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WhatsApp Image 2023 11 17 at 21.41.06Foto: Alessandro CostaFique a plateia sabendo que a composição Água do Vintém, de Chiquinha Gonzaga, lançada em 1897, faz referência a uma famosa água proveniente do chafariz do Vintém, localizado em Niterói, vendida em domicílio e muito apreciada pelos consumidores em fins do século XIX no Rio de Janeiro, alguns dos quais lhe atribuíam poderes milagrosos. Publicada originalmente como um tango, a música de nossa estupenda compositora, pianista e maestrina foi interpretada com um arranjo de choro e um dos destaques do concerto da Orquestra de Sopros da UFRJ, na terça-feira (14), no auditório Horta Barbosa, do Centro de Tecnologia do Fundão.
Os acordes ora vigorosos ora delicados da orquestra, regida pelo maestro Gabriel Dellatorre e com direção musical de Marcelo Jardim, encantaram a plateia formada basicamente por estudantes e técnicos-administrativos do CT. De quebra, o maestro deu detalhes sobre cada peça do roteiro. “Dobrado UFRJ”, que abriu a apresentação, foi composta por Everson Moraes em homenagem aos 100 anos da universidade. “Os dobrados são muito associados ao militarismo, mas trata-se de um gênero tocado por nossas bandas de música tradicionais”, destacou o maestro.
O programa incluiu também “Vale Tudo”, partido alto de Jacob do Bandolim, “Frei Ambrósio”, dobrado de Wilson Fonseca, “Modinha”, esplêndida composição de Villa-Lobos, e “Auriverde”, um dos poucos, “senão o único” dobrado composto por Pixinguinha, como lembrou o maestro. O concerto serviu como piloto de um programa, que pretende se tornar efetivo em 2024, para que os alunos de bacharelado e licenciatura da Escola de Música, além de praticar orquestração para sopros e percussão, possam contar a participação nos concertos como horas em atividades de Extensão.

WhatsApp Image 2023 11 17 at 21.41.06 1Foto: Fernando SouzaRenan Fernandes

Uma foto tirada em 1927 ficou conhecida como a mais inteligente do mundo. Os mais brilhantes físicos do mundo se reuniram em Bruxelas para a Conferência de Solvay para discutir a teoria quântica. No registro do evento, entre bigodes e paletós de 28 cientistas renomados como Albert Einstein, Erwin Schrödinger e Niels Bohr, uma única mulher se destaca. Era Marie Curie, descobridora dos princípios da radioatividade e a única pessoa a ganhar dois prêmios Nobel em áreas diferentes.
Na exposição “Se liga, são elas na Física”, em cartaz na Casa da Ciência da UFRJ, Curie é uma das mulheres que contam a história da participação feminina nas ciências exatas a partir de suas invenções e experimentos. Todo o eixo narrativo é conduzido por pesquisadoras, da Antiguidade Clássica até os tempos atuais, que reforçam a presença da mulher nos laboratórios científicos através dos tempos. Na entrada, visitantes são recebidos por Hipátia, a primeira matemática da história, que viveu em Alexandria entre os séculos III e IV, e Neusa Amato, uma das pioneiras da Física no Brasil.
Com a companhia dos mediadores, o percurso da exposição é um convite à interatividade. “Nossa missão é democratizar o conhecimento científico, desmistificado e tirando esse conhecimento de dentro dos laboratórios. Usamos experimentos lúdicos e criativos que dialogam com as teorias apresentadas”, disse a diretora de programas da Casa da Ciência, Luciane Correia. “A ideia é trabalhar com a linguagem museográfica para que as pessoas se apropriem desse conhecimento para transformar a própria vida”, completou.
A estudante de Biofísica e mediadora Mariana Tavares garantiu que está preparada para receber a todos. “A gente busca referências que sejam do cotidiano do público. Para falar sobre radiação com um grupo de crianças, uso o exemplo do sol”. Outro mediador, o estudante de Psicologia João Pedro Fernandes, falou sobre o trabalho com os diferentes públicos que frequentam a exposição. “Já recebemos uma escola para pessoas com déficit cognitivo, alunos do Instituto Benjamin Constant. Conversamos com o professor e adaptamos nossas dinâmicas”.
A exposição celebra os 35 anos do LADIF UFRJ, o museu interativo da Física, e os 10 anos de fundação do projeto “Tem menina no circuito”. Com atuação em escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental, a iniciativa das professoras Thereza Paiva, Elis Sinnecker e Tatiana Rappoport, do Instituto de Física, tem o objetivo de despertar em meninas o gosto pelas ciências exatas, com inclusão social.
“Como somos três físicas, sempre vivemos em um mundo muito masculino e sentimos necessidade de reverter esse quadro. Nossa maior conquista são as meninas que passaram pelo projeto e entraram na universidade”, afirmou Thereza Paiva.
Um levantamento do Visualiza UFRJ — projeto do Fórum de Ciência e Cultura que apresenta dados da universidade — mostrou que o corpo discente do Centro de Tecnologia da universidade era formado por apenas 11,1% de mulheres em 1971. Até 2019, as mulheres já haviam ampliado sua participação para 30,6%. A estudante de 15 anos do Centro Educacional Coração de Jesus (CECOJ), Luísa Biajoli, pretende cursar Engenharia e falou sobre a experiência de visitar a exposição. “Nunca tinha ouvido falar da maior parte das cientistas que aparecem aqui e isso abre a minha mente para muitas coisas”.

SERVIÇO

“Se liga, são elas na Física”
Em cartaz até
30 de junho de 2024

Entrada gratuita
A Casa da Ciência da UFRJ fica na Rua Lauro Müller, 3, Botafogo. Ao lado do Shopping Rio Sul
Terça a sexta: de 9h às 20h; sábado, domingo e feriados: de 10h às 17h

Agendamento obrigatório para grupos com mais de oito pessoas em casadaciencia.ufrj.br

O reitor, professor e médico Roberto Medronho, não conteve os elogios ao trabalho exaustivo da comissão técnica (leia matéria AQUI). “Pudemos ver a pujança da nossa universidade. A comissão trabalhou arduamente. Essa é a universidade que nós queremos”, disse. “Gostaria de propor uma moção de júbilo e que ela vá para os seus registros funcionais. Esse trabalho merece muito ser publicado”.
O clima de debate foi sereno, entre críticos e apoiadores da Ebserh.
O diretor do Instituto de Economia e ex-reitor da UFRJ, Carlos Frederico Leão Rocha, ressaltou a importância do processo. “Este debate não foi reaberto por uma reitoria. Foi reaberto a pedido dos hospitais. Isso é central para analisar o que está sendo feito aqui. Pela dificuldade que se tem em gerir os hospitais. Mas nós precisamos do contrato para discutir”, disse.
Ao mesmo tempo, o professor também cobrou uma solução rápida para a crise das unidades hospitalares da universidade. “A saúde lida com vidas. A ampliação das nossas atividades possibilita salvar vidas. Temos uma responsabilidade muito grande”.
Decano do CFCH, o professor Vantuil Pereira reforçou a solicitação pelo documento entre empresa e instituição. “Primeiro, foi o levantamento. A segunda etapa é olhar o contrato a partir da realidade da UFRJ”.
“Depois da apresentação do relatório, está na ordem do dia a apresentação da minuta do contrato”, reafirmou o representante técnico-administrativo Roberto Gambine, que integrou a comissão.

COMPARAÇÃO COM A UFRJ
WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.42.44 2Antonio Solé, diretor da AdUFRJO relatório era exclusivo dos hospitais administrados pela Ebserh, mas ficou a dúvida sobre como o Complexo Hospitalar da UFRJ ficaria posicionado em relação aos mesmos indicadores, no mesmo período. Diretor da AdUFRJ e representante dos Titulares do CCS no Consuni, o professor Antonio Solé elogiou o trabalho da comissão, mas queria ter visto esta comparação.
“Eu, como cientista, sempre me preocupo com o grupo-controle. Que seria alguma universidade que não aderiu à Ebserh. Só sobrou a UFRJ”, disse. “Como foi o número de profissionais de saúde de 2012 a 2022? O número de leitos? Como evoluiu, aqui, o salário médio dos profissionais? Aí eu poderia comparar com a média daquelas universidades que optaram pela Ebserh. Temos que comparar a Ebserh com a realidade”, completou.
Já o decano do Centro de Tecnologia, professor Walter Suemitsu, manifestou preocupação com a autonomia universitária. “Para mim, isso ainda não ficou claro. Será que basta o diretor da Ebserh ser da universidade?”, questionou. “Alguns relatórios que li diziam que tinha hospital que proibia a entrada de alunos. Não sei até que ponto isso é verdade”.
Assim como em 2013 e 2021, reapareceu a discussão se a adesão à Ebserh representaria uma privatização. Representante dos Titulares do Centro de Letras e Artes no Consuni, o professor Samuel Araújo destacou o caráter público da empresa.”Não cabe mais dizermos que o que está em jogo aqui é a privatização da universidade. Isso é um nonsense diante do que está escrito. É admirável o trabalho que foi feito”, disse, em referência ao relatório apresentado.

WhatsApp Image 2023 11 17 at 22.49.22Está perto de acabar um dos maiores pesadelos dos professores da UFRJ na hora de progredir: reunir pilhas de documentos para comprovar atividades de ensino, pesquisa e extensão. Em reunião realizada no dia 13, a diretoria da AdUFRJ entrou em acordo com a reitoria para a simplificação do processo. O monte de papel exigido para atestar tudo que se registrou no relatório de atividades será substituído por um único termo de compromisso assinado pelo docente.
“Queremos retirar a duplicidade que existe. Embora seja assinado pelo servidor, que tem fé pública, o relatório de atividades do professor hoje precisa estar acompanhado de documentos comprobatórios”, afirmou a professora Mayra Goulart, presidenta da AdUFRJ.
A docente citou a situação absurda que passou para comprovar a participação em uma atividade acadêmica. “Já precisei escrever que estive numa banca e assinei, porque não achei o documento. É kafkiano”, reforçou. “Também é desesperador ficar procurando portaria em Boletim da UFRJ para inserir no processo”.
A dirigente afirmou que a ideia é apenas facilitar o dia a dia dos professores. “A gente não quer ferir a autonomia das bancas nem dos institutos na definição dos critérios da progressão. A proposta nada tem a ver com progressão automática, ou com reduzir a cobrança em termos de produção”, enfatizou a presidenta. “Ao contrário, queremos que esse professor não perca horas de trabalho em busca de documentos comprobatórios que não possuem qualquer utilidade pública”.
Advogado da AdUFRJ, Halley de Souza afirmou que o tema das progressões é recorrente nos plantões de atendimento jurídico do sindicato. “Há um número expressivo de professores que deixam de fazer as progressões por conta das dificuldades”.
O reitor Roberto Medronho avaliou de forma positiva a mudança. “Sou totalmente favorável à desburocratização. Poderia haver, para reforçar a fé pública, um documento em que o professor se declare responsável pelas informações”, observou. “Dos 4,3 mil docentes, um ou dois mentem e aí se exige a comprovação de todos. Tem que ser o inverso”. Se o docente mentir, poderá sofrer um processo administrativo e ser demitido.
O dirigente também quer acelerar a tramitação dos processos. “Temos que criar um sistema semelhante ao da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para que o processo caminhe de forma célere”
A vice-reitora Cássia Turci também sugeriu a possibilidade de extensão de um programa de registro das atividades docentes que já existe no CCS e em Macaé — conhecido como Planid — para as demais unidades da UFRJ.

PROGRESSÕES
MÚLTIPLAS
Na mesma reunião, a AdUFRJ voltou a solicitar da reitoria que a UFRJ passe a aplicar os novos entendimentos da Advocacia-Geral da União sobre as progressões — o tema foi noticiado nas edições 1.287 e 1.293 deste Jornal. “Entendemos que a resolução do Consuni pode mudar já para contemplar esses novos pareceres. Não só no que diz respeito às progressões múltiplas, mas também no que diz respeito aos efeitos financeiros”, disse Mayra. De acordo com a AGU, eles podem ser contados a partir do requerimento do docente.
Não é o cenário ideal defendido pelo sindicato. O Jurídico da AdUFRJ argumenta que os efeitos devem retroagir ao momento em que se alcança a pontuação exigida para progredir e desde que seja cumprido o interstício mínimo de 24 meses. Mas a alteração da resolução melhoraria bastante a vida dos professores em relação à regulamentação atual, quando os efeitos só valem a partir da data de aprovação na banca avaliadora.

WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.42.44 3Professor Amâncio - Foto: Alessandro CostaDe 2009 a 2020, a UFRJ sofreu uma perda de 20% no total de trabalhadores de suas unidades de saúde. O número geral caiu de 5.589 para 4.444. O de funcionários concursados teve uma redução expressiva no início, mas estabilizou a partir de 2013. A mudança foi resultado de um dispositivo de substituição automática dos técnicos-administrativos criado em 2010. A perda foi maior entre os chamados extraquadros, que possuem um vínculo de trabalho precário com a universidade. “São destituídos de uma série de direitos. Não têm férias, 13º salário, contribuição à previdência e não há recursos disponíveis para aumento de salários”, explicou Amâncio. “Com o tempo, esses salários foram se achatando e hoje uma parte significativa percebe apenas o salário mínimo”.WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.45.39 1
Em 2018, os diretores do Complexo Hospitalar se reuniram para avaliar a necessidade de contratações para que os hospitais pudessem trabalhar adequadamente. Cinco anos atrás, seriam necessários mais 1.889 profissionais, sendo 811 somente no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

AVALIAÇÃO
O curso de Medicina caiu de conceito no Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes). De 2010 para 2019, a nota foi de 5 para 3. “O que significa essa nota 3? Significa que os estudantes da UFRJ ficaram na nota média de 22 mil estudantes de Medicina que se formaram em 2019. A nossa situação anterior era a de estar entre os 10% dos cursos de melhor desempenho, que correspondem à nota 5”, explicou Amâncio.
WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.45.39Nesta mesma avaliação, os estudantes são questionados se os ambientes de infraestrutura dos campos de atividades práticas são adequados ao curso. O índice de aprovação total do curso da UFRJ é de apenas 9,5%, muito distante dos percentuais médios registrados no estado (43,7%), na Região Sudeste (57,2%) e no Brasil (52,8%).
“São os problemas das atividades práticas. Onde eles exercem sua prática? Quase que exclusivamente nos hospitais do Complexo Hospitalar, por exceção de algumas disciplinas do ciclo básico”, disse o coordenador do GT.
A situação se repete no curso de Enfermagem, mas não com a mesma intensidade. “O ‘concordo totalmente’ e o ‘concordo’ estão abaixo das avaliações que envolvem o ‘concordo parcialmente’ até o pior nível de avaliação”, explicou Amâncio.

NÚMERO DE LEITOS
WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.46.30Até a década de 90, o número de leitos do hospital universitário girava em torno de 550. Em 2008, 430 leitos; em 2023, apenas 194. A queda vertiginosa só foi interrompida em 2021, quando a unidade recebeu insumos e a contratação de 832 trabalhadores temporários. “Quando os contratos temporários acabam, em 2023 voltamos ao nível de 194 leitos. É evidente que não é possível dar o apoio necessário a todas as atividades de graduação, pós-graduação e residência com esse número de leitos, se a gente comparar com a base histórica”, lamenta o professor. “Só a Faculdade de Medicina, em uma avaliação feita há poucos anos, estimou que o número de leitos do hospital universitário, para cumprir o seu projeto pedagógico, deveria ser em torno de 450”.

EBSERH
WhatsApp Image 2023 11 09 at 22.45.39 2A Ebserh foi criada como política pública, no fim de 2011, para dar conta das necessidades de gestão dos hospitais universitários federais. Hoje, 41 deles — vinculados a 32 universidades — estão contratualizados com a empresa. Espalhada por 23 estados e mais o Distrito Federal, a Ebserh é a quinta maior empresa estatal em número de funcionários, com 41 mil empregados públicos. Fica atrás apenas dos Correios, Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil.
Ela não admite investimento privado. “Não é uma empresa de economia mista, como a Petrobras”, afirmou Amâncio. Na área de ensino, atua como suporte, mantendo o protagonismo acadêmico das universidades. O atendimento é exclusivo ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Esses requisitos explicam, por exemplo, por que a Unifesp e a UFRGS não aderiram à Ebserh. O Hospital São Paulo, da Unifesp, é uma empresa privada sem fins lucrativos. Já o hospital da Federal do Rio Grande do Sul possui atendimento privado.
A contratação de pessoal é por concurso público, com regime celetista. Ou seja, não existe a estabilidade de um servidor contrato pelo Regime Jurídico Único. Por outro lado, Amâncio informou que, por regulamentação do Ministério do Planejamento, toda demissão na área das estatais precisa ser motivada.
O superintendente do hospital — ou do Complexo — é indicado pelo reitor. “Se o reitor considerar, na tradição da universidade, que deve fazer eleição, é feita eleição”, observa o coordenador do GT. “E o relacionamento das universidades com a Ebserh ocorre através do contrato de gestão, que é exatamente o que vamos discutir”.

CONTRATO
A UFRJ ainda não recebeu a proposta de contrato da EBSERH. Sem ele não há como avaliar as contrapartidas oferecidas pela empresa pública. Em tratativas iniciais, a empresa informou ao professor Amâncio que tem interesse em gerir unidades com funcionamento 24 horas por dia, sete dias por semana. Nesse caso, seriam elegíveis: o HU, o IPPMG e a Maternidade-Escola. “O IPUB, especializado em psiquiatria, que está em processo de reavaliação das suas características institucionais, considerou que não era adequado fazer esta adesão agora”, disse Amâncio.
No desenho da recuperação capacidade assistencial, o coordenador do GT informou que o HU deverá abrir mais 100 leitos e haverá substituição dos extraquadros. “A ideia é que o Consuni aprove este contrato de gestão ainda em 2023, porque a gente poderá começar o processo de recuperação em 2024”. Ainda não há uma minuta do documento para ser discutida pela comunidade.

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