“Comecei a entrar no movimento politico em 1966/67 fazendo cineclubismo”, contou o cineasta Silvio Tendler (foto), durante a última sessão do CineAdUFRJ, em 29 de abril. “Me lembro da gente no enterro do estudante Edson Luís e na Marcha dos 100 mil (em junho de 1968) com um cartaz escrito: cineclubes contra a ditadura!”, lembrou.
O evento discutiu como o golpe de 1964 foi representado no cinema brasileiro em dois momentos bem distintos: um, durante a fase final do regime militar; e outro, após 30 anos, já na democracia. “É possível pensar cinema como fonte histórica. Mais do que tudo, é uma fonte do momento em que foi produzido”, explicou a professora Maria Paula Araújo, do Instituto de História. Para o cineasta Luiz Arnaldo Campos, o cineclube era, na ditadura, a iniciação para todos que estavam insatisfeitos com o regime. “Era um daqueles pontos onde os divergentes podiam se encontrar. Quantos grupos de estudo não saíram dos cineclubes? Quantos não viraram militantes depois de assistir a uma cópia contrabandeada?”, disse.