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bandeira adufrjDiretoria da AdUFRJ

O governo Bolsonaro tem nos colocado desafios que até pouco tempo consideraríamos inimagináveis dentro de parâmetros mínimos de civilidade. As instituições do país parecem imobilizadas diante de uma sucessão de provocações e rupturas legais. Sua equipe de ministros e ex-ministros se julga inimputável ou inalcançável, podendo falar as atrocidades que lhe vier em mente. Nesse espetáculo de horrores, muitos ainda se perguntam quais forças o sustentam e por que ainda não se admitiu ao menos um, das dezenas de pedidos de impeachment. O impasse está posto no lado de cá do problema. Há mais de um ano sem uma autoridade sanitária a nível nacional capaz de dar diretrizes minimamente seguras para o controle da pandemia, temos assumido a difícil tarefa de contenção da disseminação do vírus, defendendo o distanciamento social e evitando aglomerações. Com isso saímos das ruas, da pressão viva e direta sobre os poderes públicos. Não só pelas passeatas e manifestações, mas pela vida mesma, pulsando nas instituições, nas empresas, nos restaurantes, nas praças. A vida empobrece, fica reduzida, a energia se dissipa, e muitos estão ocupados em sobreviver ou enterrar seus mortos. Essa é uma guerra de quase 500.000 mortos. No inventário de perdas e danos, o custo já nos parece alto demais. Olhamos para os lados e vemos que em outros lugares o desfecho foi diferente. A começar pelos EUA, mais recentemente o Chile e a Colômbia: o povo foi às ruas para forçar uma transformação social urgente e necessária.
Nessa semana que passou realizamos uma assembleia da UFRJ convocada pelas entidades, com a participação da reitoria. Tivemos toda a sorte de dificuldade, em ambiente virtual, tendo que ajustar para um único evento práticas políticas tão diversas. O tempo foi curto, a divulgação foi dificultada pelo trabalho remoto, muita gente teve dificuldade de entender a dinâmica. Não foi possível organizar uma votação, mas consideramos ter iniciado um processo muito virtuoso de encontros, trocas e debates. Apesar do tom diferenciado, das histórias pessoais tão diversas, dos enfoques matizados pelas escolhas políticas, a percepção dos problemas que enfrentamos e da gravidade da crise que se avizinha foi sempre um ponto de convergência. Já não se trata de disputar um projeto ou uma proposta, mas de garantir a nossa existência, com os valores que nos justificam e nos sustentam.
A movimentação que se criou em torno do artigo assinado pela reitora e pelo vice-reitor é um termômetro para nos dar referenciais importantes. Há um limite que a sociedade parece estar disposta a suportar. O anúncio de que corríamos o risco de termos nosso trabalho inviabilizado pelos cortes orçamentários trouxe uma mobilização de amplos espectros da sociedade, que em outras épocas não se manifestaram com tanto vigor, mesmo estando a universidade sofrendo grandes restrições orçamentárias. Parece que desta vez, levando em conta todos os ataques que sofremos desde a posse desse governo, entenderam os grandes jornais que a instituição corre perigo de fato. Os cortes orçamentários, somados a uma agenda autoritária e à asfixia provocada também nas agências de fomento, associados ainda a discursos negacionistas e de desrespeito às orientações técnicas forjadas no rigor científico, tudo isso acrescenta cores bem realistas quanto aos interesses que não se disfarçam.
A cada dia se percebe que as chamadas forças bolsonaristas são minoritárias na sociedade. Mas também está cada vez mais evidente que elas estão se preparando para uma batalha, com soldados dispostos a tudo. E a primeira tática usada para que se imponham pela força é a intimidação. Esse é o ponto do qual não podemos recuar. As instituições precisam funcionar, as multas precisam ser aplicadas, a CPI precisa indicar e responsabilizar aqueles que nos impuseram um quadro absolutamente dramático de mortes por covid-19. Mas elas não funcionarão sozinhas. É preciso uma movimentação grandiosa, que torne explícito e indiscutível que o compromisso da sociedade brasileira é com a defesa do Estado Democrático de Direito e o respeito à Constituição. Dia 29 de maio podemos dar o primeiro e vigoroso passo para que isso se torne realidade. Não poupemos esforços nesse sentido. Quem puder, deve estar às 10 horas em frente ao Monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas. Ali há espaço e podemos manter algum distanciamento. Máscaras e álcool em gel completam o kit de proteção. Quem não puder ir, quem precisar ficar em casa, não abandone as redes sociais, multiplique nosso grito, antes que seja tarde.

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“A UFRJ hoje mostrou que está viva, está na luta e vai virar esse jogo”. Com estas palavras, a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, encerrou uma inédita e concorrida assembleia comunitária virtual em defesa da universidade, no dia 26. Somente a “plateia” do Youtube, que chegou a contar com mais de 500 pessoas assistindo à reunião ao mesmo tempo, seria suficiente para lotar qualquer um dos maiores auditórios do Fundão.
Professores, técnicos e estudantes sentiram o frisson em torno do encontro organizado pelo Formas, o Fórum de Mobilização e Ação Solidária, que congrega todas as entidades representativas da UFRJ. Em falas apaixonadas, como se estivessem cercados da multidão de colegas, eles conclamaram à união de todos os segmentos contra as políticas autoritárias do governo. “É um primeiro passo. Nossa assembleia é quase um ato simbólico de amor à UFRJ, de amor à vida, de amor à democracia”, disse Eleonora. “Quanto mais força fizerem para nos calar, mais aumentará a nossa luta”.
Os depoimentos seguintes confirmaram a declaração inicial da presidente da AdUFRJ. E a assembleia comunitária acabou se transformando no grande “esquenta” da universidade para o ato nacional do próximo sábado (29), que terá como principal palavra de ordem o “Fora Bolsonaro” (leia mais na contracapa).
Protagonistas do primeiro ato de rua durante a pandemia, no último dia 14, os estudantes reforçaram a necessidade da ação coletiva: “Esta será a primeira de muitas assembleias e eventos que vamos fazer em conjunto com toda a comunidade acadêmica para colocar Bolsonaro no lugar que ele merece, que é a lata de lixo da história”, afirmou Antônia Velloso, uma das representantes do DCE Mário Prata.
Coordenadora do Sintufrj, Gerly Miceli manifestou solidariedade com as famílias dos mais de 450 mil mortos pela covid no Brasil. “É um governo genocida, sim, e ainda não se tem 10% de população vacinada”, criticou. “A UFRJ não pode fechar. É um patrimônio deste país. E a campanha do Sintufrj fica cada vez mais viva. É vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”.
A proposta de extinção da Uerj, apresentada esta semana pelo deputado estadual bolsonarista Anderson Moraes (PSL), também repercutiu na reunião. Natália Trindade, da Associação de Pós-graduandos (APG) e ex-aluna da universidade estadual, disse que seus dois orgulhos estavam sob ataque. “A UFRJ vai resistir, não vai fechar; a Uerj vai resistir”.
Na grande corrente virtual que se formou na assembleia, apenas uma nota triste. Dirigentes sindicais e estudantis lamentaram a não participação da representação da associação dos terceirizados: dos três diretores da Attufrj, dois estavam com problemas de saúde e um terceiro não conseguiu liberação do trabalho.

SEM RECURSOS
PARA FUNCIONAR
Durante a assembleia, uma apresentação da reitoria ajudou a entender por que todas as ações institucionais contra a pandemia estão ameaçadas pelos cortes do governo: da realização de testes ao atendimento nos hospitais, passando por mais de 140 projetos de pesquisa. “Estamos cumprindo nosso papel de instituição de Estado, patrimônio do povo brasileiro que somos. Mas, mais que resistir, precisamos agir. Pois nossas instituições precisam ser valorizadas”, disse a reitora Denise Pires de Carvalho.
O pró-reitor de Planejamento, professor Eduardo Raupp, informou que o atual orçamento (de R$ 299 milhões) equivale, em valores corrigidos pela inflação, ao de 2008, quando a UFRJ tinha a metade dos alunos de hoje. “Nós nos deparamos com o maior ataque do ponto de vista orçamentário, não só à UFRJ, mas a todo o sistema de universidades. Voltar 13 anos em termos orçamentários é tentar nos aniquilar”, enfatizou.

TODOS AO ATO DO DIA 29
Cento e dezoito pessoas se inscreveram para o debate na reunião. Para não alongar demais o horário da atividade, sete nomes de cada segmento foram sorteados eletronicamente. A convocação para o ato do dia 29 foi consenso, entre os que falaram.
Professora do Direito, Luciana Boiteux fez um dos convites para os colegas, ressaltando todos os cuidados sanitários. “Não é momento de pensar em desânimo, mas de partir para cima. Queremos nosso Brasil de volta, queremos nossos direitos de volta. Estamos juntos e vamos lá no dia 29”.
A técnica-administrativa Adriani Pinheiro convocou os mais antigos: “Estou com esse grito entalado na garganta, louca para ir para a rua, para dizer ‘fora Bolsonaro’. A nossa geração, que já tomou vacina, nem que seja só a primeira dose, vai estar lá com toda força. A juventude está dando o exemplo”, afirmou.
Norma Menezes, da Escola de Belas Artes, sugeriu a utilização de fitas coloridas para os manifestantes guardarem o distanciamento recomendado pelas autoridades sanitárias. Também disse que poderiam ser organizadas coreografias em meio ao protesto. “Façamos um encontro criativo”, disse.
Josué Medeiros, diretor da AdUFRJ, avaliou a assembleia de forma positiva. “Para nós, é um evento que energiza. É uma jornada que se iniciou há 15 dias, com o protesto contra a chacina no Jacarezinho; depois, no dia 14, no ato em frente ao IFCS. No sábado, tem o Fora Bolsonaro”, disse. “Estamos numa dinâmica de retomada das ruas que vai nos preparando para enfrentar a conjuntura difícil deste ano. E somente as ruas vão mudar esta conjuntura”, completou.

COMUNIDADE RECEBE
APOIO EXTERNO
Representantes de sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e políticos foram convidados a enviar um vídeo curto à assembleia. “A gente sabe dar boas aulas, a gente sabe pesquisar e a gente sabe lutar. Venceremos”, incentivou a escritora e professora de Física do Cefet, Elika Takimoto, em sua saudação.
Também participaram: Flávia Calé (presidente da Associação Nacional dos Pós-graduandos), Rivânia Moura (presidente do Andes), Nilton Brandão (presidente do Proifes), Rosana Fernandes (CUT Nacional), deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), Ligia Bahia (SBPC), deputado federal Elvino Gass (PT), vereadores Tarcísio Motta e Professor Josemar e deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), Esteban Crescente (Movimento Luta de Classes); João Paulo Rodrigues (MST), Jones Manoel (PCB); Giovanna Almeida e Leonardo Péricles (Unidade Popular).

f7c3d958 65a3 4952 99ef a3b8a6bab347A Prefeitura do Rio anunciou a retomada da vacinação dos trabalhadores da Educação. Estão incluídos no grupo os professores, técnicos e terceirizados que atuam em instituições públicas ou privadas da área. De acordo com o novo calendário, serão imunizadas pessoas de 49 anos na segunda; na terça, as de 48 anos; e assim por diante.  A vacinação dos trabalhadores da Educação havia sido interrompida no dia 6 por decisão do STF. Na ocasião, o ministro argumentou que faltavam justificativas para a inclusão dos educadores no calendário. A prefeitura respondeu que está seguindo as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações.

WhatsApp Image 2021 05 24 at 20.49.57A assembleia será aberta por uma fala da Reitoria, apresentando o quadro orçamentário de hoje e quais os riscos reais que enfrentamos. Cada entidade terá cinco minutos de fala e depois haverá 30 falas de 2 minutos para professores, estudantes, técnicos e terceirizados que desejem fazer uso da palavra. Provavelmente haverá mais inscritos do que isso, mas para que não ultrapassemos o teto de duas horas para o evento, utilizaremos um recurso que tem sido comum nas reuniões do ANDES, que é o sorteio eletrônico das falas. 

A transmissão sérá feita no perfil da AdUFRJ no Facebook e no canal do sindicato no Youtube.

Inscreva-se através do link https://www.even3.com.br/ufrj/. Sua participação é fundamental.

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Numa semana muito movimentada, a colaboração das autoridades norte-americanas no episódio do contrabando de madeira demonstra o isolamento e as dificuldades do governo federal após a derrota de Trump. Entretanto, alguns episódios na CPI da Covid demonstram que o jogo ainda está pesado por aqui. A consciência antibolsonarista se espalha e se adensa na medida em que ficam mais nítidas as nefastas consequências de uma eventual (e esperamos que seja uma hipótese cada dia mais distante) reeleição de Bolsonaro. O desafio é conseguir colocar no mesmo influxo, trabalhando de forma minimamente articulada, aqueles que querem a deposição do presidente da República como tarefa imediata e inadiável e os que acreditam que não há possibilidade política para o impeachment e, portanto, a tarefa mais importante é a construção de uma ampla frente para o embate eleitoral de 2022. Que todos joguem água no mesmo moinho: naquele que irá triturar os arroubos autoritários e os delírios de poder absoluto do clã instalado no Palácio do Planalto.
É preciso desdobrar essa tarefa para todas as esferas da vida pública brasileira, em especial no campo da Educação. Em maio de 2019 demos uma vigorosa resposta nas ruas por conta do anúncio de cortes no orçamento que inviabilizariam a educação pública no país. O grito de alerta lançado por artigo assinado pela reitora e pelo vice-reitor, publicado em 6 de maio pelo jornal O Globo, foi o estopim de uma virada de chave no cotidiano da universidade. Não nos resta mais nenhuma dúvida de que estamos pela primeira vez vivendo o risco bastante palpável de um colapso institucional, com fechamento de leitos e paralisação de importantes pesquisas; isso sem contar os cortes de bolsa e comprometimento de todo o patrimônio físico e cultural que guardamos. A gravidade é tão grande que tivemos no dia 18 um grande ato, de dimensão nacional, promovido pela UFBA, com apoio de todas as entidades, e no dia 19, como o Dia Nacional em Defesa da Educação, chamado pelo Andes e com ampla adesão também das entidades estudantis e dos técnicos-administrativos. Os estudantes mais uma vez deram exemplo de energia e vitalidade, foram primeiro às ruas, no dia 14, com máscaras, muito álcool em gel e respeitando algum distanciamento.
Pois é com esse espírito, de quem enfrenta uma severa batalha pela sobrevivência, que precisamos construir uma sólida e consistente linha de ação reunindo toda a comunidade universitária. Não é tempo de pequenas intolerâncias, disputas menores, e velhos rancores. Nenhum de nós estará a salvo com esse governo. Vamos todos participar da assembleia-ato (ainda em ambiente virtual) no dia 26 e dar uma demonstração de força e unidade em defesa da universidade pública. O nosso exemplo é necessário, ele pode ampliar e dar mais consequência à luta nacional. E, para aqueles que puderem ir, nos encontraremos sábado (29), nas ruas, com todo o cuidado necessário!

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