Palestrante em seminário da PR-4 ressalta importância dos protestos
Guilherme Karakida. Estagiário e Redação
Se o Estado existe para preservar interesses político-econômicos das classes dominantes, cabe à maior parte da população lutar para modificar esta postura. Assim definiu Ricardo Antunes, professor de Sociologia do Trabalho na Unicamp, durante o seminário “Identidade e Classe”, organizado pela pró-reitoria de Pessoal entre os dias 20 e 22 de maio, no auditório Roxinho (CCMN).
A poucos dias da Copa do Mundo, a declaração do palestrante vai ao encontro das paralisações e greves em curso. Essa mobilização prévia já demonstra o potencial de crescimento dos protestos durante o megaevento.
Leitura histórica
“Até 1930, por exemplo, o Estado que vigorou no Brasil representava os proprietários do café, sobretudo de São Paulo, e os aristocráticos criadores de gado e leite de Minas Gerais”, afirmou. “Por isso, República do Café com Leite”, completou. Da mesma forma, a Era Vargas, para o professor, garantia o poder da burguesia, na medida em que mesclava ditadura e direitos para os trabalhadores. O salário mínimo, criado por Getúlio, foi uma estratégia política e o maior exemplo disso. “Se a classe trabalhadora recebe, ela vai consumir. Então quem ganha? A burguesia! Essa era a cabeça que Getúlio tinha”, disse.
Capitalismo
Como era de se esperar, o autor de “Os sentidos de trabalho” criticou o sistema capitalista, que transforma o indivíduo em mercadoria e espalha a ordem neoliberal. “O Estado passa a ser regido por uma lógica privada que invade os espaços públicos”, afirmou.
Como a plateia era formada por técnicos-administrativos, professores e estudantes, o pesquisador enfatizou a importância da universidade para o país. “Esse espaço é uma oportunidade para refletir sobre o nosso papel na História”, disse. Além disso, ele analisou a onda de terceirização e privatização, fruto do neoliberalismo, dentro das instituições públicas de ensino superior. “A terceirização reduz o salário, elimina direitos e divide os trabalhadores”.
O pró-reitor Roberto Gambine e o superintendente Agnaldo Fernandes foram os responsáveis pela mediação do debate.
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Todas as classes precisam ser regulamentadas na UFRJ
Rogéria de Ipanema/Professora da EBA e integrante da CPPD
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“O pragmatismo político é uma praga. E para o socialismo é uma praga mortal”, disse Mauro Iasi, um dos debatedores que fecharam o seminário “Identidade e Classe” organizado pela pró-reitoria de Pessoal da UFRJ. O professor da UFRJ citava o filósofo Georg Lukács, ao esgrimir argumentos com André Singer, da USP.
Singer, que já foi porta-voz da Presidência no início do primeiro mandato de Lula, na academia tornou-se um dos estudiosos do lulismo. No debate, o professor paulista disse que é possível apresentar um programa anticapitalista, “propondo uma direção, propondo caminhos”.
O debate resvalou para o que “é possível” e o “que é necessário” na luta de classes no país.
Iasi condenou o entendimento corrente segundo o qual “política é a arte do possível”.
Outro debatedor ilustre convocado pela PR-4 para o seminário foi Ricardo Antunes. O professor da Unicamp é um dos mais importantes pensadores brasileiros sobre o mundo do trabalho.
De acordo com Antunes, as greves de rodoviários no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de outras paralisações de categorias país afora, são indícios do potencial de crescimento dos protestos durante a Copa do Mundo.
Outro ponto por ele destacado: a intransigência de governos em negociar com as categorias evidencia medo e postura antidemocrática.
E condenou as terceirizações. Reduz salários, elimina direitos e divide os trabalhadores.
Roberto Gambine e Agnaldo Fernandes conduziram os trabalhos.
Pacote
O Consuni de 22 de maio aprovou a criação de quatro mestrados (sendo três deles profissionais). São nas áreas de Tecnologia para o Desenvolvimento Social, Saúde Perinatal, Design Visual e Química.
Ainda foi criado um doutorado no programa de pós da FND, o único da área que teve sua nota aumentada pela Capes na última avaliação.
Também foi criado o Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos, nos níveis de mestrado e doutorado.
Debatendo a Justiça
No dia 22, a FND recebeu a Comissão Estadual da Verdade do Rio para debater a Justiça Militar e sua colaboração efetiva com o projeto político da ditadura, na repressão e neutralização da resistência política ao regime.
Comuna de Paris
O Cine-debate do Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-hegemonia (LEHC), da UFRJ, apresentará nesta quarta-feira 28, às 13h, no IFCS, a cinebiografia “Louise Michel, a rebelde”, de Sólveig Anspach.
O filme conta a história da professora Louise, que foi militante na Comuna de Paris.
A professora Camila Valle (UFF), que teve a Comuna de Paris de 1871 como objeto de estudo de seu doutorado em 2013, é a convidada para o debate depois do filme.
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