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O Conselho Universitário do dia 27 aprovou, por unanimidade, uma carta para celebrar os 100 anos da instituição, fundada em 7 de setembro de 1920. O documento reafirma os compromissos da UFRJ com a defesa do conhecimento, da vida e com os princípios republicanos e democráticos. Mas também cobra investimento e valorização dos governos para a universidade desempenhar seu papel social.

O colegiado também concedeu o título de Professora Honoris Causa a Nísia Trindade, presidente da Fiocruz, primeira mulher a presidir a instituição fundada há 120 anos. O colegiado também concedeu o título de Doutor Honoris Causa a Noca da Portela, baluarte do samba e compositor de mais de 400 músicas. As homenagens foram aprovadas por unanimidade e aclamação.

O Formas-UFRJ, fórum que congrega as entidades sindicais e estudantis da UFRJ, reuniu-se com a reitoria no dia 27. As implicações da Instrução Normativa nº 65 (que regulamenta o teletrabalho) do Ministério da Economia, os cortes orçamentários anunciados para 2021 e os problemas do PLE foram alguns dos temas discutidos. Os representantes dos diferentes segmentos e da administração central começaram a esboçar uma campanha conjunta em defesa da universidade diante dos ataques do governo.

07aWEB menor1143Quando escolhi estudar na UFRJ, tive que me despedir da minha família e do que conhecia como casa para abraçar esse sonho. Desde então, vivo o constante ir e vir entre Rio de Janeiro, uma cidade onde estudo, e Salvador, onde passo as férias. Em 13 de março, dia em que retornaria para o Rio em função do início de 2020.1, fui informada de que as aulas seriam adiadas por 14 dias, devido ao ainda novo coronavírus. Continuei em minha casa, mas dessa vez sabia que não seriam férias.
Seis meses se passaram do dia em que não voei, quando a pandemia cruzou a minha vida. Apesar de aqui em casa aparentemente nada ter mudado, já posso perceber o “novo normal”. Na primeira semana de período remoto, as novidades não estiveram, para mim, apenas no campo das aulas.
Enquanto assisto às aulas ao vivo, o ambiente familiar conforta o meu aprendizado. Entre as cinco disciplinas que estou cursando, sempre há um tempo para uma conversa ou um cafuné. Estar perto de quem se ama facilita qualquer processo.
Para mim, o PLE é um desafio não só pela novidade que representa, mas pela complexidade em se estabelecer uma conexão real entre as telas. Professores e alunos, juntos, enfrentam os percalços do Siga e do ClassRoom, mas ainda é difícil para a maioria de nós aparecer na telinha. Uma vergonha que, espero eu, passe com o tempo.
Pelo mural do ClassRoom, posso acessar os trabalhos e textos necessários para seguir adiante. Tudo online, nada de papel. É quando lembro de Itamar, o famoso Ita da Xerox, quem costumava ser o guardião de todos os arquivos do semestre, catalogados por pastas na sua pequena sala na Escola de Comunicação.
Em casa, tenho que dividir melhor meu tempo, para que os afazeres domésticos, estudos e estágio entrem em sintonia. O começo foi cansativo.
Agora tenho 18 horas por semana ocupadas em lives. Mas assistir aos rostos conhecidos melhoram o dia. Sentir o vibrar dos professores, ainda acostumando-se, como nós, à novidade. Agora, somos todos calouros do ensino à distância.
É  a primeira vez, em 21 anos, que tenho que conciliar estudos e trabalho. O estágio na AdUFRJ apareceu na minha vida em abril, em plena pandemia, já em home office. É meu primeiro trabalho e nunca poderia imaginar que seria dessa maneira, mas que bom que é. Espero me sentir próxima aos meus colegas quase jornalistas, assim como me sinto com a equipe incrível de jornalistas que pude conhecer nas incontáveis reuniões de pauta nesses quatro meses.
Como se diz aqui na Bahia, “só vence quem luta”. Começo o PLE empolgada e ávida pelo conhecimento, relembrando à minha mente o prazer que sinto em ser estudante.

Liz Mota Almeida
Estudante da ECO e estagiária da AdUFRJ

A AdUFRJ preparou dois documentos para fortalecer a segurança das aulas gravadas, diante do ineditismo do ensino remoto para a maioria dos professores.
Um deles é um termo de confidencialidade: os professores poderão pedir que seus alunos assinem. “É um acordo entre cada professor e aluno, onde o professor se compromete a produzir esses vídeos, e o aluno se compromete a não divulgar o material recebido”, disse o professor Josué Medeiros, diretor da AdUFRJ.
O outro é um tutorial sobre como preparar os vídeos no Youtube de modo privado, permitindo acesso apenas a quem receber o link. “Como o Youtube é uma plataforma massificada, sobretudo entre os estudantes, é o melhor espaço para atendermos a essa demanda”, acrescentou Josué. “Se algum desses vídeos vazar e acabar sendo usado contra o professor, esses mecanismos vão poder defendê-lo tanto nas instâncias universitárias quanto fora delas”.
O Diretório Central dos Estudantes tem solicitado aos docentes que todo o conteúdo do Período Letivo Excepcional seja assíncrono, ou seja, disponibilizado para acesso a qualquer momento, mas muitos professores manifestaram receio quanto ao uso desse material gravado fora do contexto das aulas.
“Acabamos de ver o governo Bolsonaro sofrendo uma derrota no STF por conta de um dossiê feito ilegalmente contra professores antifascistas, fora o movimento do Escola sem Partido”, lembrou Josué. “Nessa situação nova e inédita, esse receio dos professores é tão legítimo quanto a demanda dos estudantes”, completou.
O termo de confidencialidade e o tutorial foram divulgados no site e nas redes sociais da AdUFRJ. Também foram distribuídos por e-mail para os sindicalizados que possuem cadastro atualizado junto à secretaria do sindicato.

WhatsApp Image 2020 08 26 at 18.10.46A tecnologia apresenta novos desafios e novas possibilidades, mas a necessidade de defender a Educação e a Cultura permanece igual. Esse foi o tom do último Parangolé da Cultura na Universidade, evento organizado pelo Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, no dia 25.
“A nossa luta vai ter que continuar, porque ela não começou na pandemia”, disse Miriam Struchiner, do Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC/NUTES) da UFRJ. A docente apontou que as principais dificuldades da Educação não se resumem ao ensino remoto. “A gente está vivendo muitos retrocessos.    
A nossa luta não está na tecnologia, está além dela. O que nós não podemos nesse momento é esmorecer”, completou.
A utilização dos meios digitais, ainda inédita para a maioria dos docentes, deve ser pensada como um aspecto a mais na produção de conhecimento. “Quando incorporamos as tecnologias ao processo educacional, precisamos entender que não se trata de transpor o presencial para o remoto, mas sim de uma linguagem nova”, frisou Miriam.
A professora entende que alguns colegas julguem a experiência do ensino remoto como uma ameaça ao modelo presencial, mas salientou que a Universidade não pode ficar para trás. “A cultura digital já está inserida no processo educativo, queiramos ou não, pois ela está na sociedade. Mas o processo educativo também precisa contribuir com a cultura digital, e estar inserido nela”, concluiu
Alexandre Pilati, do Instituto de Letras da UnB, também entende que as novas tecnologias devem ser aproveitadas para a produção de alternativas. “A tecnologia possibilita algumas coisas que podemos explorar para ter um alcance maior da Universidade”, disse. “O principal desafio é que a tecnologia ainda guarda uma tendência à unilateralização do processo de transmissão do conhecimento”, lembrou. Segundo ele, é preciso desenvolver mecanismos para vencer essa limitação e democratizar o espaço de ensino.
“A tecnologia em si não vai salvar nem condenar ninguém. Mas a maneira como ela se relaciona com a infraestrutura desse mundo em que a gente vive é o que vai fazer toda diferença”, afirmou Pilati.
A rica elaboração de alguns conteúdos já disponíveis na internet contribuiu para a preparação de aulas remotas de Felipe Rosa, vice-presidente da AdUFRJ e professor do Instituto de Física. O docente também é um entusiasta do aperfeiçoamento do ensino tradicional com a ajuda das inovações tecnológicas. “É incrível como as equações e os conceitos podem ganhar vida com ajuda de animações, trechos de filmes e outros recursos virtuais”.
Maria Cecília Chaves, professora da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, reforçou o argumento. A docente lamentou o ano letivo “quase inteiramente perdido”, mas vê potencial para crescimento. “O importante é que a gente aprenda tudo aquilo de positivo para agregar novas possibilidades no futuro”.

ARTE É REFLEXÃO
A professora Martha Werneck, da Escola de Belas Artes da UFRJ, pontuou a relevância da cultura durante a pandemia. “Quando trabalhamos com novas tecnologias e percebemos a imagem como conhecimento, começamos a sacar como podemos usar isso melhor”, disse a docente. Martha defende a arte como um ambiente educativo essencial. “As pessoas precisam de mais arte nesse momento, porque a arte é um escape. Mas não um escape do mundo, ela é uma reflexão de como o mundo está”.
De fora da UFRJ, veio uma solicitação para a universidade dialogar com todas as camadas populares, a exemplo da Cultura. “A principal discussão social que nós precisamos fazer é: de que maneira a gente consegue pluralizar o nosso conhecimento para abrir mais mentes?”, indagou Deivid Domênico, compositor e cantor de samba do Rio de Janeiro. “Ou a gente começa a discutir a democracia por baixo, e começa a ouvir quem mais precisa, ou a coisa vai ficar complicada”, afirmou.

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