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A universidade está sem ar. A asfixia da covid-19 se soma à asfixia do conhecimento, da ciência, da pesquisa, da educação, da arte e dos movimentos sociais. Há mais de 12 meses, as ruas estão caladas, silenciadas pela pandemia e pela escalada de mortes. Esse sufocante silêncio, no entanto, foi interrompido no final da tarde de sexta-feira passada, quando o Sintufrj iniciou uma surpreendente e vigorosa campanha nos muros, paredes e paradas do ônibus.
Com o mote “Vacina no braço, comida no prato”, a campanha gerou a fúria de apoiadores do presidente ao responsabilizá-lo pelos milhares de mortes evitáveis no Brasil.
Além de espalhar ódio e mentiras pelas redes, os seguidores do capitão ameaçaram o Sintufrj em ligações telefônicas anônimas. Ao longo da última semana, foram muitos os recados de que a sede do sindicato seria invadida e destruída.
No domingo (11) e na segunda-feira (12), houve movimentação suspeita de carros em frente ao Sintufrj. Os veículos foram abordados pela Divisão de Segurança da universidade e deixaram o campus depois que os ocupantes disseram aos vigilantes que aguardavam consulta no Hospital Universitário. A direção do sindicato registrou ocorrência e aguarda os desdobramentos da investigação. O ódio tentou intimidar, mas não conseguiu. A sanha bolsonarista encontrou uma corrente de solidariedade muito maior do que poderia imaginar.
“Quem está com uma CPI nas costas, quem está com o mundo inteiro olhando para ele e dizendo que é o principal responsável pela enorme quantidade de mortes evitáveis nessa pandemia é o presidente da República. Não são os sindicatos”, resumiu a presidente da AdUFRJ, a professora Eleonora Ziller. 

OS ATAQUES
WhatsApp Image 2021 04 16 at 19.16.35A diretoria do Sintufrj conta que a campanha foi pensada e produzida durante mais de um mês e envolveu poucas pessoas em sua execução. A ideia era surpreender a sociedade, com ações coordenadas na Praia Vermelha, Linha Vermelha e Escola de Música, pontos de grande movimentação, ao longo da sexta-feira, 9. A maior repercussão se concentrou no painel luminoso instalado na Praia Vermelha.
Os ataques começaram depois que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ) protestaram em suas redes sociais contra o painel. Moraes chamou a reitoria de “mafiosa” e mentiu dizendo que havia uso de dinheiro público para fazer campanha negativa do governo. Ele ainda denunciou a UFRJ à Polícia Federal. Flávio Bolsonaro, por sua vez, afirmou que a campanha constituía um crime contra seu pai. Além das injúrias por escrito, o Sintufrj recebeu ameaças terroristas de lançar bombas, invadir a sede do sindicato e até agredir os profissionais que trabalham na entidade.

A SOLIDARIEDADE
Ainda no começo da manhã de sábado, 10, a AdUFRJ condenou os ataques ao Sintufrj. “A universidade está divulgando as orientações fundamentadas em decisões científicas, nós estamos distribuindo cestas básicas, tentando melhorar a situação de toda a população no enfrentamento da covid-19”, afirma a professora Eleonora Ziller. “Quem está atrapalhando, quem está sendo julgado mundialmente pelos crimes que vem cometendo é justamente quem nos acusa. Esse é o ‘inusitado’ da situação. É uma marca do nosso tempo, que não tem paralelo na nossa tradição. É realmente um absurdo”, resume a presidente da AdUFRJ.
WhatsApp Image 2021 04 16 at 19.16.351Enquanto os bolsonaristas espalhavam ódio contra o Sintufrj, os democratas multiplicavam solidariedade ao sindicato. Desde sábado, circula uma crescente onda de apoio pelos quatro cantos do Brasil. Parlamentares, líderes de movimentos sociais e a comunidade acadêmica da UFRJ expressaram apoio à campanha.
O deputado federal Bohn Gass, do PT-RS, afirmou em sua rede social que o Rio viveu “um dia de legítimos protestos” e divulgou o vídeo da ação do sindicato. Ele terminou a publicação expressando “todo apoio ao Sintufrj”.
Alessandro Molon, deputado federal pelo PSB-RJ, compartilhou nas redes seu apoio: “Vacina no braço, comida no prato. Fora Bolsonaro! Campanha em defesa da vida e contra o governo Bolsonaro feita pelo Sintufrj”. Os deputados federais Marcelo Freixo (Psol-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Alencar Braga (PT-SP) também apoiaram a ação nas redes sociais.
Vereador carioca pelo PT, Reimont declarou “apoio e solidariedade”. “Na política do ódio, não se pode divergir. Depois de se manifestarem contra a lentidão das vacinas e o aumento da fome, os companheiros do Sintufrj estão sofrendo graves ameaças. Todo meu apoio e solidariedade. Contem comigo”.
Deputadas estaduais pelo PSOL, Renata Souza e Dani Monteiro saíram em defesa do sindicato. “A perseguição política e a censura fazem parte da estrutura de um governo que despreza a democracia. Siga forte Sintufrj, eles passarão”, disse Renata. Já Dani afirmou que “os tempos são duros, mas também são de luta. Resistimos”.
João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), gravou um vídeo em que destaca a importância da ação. “Estamos muito comovidos a nível nacional por essa ação de agitação e propaganda tão importante e que está sendo criminalizada estupidamente pelos bolsonaristas”, disse. “Vocês têm sido a voz da classe trabalhadora”.
A AdUFRJ e o Formas – Fórum de Mobilização e Ação Solidária da UFRJ, grupo formado pelas cinco entidades representativas da universidade, também publicaram notas de apoio (veja a íntegra abaixo).
Já a Reitoria assumiu uma posição mais cautelosa. Em nota, esclareceu que a campanha não era da universidade e criticou o local de instalação do painel no campus da Praia Vermelha, o que gerou uma frustração em muitos setores que esperavam um posicionamento mais firme,   como ocorreu no CEG. No dia 14, o Conselho de Ensino de Graduação aprovou por unanimidade uma moção de apoio ao Sintufrj.

RESISTÊNCIA PARA BARRAR O ÓDIO

O que sofre agora o Sintufrj já aconteceu com a Aduferpe, seção sindical dos professores da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Depois que o sindicato instalou outdoors em Recife, no ano passado, criticando Bolsonaro, a professora Érika Suruagy foi acusada de injúria em inquérito aberto pela Polícia Federal. Ela era presidente da Aduferpe na época.
O outdoor tinha a imagem de Bolsonaro vestido de Senhor da Morte e as inscrições “Inimigo da Educação e do povo. Mais de 120.000 mortes por covid-19 no Brasil. #ForaBolsonaro”. Diante da coação à professora, entidades nacionais entraram na briga e vão apoiar a instalação de novos outdoors por toda a grande Recife e interior de Pernambuco. Já fazem parte da campanha Andes, CUT, Conlutas, CTB, UNE entre outras.

Nota AdUFRJ

Não vamos nos calar

O Brasil precisa de comida no prato e vacina no braço, como diz a chamada da campanha do SINTUFRJ. E precisa também que a CPI no Senado aponte para a sociedade brasileira quais são as autoridades responsáveis pela maior crise sanitária de nossa história. É a maior crise que já vivemos porque são mortes evitáveis. Há uma orientação mundial para o controle da pandemia que as nossas autoridades federais têm ignorado desde que tudo começou. Quantas pessoas poderiam ter sido salvas se não fossem iludidas com a divulgação e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada? Estamos juntos cobrando uma resposta ao povo brasileiro. Ninguém calará a universidade e suas entidades. O governo é genocida e terá que responder por isso. E não nos intimidaremos. O vídeo que foi projetado em prédios e no campus da universidade é uma manifestação legítima e não pode sofrer qualquer censura. Não foi uma ação institucional e a UFRJ não pode ser responsabilizada por isso. A única atitude que esperamos das autoridades federais é  a defesa intransigente da liberdade de expressão e do debate político, assim como o respeito ao princípio constitucional da autonomia universitária. E que a família Bolsonaro, antes de tentar nos intimidar, que responda por suas atividades suspeitas.

Nota Formas

Em defesa da vida, da democracia e dos serviços públicos: estamos juntos e não nos intimidarão!

As entidades representativas da UFRJ estão reunidas desde o início da pandemia no Fórum de Mobilização e Ação Solidária. Juntas distribuíram toneladas de alimentos a milhares de pessoas e organizaram ações de protesto e mobilizações. Afirmaram desde sempre seu compromisso com o enfrentamento da covid-19 a partir de parâmetros científicos, referendados pelas diversas instâncias da universidade. Desde os primeiros dias de suspensão das atividades presenciais, juntas enfrentaram o descaso e a política de destruição nacional do atual governo. Não se intimidaram com as granadas jogadas nos bolsos do funcionalismo, desmoralizaram ministros mentirosos e, em ação conjunta com as entidades da Educação no estado do Rio de Janeiro e em todo o país, constroem uma grande frente em defesa da educação pública brasileira.
E não será diferente agora, que pseudo guardiões da moral e dos bons costumes, com extensa e conhecida ficha criminal, tentam intimidar o Sintufrj, com ameaças e provocações. Cerramos fileiras em defesa da liberdade de expressão, do livre debate e da participação ativa e responsável do corpo social da UFRJ na luta contra o negacionismo e a mentira que vêm guiando as ações do governo federal. Bolsonaro terá que responder por suas ações e omissões.
A sociedade não pode ser refém de fakenews e desinformação. Basta de mortes evitáveis!
Estaremos todos gritando alto e bom som: Bolsonaro genocida! Vacina já: universal e gratuita! Viva o SUS! Pela volta do auxílio emergencial de 600 reais! Contra a reforma administrativa, em defesa do serviço público!

 

WhatsApp Image 2021 04 16 at 19.04.50A capa da edição do Jornal da AdUFRJ desta semana apresenta ilustrações assinadas pela cartunista Laerte. Num gesto importante de solidariedade e respeito à imprensa sindical, Laerte liberou a publicação de seus desenhos para todos os sindicatos não patronais. O designer da AdUFRJ. André Hippertt, adaptou o traço de Laerte, feito nos anos 1980, para a realidade da semana na UFRJ.
Laerte é uma artista nascida na capital paulista em 10 de junho de 1951. Estudou Comunicação e Música na USP, mas não chegou a se formar. Considerada uma das mais importantes cartunistas do país, colaborou para diversas revistas e jornais. Aos 69 anos, tomou esta semana a segunda dose da vacina contra a covid-19.

O Formas-UFRJ, Fórum de Mobilização e Ação Solidária, divulgou uma nota de solidariedade ao Sintufrj, que sofre ameaças por sua campanha "Vacina no braço e comida no prato!". Confira abaixo a íntegra do texto e AQUI, a nota em PDF:

NOTA DE SOLIDARIEDADE

Em defesa da vida, da democracia e dos serviços públicos: estamos juntos e não nos intimidarão!

As entidades representativas da UFRJ estão reunidas desde o início da pandemia no Fórum de Mobilização e Ação Solidária. Juntas distribuíram toneladas de alimentos a milhares de pessoas e organizaram ações de protesto e mobilizações. Afirmaram desde sempre seu compromisso com o enfrentamento da covid-19 a partir de parâmetros científicos, referendados pelas diversas instâncias da universidade. Desde os primeiros dias de suspensão das atividades presenciais, juntas enfrentaram o descaso e a política de destruição nacional do atual governo. Não se intimidaram com as granadas jogadas nos bolsos do funcionalismo, desmoralizaram ministros mentirosos e, em ação conjunta com as entidades da Educação no estado do Rio de Janeiro e em todo o país, constroem uma grande frente em defesa da educação pública brasileira.

E não será diferente agora, que pseudo guardiões da moral e dos bons costumes, com extensa e conhecida ficha criminal, tentam intimidar o Sintufrj, com ameaças e provocações. Cerramos fileiras em defesa da liberdade de expressão, do livre debate e da participação ativa e responsável do corpo social da UFRJ na luta contra o negacionismo e a mentira que vêm guiando as ações do governo federal. Bolsonaro terá que responder por suas ações e omissões.

A sociedade não pode ser refém de fakenews e desinformação. Basta de mortes evitáveis!

Estaremos todos gritando alto e bom som: Bolsonaro genocida! Vacina já: universal e gratuita! Viva o SUS! Pela volta do auxílio emergencial de 600 reais! Contra a reforma administrativa, em defesa do serviço público!

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AdUFRJ
APG UFRJ
DCE UFRJ
ATTUFRJ

WhatsApp Image 2021 04 02 at 08.45.592A comunidade acadêmica está exaurida. Após dois semestres de aulas remotas em meio à mais grave crise sanitária da história brasileira, professores, alunos e técnicos se desdobram para cumprir suas tarefas. A rotina imposta pelo acelerado calendário aprovado ano passado pelo Conselho de Ensino de Graduação mostrou a necessidade de mudar a programação. Após intensa mobilização da AdUFRJ, o CEG discutiu e, na última quarta-feira, 7, aprovou mudanças no calendário.
O recesso entre 2020 e 2021 passou para quatro semanas: começará em 13 de junho e vai até 11 de julho. A revisão do recesso vem sendo defendida pela AdUFRJ desde a aprovação do calendário original, em outubro.
Nas últimas semanas, os docentes intensificaram as solicitações e as análises de que um intervalo maior entre os semestres seria fundamental para organizar todos os atropelos que os três períodos consecutivos geraram, além de amenizar o desgaste físico e mental do corpo social da universidade. As discussões basearam uma nota publicada pela diretoria do sindicato na semana passada.
Outra decisão tomada pelo CEG no dia 7 foi a definição do calendário de 2021. O colegiado aprovou por ampla maioria que os semestres terão duração de 15 semanas. Mas foi apertada a escolha pelo período de recesso. Por dez votos a favor, nove contra e três abstenções foi aprovado o recesso de 21 dias. O calendário conjunto da Faculdade de Medicina do Rio e do curso de Medicina de Macaé também foi aprovado, com outras datas (veja no quadro acima). No início da reunião, o vice-presidente da AdUFRJ, professor Felipe Rosa, sugeriu a dilatação dos prazos. “A AdUFRJ defende um ajuste no calendário, de pelo menos uma semana, entre os recessos subsequentes. Isso não atrasará muito o calendário e fará com que a universidade funcione melhor”, afirmou.
Felipe Rosa relembrou o contexto em que o as datas foram aprovadas. “A gente estava deixando de cumprir nossa função com a sociedade. Aprovar este calendário foi uma vitória para nossa universidade”, defendeu. “Mas aquele momento passou. Na prática, os períodos e recessos muito curtos fizeram com que a própria burocracia eletrônica da UFRJ não conseguisse acompanhar [as demandas], fazendo com que semestres se sobrepusessem, o que causou muito desgaste”, avaliou.
WhatsApp Image 2021 04 10 at 12.38.133A conselheira Damires França, representante dos técnicos-administrativos, falou em nome dos profissionais que atuam em coordenações e secretarias acadêmicas. Para ela, os trabalhadores desses setores estão “em estafa física e mental”. “Estamos muito cansados, não só com os trabalhos que surgem das demandas de final de semestre e de início de semestre, mas também porque estamos acumulando funções de muitos servidores que não têm condições técnicas de trabalho”, relatou.
Representando a comissão organizadora de um abaixo-assinado, o professor Cláudio Ribeiro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, informou que o documento — que ainda não foi entregue ao CEG — contava com 600 assinaturas e reivindicava 30 dias de férias ao final de 2020.2. “Quando as aulas presenciais estavam suspensas, nós estávamos em processo de adaptação às aulas remotas, realizando atividades burocráticas, experimentando ferramentas e tentando entender e combater a pandemia. Iniciamos o ensino remoto da graduação num cenário de extremo cansaço”, afirmou.
Antônia Velloso, representante estudantil, explicou que o corpo discente era a favor da proposta apresentada pela administração central (períodos de 15 semanas com férias de 30 dias para o ano de 2021). Mas alertou que o calendário da reitoria tornava a transição entre 2020 e 2021 inviável. “Vemos como um problema o recesso entre 2020.2 e 2021.1 permanecer com duas semanas. Gostaria de frisar a importância de um período de descanso e também de organização do trabalho dos professores e dos técnicos-administrativos”.
O professor Daniel de Augustinis, representante de Macaé, também se posicionou contra a manutenção do recesso de apenas duas semanas em junho. “Nossos prazos estão muito apertados, notas estão atrasando e isso nos prejudica também, porque a gente fala que o aluno não tem aquele pré-requisito, o aluno diz que fez a matéria, mas o professor não lançou a nota. Isso vai parar na Comissão de Orientação e Acompanhamento Acadêmico, é preciso buscar o contato, pedir para lançar a nota, mandamos e-mail...”, relatou. “Além de todo mundo estar exausto, o trabalho de orientação acadêmica fica muito prejudicado”.
A pró-reitora de Graduação, professora Gisele Pires, chegou a sugerir que o recesso de junho deste ano fosse assunto para a próxima sessão do colegiado, mas os conselheiros acabaram aprovando a extensão do intervalo.

O CALENDÁRIO NAS OUTRAS UNIVERSIDADES

Dados do Ministério da Educação indicam que 63 das 69 instituições federais de ensino superior aprovaram aulas totalmente remotas para a graduação.
O levantamento foi realizado por Victor Trindade, conselheiro discente que apresentou o estudo na última reunião do CEG. Victor pesquisou a reorganização do calendário acadêmico em 30 delas e descobriu que os períodos variaram, majoritariamente, entre 14 e 16 semanas letivas. O levantamento demonstrou que a UFRJ não está atrasada, comparada às outras federais pesquisadas. A maioria das universidades iniciou os períodos remotos entre agosto e outubro do ano passado. Apenas três universidades (UFRJ, UFF e UFPE) optaram por realizar um período letivo excepcional somado aos períodos regulares.
Das 30 instituições analisadas, 14 começaram 2020.2 antes da UFRJ, mas só as federais de Minas Gerais, Santa Maria e Mato Grosso do Sul conseguiram iniciar 2020.2 ainda no ano passado. UFMS e UFSM são as únicas que já iniciaram o ano letivo de 2021. Enquanto isso, 11 instituições iniciaram 2020.1 neste ano.
Os estudantes também apresentaram ao CEG levantamento realizado desde o dia 26 de março pelo DCE sobre a avaliação do ensino remoto na UFRJ – 400 alunos responderam o questionário até o momento e o formulário ainda está aberto ao preenchimento. Os dados são significativos - 69,9% observaram um aumento relevante da quantidade de avaliações aplicadas pelos professores durante o ensino remoto. O excesso de conteúdo foi apontado por 74,2% dos alunos como motivo do trancamento de disciplinas.
“A gente vê que muitos professores não repensaram seus conteúdos para adequar ao período remoto, mas continuaram com seus conteúdos programáticos dentro de um período mais curto, o que gerou sobrecarga”, avaliou a estudante Antônia Velloso, do DCE e representante estudantil no CEG.
Outros retornos também acenderam o alerta sobre a duração dos períodos remotos. Professores precisaram marcar atividades fora do período acadêmico para 41,6% dos estudantes. Além disso, 37,9% dos alunos confirmaram que alguns de seus professores realizaram aulas síncronas fora dos horários estabelecidos para a disciplina. “Por ter um calendário pequeno, os professores optaram por passar provas durante as férias. Eu sei que boa parte fez isso em acordo com as turmas, mas se eles precisaram fazer isso, é porque o calendário não é suficiente”, afirmou Antônia.

A campanha "Vacina no braço, comida no prato: Fora Bolsonaro!", realizada pelo Sintufrj no dia 9 de abril, ganhou ampla repercussão nas redes sociais. Com faixas, projeções e um painel de LED instalado no campus da Praia Vermelha, o sindicato denunciou os crimes do governo na pandemia. Diversos parlamentares de oposição saudaram a iniciativa e a AdUFRJ divulgou uma nota em solidariedade ao Sintufrj (confira abaixo). A manifestação também atraiu a ira de apoiadores do governo. Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, anunciou que o protesto seria denunciado à Polícia Federal.

 

NOTA DA ADUFRJ
NÃO VAMOS NOS CALAR
O Brasil precisa de comida no prato e vacina no braço, como diz a chamada da campanha do SINTUFRJ. E precisa também que a CPI no Senado aponte para a sociedade brasileira quais são as autoridades responsáveis pela maior crise sanitária de nossa história. É a maior crise que já vivemos porque são mortes evitáveis. Há uma orientação mundial para o controle da pandemia que as nossas autoridades federais têm ignorado desde que tudo começou. Quantas pessoas poderiam ter sido salvas se não fossem iludidas com a divulgação e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada? Estamos juntos cobrando uma resposta ao povo brasileiro. Ninguém calará a universidade e suas entidades. O governo é genocida e terá que responder por isso. E não nos intimidaremos. O vídeo que foi projetado em prédios e no campus da universidade é uma manifestação legítima e não pode sofrer qualquer censura. Não foi uma ação institucional e a UFRJ não pode ser responsabilizada por isso. A única atitude que esperamos das autoridades federais é a defesa intransigente da liberdade de expressão e do debate político, assim como o respeito ao princípio constitucional da autonomia universitária. E que a família Bolsonaro, antes de tentar nos intimidar, que responda por suas atividades suspeitas.
 
Foto: site do Sintufrj

 

WhatsApp Image 2021 04 10 at 12.38.12Diretoria da AdUFRJ

Não bastasse estarmos batendo recordes sucessivos de óbitos nesses últimos dias, a Câmara dos Deputados chancelou nesta semana um projeto de lei digno dos nossos piores estereótipos. Se aprovado no Senado, o PL 948 permitirá oficialmente a compra de vacinas por agentes particulares, no melhor estilo “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Para adicionar insulto à injúria, tais agentes não precisam seguir o Plano Nacional de Imunizações (PNI) nem passar pelo crivo da Anvisa, “privilégio” que nem estados e municípios possuem. E o mais triste de tudo isso é que tal descalabro está acontecendo justamente no Brasil, que já foi vitrine e exemplo de vacinação para o mundo. Hoje estamos rumando para um desavergonhado feudalismo de ampolas, e salve-se quem puder.
É claro que tal ação não acontece no vácuo: a campanha de vacinação, se já ultrapassou o passo de cágado, ainda está longe do voo de cruzeiro. Somos o 5º país no ranking mundial de distribuição de vacinas, em números absolutos, com aproximadamente 20 milhões de doses administradas. Mas, a uma média de 500 mil doses por dia, vai levar mais de um ano para chegarmos à imunidade de rebanho. Somem-se a isso os prognósticos catastróficos de centenas de milhares de mortes nos próximos meses, e temos um caldo para que os piores instintos se manifestem.
Nós já vimos o que acontece quando tais instintos engolfam a sociedade e ditam a política, basta nos lembrarmos dos exemplos recentes dos Bálcãs ou de Ruanda. Numa sociedade saudável há freios e contrapesos que enterram esses ímpetos egoístas. Mas, infelizmente, o que estamos vendo no Brasil é uma degradação de qualquer noção de comunidade. O governo Bolsonaro está sendo desgraçadamente eficiente em uma das tarefas que se impôs, que é a de desacreditar totalmente o Estado e as soluções coletivas. Você quer educar seus filhos? Faça-o em casa (afinal, nas escolas e universidades só tem balbúrdia). Você quer segurança? Compre uma arma (aliás, compre seis logo de uma vez). E agora você quer vacina? Peça ao seu empregador um lugar em seu “camarote”. E se não tiver mais lugar... bom, “todo mundo vai morrer um dia”, não é mesmo?
E assim vamos, na contramão de todo o planeta. Se no mundo inteiro os países concentraram esforços em seus aparatos estatais, nós estamos pulverizando a demanda por uma commodity que já é rara. Como as nações fabricantes de vacinas ou de IFAs não são instituições de caridade, não é necessário ser um gênio para concluir que qualquer ampola na mão de algum banqueiro é uma dose a menos no SUS. Alguém poderia observar, nesse momento, que tudo isso talvez seja evitado pois as grandes empresas farmacêuticas poderiam se recusar a vender para particulares, por questões logísticas e éticas. De fato, há opiniões nesse sentido. De toda forma, passaríamos pela humilhação suprema de estar do lado errado numa negociação com ninguém menos que Big Pharma. Simplesmente desolador.

 Adendo: Tivemos, nesta semana, uma reunião do Conselho do Ensino de Graduação (CEG) para discutir o calendário deste e do próximo ano letivo. Conforme salientado pela AdUFRJ em diversas ocasiões, nosso calendário estava excessivamente corrido, com períodos e recessos demasiadamente curtos, inviabilizando uma transição suave entre semestres e causando grave estafa entre os docentes. Felizmente, os conselheiros e conselheiras do CEG, numa reunião profícua, reajustaram o calendário de modo a termos períodos letivos e recessos mais adequados, sem perder de vista o nosso compromisso com os calouros de 2021. Nós saudamos o CEG por promover esse reencontro da universidade.

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