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WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.57Andrea Da Poian
Instituto de Bioquímica Médica (IBqM)

 

Vou optar por abordar duas experiências positivas durante esse ano de pandemia: minhas atuações na pesquisa e no Prof Bio, um mestrado profissional. Vou começar pela pesquisa porque tem a ver com a covid-19. Fui chamada, no início da pandemia, para participar de um estudo internacional sobre a estrutura das proteínas do Sars-CoV-2. E foi um desafio voltar ao laboratório em segurança para fazer parte desse consórcio internacional, estudando uma das proteínas que participa do processo de replicação do coronavírus. Convidei duas alunas minhas de doutorado para participar do projeto. Nesse mesmo momento, o IBqM criou um grupo de trabalho para discutir nossas ações em várias frentes e uma delas foi estabelecer protocolos de segurança para o trabalho nos laboratórios. No início era um grupo pequeno. Mas, gradualmente, outros alunos foram voltando também. Temos uma escala que permite no máximo oito pessoas por dia, e ainda assim em horários alternados. Nosso trabalho é muito experimental, tem que ser feito no laboratório.

Não ficamos imobilizados na pandemia, as pesquisas não pararam. Como reflexo daquele consórcio internacional, desenvolvemos um ensaio próprio, aprovado em setembro no Comitê de Ética, usando a proteína que estávamos estudando para fazer a testagem de todo o IBqM. Fizemos uma primeira coleta de todo mundo, levantando um panorama de quem teve ou não contato com o vírus. E estamos na segunda fase, testando todos de novo para ver se alguém teve contato com o vírus nesse meio-tempo. Com isso a gente mede quantos assintomáticos existem, quantos tiveram sintomas, vai atrás dos contactantes de quem testou positivo para ver a cadeia de transmissão. E, no caso dos positivos, estamos observando a duração das respostas do organismo ao longo do tempo, se os anticorpos diminuem ou se mantêm, se outros tipos de anticorpos surgem. São 250 pessoas envolvidas nesse ensaio. Agora, com os primeiros vacinados, estamos vendo também a resposta à vacina. Os dados do ensaio podem gerar em breve um artigo científico. Isso é animador.

Outra experiência positiva foi o mestrado profissional em ensino de Biologia. Ele é feito em rede nacional, englobando 20 instituições, e é destinado a professores de Biologia do Ensino Médio da rede pública. E eu tive de adaptar uma das disciplinas, que eu coordeno, que engloba a parte molecular. A ideia é mostrar aos professores das escolas como foram construídos os conceitos básicos da Biologia, para que eles dominem esses conceitos e possam aprimorar a forma como são dadas as aulas em suas turmas. Nós conseguimos transformar o roteiro original do mestrado, onde há muitas atividades em laboratório, para um modelo que pudesse ser eficiente remotamente. E, incrivelmente, deu muito certo, com participação maciça e aulas muito legais. Foi uma experiência altamente produtiva.

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.562Alberto Pucheu
Faculdade de Letras

 

Março de 2020 inauguraria bons acontecimentos. Começaria um pós-doutorado para concluir o livro de minha pesquisa. Eu também comprara passagens para participar do lançamento do livro de Carlos de Assumpção, por mim organizado, e assistir à estreia da peça Na Boca do Vulcão, da Companhia Polifônica, que encenaria meu poema “Para que poetas em tempos de terrorismos?”. Havia, ainda, sido convidado para a Feira Panamazônica de Literatura, que homenagearia Vicente Cecim, sobre quem eu fizera um filme. Estenderia a viagem para filmar Márcia Kambeba, Elizeu Braga e outros poetas amazônicos.

Subitamente, tomamos consciência da devastação da pandemia estimulada pelo governo que nos assola. Tudo foi cancelado, menos o pós-doutorado. Dediquei-me a concluir o livro Espantografias: entre poesia, filosofia e política e a resgatar um poema escrito na semana anterior ao segundo turno de 2018, para estendê-lo, acompanhando o que acontecia. Publicado em 2020 no livro vidas rasteiras (Ed. Cult), “Poema para a catástrofe do nosso tempo”, terminado em 11 de maio de 2020, abre com os versos de 2018, que prenunciava o que viria:


Amanhã não será um dia melhor
do que hoje, que não é um dia
melhor do que ontem. Há um
sentimento fúnebre no ar,
de quem tem vivenciado
uma morte após a outra,
de quem tem vivenciado,
antecipadamente, mais uma
morte, a última delas, a morte
após a própria morte, a morte
da qual não se tem retorno,
a morte da qual os mortos
não voltam dela para a vida,
a morte a que apenas os vivos
se encaminham para ela
sem jamais poder voltar,
a morte da qual não se tem
poemas para se fazer,
não a morte simbólica,
mas a outra, a real,
a experiência final da morte
em vida, da qual sobrevivemos,
se tanto, ainda que neste mundo,
enquanto fantasmas desossados,
descarnados, desfigurados,
que berram na tentativa de evitar
a morte e de evitar, a todo custo,
a morte em vida. Berramos em vão.
Não assustamos mais ninguém
com nossos berros. São eles, antes,
os inassustáveis, que no
s assustam.
[...]

 

 

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.56Nelson Braga
Titular do Instituto de Física

 

Essa pandemia colocou a gente em um monte de situações diferentes em relação à vida pessoal e profissional, desde como limpar a casa e lavar roupa até preparar uma aula virtual. Lá no início, assim como muita gente, eu também achava que isso demoraria pouco tempo. Mas os dias foram passando e vimos que o ensino remoto seria a nossa realidade possível diante da gravidade da pandemia. Para quem já tinha alguma experiência em ensino a distância ou mais habilidades com o mundo virtual, pode ter sido mais fácil. Mas para mim foi muito dificil. E foi justamente em julho que eu comprei algo que mudou minha vida remota: uma mesa digitalizadora!


Passei boa parte do mês de julho me adaptando a essa nova tecnologia. É até engraçado lembrar hoje desse início da minha evolução no meio digital. Eu comecei pensando em desenhar gráficos e escrever equações num caderno e escanear as páginas para mostrar aos alunos, mas logo vi que aquilo seria um sacrifício para eles e para mim. As imagens ficavam muito ruins para mostrar em uma tela de computador, que dirá de um celular. Então essa mesa digitalizadora foi uma descoberta marcante desse período. Mergulhei em vídeos tutoriais do Youtube para saber como usar melhor os recursos do equipamento. Descobri, por exemplo, um programa que transforma a tela dessa mesa em um quadro verde. Os professores mais tradicionais como eu, sobretudo os físicos, preferem o bom e velho quadro-negro, com giz de boa qualidade. Então, para mim, foi como escrever num quadro-negro com giz de várias cores. Produzi vídeos curtos como se estivesse dando aula ao vivo, usando essa mesa digitalizadora. E meus alunos de bacharelado em Física, na disciplina de Mecânica Quântica 1, tiveram boa receptividade.

Foi um aprendizado fantástico, me senti fazendo uma reciclagem. Também sou coordenador de Pós-Graduação e posso dizer que o acúmulo de tarefas, no modo remoto, é bem cansativo. É muito mais pesado fazer todas as tarefas de trabalho de forma remota. Por outro lado, após uns dois ou três meses de confinamento, tive que me adaptar com relação à rotina de exercícios físicos. Como não saía quase de casa, não conseguia mais fazer nenhum tipo de atividade física. Começou a dar uma preocupação com a saúde. Então passei a correr 40 minutos por dia dentro de casa, dando volta em torno da mesa da sala, indo de um cômodo a outro etc. Incorporei esse hábito que mantenho já há mais de seis meses. A corrida em casa tem vantagens, eu faço sem máscara, no meio do meu dia de trabalho, tomo um banho logo depois. Não daria para fazer isso no Fundão. Hoje, diante do agravamento da pandemia, não tenho mais ideia de quando teremos o retorno do ensino presencial na universidade. Mas tenho a consciência de que estamos fazendo o que é possível. A outra opção seria não fazer nada, interromper aulas e tudo o mais. Mas isso estava fora de questão. E acho que muitos recursos que estamos usando no ensino remoto podem e devem ser aproveitados nas aulas presenciais, quando elas forem possíveis.

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.561JOSÉ ROBERTO LAPA E SILVA
Faculdade de Medicina

 

A pandemia pegou a todos nós de forma radical, nos forçando a adaptações difíceis. Ainda mais para quem, como eu, é da velha guarda. Tenho 45 anos de docência. Em março de 2020, eu completei com minha turma de faculdade 52 anos de entrada na UFRJ. Meu forte hoje é a pós-graduação e a pesquisa. Mas sempre fui ativo, e sou até hoje, na graduação. E é sobre ela que vou falar. Passar do ensino presencial para o remoto foi como trocar o pneu com o carro em movimento. Entrei em isolamento no dia 12 de março, fiquei apenas uma ou duas semanas com minha turma de graduação de forma presencial. Vim com minha esposa para uma casa de praia que temos em Barra de São João (RJ), onde estamos até hoje.

A atividade de graduação no ensino da Medicina é fortemente tutorial. Sou docente de uma disciplina do sexto período, Medicina Interna 2, em que os alunos rodam pela minha especialidade, que é a Pneumologia. Ela tem que ser cara a cara, beira de leito. A parte prática é a mais importante para o treinamento dos alunos. Ela é dada na enfermaria, junto ao paciente e ao staff médico, e minha função é dar o suporte acadêmico aos alunos, ensinando a colher uma história, a fazer um exame físico, discutindo os exames, propondo a conduta para cada caso. Em tempos normais, pelo menos duas vezes por semana eu estou na enfermaria com eles. Sempre fui de sala de aula e beira de leito. Mas, sem esse contato direto, o que fizemos? Criamos um grupo de WhatsApp e passamos a conversar também via Discord, uma plataforma digital que funciona muito bem por celular, por sugestão dos próprios alunos. E uma vez por semana, entre março e junho, fizemos sessões de discussão sobre casos clínicos de várias áreas. Foi uma atividade possível sem contato com o paciente e na qual os alunos puderam aprofundar alguns conteúdos importantes, como a arquitetura das entrevistas e a natureza das doenças. Foi muito produtivo, até do ponto de vista emocional, para que os alunos não ficassem desmotivados.

Já a partir de julho, os alunos de internato, nos dois últimos anos do curso, onde as aulas são basicamente práticas, voltaram a ter atividades presenciais. E eles tinham que estar na linha de frente naquele momento, que era o pior da pandemia até então. É impossível ensinar Medicina só virtualmente. Se eles não estiverem na beira do leito, não vão aprender. Não é uma questão meramente cognitiva ou intelectual. É um treinamento emocional pelo qual eles precisam passar para exercer a profissão. Para mim, isso se traduz em uma angústia profunda. Com o cenário que temos hoje da pandemia, eu não tenho a menor ideia de quando é que vamos poder voltar de fato às aulas presenciais. E isso é extremamente angustiante, sobretudo para os alunos que estão sendo diretamente impactados pela ausência da prática.

Nesse um ano de pandemia, muitos professores da UFRJ entraram na triste lista das vítimas da covid-19. A AdUFRJ se solidariza com as famílias e os amigos desses professores. Seus nomes, listados nesta página, representam também nossa homenagem a alunos, técnicos e funcionários que deixaram uma lacuna na nossa comunidade universitária, levados pela doença que já matou quase 300 mil brasileiros.
 
 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.06JOÃO SOARES DE LIMA
FACULDADE DE LETRAS
 
 
 
 
 
 
 
 
FREDERICO ANTONIO MAROTTI
ENGENHARIA ELÉTRICA
 
 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.051SÉRGIO SANT’ANNA
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO

 
 
 
 
 
 
 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.052LEA DE FREITAS PEREIRA
RADIOLOGIA

 
 
 
 
 
 
 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.05CARLOS LESSA
INSTITUTO DE ECONOMIA

 
 
 
 
 
 
 
MARIA HILDA XAVIER GOUVEIA DE OLIVEIRA
FACULDADE DE LETRAS

 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.053LUIZ ANTONIO MACHADO DA SILVA
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

 
 
 
 
 
 
 
 
MARIA RITA PENHA DA MATA MACHADO
APOSENTADA

 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.054LÉCIO LUIZ AMARAL DO PATROCÍNIO
MEDICINA - MACAÉ

 
 
 
 
 
 
 
 
CARLOS ALBERTO SOARES
FACULDADE DE MEDICINA

 
WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.04FÁBIO CUIABANO
FACULDADE DE MEDICINA / HU

 
 
 
 
 
 
 
WILSON CHAGAS DE ARAÚJO
MICROBIOLOGIA

WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.34.041JOSÉ LUIZ REZENDE PEREIRA
ESCOLA POLITÉCNICA
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