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WhatsApp Image 2021 04 22 at 22.43.36Foto: Fernando Souza/Arquivo AdUFRJProfissionais que atuam na UFRJ, com idade entre 45 e 59 anos, começam a ser vacinados contra a covid-19 a partir da próxima segunda-feira, dia 26. Esta fase do calendário está prevista para acontecer até 29 de maio. Todas as categorias  – professores, técnico-administrativos, terceirizados e contratados – estão incluídas no cronograma. A Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, alerta que o calendário pode atrasar por falta de doses. Só há estoque suficiente até sábado, 24. Para não paralisar a imunização, um novo lote de doses precisa ser entregue à cidade ainda nesta semana.
A vacinação dos profissionais da UFRJ pode ser realizada em qualquer posto de saúde da prefeitura do Rio. Todos os servidores devem apresentar os três últimos contracheques. Aqueles que trabalham para empresas prestadoras de serviço deverão apresentar uma declaração da universidade como forma de comprovação de vínculo com a UFRJ. É o caso dos profissionais de limpeza, segurança, manutenção dos campi e contratados de outros setores. A declaração funcional estará disponível nas unidades em que os terceirizados e contratados trabalham.
Na faixa etária, de 45 a 59 anos, a universidade tem 1.743 professores do ensino superior, 33 professores do Colégio de Aplicação e 3.257 técnicos. A reitoria ainda faz o levantamento de quantos terceirizados e contratados poderão ser beneficiados nesta etapa da imunização.
Desde o começo da semana, as empresas terceirizadas, unidades acadêmicas e decanias estão repassando à administração central as listagens com os nomes completos, documentação e data de nascimento dos seus profissionais. O procedimento permite à reitoria fazer a triagem de quais trabalhadores terceirizados estão na faixa etária indicada para a imunização. As declarações são feitas pelo gabinete da reitora e enviadas aos locais de trabalho.

SEM AGLOMERAR
WhatsApp Image 2021 04 22 at 22.44.33A universidade não vai montar postos extras de vacinação. A imunização continua sendo coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde. Para evitar grandes deslocamentos e aglomeração em transportes coletivos, todos os profissionais – efetivos e terceirizados – deverão buscar as unidades de saúde mais próximas de suas casas. Apenas os postos drive-thru da UFRJ seguirão em funcionamento, sempre aos sábados, a partir das 8h.

MACAÉ
Professores, técnicos e contratados que atuam no campus Macaé e no Nupem e moram na região, devem seguir o calendário de vacinação da prefeitura local. Lá, por enquanto, a vacinação alcança a segunda dose em idosos de 68 e 69 anos e a primeira dose em idosos de 62 anos. É preciso realizar um cadastro no site da prefeitura e aguardar o cronograma. Na data estipulada, a pessoa precisa apresentar o QR code gerado e um comprovante de residência.

EDUCAÇÃO BÁSICA
Os professores do Colégio de Aplicação tiveram a vacinação adiantada pela Secretaria Municipal de Saúde. No sábado passado (17), aqueles com 55 anos ou mais puderam comparecer a um posto de saúde para tomar a primeira dose da vacina. No dia 24, será a vez dos de 50 anos ou mais. “Muita ansiedade e muita vontade de tomar a vacina”. Este é o sentimento do professor Fábio Garcez Carvalho, do CAp. Ele dá aulas de história e revela que além do desejo de fazer parte de uma comunidade escolar imunizada, ele também anseia pela vacina porque adoeceu no ano passado.
“Passei cerca de um mês internado, em maio do ano passado. Passei 15 dias no CTI e outras duas semanas para me recuperar de uma segunda infecção. Em casa, demorei mais um mês para me recuperar”, relata. “Precisei fazer fisioterapia, tinha dificuldade de locomoção e um cansaço muito anormal”, lembra o professor. “Foi um período muito difícil. Vi e vivi um cenário de guerra no CTI, porque fiquei o tempo todo consciente”. Ele lembra. “Eu me vacino exatamente 11 meses depois da minha internação. Tenho muito o que comemorar”.
O calendário engloba todos os profissionais da educação básica, mas apenas os da rede pública. A diferenciação gerou revolta dos trabalhadores da iniciativa privada. O Sinpro-Rio, sindicato dos professores da rede privada carioca, declarou que os profissionais estão “chocados, estarrecidos e indignados”. “Esses são os sentimentos dos professores e professoras do setor privado do Rio de Janeiro, diante da recusa da prefeitura em dar início à vacinação dos profissionais da iniciativa privada”. Em nota, o sindicato ainda lembra que os professores da rede privada estão em atividade presencial desde outubro passado e que muitos faleceram em decorrência da covid-19.

 

 

 

VEJA O CALENDÁRIO COMPLETO

 

DIA

PÚBLICO

26 de abril

Mulheres com 59 anos

27 de abril

Homens com 59 anos

28 de abril

Mulheres com 58 anos

29 de abril

Homens com 58 anos

30 de abril

Mulheres com 57 anos

01 de maio

Homens com 57 anos

03 de maio

Mulheres com 56 anos

04 de maio

Homens com 56 anos

05 de maio

Mulheres com 55 anos

06 de maio

Homens com 55 anos

07 de maio

Mulheres com 54 anos

08 de maio

Homens com 54 anos

10 de maio

Mulheres com 53 anos

11 de maio

Homens com 53 anos

12 de maio

Mulheres com 52 anos

13 de maio

Homens com 52 anos

14 de maio

Mulheres com 51 anos

15 de maio

Homens com 51 anos

17 de maio

Mulheres com 50 anos

18 de maio

Homens com 50 anos

19 de maio

Mulheres com 49 anos

20 de maio

Homens com 49 anos

21 de maio

Mulheres com 48 anos

22 de maio

Homens com 48 anos

24 de maio

Mulheres com 47 anos

25 de maio

Homens com 47 anos

26 de maio

Mulheres com 46 anos

27 de maio

Homens com 46 anos

28 de maio

Mulheres com 45 anos

29 de maio

Homens com 45 anos

WhatsApp Image 2021 04 22 at 22.39.39Neste 22 de abril, Dia Internacional da Terra, o Jornal da AdUFRJ abre mais uma vez suas páginas à Ciência e ao conhecimento, reafirmando o repúdio ao negacionismo que se instalou no Palácio do Planalto desde a posse de Jair Bolsonaro. No dia em que 40 líderes globais se reuniram na Cúpula do Clima, convocada pelo presidente norte-americano Joe Biden, mostramos que um sistema desenvolvido por pesquisadores da Coppe pode ajudar muito a combater as mudanças climáticas, principal tema do encontro internacional. Batizado de Ariel, o sistema usa embarcação autônoma e veículo aéreo não tripulado (drone) para identificar e monitorar vazamentos de óleo nos oceanos. Já testado com sucesso na Baía de Guanabara, esse sistema pode contribuir para rápidas respostas a emergências no mar.
Enquanto a Ciência nacional dá mostras de excelência e pujança, mesmo com os cortes de orçamento em pesquisa e sob ataques do governo federal à autonomia universitária, o presidente Jair Bolsonaro segue com sua rotina de mentiras e promessas vazias. Na Cúpula do Clima, já sem a presença de Joe Biden, o presidente fez um discurso bem distante das ações, muitas vezes criminosas, de seu governo. Prometeu zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050 e acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. As promessas soariam alvissareiras, não fossem o contrário do que o governo fez em quase dois anos e meio de negligência e omissão em relação ao meio ambiente. O ministro da área, Ricardo Salles, aquele da boiada, está sendo investigado por acobertar desmatamento ilegal.

SOBRE O MAR

Kim Queiroz

WhatsApp Image 2021 04 22 at 22.52.38Foto: Divulgação/CoppeO meio ambiente pede socorro, a Ciência busca soluções. Para alertar e evitar uma ameaça constante do homem à natureza, pesquisadores da Coppe/UFRJ estão desenvolvendo um sistema que monitora o vazamento de óleo nos oceanos. Batizado de Ariel (da sigla em inglês Autonomous Robot for Identification of Emulsified Liquids, que em português significa “robô autônomo para identificação de líquidos emulsificados”), o sistema integra uma embarcação autônoma e um veículo aéreo não tripulado (drone). Desenvolvido no Laboratório de Controle e Automação, Engenharia de Aplicação e Desenvolvimento (Lead) da Coppe, o projeto foi testado no mar com sucesso em dezembro, no Rio de Janeiro.
“A ideia foi evoluir uma tecnologia que já existia, para chegarmos mais perto das manchas de óleo, por meio de um sistema autônomo que juntasse barco com drone”, conta Alessandro Jacoud, coordenador do projeto. Professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, Alessandro diz que as imagens captadas por câmeras fixas na costa muitas vezes geram informações equivocadas. A combinação desses dois veículos busca um monitoramento com maior precisão, sem que as imagens sejam desestabilizadas pelo balanço do mar. O drone, equipado com câmeras térmicas, decola do barco para detectar a existência e a posição das manchas de óleo. “O barco então recebe essa localização e se desloca até ela. Através de um outro sensor, ele confirma, ou não, esse vazamento, e envia essa informação para as equipes de resposta e emergências”, explica o docente.
Contratado pela Repsol Sinopec Brasil e financiado com recursos da cláusula de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o projeto é fruto de uma parceria da Coppe com as empresas TideWise e Farol. “A Farol cuida da parte logística e legal da operação, como, por exemplo, a que altura o drone pode voar. A TideWise, criada por ex-alunos da Coppe, forneceu o barco para fazermos o pouso do drone e levar o sensor para detectar óleo”, comenta Alessandro. Os engenheiros da Coppe no Lead são os responsáveis pela interface do software, para que o computador “converse” com o drone e possa realizar as tarefas desejadas.
Segundo os pesquisadores, a intenção é que haja a menor quantidade de operadores possível. “Queremos que o barco seja capaz de sair de onde está ancorado, com o drone já em cima, vá até o local da avaliação, que o drone então decole, faça sua missão e consiga voltar até o barco”, descreve Wenderson Serrantola, engenheiro pesquisador contratado pela Coppetec. No teste realizado em dezembro, na Marina da Glória, a equipe foi bem-sucedida no seu objetivo. “O drone foi capaz de decolar, buscar óleo na região pré-determinada, voltar ao barco e fazer o pouso, de forma 100% autônoma. Sem a necessidade de nenhum operador para fazer essa atividade, o que é um grande diferencial do projeto”, completa.
Assim como toda tecnologia, o sistema lida com limitações, a exemplo da bateria do drone. “O tempo necessário para que o drone consiga fazer toda sua rotina de tarefas dura em torno de dez a 15 minutos de voo, e após essa execução ele pousa no barco. Mas a duração da bateria ainda impede que ele faça voos com mais de 30 minutos”, diz Levi Resende, que também atua como engenheiro pesquisador contratado pela Coppetec. Ele aponta que as modificações na concepção inicial do drone também afetam a vida de sua bateria. “Quando a gente aumenta a carga do drone, reduzimos também a autonomia da bateria”, lembra.
Outro fator crucial para a bateria é a velocidade de voo do drone, que pode chegar a até 70 quilômetros por hora. “Se a gente voar o drone na sua velocidade máxima durante o monitoramento,  vai exigir um esforço muito grande dos motores, porque em alto mar o vento é bem forte. E isso diminui bastante a bateria”, afirma Levi. Por questões de segurança, a equipe inicialmente delimitou o alcance dos voos de monitoramento para raios menores, de 200 a 300 metros, para validar a sua utilização. “Mas sabemos que poderíamos fazer voos com raios de um a dois quilômetros com certa tranquilidade e segurança, mantendo a visibilidade do drone a olho nu, e a certeza de que ele iria fazer a atividade com segurança sem que a bateria acabasse”, completa o engenheiro.
Alessandro Jacoud ressalta o interesse de conectar esse sistema à varredura feita por satélites, que pode chegar a 200 quilômetros quadrados. “A fase 2 desse projeto é juntar essas informações locais, detectadas com o drone e a embarcação, com as informações captadas por satélite, que são menos precisas mas abrangem áreas muito maiores”, comenta. Segundo ele, o destino dessas informações ainda não está definido. “No futuro, a ideia é que a empresa que for comercializar o sistema ofereça essas informações para empresas de resposta a emergências, que irão até os locais indicados para conter os vazamentos de óleo”, finaliza.

Com mais mentiras e de pires na mão

Em seus quase dois anos e meio de governo, o presidente Jair Bolsonaro não moveu uma palha a favor do meio ambiente. Ao contrário: o desmatamento acelerado da Amazônia e os incêndios no Pantanal, apenas para citar duas catástrofes, moveram o Brasil para o posto de pária internacional na seara ambiental. Mas quem ouviu hoje o discurso de Bolsonaro na Cúpula dos Líderes Sobre o Clima, convocada pelo presidente norte-americano Joe Biden, deve ter achado que o governo brasileiro virou sócio do Greenpeace. Eivado de mentiras e distorções, o discurso de Bolsonaro enalteceu feitos não realizados e ainda cobrou “justa remuneração” pelos “serviços ambientais prestados” pelo Brasil ao planeta. O anfitrião Biden saiu do encontro antes do discurso de Bolsonaro, que foi o último a falar entre os integrantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).  
Na contramão de sua inação e, em alguns casos, estímulo ao desmatamento desenfreado na Amazônia, o presidente brasileiro fez algumas promessas que exigirão, se sinceras, uma guinada radical na forma como seu governo lida com o combate às mudanças climáticas. Uma delas é ousada. Ele anunciou a antecipação para 2050 do prazo para que o Brasil zere as emissões de gases do efeito estufa, antes previsto para 2060. Para alcançar a meta, Bolsonaro assumiu o compromisso, diante de outros 39 líderes globais reunidos na cúpula, de “eliminar o desmatamento ilegal até 2030”. Vai ter que combinar o que é “ilegal” com seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, um contumaz apoiador de madeireiros e alvo de uma notícia-crime junto ao Supremo Tribunal Federal (veja abaixo).
As promessas de Bolsonaro passam bem distante da realidade. Só em 2020, o Brasil viveu um aumento de 13% no desmatamento do Cerrado, uma destruição de mais de 25% do Pantanal, e o maior desmatamento da Amazônia em dez anos. Além disso, sob a batuta de Salles, desidratou as equipes de fiscalização de órgãos como o Ibama e o ICM-Bio. Mesmo diante de tantas evidências, Bolsonaro ainda reivindicou dinheiro para atingir as metas propostas — em carta ao governo norte-americano, ele pediu US$ 10 bilhões anuais.
Entrevistado pela Globonews pouco após o discurso de Bolsonaro, Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), demitido em 2019 por defender a Ciência contra o negacionismo, apontou as contradições na fala presidencial. “Todas as ações do governo federal são contrárias ao que ele pregou em seu discurso. Desde o início de seu governo, Bolsonaro viu o Inpe como um empecilho, uma pedra no sapato, por levantar e divulgar dados confiáveis que contradiziam seu discurso. O governo Bolsonaro virou as costas para a Amazônia, enfraqueceu os órgãos de fiscalização. Entre falar e fazer tem um mar no meio”, disse Galvão. (Alexandre Medeiros)

Salles, o da boiada, é investigado

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao Supremo Tribunal Federal uma notícia-crime contra o ministro Ricardo Salles e o senador Telmário Mota (Pros-RR). Saraiva alega que Salles cometeu os crimes de obstrução de fiscalização ambiental, advocacia administrativa e embaraço de investigação contra organização criminosa, favorecendo madeireiros flagrados praticando desmatamento ilegal na Amazônia. No dia seguinte à entrada do processo de Saraiva na Corte (15), o diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, demitiu Saraiva e colocou o delegado Leandro Almada no seu lugar.
No dia 19, o subprocurador do Ministério Público no Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, pediu ao STF o afastamento do ministro do Meio Ambiente, sob alegação de risco às investigações contra desmatadores. O pedido foi feito no âmbito da notícia-crime movida por Alexandre Saraiva. Segundo Lucas, a manutenção de Salles no cargo de ministro pode retardar ou dificultar a realização da apuração dos fatos, causar novos danos ao meio ambiente, interferir indevidamente nas operações e inviabilizar a cobrança das multas decorrentes de infração ambiental. “Ao contrário do que se esperava da atuação do ministro, ele vem atuando, segundo narrado na notícia crime, em defesa dos interesses dos madeireiros que realizaram as extrações ilegais e criminosas”, diz trecho da manifestação assinada por Furtado. (Kim Queiroz)

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Na próxima segunda-feira (19), a AdUFRJ se reúne mais uma vez com a reitoria para tentar buscar caminhos, pela via administrativa, que resolvam o problema dos adicionais ocupacionais (insalubridade, periculosidade e radiação ionizante). A reunião é fruto da articulação entre a AdUFRJ e o Sintufrj.  Muitos professores e técnicos da universidade nunca receberam os valores devidos, outros deixaram de receber ao mudarem de lotação ou função – mesmo continuando em atividades com grau de exposição a agentes nocivos. Há, ainda, os que estão com processos parados por falta de equipamentos de medição.
“O trabalhador não pode pagar por uma falha que é do empregador”, defende Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ. “Há muitos processos em que a universidade alega não ter capacidade técnica para verificar o grau de exposição ao que o docente está exposto, mas ela não resolve o problema e a pessoa não tem o seu pleito julgado”, conta. “Não pode o empregador ser incapaz de avaliar e por isso não conceder o direito. Repassar ao trabalhador esse ônus é uma coisa absurda. Não é razoável”, critica Pedro.
No caso do Sintufrj, os problemas se somam a um grande número de trabalhadores que atua na linha de frente do combate à covid-19 e não recebe o grau máximo da insalubridade. “Vamos fazer essa reunião na expectativa de superar os conflitos e destravar a pauta de reivindicações relacionadas aos adicionais ocupacionais”, explica a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia. “Esperamos que o encontro seja positivo, que o direito dos trabalhadores seja reconhecido pela universidade, sem necessidade de buscar a Justiça”, afirma.
Caso não haja um desfecho favorável, a AdUFRJ pretende ajuizar ação coletiva. “Esperamos que a PR-4 apresente uma resposta que resolva as questões, mas existe a possibilidade concreta de buscarmos uma solução jurídica coletiva, que deve ser aprovada em assembleia da categoria”, confirma Pedro.

Busca por soluções
Desde o ano passado, o sindicato se empenha para acabar com o calvário dos adicionais. Um dos caminhos foi o mapeamento da quantidade de professores que não recebem ou perderam indevidamente o benefício. Levantamento feito pela AdUFRJ, em parceria com o Instituto de Química e com o campus Macaé, constatou que, em toda a universidade, cerca de 20% dos docentes que têm direito aos adicionais não recebem os valores.
Para tentar uma solução interna, a seção sindical realizou duas reuniões no ano passado com a administração central. Na segunda delas, em dezembro, a AdUFRJ apresentou um ofício com cinco reivindicações e pedidos de esclarecimentos, dentre eles o pedido de não cortar adicionais dos docentes que mudam de lotação ou assumem cargo de chefia; implementar o percentual máximo para todos os que desenvolvem trabalhos nos hospitais e, em especial, para os que atuam no combate à covid-19; e criar uma força-tarefa na pró-reitoria de Pessoal para garantir agilidade na análise dos processos.
O documento só foi respondido oficialmente pela pró-reitoria de Pessoal no final de março e não atendeu às solicitações do sindicato. As respostas insatisfatórias já constituem elementos, na avaliação da assessoria jurídica da AdUFRJ, que permitem entrar na Justiça para garantir o direito aos docentes.
“É muito importante que os professores tenham seu direito reconhecido, porque quem trabalha muito tempo exposto a agentes de contaminação pode ter problema grave de saúde no futuro”, alerta a advogada Ana Luísa Palmisciano, assessora do sindicato. “Exatamente por isso existem as aposentadorias especiais, para reduzir o tempo de serviço para quem recebe esses adicionais e minimizar os riscos de adoecimento”, explica.

Outro lado
Diretor da Divisão de Vigilância em Saúde e Segurança do Trabalho (DVSST), unidade responsável pelas perícias para concessão dos adicionais, Lucas Padilha afirma que há muitos problemas a serem resolvidos em sua divisão, mas que a equipe trabalha para solucioná-los. “A equipe não foi vacinada, as pessoas têm medo de ir aos locais de trabalho, mas as perícias de radiação não pararam”. Ele assumiu a divisão em outubro passado. Além das perícias, a equipe trabalha para concluir 2.300 processos físicos que se arrastam desde 2010. “Montamos uma força-tarefa, mas nos falta até scanner para digitalizar os documentos”, reclama.
O engenheiro passou a utilizar equipamentos de laboratórios da universidade para fazer as perícias de radiação e escreverá um projeto de cooperação interna com o Instituto de Química para ter como realizar as perícias de elementos químicos. “Nossa próxima meta é trabalhar nos relatórios de insalubridade e periculosidade. Ainda são muitos os entraves, mas estamos caminhando”.

WhatsApp Image 2021 04 20 at 11.29.23O Conselho Universitário da UFRJ revogou nesta terça-feira (20) o título de doutor honoris causa, concedido em 1973, ao tenente-coronel Jarbas Passarinho, ex-ministro da Educação do governo Costa Silva, na ditadura militar. Passarinho cunhou uma frase célebre dos anos de chumbo, ao defender as medidas de perseguição política impostas pelo mais duro ato institucional do regime inaugurado pelo golpe de 1964, na reunião do Conselho de Segurança Nacional de 13 de dezembro de 1968 que decretou o AI-5: "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência''. Por 34 votos a 2, com 8 abstenções, os conselheiros consideraram que o militar não estava à altura do título que já foi concedido a personalidades nacionais e internacionais como Oscar Niemeyer, Albert Sabin, Paulo Freire, Gabriel García Márquez, Dom Hélder Câmara e Desmont Tutu.
    Para a conselheira Júlia Vilhena, relatora da proposição de revogação do título e diretora do DCE Mário Prata, a homenagem a Jarbas Passarinho, um dos próceres do regime militar que matou e torturou opositores da ditadura, era descabida: "Ele não merece um título honorífico da UFRJ. Revogar esse título é estar ao lado da democracia e reafirmar o papel da UFRJ na história". Após a proclamação do resultado, a reitora Denise Pires de Carvalho elogiou a postura dos estudantes "com suas falas inspiradoras" e concluiu: "O negacionismo deve ser combatido em toda e qualquer área o conhecimento".

WhatsApp Image 2021 04 16 at 19.10.53ERIKA: saudade e tristezaDez terceirizados de limpeza do Centro de Tecnologia testaram positivo para a covid-19  em março. A funcionária Erika Queiroz, de apenas 32 anos, não resistiu. No dia 30, ela se tornou uma das mais de 365 mil vítimas da doença no país.
A decania do CT não tinha registro de tantos casos assim desde o início da pandemia. Segundo especialistas consultados pela reportagem, a situação não se caracteriza tecnicamente como um surto. Mas preocupa.
Decano do Centro, o professor Walter Suemitsu falou sobre a dificuldade do gestor público nesta situação: “Tentamos fazer o melhor dentro do nosso alcance, dar as condições para trabalhar com segurança”, diz. “Mas não basta só o nosso ambiente. Há a questão do transporte público, por exemplo”, lamenta.
Após tantos casos, o CT decidiu afastar todos os trabalhadores de limpeza, pouco antes do “superferiado” decretado pela prefeitura do Rio, de 26 de março a 4 de abril. Eles só retornaram às atividades após apresentação de testes negativos. Todos os exames estão sendo feitos pelo Centro de Triagem e Diagnóstico da UFRJ, no Bloco N do Centro de Ciências da Saúde.
Também foram solicitadas medidas mais rigorosas de orientação e prevenção à empresa Soluções, responsável pela prestação do serviço. A decania cobrou maior distanciamento entre os terceirizados nos momentos de assinatura de folha de ponto e no horário de almoço.
A falta de prevenção entre os próprios funcionários não ajuda. É comum ver muitos trabalhando sem máscaras. Uma colega de Erika — que prefere não se identificar —manda uma mensagem para todo o segmento : “Para se cuidar mais, usar bastante álcool em gel, evitar andar em aglomeração. A doença não veio para brincar. Veio pra matar mesmo. E está matando muita gente”.

SAUDADE
Familiares e amigos lembram, com saudade, da moradora da Maré, mãe dedicada de três filhos, muito extrovertida e companheira.  “Fazia amizade com qualquer um. Era muito querida aqui na Vila do Pinheiro e era uma mãezona”, diz o primo de Erika, Marcelo Henrique, técnico de laboratório pela Fundação Coppetec.  “Quando a gente fazia uma festinha, ela gostava de preparar um baião de dois, que ficava uma delícia”, completa.
    A rapidez do agravamento dos sintomas surpreendeu. Poucos dias após ser afastada do trabalho no CT, ao lado de todos os funcionários de limpeza, ela começou a sentir falta de ar. A família procurou apoio na UPA da Maré e no hospital Evandro Freire, na Ilha, mas Erika, que não tinha qualquer doença preexistente, não chegou a ser hospitalizada. Durante uma noite, ela piorou e acabou internada na UPA da Maré, enquanto aguardava um leito de UTI.
    Na unidade de saúde, mais um reflexo da crise sanitária nacional: a família foi informada de que havia mais de 600 pessoas na mesma situação e à frente de Erika, na “fila” de regulação dos leitos. No desespero, o primo e o marido recorreram ao Ministério Público. No mesmo dia 30 de março em que conseguiram uma liminar para garantir a transferência dela em até 24 horas para uma UTI, pública ou privada, Erika não resistiu.

TERCEIRIZADOS VULNERÁVEIS
O aumento de casos no CT e a morte de Erika voltaram a chamar atenção para o segmento mais exposto à doença, dentro da UFRJ. São 3.141 pessoas, segundo o último levantamento (de novembro) apresentado pela pró-reitoria de Governança (PR-6). Nenhum deles pode fazer o trabalho de forma remota.  São funcionários de limpeza, vigilância e portaria.
No dia 16 de março do ano passado, data em que a UFRJ suspendeu as aulas presenciais, a PR-6 emitiu um ofício às empresas prestadoras de serviço com as diretrizes do governo federal e da reitoria. No documento de duas páginas, orientações para intensificar a higienização em áreas de maior fluxo de pessoas, campanha de conscientização das medidas de prevenção e levantamento dos funcionários dos grupos de risco, como pessoas com 60 anos ou mais ou grávidas, “para avaliação da necessidade de haver suspensão ou substituição temporária na prestação dos serviços desses terceirizados”.
Quinze dias depois, novo ofício foi distribuído pela PR-6. Desta vez, dirigido às pró-reitorias, às decanias e às direções de unidade. Também orientando sobre o afastamento dos trabalhadores em grupos de risco, em atividades consideradas essenciais ou não. E apresentando o modelo de autodeclaração de saúde, nestes casos. “Registre-se que a organização e o funcionamento da Unidade são atribuições da direção local”, informou a PR-6, via assessoria de imprensa.
A universidade não mantém um controle centralizado dos dados sobre os terceirizados e a covid. Questionada sobre o número de terceirizados que ficaram doentes ou vieram a falecer por conta da doença, a PR-6 limitou-se a dizer que “não realiza esse controle”. A reitora Denise Pires de Carvalho garante que pelo menos todos os que atuam nas unidades de saúde foram vacinados.
 
SOLIDARIEDADE
O que falta de informação sobra de solidariedade na UFRJ. A família de Erika, que trabalhava há 13 anos na universidade, recebeu imediato apoio dos colegas e das entidades representativas. Esta semana, a mãe da funcionária recebeu uma cesta básica da associação dos terceirizados (ATTUFRJ), que veio de uma cota doada pela AdUFRJ. “A cesta vai ajudar muito neste momento”, disse o primo Marcelo Henrique.
    Presidente da ATTUFRJ, Waldinéa Nascimento acredita que a situação ocorrida do CT, um dos pontos que mais concentra terceirizados no campus, reflete o avanço da covid na cidade: “Quando veio essa nova variante, é que começaram a pipocar os casos no CT”, afirma. “Este ano, está muito rápido (o contágio), pegando firme”.
A dirigente da associação repudia qualquer tentativa de retorno presencial das aulas. “Sem vacina, acho impossível. Isso é uma loucura”, afirma. “Vamos supor que as aulas tivessem começado, neste período que teve a maior taxa de contaminação entre os terceirizados. Seria o caos”.
A UFRJ se prepara para a etapa de vacinação na capital, que vai priorizar os trabalhadores da Educação, incluindo os terceirizados, entre 59 e 45 anos, a partir de 26 de abril. Todos devem estar na ativa e apresentar contracheque. A reitoria providenciará comprovante para os servidores que não têm contracheque, desde que as listagens sejam enviadas por ofício à administração central.
Os que atuam nos campi Macaé e Duque de Caxias poderão se dirigir ao posto de vacinação drive-thru localizado no Fundão, que continua funcionando apenas aos sábados, nos horários determinados pela prefeitura.

 

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