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Silvana Sá
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A universidade realiza um criterioso trabalho de levantamento da infraestrutura dos locais destinados a atividades experimentais – laboratórios, salas, ateliês. Até o momento, 54,1% das unidades que têm aulas práticas estão com seus espaços já classificados segundo os critérios estabelecidos pelo Manual de Biossegurança da universidade. Os espaços são separados de acordo com o risco de transmissão da covid-19. A maior parte tem risco baixo (verde) e não necessita de equipamentos de proteção individual especiais, além da máscara comum, álcool em gel e distanciamento social. A atividade exercida, o tamanho do espaço e a ventilação natural são variantes importantes para determinar quantas pessoas poderão ocupar simultaneamente cada local.
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Outras 21,6% das unidades precisam adequar as respostas enviadas à Superintendência de Planejamento Institucional, vinculada à PR-3. São dados como: quantidade de salas, tamanho, número de equipamentos, tamanhos das bancadas, número de usuários (em condições normais), localização, existência de janelas, entre outras informações. Já 8,1% estão em análise pela equipe e 16,2% das unidades acadêmicas ainda não enviaram as informações. Até o momento, Caxias é o único campus que está totalmente classificado. E o CCMN o único centro com todas as unidades classificadas.

Com base nas informações passadas pelas unidades e pelas reuniões realizadas com as áreas de infraestrutura da UFRJ, o GT Pós-pandemia vai elaborar um plano para retorno das atividades presenciais práticas. O documento terá diretrizes gerais que deverão ser adequadas de acordo com a realidade de cada centro. “Cerca de sete mil estudantes têm atividades práticas em sua grade curricular. Mesmo com vacina, mesmo com R (fator de transmissão do vírus) menor que 1, não teremos como receber todos ao mesmo tempo. Será preciso um rodízio”, alerta a professora Fátima Bruno, coordenadora do GT e superintendente de Planejamento Institucional da PR-3.

A professora Fátima reitera que o objetivo de seu trabalho é planejar e deixar a universidade pronta para o retorno das atividades. “Nós fazemos o planejamento das ações, mas quem vai dizer os critérios para este retorno é a área epidemiológica”, afirma. Em paralelo à classificação dos ambientes, o GT articula ações para que, no momento do retorno, toda a infraestrutura para a comunidade acadêmica esteja pronta e dentro dos critérios de segurança para evitar a propagação da covid-19. “É um trabalho com muitas pontas, com muitos atores envolvidos. Precisamos garantir que o restaurante universitário possa funcionar atendendo às normas de segurança, que o transporte interno tenha toda a logística e rotina de higienização voltada para esta questão da pandemia”, explica a professora.

AUMENTO DE MORTES
A aceleração da pandemia no Brasil e a escalada vertiginosa do número de óbitos aumentam as incertezas sobre a retomada das aulas práticas, suspensas há um ano. E ainda não há como saber se haverá condições de testar a comunidade acadêmica. “Este é um momento de articulação, de levantamento dessas condições, de interlocução com as áreas. Não há decisões ainda estabelecidas, mas há um planejamento muito detalhado de todo o processo”, afirma Fátima.

Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina e coordenador do GT Coronavírus, vê os próximos dias com pessimismo. “Temos novas variantes circulando simultaneamente, governantes resistindo a tomar medidas de restrição, população agindo como se a pandemia não mais existisse… temos a tempestade perfeita”, lamenta o epidemiologista.

Nos próximos dias, segundo o especialista, o país pode ultrapassar a marca de duas mil mortes diárias. “A responsabilidade de tudo isso é do poder público. Saúde é um direito de todos e um dever do Estado, praticado por medidas que mitiguem a transmissão de doenças. É um preceito constitucional e a principal responsabilidade é do governo federal”, afirma.

Pela evolução da doença, Medronho não enxerga um cenário favorável ao retorno das atividades práticas na universidade. “O momento não é adequado. Eu sou favorável à volta, fui favorável ao pleito dos estudantes da Medicina na Congregação da Faculdade, desde que seja um retorno opcional”, conta. “Para alguns cursos, o retorno precisa ser visto com muito carinho. Esta pandemia será estudada por séculos e os futuros médicos precisam lidar com esta questão. Entretanto, neste momento de recrudescimento da doença, nós vamos ter que reavaliar esse cenário. É prudente esperar um pouco mais”, finaliza o professor.

ESTUDANTES DA FACULDADE DE MEDICINA QUEREM RETORNO

Ao mesmo tempo em que a crise sanitária se agrava no país, os estudantes de Medicina do Fundão pressionam a universidade para a volta das aulas práticas nos hospitais. O argumento é que o ensino está prejudicado sem a prática médica. Segundo nota divulgada pelo Centro Acadêmico do curso, aguardar a vacinação que só acontecerá entre o fim de 2021 e início de 2022 torna “inviável a manutenção do congelamento das aulas por tento tempo”.

O GT-Retorno Aulas Práticas, formado por alunos, e o CA elaboraram um formulário direcionado aos alunos do ciclo clínico (do quinto ao oitavo período) para saber a opinião sobre a volta às aulas. A esmagadora maioria, 78%, quer retornar às aulas práticas mesmo sem vacina. Outros 7,6% já foram vacinados e gostariam de voltar às aulas presenciais. Já 14,4% disseram que não voltariam, se pudessem optar.

“Queremos que este retorno seja planejado, a volta com rodízios, com garantia de equipamentos de proteção individual para todos os alunos”, elenca o estudante Guilherme Guerra, do CA da Medicina. “Nossa proposta é de que este retorno seja opcional, para aqueles que não se sentirem seguros possam ter um outro momento de reposição dos conteúdos, quando estiverem vacinados. Há muitos estudantes que moram com pessoas do grupo de risco”, reconhece Guilherme.

A insistência dos alunos tem uma razão. “O medo da maioria é passar pelo ciclo clínico sem a prática e chegar no internato sem saber lidar com o paciente, sem saber o básico”, diz Guilherme, que é do sexto período do curso. “Não seria prejuízo para os funcionários dos hospitais, porque eles já estão trabalhando e estão vacinados”, pondera. “Sabemos que este é o pior momento da pandemia. Não queremos o retorno agora, mas queremos que esse planejamento seja realizado juntamente com a reposição das práticas que já foram perdidas”.

Diante repercussão na imprensa, na semana passada, o grupo conversou com a direção da Faculdade de Medicina, e no próximo dia 9 vai se reunir com a Pró-reitoria de Graduação para discutir os cenários possíveis. Vice-decana do Centro de Ciências da Saúde, a professora Lina Zingalli se preocupa com o fato de a reivindicação surgir justamente numa alta de casos. “Fica mais difícil tomar uma decisão de retorno, mas estamos também preocupados com a formação dos estudantes”.

Superintendente geral de Graduação da PR-1, o professor Marcelo de Pádula considera a reivindicação justa. "Não somente a dos estudantes de medicina, mas de todo e qualquer estudante que teve seu projeto de vida interrompido pela pandemia", ele destaca. "Porém,  para que isso ocorra, temos que avaliar, institucionalmente,  um conjunto de variáveis complexas. A Pró-Reitoria de Graduação ou o Conselho de Ensino de Graduação não tomará qualquer decisão sem a participação dos Grupos de Trabalho diretamente envolvidos com a análise de dados científicos, epidemiológicos, entre outros, cruciais para uma análise integrada das condições viáveis de retorno presencial".

A professora Anaize Borges Henriques, superintendente acadêmica do CCS, também não vê possibilidade de um planejamento com datas estipuladas para a volta presencial neste momento de tantas incertezas. “O CCS integra o GT Pós-pandemia, o GT de Aulas Práticas e também tem um GT interno. Estamos seguindo estritamente o que é determinado pelos grupos de trabalho, pela área científica da universidade e pela reitoria”, afirma.

A docente diz entender a posição dos estudantes, mas lembra que toda a universidade está preocupada com a suspensão da prática acadêmica. “Também temos enfermagem, odonto, fisioterapia, farmácia, biologia… Mais de uma dezena de cursos, só no CCS, têm atividades práticas. E não é uma particularidade, o cenário é o mesmo em outras áreas”, observa. O critério para retorno, baseado no covidímetro menor que 1, foi citado pela docente. “Pelo que está acontecendo agora, o covidímetro não vai baixar no próximo mês, nem no outro, nem no outro. A UFRJ não faz ‘escolhas de Sofia’. Nunca fez e nunca fará", finaliza.

Desesperar jamais
Aprendemos muito nestes anos

Afinal de contas, não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Ivan Lins

Na semana em que encerramos o difícil 2020.1, já nos preparando para enfrentar 2020.2 em voo direto sem escalas, vimos os noticiários se transformarem em verdadeiros espetáculos macabros da devastação que tomou conta do país. O descaso e o menosprezo do governo federal com o descontrole da pandemia não têm paralelo no mundo. Juntemos as chantagens e ameaças de cortes de verbas, reduções salariais e tudo o mais que está em discussão na Câmara e no Senado, e teremos um março dos mais tristes e difíceis de nossa história.

Quando um obscuro deputado consegue acionar a CGU para intimidar a universidade é sinal de que algo de podre está se espalhando em nossa vida democrática. O caso do ex-reitor Pedro Hallal e do professor Eraldo dos Santos, ambos da UFPEL, é um sintoma que não pode ser menosprezado. Bolsonaro se elegeu com um indisfarçável projeto autoritário, revelado sem nenhum pudor em muitas oportunidades. Até aqui tem encontrado alguma dificuldade para impor a mordaça que gostaria, mas não podemos menosprezar o quanto tem avançado, principalmente nas universidades menores e mais afastadas dos grandes centros urbanos. O STF já se manifestou contra qualquer tentativa de restrição ao livre debate nas universidades, reafirmando o caráter inconstitucional dessas iniciativas.

A pergunta que fica no ar: diante desta hecatombe nacional, o que falta para darmos fim a esse governo? Estamos todos anestesiados e sem ação diante de um governo que só faz avançar sobre nossos direitos? Será verdade que ele já aparelhou os órgãos de segurança e tem inclusive o controle sobre as polícias? No emaranhado político dos últimos dias fica cada vez mais evidente a dificuldade que Bolsonaro tem em orquestrar todos os interesses que cercam o seu governo. Ao mesmo tempo, cresce em todo o país o movimento por “Vacina Já”, a volta do auxílio emergencial de R$ 600,00 e “Fora Bolsonaro!”. A última plenária das diversas frentes e movimentos sociais reuniu mais de 400 pessoas no dia 3 de março. São elas representantes das mais diversas categorias profissionais, movimentos sociais, com um espectro político bastante diferenciado. Não reverteremos a fragmentação da oposição em tão pouco tempo e não há fórmula mágica para sairmos desse imbróglio. Entretanto, existe sim alguma coisa que poderá fazer com que tudo isso se afirme num grande movimento de salvação nacional: a população compreender de forma inequívoca que há responsabilidade direta do governo nas mais de 260.000 mortes oficiais por covid-19 e que há a possibilidade real de as coisas melhorarem caso ele seja deposto.

Nada disso será fruto de geração espontânea. É preciso cultivo paciente e persistente, mesmo que em condições adversas. Seguiremos fazendo tudo o que está ao nosso alcance, em todas as frentes, sem descanso. Não nos intimidaremos, nenhum de nós está sozinho nessa luta. Ainda temos nosso sindicato, a Constituição está de pé e as universidades são uma das mais importantes trincheiras da luta pela democracia, pela Ciência e pela vida!

MARIA MATOS, CASSANDRA PONTES, FLÁVIA GOMES, SULAMITA FREIRE E LETÍCIA OLIVEIRA
Professoras do Colégio de Aplicação e integrantes do Conselho de Representantes da AdUFRJ.
Texto e ilustração elaborados pelos docentes


Campanha “Diário da vida remota de professores” do CAp-UFRJ chama atenção para as condições de trabalho no ensino remoto

A cidade do Rio de Janeiro encontra-se ainda com uma alta taxa de transmissão de covid-19, com detecção de novas cepas do vírus e ainda discussões sobre WhatsApp Image 2021 02 25 at 21.47.39subnotificações dos casos. Em fevereiro, observou-se que aglomerações aconteceram em muitos locais e a vacinação precisou ser interrompida por falta de doses. Neste contexto, a educação básica tem sido pressionada a retomar suas atividades presenciais. A realidade é de um ensino cada vez mais digital e, principalmente, desigual.  Em defesa da escola pública, sindicatos e movimentos estudantis ligados à educação básica têm lutado por recursos necessários para o funcionamento das escolas em condições sanitárias adequadas e pela vacinação para todas e todos.

O Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp) também tem se debruçado sobre essas questões, compreendendo que seu funcionamento é fundamental para crianças e jovens, especialmente aquelas(es) que vivem em situação de maior vulnerabilidade social. Desde março de 2020, quando a crise sanitária foi reconhecida no Brasil e o isolamento social se fez necessário, docentes, funcionários e a direção do CAp têm trabalhado intensamente, buscando garantir que a relação cotidiana de estudantes com a escola e os conhecimentos pudessem continuar acontecendo de forma democrática e inclusiva.

Além disso, docentes do CAp têm debatido sobre o desgaste extremo do trabalho remoto, com muitas horas diárias de dedicação sentadas (os) ao computador e a imbricação com as questões domésticas. Buscando chamar atenção da sociedade para essa realidade, o Conselho de Representantes da unidade organizou a Campanha “Diário da vida remota de professores” em 2020. A ideia foi que docentes relatassem suas vivências, alertando para as condições de trabalho. Compartilhamos neste artigo contribuições de três docentes para a campanha: Maria Lúcia Brandão, professora do setor curricular multidisciplinar, Sulamita Freire, professora do setor curricular de Artes Visuais, e Fernando Villar, do setor curricular de Matemática.

Esperamos que os textos possam nos inspirar e mostrar que é preciso lutar pela garantia da saúde e pela segurança sanitária de toda a comunidade escolar, que inclui docentes, funcionários, estudantes e suas famílias! É preciso também refletir sobre nossas condições de trabalho no ensino remoto e na perspectiva de construir possibilidades para o ensino híbrido presencial. Que a escola pública possa resistir e existir como referência social de valorização de saberes científicos e espaço de compartilhamento, solidariedade e produção de conhecimentos!

Um ano diferente

Um ano de filmes de ficção. Um ano que a gente reza para acabar, mas com medo do segundo episódio. 2021 ou 2020, parte 2?
Um ano no qual tudo me aconteceu. TUDO. Até quase morrer vítima de covid. Um ano em que eu, que só sabia recortar e colar nos meus trabalhos no laptop, tive que me virar nos 65 para dominar a tecnologia e não ser derrotada por ela.
Um ano em que amigos me surpreenderam, assim como outros me decepcionaram. Mas esses últimos descobri colegas. Eu é que usava nomenclatura errada.
Os amigos me ligavam, rezavam, em várias fés diferentes. Me mostravam o céu pela manhã e à noite, no celular, enquanto isolada num quarto de hospital. Os amigos que nem sabia serem musicais, me enviaram vídeos cantando e tocando pra mim. Os amigos me mandavam mil mensagens lindas, consoladoras, esperançosas. Os amigos queriam mandar outros médicos para me examinarem. Os amigos sofreram comigo e esses sei que sentiriam minha falta, porque simplesmente são meus amigos. Amigos de fora do Rio e do Brasil me descobriram frágil e me sacudiram.
A família? Tudo... TUDO...Tudo...TUDO. Quem eu seria sem ela? Mas disso sempre soube.
Não sou a mesma de antes da covid. Nunca mais serei. O mundo nunca mais será. Às vezes, me surpreendo com uma extrema delicadeza. Às vezes, com uma frieza desconhecida. Acho que, aos 65, aprendi, finalmente, que o mundo não é a novela das 7.
No entanto, ele ainda é lindo. Nele vivem pessoas como você, que me ajudaram a passar por tudo e terminar o ano com um alto grau de criatividade. Não é vaidade, é sensação.
Obrigada, mas não é aquele obrigado sem sal, formal, de oito letras. É um obrigada que inclua todas as letras do alfabeto com todas as palavras maravilhosas que possam existir reais ou inventadas.
 OBRIGADA!!!!!!

Maria Lúcia Brandão
Professora do setor curricular Multidisciplinar


Trabalhos docentes em atividades remotas

1. Criar links de encontros síncronos;
2. Elaborar atividades assíncronas;
3. Captar imagens instantâneas para conferir presença de estudantes;
4. Adivinhar que Rhbc2020 é o Joãozinho da Silva;
5. Adivinhar que Maria B. é o Ricardo Augusto que entrou na aula com o celular na mãe porque o computador estava com o irmão na aula da faculdade;
6. Preencher a planilha de presença de cada turma observando devidamente as traduções citadas acima;
7. Ficar sentado à frente do computador falando com a tela;
8. Descobrir tempos depois que o microfone estava fechado;
9. Descobrir que teve um pico de luz e o roteador desligou (teacher off)
10. Preencher relatórios individualizados de nota;
11. Transformar um feedback que no presencial seria “Nossa! Muito bom, fulano. Pode colorir agora?”, mas no on-line fica “Fulano, a imagem está invertida, a resolução não me permite ver os detalhes com clareza. Por favor tira uma nova fotografia em um lugar mais iluminado e com maior resolução”;
12. Gastar 2 minutos em algo que durava 3 segundos;
13. Aprender a emoção de clicar “Alt+F4” durante a atividade síncrona;
14. Reenviar o código de acesso dez vezes para a mesma pessoa que “não recebi não, professor”;
15. Ensinar como buscar uma mensagem na caixa de entrada do e-mail;
16. Ouvir “ah, professor, achei os códigos aqui. Por que você me enviou tantas vezes?”;
17. Trocar o e-mail cadastrado;
18. Trocar novamente porque “esqueci a senha professor”;
19. Trocar mais uma vez “ah, eu e minha mãe criamos esse aqui agora”;
20. Trocar novamente pelo e-mail anterior porque “lembrei a senha” e o outro “ só funciona no computador da minha mãe, mas ela está trabalhando agora”.

A lista continua*...

Fernando Villar
Professor do setor curricular de Matemática





Começamos a semana numa grande carreata, que partiu do Centro e terminou no Parque Madureira. Nas ruas, vimos que Bolsonaro, embora conte com algum apoio popular, já não tem mais a mesma sustentação do início de seu governo. E, de forma muito marcada, eram as mulheres, na maioria das vezes, que demonstravam apoio e nos incentivavam a seguir. Esse quadro não é uma novidade, está demonstrado nas últimas pesquisas, e é preciso que ele se intensifique e nos garanta as condições para deter a máquina de destruição nacional que ele pôs em funcionamento.

A semana ainda não acabou, e já alcançamos a marca de 250 mil mortos nessa pandemia. Ostentamos o título de país com a pior resposta governamental do planeta, com as diversas variantes do vírus à solta. Faltam testagens, vacinas, leitos e vergonha na cara de nossos dirigentes. Para piorar, numa canetada, Bolsonaro quer jogar mais de um milhão de servidores públicos num sistema previdenciário que já está sobrecarregado e vem sendo sucateado nos últimos anos (veja a análise detalhada do decreto na página 3). Não seremos só nós a sofrer com essa mudança, mas todos os usuários do INSS.

A eleição de “aliados” na presidência do Senado e da Câmara deu novo fôlego a esse governo patrioteiro de meia pataca, que põe o Brasil à venda a preço de banana, comprometido sempre com as piores práticas políticas, sejam elas autoritárias ou corruptas. O quadro político se agravou, o STF esboçou alguma reação, mas a militarização do governo continua avançando, assim como o crescente aparelhamento das instituições e dos órgãos do governo.

O habitat natural dos que prezam e defendem a democracia é nas ruas, na vida que pulsa na cidade, na sua intensa diversidade de cores e formas. E delas estamos apartados pela pandemia. Com instrumentos restritos, temos dado respostas muito tímidas e ainda insuficientes para impedir a deterioração das condições de vida, principalmente dos mais vulneráveis. Mesmo assim, vamos terminando a semana com a possibilidade real de derrotar a PEC da chantagem, onde o governo tentou barganhar a manutenção do auxílio emergencial (o nome já fala sobre sua natureza transitória) em troca de uma violação permanente de nossa Constituição, que garante o mínimo de investimento do Estado nas áreas da Saúde e da Educação.

Os caminhos a serem percorridos não são simples. É urgente trazermos todos que estejam comprometidos com a integridade dos princípios democráticos e dos dispositivos de proteção social da Constituição brasileira. Na terça-feira (23), a partir de uma iniciativa do Observatório do Conhecimento, reunimos cinco economistas de diferentes matrizes teóricas para discutir o financiamento das universidades públicas. Nessa edição fizemos um resumo do evento (página 4). As reações ao debate demonstram o caminho a seguir, mas também os limites e entraves que precisamos ultrapassar. Se por um lado conseguimos traduzir uma preocupação comum com a universidade e o financiamento público da pesquisa, por outro o debate demonstrou o quanto o ar está carregado e o diálogo avança com dificuldade. Depois da breve polêmica protagonizada por Monica de Bolle e Armínio Fraga, e a repercussão desse embate, principalmente no Twitter, concluiremos esse editorial com o convite da Laura Carvalho: “... o debate entrou em temas muito relevantes. Não deixemos que 40 segundos apaguem o conteúdo, incluindo diversos consensos”. Está mais do que na hora de conseguirmos construir consensos mínimos para que possamos nos salvar enquanto nação, sociedade, povo, civilização, seja o nome que se queira dar. É disso que estamos falando.

Kelvin Melo
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Um em cada cinco professores da UFRJ contraiu a covid-19. E 26,5% de toda a comunidade universitária já foi acometida pela doença. Os resultados, ainda preliminares, fazem parte de um estudo sobre o impacto da pandemia na instituição. Até o dia 17, 8.024 pessoas responderam ao questionário virtual organizado pela reitoria, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva e Faculdade de Medicina.

Os indicadores, por enquanto, podem estar sob influência de um maior número de respostas dos que adoeceram, alerta o professor Antonio José Leal, diretor do IESC e coordenador geral do estudo. “Por isso, é importante que todos respondam. Se adoeceram ou não, se testaram ou não. Esta e outras iniciativas ajudam a compreender melhor o que ocorre entre nós”, afirma.

O questionário pode ser respondido até 6 de março e está disponível em https://formularios.tic.ufrj.br/index.php/796291. Após cadastrar um email, o usuário recebe um link de acesso ao estudo. O preenchimento é rápido. “Eu diria que, em média, algo entre 10 e 12 minutos”, afirma Antonio. Para preservar o sigilo das informações, não há identificação de quem responde.

A metodologia do estudo, chamado de inquérito epidemiológico, é similar à aplicada para outras doenças, há muitos anos. O relatório final terá o detalhamento da incidência de covid na comunidade da UFRJ pelo período de tempo, por local de trabalho e moradia, categoria funcional e pelas características individuais de cada integrante da universidade, como idade, gênero e relação com fatores de risco, entre outras variáveis.

“Muito provavelmente, esta ocorrência se concentra no corpo social do Centro de Ciências da Saúde, particularmente nas unidades hospitalares. Pelas características da função, são os mais expostos”, observa. “Mas é importante dimensionar. É de 5%? 10%? 20%?”, completa.   

A testagem da doença é outro tópico aferido na pesquisa. E, segundo adianta o diretor do IESC, a maioria dos que responderam ter contraído a covid relata ter feito pelo menos um teste para comprovar a declaração.

Proporcionalmente, a adesão à pesquisa está maior entre os docentes: 1.404 enviaram respostas, o que corresponde a aproximadamente um terço da categoria (4,2 mil). Entre os técnicos, a participação supera pouco mais de 10% do segmento: 952 de 9,3 mil. Mas ainda é baixo o número de estudantes: 3.861 na graduação, 1.654 na pós-graduação e 49 pós-doutorandos, de um universo de 65 mil pessoas. “Quero intensificar o convite a todos os docentes e é importante que reforcem a divulgação junto aos alunos de todos os cursos de graduação e pós”, diz Antonio José Leal, que sugere a utilização dos grupos de whatsapp e listas de e-mails próprios de cada unidade. A pesquisa também já tem o retorno de 66 terceirizados e 38 permissionários.

Reitora da UFRJ, a professora Denise Pires de Carvalho também estimula a comunidade a participar e projeta seus resultados para além dos muros da universidade. “Esse inquérito é fundamental para entendermos a epidemiologia da doença no estado do Rio de Janeiro. Somos uma amostra representativa da sociedade fluminense”, diz.

NOVA ETAPA
O IESC encaminha uma segunda etapa da pesquisa. “Esse inquérito nos dará uma ideia geral de quem já pode ter sido infectado. Com base nesses dados, faremos uma pesquisa na UFRJ com testes sorológicos”, informa a diretora adjunta de Pesquisa do instituto, professora Katia Bloch. O projeto aguarda o parecer do comitê de ética e pesquisa do próprio IESC.

A professora esclarece que o objetivo do estudo é diferente do trabalho desenvolvido pelo Centro de Testagem da UFRJ, que dá apoio à área da saúde e outros profissionais envolvidos no combate à pandemia. “Eles fazem o PCR, exame que verifica se a pessoa tem o vírus naquele momento. Nossa pesquisa, em uma amostra de toda a comunidade, vai fazer teste para identificar o anticorpo produzido depois da infecção”. Ou seja, para quem já teve covid há mais tempo. “Queremos produzir pesquisa para ter uma aplicação prática, para melhorar as condições de saúde da população. Nesse momento, é importante ter bastante informação”, completa Katia.

NÚMEROS DO ESTUDO*

 

PROFESSORES

TÉCNICOS

ALUNOS /GRADUAÇÃO

ALUNOS /PÓS

PÓS-DOUTORANDOS

TERCEIRIZADOS

PERMISSIONÁRIOS

TOTAL

 

Responderam

1.404

952

3.861

1.654

49

66

38

8.024

Tiveram ou

têm covid

277

218

1.132

462

10

19

7

2.125

*até o dia 17/02



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