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WhatsApp Image 2021 03 19 at 17.25.56Nelson Braga
Titular do Instituto de Física

 

Essa pandemia colocou a gente em um monte de situações diferentes em relação à vida pessoal e profissional, desde como limpar a casa e lavar roupa até preparar uma aula virtual. Lá no início, assim como muita gente, eu também achava que isso demoraria pouco tempo. Mas os dias foram passando e vimos que o ensino remoto seria a nossa realidade possível diante da gravidade da pandemia. Para quem já tinha alguma experiência em ensino a distância ou mais habilidades com o mundo virtual, pode ter sido mais fácil. Mas para mim foi muito dificil. E foi justamente em julho que eu comprei algo que mudou minha vida remota: uma mesa digitalizadora!


Passei boa parte do mês de julho me adaptando a essa nova tecnologia. É até engraçado lembrar hoje desse início da minha evolução no meio digital. Eu comecei pensando em desenhar gráficos e escrever equações num caderno e escanear as páginas para mostrar aos alunos, mas logo vi que aquilo seria um sacrifício para eles e para mim. As imagens ficavam muito ruins para mostrar em uma tela de computador, que dirá de um celular. Então essa mesa digitalizadora foi uma descoberta marcante desse período. Mergulhei em vídeos tutoriais do Youtube para saber como usar melhor os recursos do equipamento. Descobri, por exemplo, um programa que transforma a tela dessa mesa em um quadro verde. Os professores mais tradicionais como eu, sobretudo os físicos, preferem o bom e velho quadro-negro, com giz de boa qualidade. Então, para mim, foi como escrever num quadro-negro com giz de várias cores. Produzi vídeos curtos como se estivesse dando aula ao vivo, usando essa mesa digitalizadora. E meus alunos de bacharelado em Física, na disciplina de Mecânica Quântica 1, tiveram boa receptividade.

Foi um aprendizado fantástico, me senti fazendo uma reciclagem. Também sou coordenador de Pós-Graduação e posso dizer que o acúmulo de tarefas, no modo remoto, é bem cansativo. É muito mais pesado fazer todas as tarefas de trabalho de forma remota. Por outro lado, após uns dois ou três meses de confinamento, tive que me adaptar com relação à rotina de exercícios físicos. Como não saía quase de casa, não conseguia mais fazer nenhum tipo de atividade física. Começou a dar uma preocupação com a saúde. Então passei a correr 40 minutos por dia dentro de casa, dando volta em torno da mesa da sala, indo de um cômodo a outro etc. Incorporei esse hábito que mantenho já há mais de seis meses. A corrida em casa tem vantagens, eu faço sem máscara, no meio do meu dia de trabalho, tomo um banho logo depois. Não daria para fazer isso no Fundão. Hoje, diante do agravamento da pandemia, não tenho mais ideia de quando teremos o retorno do ensino presencial na universidade. Mas tenho a consciência de que estamos fazendo o que é possível. A outra opção seria não fazer nada, interromper aulas e tudo o mais. Mas isso estava fora de questão. E acho que muitos recursos que estamos usando no ensino remoto podem e devem ser aproveitados nas aulas presenciais, quando elas forem possíveis.

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