são falsas possibilidades de escolha que vão aprofundar desigualdades e impactar o futuro da universidade pública”.
Para a técnica e doutoranda da Faculdade de Educação, Daniele Grazinoli, o sistema educacional está abrindo espaço para a lógica privada. “Fomos deixando as lógicas do capital dominarem esta discussão”, disse, em referência ao produtivismo exigido de professores e estudantes na quarentena. “Deveríamos usar este tempo para pensar os processos de educação, não só os processos de ensino”.
A professora Fernanda Vieira (NEPP-DH) definiu o debate sobre aulas remotas como “acelerado e rebaixado”.  A docente criticou o parecer da Procuradoria da UFRJ sobre direito autoral e afirmou que entende a demanda estudantil sobre aulas gravadas, mas que não quer ser “a trabalhadora que está adensando a precarização do ensino”. A íntegra do debate está disponível em: https://youtu.be/KCBY5fLurpk.

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