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esther dweckProfessora Esther DweckO cenário econômico diante da pandemia do coronavírus foi discutido pelo Conselho de Representantes na segunda-feira (13). A reunião refletiu, em parte, o Jornal da Adufrj dedicado ao tema (edição nº 1122). As professoras do Instituto de Economia, Esther Dweck e Marta Castilho – que participaram da publicação – fizeram a mediação, debatendo as dúvidas dos colegas sobre as medidas do governo Bolsonaro para o setor. Mais de trinta docentes participaram da reunião virtual.
 “A crise é atípica, pois afeta demanda, circulação e produção. É uma situação distinta das crises que lidamos anteriormente. E tende a ser mais grave”, explicou Dweck, logo no início do Conselho da Adufrj. “Mas é importante reforçar que não há dicotomia entre economia e saúde. Não respeitar as medidas sanitárias pode ser muito pior para a recuperação do país”, acrescentou a docente em relação ao isolamento social.
Esther Dweck, Marta Castilho e outros docentes do IE avaliam que não há hoje, no Brasil, um plano de ação articulado para dar respostas às consequências do coronavírus. “São medidas pontuais e desproporcionais”, resumiu Dweck. Para a economista, o fator mais grave é a lentidão para assistir aos mais necessitados: “O auxílio às famílias deveria ter sido o primeiro movimento. Mas há uma demora em implantar a renda básica. Ainda na semana passada estava se discutindo sobre o aplicativo”, criticou.
A professora Marta Castilho reforçou a reflexão, chamando atenção para a dimensão global da crise. “Todos os países estão enfrentando problemas nos fluxos financeiros. E o Brasil não deve se beneficiar das exportações”, frisou a docente. Marta destacou a relevância de uma política econômica mais coordenada. “Mas do que nunca, seria necessário que o Brasil voltasse ter uma política externa inteligente para dar conta das mudanças geopolíticas em curso”.
Qual o fôlego da economia brasileira para segurar o rojão da pandemia? Quem vai pagar a conta? E como ficam os servidores federais? Foram alguns dos questionamentos levantados. Ambas as docentes do IE argumentaram que o país dispõe de lastro para sustentar o isolamento social, aumentar os gastos públicos e que não deve temer o endividamento.
“O discurso de que se o país ‘gastasse demais’ quebraria ou detonaria um processo inflacionário não se sustenta. Estamos muito longe da plena capacidade produtiva”, observou Dweck. “A curtíssimo prazo, a alternativa é a mesma que todos [os países] estão fazendo, emitir títulos de dívida”, acrescentou.
Já sobre a ameaça de corte salarial, a economista descartou a possibilidade para o funcionalismo federal. “Talvez se materialize para os estados e municípios, em função da falta de dinheiro, mas para a União, não”, disse.

DEMANDAS INTERNAS
Os conselheiros da Adufrj também trataram de assuntos da UFRJ. Uma decisão da diretoria, referendada na reunião do dia 13, foi a construção de um Fórum conjunto com técnicos, estudantes e terceirizados para dar respostas às demandas de solidariedade criadas pela Covid-19. Macaé solicitou apoio especial para abastecimento de material de higiene e de prevenção no campus.
O ENEM foi outro foco. Depois de encampar a posição do Colégio de Aplicação pela mudança no calendário do Enem, a Adufrj pretende incluir a discussão na pauta do Conselho Universitário. “Teria um peso bastante significativo para a sociedade termos um posicionamento do Colégio de Aplicação, da UFRJ do sindicato”, avaluo a professora Maria Matos (CAp).
Por cobrança do sindicato, a Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) esclareceu que está mantendo reuniões semanais e garantindo o andamento -  inclusive físico - dos processos nas instâncias da universidade. Alguns docentes solicitaram intervenção da Adufrj no assunto, preocupados com atrasos nos estágios probatórios e progressões.

eleonoraFoto: Arquivo AdUFRJO primeiro mês de quarentena da universidade foi marcado por diversas iniciativas da comunidade acadêmica para amenizar os impactos negativos da pandemia, principalmente entre os mais vulneráveis. As entidades representativas da UFRJ foram protagonistas na organização de doações emergenciais. Agora, professores, técnicos, terceirizados e estudantes criaram uma rede de solidariedade unificada: o FORMAS, Fórum de Mobilização Ampliada de Solidariedade da UFRJ.
“Estamos vivendo um momento muito particular, de abandono do poder público federal. Temos que agir com firmeza, pois o tecido social pode se esgarçar e termos uma situação muito difícil para enfrentar nos próximos meses”, avaliou a professora Eleonora Ziller, presidente da Adufrj. Ela acrescentou: “Muita gente dentro e fora da universidade quer ajudar, mas não sabe o que é confiável ou não. Fazer uma rede das entidades aumenta bastante a chance de arrecadação”.
A compra e a distribuição de cestas básicas e kits de higiene com máscaras e álcool para terceirizados e estudantes hipossuficientes foram as primeiras ações conjuntas.  O DCE Mário Prata prepara um levantamento dos alunos que mais precisam da ajuda, sistematizado a partir de um formulário online.  A plataforma também vai permitir a inscrição de pessoas que possam contribuir.
Angariar donativos não é o único objetivo do Fórum. “A ideia é que possamos dar corpo e visibilidade a qualquer ação de solidariedade desenvolvida na universidade”, diz Joana Maria de Angelis (Sintufrj). “Se há uma iniciativa para melhorar a higienização dos ônibus da UFRJ, por exemplo, devemos buscar uma forma de tornar isso viável. É importante que o Fórum se amplie”, exemplifica. O Forum também dará forma às reivindicações comuns e campanhas unitárias, como a revogação da EC95, pelo adiamento do ENEM, em defesa da ciência e da política de isolamento social, das universidades públicas, em defesa dos direitos de todos os trabalhadores assalariados - públicos ou privados, da promoção e expansão da renda básica. Será mais uma frente de ação concreta de enfrentamento do descalabro que tem sido a ação do governo federal.   
O lançamento do Fórum será realizado com uma transmissão ao vivo, e está previsto para breve. O encontro vai discutir o futuro do país pós-pandemia.
A comunidade universitária encontrará uma prévia do FORMAS-UFRJ nas redes sociais. A estreia do primeiro Jornal do Fórum também  está prevista para a próxima semana. Contribuem para a publicação a Adufrj, o Sintufrj, a Attufrj, o DCE-Mário Prata e a APG-UFRJ.

WEB menor 1124 p5Reprodução da internetGael, de apenas 2 anos, não sabe o que é coronavírus. Não tem noção do que está acontecendo no mundo. Fica feliz por estar mais tempo com os pais. Mas sente saudades de seus coleguinhas e do colégio, na Vila da Penha. “Às vezes, ele pega a mochila que está no guarda-roupa e coloca nas costas”, explica a mãe, Bianca Fernandes.
Para atenuar os efeitos do confinamento, a solução tem sido realizar atividades que os docentes postam no grupo virtual da escola. E, neste caso, Gael representa um dos desafios que os educadores enfrentam fora das salas de aula.
A mãe de Gael entende do assunto. Ela também é professora da rede municipal, só que no EDI Buriti Congonhas, em Madureira. De forma espontânea, resolveu postar uma brincadeira com massinha caseira no grupo do Facebook da escola. Feliz com o retorno de alguns pais, decidiu incluir uma atividade por semana, o que incentivou outros docentes. “Não vemos isso como uma forma de EaD.Não houve pressão da direção da escola”, enfatiza. Bianca discorda de qualquer tentativa oficial para tornar obrigatória a educação a distância. “Creio que 70% dos meus alunos não teriam nenhum acesso”, afirma.
O Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe) também não vê problemas em atividades espontâneas criadas entre professores e alunos. “É importante manter os vínculos, mas não é continuidade do ano letivo”, destaca Duda Quiroga, coordenadora do Sepe na capital.
O problema é a tentativa de imposição da EaD pelos governos estadual e municipal. “Não pode normatizar algo que ignore as condições concretas tanto dos alunos como dos professores. Temos de rediscutir o ano letivo quando sair da pandemia”, afirma Duda.
Na rede estadual, critica a dirigente, a secretaria de Educação tenta migrar as aulas para um ambiente virtual criado pela Google, o “Google Classroom”.
Para os docentes que acessarem a ferramenta eletrônica, o sindicato solicita verificar a presença dos alunos. O objetivo é que o Sepe possa denunciar o número “limitado” de estudantes ao Ministério Público
Na educação básica, técnica e tecnológica federal, a polêmica já foi judicializada. Algumas instituições de ensino vinculadas ao Ministério da Defesa estão exigindo o comparecimento de educadores para a realização de aulas online. O Sinasefe, sindicato dos profissionais do segmento, ingressou com uma ação contra a União na segunda-feira, 13. O caso está na 21ª Vara Federal de Brasília (DF).

ENSINO PARTICULAR
Entre os educadores da rede particular básica e universitária, a situação também é bastante difícil. Elson Simões, diretor jurídico do Sinpro, que congrega os profissionais deste segmento, explica que a Medida Provisória nº 936 da redução da jornada e dos salários criou uma pressão imediata sobre a categoria para fazer EaD. O Sinpro está orien  tando os docentes a assinarem um contrato, no caso de cessão de imagem e voz, limitada ao período da pandemia e apenas para as turmas que o professor já ensinava: “Fizemos esse contrato para proteger um pouco o professor”, diz Elson.

Viver. Podemos dizer que este é o verbo preferido da dona Giuseppina Nerozzi de Souza. Italiana de nascimento e brasileira de coração, a idosa de 94 anos venceu o coronavírus. Sobrevivente da II Guerra Mundial, onde atuou como enfermeira, ela contou com dedicados colegas, profissionais do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, para vencer esta batalha particular. Os heróis da UFRJ falaram ao Jornal da AdUFRJ sobre o caso e sobre como tem sido enfrentar a pandemia.

 

WEB menor 1123 p8aDivulgação/UFRJAplausos calorosos quebraram o costumeiro silêncio no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, dia 8. Sorrisos e lágrimas escondidas por máscaras transbordavam a alegria pela recuperação de dona Giuseppina de Souza. A enfermeira aposentada recebia alta depois de 15 dias internada por coronavírus, dois deles no CTI.
As mãos que aplaudiram, cuidaram. Na equipe que atendeu dona Giuseppina estava uma jovem médica. Jéssica Thaiane Silva Dias, de 28 anos, é residente de infectologia do HU. Formada em Medicina pela Universidade Iguaçu, ela iniciou o trabalho no hospital em março.
A recuperação de dona Giuseppina traz esperanças de dias melhores. Sobretudo para Jéssica, que tem um irmão de 31 anos internado com Covid-19. “Ela renova nossa força para continuar. Vivemos um momento de tanta incerteza, um dia após o outro”, desabafa a médica. “Eu fiquei muito feliz, estive de perto olhando a evolução dela, e saber que ela pôde voltar para seus familiares é muito emocionante”.
Jéssica conta que dona Giuseppina se mostrou forte, mas que receber uma paciente aos 94 com coronavírus é um desafio. “A Covid-19 é uma doença que já mostrou maiores complicações em pacientes mais idosos, então é sempre uma preocupação”, diz Jéssica.
A ilustre paciente não esmoreceu nem nos momentos mais críticos. “Era sempre muito falante. Contava várias histórias de como chegou ao país e da época em que trabalhava como enfermeira durante a segunda guerra. Uma história de vida inspiradora”, relembra Jéssica.
O aspecto emocional de pacientes com uma enfermidade pandêmica é também uma preocupação do corpo clínico do hospital. “Dentro das nossas discussões sobre como manejar a doença, nós também discutimos como podemos reduzir o impacto psicológico para quem precisa permanecer internado. Então eu sempre converso com meus pacientes para tentar reduzir um pouco a ansiedade do isolamento”, explica.
WEB menor 1123 p8bO diretor da Divisão Médica, Alberto Chebabo, conta que toda a equipe ficou apreensiva com o quadro de saúde da paciente. “Muito idosa, inpirava muitos cuidados. Chegou infartando, ‘fez’ uma pneumonia bacteriana. Quase tivemos que entubar, mas conseguimos reverter”, comemora.
Ainda se sabe pouco sobre a doença, mas já é possível estimar que metade dos pacientes que precisam do CTI acabam morrendo em decorrência da Covid-19. A taxa é maior entre os mais idosos. “Ficamos positivamente surpreendidos, porque o caso tinha tudo para evoluir para a forma mais grave da doença, mas ela é muito forte”, elogia o médico.
Os profissionais de saúde do HU e de outros hospitais do país passam pelo maior desafio da carreira: salvar vidas e se manter saudáveis na pandemia. “Estamos sob muita pressão. Todo profissional de saúde tem também muito medo”, conta o experiente profissional. “Há exposição não só em relação aos pacientes, mas entre colegas, que é quando não estamos com nossos EPIs”, explica.
O caso de dona Giuseppina deu novo fôlego à equipe do HU, que recebe número crescente de pacientes com suspeita da Covid-19. “A cada pessoa que a gente consegue salvar, dá mais ânimo e certeza de que podemos fazer a diferença para muitas pessoas”, conclui Chebabo.
“Os casos já começaram a chegar”, reforça o diretor do hospital, professor Marcos Freire. “A dedicação de todo o grupo tem sido fundamental para a gente conseguir cumprir nosso compromisso com a saúde. Ver a paciente sair daqui sob aplausos nos encoraja a enfrentar o que ainda está por vir”, afirma.
De acordo com Freire, a equipe segue se aperfeiçoando para atender, sobretudo, os casos mais graves . “Estamos preparando o hospital. Somos referência para atendimento de média e alta complexidades. Então, pela capacitação do nosso corpo clínico, espera-se receber muitos pacientes graves durante essa crise”, explica.
O Clementino atende casos encaminhados pelas secretarias municipal e estadual de saúde, além de pacientes que possuem prontuário na unidade. A coleta da amostra para o exame de Covid-19 é feita no HU e a testagem, no Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto de Biologia.

A AdUFRJ achou na tecnologia um jeito de integrar os professores. Usando o Zoom,  o sindicato tem organizado diversas reuniões durante a quarentena, com destaque especial para o “Sextou - Tamo Junto”, um bate-papo entre os professores. Na última edição, na sexta-feira, 3, quem puxou a conversa foi a professora Tatiana Roque, que falou sobre  sua participação na articulação da renda básica emergencial.
Ex-presidente da AdUFRJ e hoje coordenadora do  Fórum de Ciência e Cultura, Tatiana, explicou detalhes da mobilização pela aprovação da lei, e respondeu perguntas dos professores.
O “Sextou - Tamo Junto” acontece toda sexta-feira, às 17h30. Para participar envie uma mensagem para o WhatsApp da AdUFRJ - 99365-4514.
A próxima puxadora de conversa, na sexta, 10, será a professora Ligia Bahia, médica especialista em saúde pública, e ex-vice-presidente da AdUFRJ. Participe!

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