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WEB menor 1125 p6aA AdUFRJ está oferecendo atendimento juridico virtual para todos os sindicalizados. Os encontros serão a partir da  próxima terça-feira, dia 28 de abril. O atendimento será realizado sempre às terça-feiras, por meio virtual, enquanto durar a suspensão das aulas.
A iniciativa foi  muito recebida pelos docentes - até o fechamento da edição quase todas as vagas para 28 de abril já haviam sido preenchidos.
O atendimento será feito pelo aplicativo Zoom, entre 8h e 11h30. Se você ainda não conhece o aplicativo, acesse www.zoom.com e instale em seu computador ou celular gratuitamente.
Para agendar um horário, envie email para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou mensagem de whatsapp para (21) 99808-0672. Você receberá o link para participar no número informado.
No horário marcado é só clicar no link e entrar na sala de reunião

WEB menor 1125 p8aWEB menor 1125 p8O texto do professor Felipe Rosa, do Instituto de Física, e da designer instrucional Bruna Werneck, da Fundação Cecierj, é o segundo desta seção criada para acolher artigos de docentes sobre temas relacionados à quarentena. A diretoria abriu este canal a partir das reuniões do Conselho de Representantes. Os interessados devem escrever para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

Estamos diante do desafio de uma geração. À medida que o novo coronavirus se consolida como a mais grave crise sanitária global desde a gripe espanhola, as populações assoladas pela COVID-19 são obrigadas a mudar radicalmente seu estilo de vida: distanciamento social, confinamento residencial, rotinas intensas de limpeza e desinfecção, máscaras no rosto etc. Mas talvez o efeito mais duradouro da pandemia seja o aumento da nossa presença na internet: um breve passeio pela rede mostra que há lives para todos os gostos e interesses, pululam os aplicativos de videoconferência (vários dos quais nunca havíamos ouvido falar até poucas semanas atrás), e basta um dedo de prosa no proverbial zap para escutar as diversas soluções de teletrabalho que empresas e pessoas vêm adotando. Relacionado a esse último tópico, há um assunto espinhoso que a Universidade brasileira até colocou a barraca na areia, pôs os pés na água, mas não mergulhou. Só que o coronavírus levantou a maré repentinamente, e agora vamos ter que nos pôr todos a nadar... ou melhor, a navegar os percalços e benefícios da Educação a Distância.
WEB menor 1125 p8b    Bom, retrocedamos um pouco. O ensino a distância de nível superior existe formalmente desde o século XIX – os famosos cursos por correspondência — e na virada do século XX já atendia a dezenas de milhares de alunos no mundo inteiro. No Brasil tínhamos a Nova Universidade do Ar desde o pós-guerra, com suas aulas (em hora marcada) pelo rádio, e depois de maciça expansão da educação a distância de 1º e 2º graus a partir dos anos 60, vimos um movimento similar bem mais recente no nível superior, com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e de experiências regionais consolidadas, como o Consórcio CEDERJ no Rio de Janeiro. Ou seja, nossa educação a distância não é propriamente uma novidade. No entanto, qualquer um que esteja sintonizado no humor das universidades e do movimento docente percebe um palpável desconforto sobre o assunto, uma mistura de voluntarismo, resistência, inquietação e perplexidade. Por que será?  
     No pano de fundo, temos a divisão do sistema universitário no Brasil entre as redes pública e privada. Não obstante sejam as universidades públicas aquelas de maior prestígio, com melhores índices de pesquisa e inserção mais eficiente no mercado de trabalho, a maior parte das matrículas — 80% — se encontra na rede privada.         Na modalidade a distância, o desequilíbrio de matrículas é ainda maior: 98% dos estudantes de encontram na rede privada. Isso representa mais da metade de todas as matrículas na rede privada, e metade dessas concentradas em apenas 5 instituições. Com a interrupção abrupta das atividades presenciais devido à pandemia, grande parte das universidades privadas se viu esmagada pela relação de clientelismo que estabeleceu com seus alunos: pela própria sobrevivência, precisam continuar “realizando entregas” para continuar cobrando mensalidades.     
    A solução encontrada foi simplesmente migrar todos os alunos da modalidade presencial para a distância, estabelecendo então um padrão que passa a ser cobrado das universidades públicas.
    Há, entretanto, diversos problemas nesse “padrão”. O primeiro deles é desconsiderar as condições de acesso dos alunos, pois mesmo em universidades onde existe uma cultura institucional de cursos online, há uma gama não desprezível de alunos simplesmente sem condições materiais de migrar para a EaD. O segundo, ainda mais grave, aparece ao olharmos a qualidade da educação que vem sendo ofertada nessas instituições. No Enade de 2019, apenas 3,3% dos cursos da rede privada obtiveram o grau máximo, enquanto o índice na rede pública foi de 20,3%.
    Não há, portanto, qualquer razoabilidade em se aceitar o padrão estipulado por instituições que oferecem ensino de qualidade pior. No entanto – e não temos como enfatizar isso o suficiente — tampouco é razoável que nos contentemos em esperar passar o período de distanciamento social para oferecermos oportunidades de crescimento e desenvolvimento aos nossos estudantes. Há um consenso entre os especialistas da saúde de que a presente situação excepcional ainda vai durar muitos meses, talvez anos, ao menos de forma intermitente. É urgente, então, que avancemos o debate sobre como viver – e isso inclui educar – em distanciamento social.
    A Universidade brasileira se estrutura a partir de um tripé: ensino, pesquisa e extensão. Se a retomada de aulas regulares é inadequada nas condições atuais, devemos ao máximo nos organizar em torno de projetos de pesquisa, de extensão, grupos de estudos ou atividades complementares. É preciso, no limite das nossas possibilidades, mapear todos os alunos de cada unidade para nos certificarmos sobre seu bem-estar e suas possibilidades de engajamento em alguma das atividades. Já vemos esforços nesse sentido, nos institutos diretamente envolvidos no combate à Covid-19. Mesmo alunos com mais dificuldade de acesso à internet podem ter interesse e condições de se envolver em atividades assíncronas, que envolvam apenas a conexão esporádica. Urge que “saiamos da caixinha”, que reajustemos nossas formalidades e estruturas burocráticas, assim como outros setores da sociedade estão fazendo.
    Enfim, precisamos fazer o que sabemos fazer. Se a Universidade pública, que esteve sob severo ataque nos últimos anos, não cumprir o seu papel de encontrar caminhos nesses tempos difíceis de pandemia, será cobrada da sociedade no futuro.  Estamos diante do desafio de uma geração, e não podemos nos esquivar do nosso dever e responsabilidade nessa provação.

Bruna Werneck (designer instrucional da Fundação Cecierj) e Felipe Rosa (professor do Instituto de Física)

Jornal semanal com dez páginas, dois vídeos por semana na TV AdUFRJ, presença diária em todas as redes sociais. A Comunicação da AdUFRJ não parou de produzir conteúdo de qualidade durante a quarentena. Para ampliar o alcance de nosso material precisamos do seu apoio, compartilhando, comentando, dando sugestões e criticando.

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WEB menor 1125 p9Reprodução do TwitterO ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou em seu Twitter um vídeo mostrando o acompanhamento feito pelo MEC das atividades de 110 universidades e institutos federais, durante a pandemia. Após mencionar algumas ações contra o coronavírus, Weintraub utilizou a parte final do programa publicado no dia 20 de abril para atacar as instituições que não retomaram as aulas, de forma remota ou presencial.
Em um mapa do país, as universidades que não retomaram os cursos de graduação apareciam como pontos vermelhos. Weintraub faz piada dizendo que “vai sumir esse vermelho aqui em mais uma ou duas semanas”. Mais uma piada ideológica de um ministro que está mais preocupado em criar polêmica no Twitter do que em fazer o ministério funcionar. Detalhe: a cor das instituições com aulas suspensas mudou para lilás.
O vídeo faz parte de uma chantagem que Weintraub tem feito com as universidades, dizendo que vai dar mais recursos para as instituições que aderirem ao ensino remoto. Foi o que postou em resposta a um questionamento sobre o calendário do Enem. “As que estão dando aulas receberão mais recursos e serão premiadas. Há joio e há trigo...”, disse. E ainda estimulou estudantes a pressionarem reitores e diretores por cursos a distância.WEB menor 1125 p9bReprodução do Twitter
O ministro mostra desconhecimento em relação às dificuldades de produzir uma educação a distância de qualidade. Em edição anterior do Jornal da AdUFRJ, uma designer instrucional da Fundação Cecierj afirmou que não se cria o conteúdo de uma disciplina online em menos de quatro meses. E isso em condições normais, claro.
A UFRJ era um ponto vermelho, agora lilás, no mapa. É conveniente para o ministro esconder que a universidade não só não parou, como está na linha de frente do combate à pandemia. O Laboratório de Virologia Molecular está tentando pacientes com suspeitas de Covid-19, um laboratório da Coppe elaborou e está produzindo máscaras para a proteção individual de profissionais de saúde. Várias unidades produzem milhares de litros de álcool em gel, que está sendo distribuído de graça para hospitais públicos.

PIADA DE MAU GOSTO
WEB menor 1125 p9cReprodução do TwitterO desastre que Weintraub representa no Twitter não acabou aí. No dia 23, zombou da morte de uma vítima do coronavírus que era sogra de um médico. Mesmo torpedeado por críticas de todos os lados, não pediu desculpas nem apagou a postagem. Até a deputada estadual Janaina Paschoal, do PSL, mandou o ministro calar a boca: “Toma vergonha na cara e respeita um pouco as pessoas!”, disse.

WEINTRAUB BLOQUEIA PERFIL DA ADUFRJ EM REDE SOCIAL
WEB menor 1125 p9dAbraham Weintraub não aguentou as críticas divulgadas pela AdUFRJ. O perfil do sindicato foi bloqueado no Twitter do ministro. A gota d’água parece ter sido o tuitaço “descomemorativo” de um ano de gestão, em 9 de abril, promovido pelo Observatório do Conhecimento — rede de associações docentes criada para defender a universidade pública. Durante a ação virtual, foram divulgados cards com as “realizações” do ministro, como “O pior Enem da história”, e a hashtag #ForaWeintraub.

DIRETORA DA CAPES PEDE DEMISSÃO POR DIVERGIR DE MINISTRO
A professora Sônia Báo pediu demissão da diretoria de Avaliação da Capes, cargo que ocupava desde o governo de Michel Temer. O motivo seriam divergências com o ministro Abraham Weintraub. Questionada, a agência de fomento disse que a professora pediu demissão por motivos pessoais. A atuação da docente contava com o respaldo da comunidade científica. No dia 20, os 49 coordenadores de áreas da Capes manifestaram preocupação com os rumos da política de avaliação dos programas.

MEC SUSTENTA DATA DE PROVA IMPRESSA DO ENEM 2020
Em uma situação de pandemia, com as aulas suspensas em todo o país, o bom senso aponta para o adiamento das provas do Enem 2020. Mas nem com uma decisão da Justiça Federal cobrando a readequação do calendário à realidade do ano letivo, Weintraub se curva ao óbvio. O MEC já informou que vai recorrer da decisão. As datas do Enem regular, com as provas impressas, estão mantidas para 1º e 8 de novembro. O ministério só postergou o cronograma do Enem digital, de outubro para novembro.

O texto da professora Alessandra Nicodemos inaugura espaço no Jornal da AdUFRJ para artigos de docentes sobre temas relacionados à quarentena. A diretoria abriu mais esse canal, a partir das reuniões do Conselho de Representantes. Os interessados devem escrever para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

WhatsApp Image 2020 04 17 at 17.29.47Professora Alessandra Nicodemos"Educação à Distância em tempos de pandemia: uma ameaça ao caráter público da educação escolar e universitária?

 

Seguimos em quase um mês de distanciamento social e ainda estamos perplexos com uma nova forma de sociabilidade em que fomos inseridos de forma abrupta, necessária e imprevisível. Hoje estamos isolados, quase exclusivamente conectados por uma parafernália digital que vai cumprindo o papel de constituir eco de nossas inquietações, dificuldades, dúvidas e soluções.
E nesse debate e embate é atribuída à Educação à Distância, ou ao seu simulacro, a solução para muitas das questões que precisamos equacionar, sejam aquelas vinculadas à necessidade de entretenimento e informação, sejam as pertinentes aos processos de formação universitária e escolar formais.
A suspensão das aulas e quais os limites e possibilidades de ação nesse cenário de isolamento colocam-se, hoje, como um problema a ser disputado. A intenção desse texto é apresentar as especificidades vivenciadas pela escola e pela Universidade nesse debate pois, mesmo com finalidades e funções sociais tão distintas, as duas instituições e seus trabalhadores têm sido, constantemente, interrogadas sobre a construção de estratégias de EAD em tempos de isolamento social. Slogans como Escola vai até o aluno, Não podemos ficar de braços cruzados ou a Extensão não pode parar, vão povoando esse imaginário em disputas de narrativas que constituem, também, projetos políticos no presente e no devir, acerca de qual Escola e Universidade queremos e  por qual lutamos.  
Em relação à escola, devemos considerar que essa tem sido lugar de sociabilidade, de moralização, de formação, de construção tecnicista ou emancipatória de conhecimento e cultura e de sua divulgação. Mas a escola é, também, lugar de guarda, de convivência obrigatória e, em algumas etapas, universal para milhões de brasileiros e brasileiras. Enquanto filhos e filhas estão preservados, as famílias podem se ocupar de outros fazeres: a sobrevivência vinda do trabalho, o lazer, o estudo, o ócio e uma infinidade de ocupações que a instituição escolar moderna possibilita com sua capilaridade quase absoluta nas bases da sociedade atual.
E isso é tão significativo que esse papel de guarda tem se ampliado, seja por famílias mais abastadas e de classe média, seja em ações das políticas públicas, que têm procurado ampliar o tempo de guarda escolarizada para nossos pequenos e jovens: cursos de inglês, de música, escola de turno único ou de tempo integral, numa crença, a despeito de toda desqualificação que, nos últimos tempos, têm vivenciado professores e escolas, de que essa instituição ainda é fundamental e necessária.
E me parece ser esse o papel da escola que tem provocado mais debates e embates: a ausência da escola como guarda tem levado gestores e famílias a reclamar dos professores ações que minimizem tal situação. Ou seja, o debate não tem sido sobre as perdas de conhecimento sistematizado e didatizado que os nossos educandos estão vivenciando ou sobre o tempo escolar a ser reposto nos estreitos calendários burocráticos, caso esse isolamento perdure por mais um ou dois meses. Tenho convicção que o debate provocado pelos gestores públicos com suas soluções on-line está longe de solucionar esses problemas.
Mais especificamente, as estratégias veiculadas pelos diferentes responsáveis pela gestão da educação no Brasil e no Rio de Janeiro, em particular, parecem querer, de forma populista e carente de uma reflexão séria e consistente, resolver o problema da função da escola como guarda. Aos professores são solicitadas vídeo-aulas, lives dinâmicas, PPT ágeis, listas de exercícios e acesso aleatório a material didático das redes oficiais, dentre outras, numa miscelânea de estratégias que, erroneamente, denominam de EaD e que servirão, em última instância, somente como entretenimento on-line, como forma de ocupar e guardar os educandos em isolamento em suas residências.
Não podemos considerar que essas ações emergenciais, realizadas sem planejamento e sem intencionalidade pedagógica prévia, podem substituir a escolarização. Ao designar tais estratégias como escolarização estamos, equivocadamente, considerando que o que construímos na escola com nossos educandos pode ser substituído por ideias e ações de pronta hora, esparsas e aleatórias.
O processo de didatização dos conteúdos em práticas escolares é muito complexo e se sedimenta e se modifica a partir de uma infinidade de procedimentos complementares: as tradições curriculares, as práticas docentes, os saberes da experiência e das disciplinas de referência, enfim um processo amplo, onde nos debruçamos cotidianamente em acertos e erros, em alegrias e frustrações. Trata-se de um procedimento singular, estruturado por trabalhadores docentes licenciados e qualificados para essa árdua, inquietante e bela tarefa, construído em um espaço próprio e seguindo regras específicas.
Por hora podemos considerar que essas soluções não vão resolver a questão central que temos à frente: a reorganização dos calendários escolares. Parece-me, no entanto, que esse não deve ser o debate principal, pois estamos mergulhados no tempo do imprevisível, o que exige que as decisões sejam tomadas posteriormente. Nesse sentido, não podemos deixar de alertar aos pais e responsáveis que as experiências de entretenimento on-line, travestidas de conteúdo escolar, que estão sendo oferecidas a seus filhos, pertencem a outra natureza e a outra ordem, diversas da experiência de estar em escolas e ser escolarizado - o que, espero, possa ser restabelecido o mais breve possível.
Em relação à Universidade existem algumas especificidades, pois essa não atua como lugar de guarda, já que atende jovens e adultos. Por outro lado, a grande maioria das instituições públicas universitárias já suspenderam o calendário acadêmico por tempo indeterminado e, no caso da UFRJ, sem nenhuma indicação de substituição de aulas presencias por EAD, seja no ensino, seja na extensão. Consideramos sensata essa decisão, pois situamo-nos no tempo do imponderável e as consequências da crise epidêmica que atravessamos não podem ser mensuráveis. O momento é de prevenção, isolamento social, discernimento e paciência.
Mas mesmo com esse consenso estamos, a todo o momento, sendo provocados a construir estratégias de atendimento e divulgação à distância de nossas experiências de ensino e de extensão na Universidade.  
E nesse debate é importante destacar que não estamos questionando a possiblidade da Universidade cumprir o seu papel social de divulgação do conhecimento, de produção de estratégias remotas que possibilitem esclarecimentos e apoio efetivo virtual, para os seus educandos e para a sociedade em geral. No entanto, é necessário deixar claro que esse fazer não constitui Extensão ou Ensino. Não podemos considerar, por exemplo, que um vídeo gravado por um professor sobre algum assunto relevante ou de divulgação de sua ação seja uma atividade de extensão. Quando elaboramos esses materiais e os nomeamos, aleatoriamente, como extensão, estamos desqualificando e descaracterizando a Extensão, um dos tripés mais fundamentais da Universidade pública brasileira.
Destarte, indicamos que a oferta de Ensino e Extensão à distância requer responsabilidade e intencionalidade pedagógica e política. Requer, ainda, que tais experiências sejam previamente aprovadas pelos órgãos colegiados e deliberativos da Universidade e, no caso da Extensão, estabelecidas parcerias com sujeitos e instituições para a sua realização, com claros instrumentos de avaliação dos impactos dessas ações. Desta maneira é que realizamos Extensão de excelência nessa Universidade, com planejamento, responsabilidade e compromisso social. E, no caso do Ensino, que sejam elaborados objetivos, métodos, técnicas e recursos, como já fazemos nessa modalidade de ensino ofertada na UFRJ. Portanto, qualquer solução elaborada no contexto da pandemia leva-nos a um terreno sensível e arriscado, que nos fragiliza como Instituição de Ensino de excelência. E devemos resistir a essa narrativa e às ação dela decorrentes.
Permanece, por fim, uma pergunta: porque alguns setores escolares e universitários insistem na elaboração de conteúdos ou de divulgação on-line? As questões deveriam ser: que tipo de experiência queremos fortalecer em um momento tão crítico para a humanidade e o país? Será que esse apelo por produção de conteúdo virtual não poderá, mais à frente, produzir mercadoria a ser comprada ou negociada?
Vivemos em um situação muito delicada e preocupante e não tenho dúvidas que os ares da mercantilização da educação paira nas entrelinhas dessas ações fragilizando, no tempo presente e para o futuro, o sentido público da educação escolar e universitária. O momento pede que estejamos atentos e fortes!

Alessandra Nicodemos
Professora da Faculdade de Educação

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