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WhatsApp Image 2023 07 12 at 18.19.44 5Fotos: Fernando SouzaIgor Vieira

Olhares deslumbrados, sorrisos aos montes e memórias revisitadas. O segundo passeio da AdUFRJ ao Real Gabinete Português de Leitura cumpriu com louvor a missão de entreter com beleza e cultura mais um grupo de professores e seus acompanhantes, no último dia 7.
Silvana Allodi, do Instituto de Biofísica, se transportou no tempo. “Adorei ver a sala de Camilo Castelo Branco. O livro dele, ‘Amor de Perdição’, marcou minha adolescência. Lembro bem da história”.
A professora parabenizou o sindicato pela iniciativa e elogiou a colega Gilda Santos, aposentada da Faculdade de Letras e vice-presidente cultural do espaço, que guiou a visita. “Foi ótimo ter o acesso exclusivo com a professora Gilda, que explicou tudo muito bem”, disse. “É um aprendizado muito importante, para professores e alunos de todas as áreas, não só de história ou letras”, completou.
Para o professor Elson Cormack, da Faculdade de Odontologia, a visita foi mais do que um passeio. “Foi uma aula histórica e cultural. Nós tivemos a oportunidade de visitar áreas que não são abertas ao público em geral. Fomos às ‘entranhas’ do prédio, com a professora Gilda sendo mais que um guia”.
O professor era só agradecimento por ter percorrido o Real Gabinete, uma das 10 bibliotecas mais lindas do mundo. “Eu já visitei umas três bibliotecas dessa lista, mas nunca tinha vindo ao Gabinete, na minha cidade. Agradeço à AdUFRJ pela oportunidade de mais do que conhecer esse monumento importante da nossa história”. WhatsApp Image 2023 07 12 at 18.19.45 1
Coberta de elogios por todos, a professora Gilda retribuiu. “Para mim, é sempre prazeroso compartilhar sobre o Gabinete com quem está interessado em saber”.
Dentro da biblioteca, Luís de Camões é o grande destaque, ao lado de Camilo Castelo Branco e Padre Antônio Vieira. Mas se engana quem pensa que o prédio é exclusivo para obras de portugueses. “Além da primeira edição de ‘Os Lusíadas’, o primeiro título cadastrado, em 1837, foi ‘Obras Completas de Voltaire’”, disse Gilda.
“Não temos só livros portugueses. Na verdade, temos livros de qualquer tema, antigo ou atual. Quero dar visibilidade a nossa ‘Brasiliana’, com obras de autores brasileiros e documentos ligados à história do Brasil”, afirmou.

NOVOS PASSEIOS
Idealizadora do passeio, a professora Mayra Goulart estava contente com a repercussão. “No aniversário de uma amiga, conheci a professora Gilda, que se disponibilizou a realizar a visita”, disse a vice-presidente da AdUFRJ. “Gosto de lembrar que o sindicato é um espaço de luta, mas também de socialização”.
Diante do sucesso dos quatro passeios feitos até agora — dois à Pequena África e dois ao Real Gabinete, a AdUFRJ estuda ampliar o projeto. Datas e locais das próximas visitas serão divulgados oportunamente em nossos veículos de comunicação.

WhatsApp Image 2023 07 12 at 18.19.44 4Foto: Fernando SouzaPor Alexandre Medeiros, Ana Beatriz Magno, Kelvin Melo e Silvana Sá

Dois anos de pandemia, quatro de cortes orçamentários e um governo federal que tinha aversão às universidades públicas e desapreço à Ciência. Foi sob essa conjuntura desfavorável, para dizer o mínimo, que a gestão da reitora Denise Pires de Carvalho — hoje secretária de Educação Superior do MEC — e do vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha conseguiu superar uma das mais duras fases da história centenária da UFRJ. Leão Rocha assumiu a reitoria após a saída de Denise, em fevereiro, e concluiu um trabalho que, diante de tantos percalços, é por ele considerado como vitorioso. “Entregamos uma universidade melhor do que nós pegamos. Melhor equipada, tanto sob o ponto de vista administrativo quanto do acadêmico”, considera o professor, que passou o bastão há duas semanas para seu sucessor, o professor Roberto Medronho.
Nesta entrevista, Leão Rocha fala de erros e acertos de sua gestão, sem medir as palavras. Entre os acertos, o ex-reitor destaca a condução da universidade durante a pandemia e depois. “Acho que a atuação da UFRJ na pandemia foi exemplar. E conseguimos levar essa universidade para o remoto superando grandes dificuldades, sem nenhuma experiência anterior desse tipo”, lembra ele. Um dos erros apontados pelo professor foi o tratamento dado ao pagamento dos adicionais de insalubridade. “Nisso a gente falhou na gestão. E tivemos dificuldades de falar isso adequadamente aos sindicatos. Houve um erro de comunicação sério da nossa gestão”, reconhece o ex-reitor.
Professor do Instituto de Economia, Leão Rocha quer agora “voltar para casa”, dar aulas de Microeconomia e iniciar uma linha de pesquisa em descarbonização. “Tem uma hora que você sente falta daquele cafezinho debaixo da árvore, que você tomava com seus colegas”, diz o professor, que nos concedeu esta entrevista em seu último dia no gabinete de reitor.

Jornal da Adufrj - No dia 26 de junho houve a sua última reunião com a equipe do gabinete da reitoria. Como foi essa reunião?
Carlos Frederico Leão Rocha
- Convoquei a reunião, em primeiro lugar, para agradecer a todos e todas que participaram da gestão pelo apoio durante esse período. E também para fazer um balanço dos desafios que enfrentamos e superamos. Foi uma despedida, um encerramento de ciclo.

E quais foram esses desafios? No último Consuni do qual participou como reitor o senhor falou que sentia orgulho dessa gestão. Por que motivo?
Nossa gestão teve duas características chocantes. A primeira foi a pandemia por dois anos. A segunda foi que pegamos os piores orçamentos da história recente da universidade. E superamos boa parte desses problemas. Acho que a atuação da UFRJ na pandemia foi exemplar. E boa parte desse crédito se deve ao papel que a Denise (a ex-reitora Denise Pires de Carvalho, hoje à frente da SESu do MEC) desempenhou. Ela formou um grupo de trabalho específico para o enfrentamento à pandemia, uma iniciativa fundamental. E conseguimos levar essa universidade para o remoto superando grandes dificuldades, sem nenhuma experiência anterior desse tipo.

E depois trazer de volta a universidade ao modo presencial...
Sim, e tinha muita gente contrária ao retorno. Algumas pessoas da nossa própria equipe se posicionaram assim, e nós bancamos a volta ao presencial.

Não lhe parece que a universidade ainda não voltou ao normal, está bem mais vazia do que estava antes?
Acho que isso não é exclusivo da UFRJ, todas estão assim. Acho que as pessoas descobriram formas alternativas de participação. E principalmente na área de pesquisa houve essa mudança, o local de trabalho de muitos pesquisadores mudou.

Em uma apresentação recente, o professor Marcelo de Pádula (pró-reitor de Graduação) falou sobre o aumento no número dos estudantes de graduação, de 45 mil para 56 mil, por causa dos trancamentos especiais Na pandemia. Onde estão esses alunos?
Há que se observar que estamos pela primeira vez em um semestre em que não há trancamento especial. Isso tem que ser considerado quando analisarmos os números dessa apresentação. Eu queria falar de um aspecto paralelo. Nós pegamos a universidade após três grandes incêndios. E tivemos um quarto durante a nossa gestão. Com um orçamento pequeno, nós estamos entregando as obras do Museu Nacional com tudo encaminhado para a sua conclusão em 2026. Arrecadamos cerca de R$ 250 milhões e há uma promessa do MEC de direcionar mais R$ 180 milhões para a finalização dessas obras.

Esse prazo será cumprido?
Sim, o cronograma vem sendo cumprido. O bloco principal tem previsão de entrega em abril de 2026.

E os outros incêndios?
Tivemos o incêndio do JMM (Edifício Jorge Machado Moreira) em 2016. Dos quatro andares que foram afetados, nós entregamos três. O terceiro incêndio foi no alojamento dos estudantes, em 2017, que nós acabamos de entregar recuperado. E o incêndio em nossa gestão, o do NPD (Núcleo de Pesquisa e Documentação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, em 2021), estamos entregando toda a estrutura de volta também. Isso é um exemplo. Com poucos recursos disponíveis, nós mantivemos a qualidade.

Desde a gestão do professor Aloísio (Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ entre 2003 e 2011), nenhum reitor foi reeleito. Por que, desde lá, nenhum reitor é candidato à reeleição?
Não sei quanto aos outros. No meu caso, eu não fui candidato à reeleição porque as articulações políticas não permitiram. Terminei a última reunião com a equipe dizendo que essa equipe mereceria um segundo mandato. É legítimo o próximo reitor escolher sua equipe, o mandato é dele, jamais cobraria isso do Medronho (Roberto Medronho, reitor eleito e nomeado na semana passada pelo presidente Lula). É uma nova articulação política.

Uma articulação diferente daquela que lhe trouxe até aqui?
Sim. São outros atores. Não é a mesma correlação de forças. Há uma mudança substantiva das pessoas que são chave no núcleo político que pensa a universidade. A decisão de que eu participasse da chapa com a Denise foi tomada em uma reunião na casa do professor Pinguelli (Luiz Pinguelli Rosa, falecido em 2022) e sob uma forte influência da forma como nós organizamos a AdUFRJ em 2015. E dessa vez essa composição foi feita de forma diferente. O professor Medronho partiu de uma articulação muito forte no CCS e partiu para uma discussão com cada um dos centros sobre a sua candidatura. Acho que é um movimento menos de base do que o que nos trouxe até aqui. Nós tínhamos uma discussão mais de base.

O projeto do novo Canecão talvez tenha sido o grande desgaste político da gestão. Mas vocês não perderam nenhuma votação no Consuni. Ou seja, o desgaste não os levou a derrotas, nem nesse ou em qualquer outro projeto mais polêmico, como o da Ebserh. Em contrapartida, todo esse potencial não fez do senhor candidato a reitor. Por quê?
Há atores que preferiram que eu não fosse candidato. Nós tivemos várias reuniões. Eu só poderia ser candidato se fosse candidato da situação. E eu não encontrei apoio na situação. Isso inicialmente me deixou bastante frustrado.

Você se sentiu traído?
Acho que eu não tive o apoio que eu pensava, que eu achava necessário. Eu só poderia ser candidato se fosse candidato de dentro da reitoria, e não encontrei condições para que isso acontecesse.

Há algo que seja a marca de sua gestão, depois da saída da professora Denise?
A minha gestão foi muito curta, são seis meses. Acho que eu e Denise tivemos uma gestão conjunta, e me orgulho da maneira como me inseri como vice-reitor. Não me lembro de outro vice-reitor que tenha sido tão efetivo quanto eu fui. Alguns projetos eu me orgulho de ter estado à frente, como o do Canecão, a mudança do prédio da reitoria para o Parque Tecnológico é outro. O uso dos recursos da CIP (Custos Indiretos dos Projetos) é um projeto meu. É uma norma da ANP (Agência Nacional do Petróleo) que permite o uso de recursos advindos de exploração de campos de alta produtividade para P&D em universidades e centros de pesquisa. A UFRJ é a principal destinatária desses recursos das petroleiras, usados na infraestrutura de laboratórios, em projetos da Coppe, da Escola de Química e de outras unidades. Esses recursos também permitiram a criação de nossas brigadas de incêndio.

O senhor não acha que a reitoria aqui no Parque Tecnológico fica encastelada, longe do cotidiano da universidade?
Eu não tenho medo disso. Eu mandei instalar a placa da reitoria na entrada desse prédio, não acho que temos que esconder que estamos aqui, muito pelo contrário. Essa área do parque é da universidade e temos que habitá-la. Temos aqui um ambiente de trabalho adequado, espaço para as equipes. A área antes ocupada pela reitoria no JMM voltou para a FAU, que sempre teve o desejo de retornar à sua sede, e pode ser utilizada também pela Escola de Belas Artes.

O senhor acha que essa mania dos “puxadinhos” é cultural na UFRJ?
Acho que a UFRJ tem um problema clássico de subinvestimento. É mais ou menos assim: eu recebo um recurso, faço um prédio novo e esse prédio vai se deteriorando sem manutenção ao longo do tempo. Temos uma estimativa de que são precisos R$ 400 milhões para concluir nossas obras inacabadas. Não precisamos derrubar nenhum dos prédios inacabados. Temos estudos técnicos mostrando que todos são plenamente recuperáveis. Para o MEC, nem são obras inacabadas, pois os recursos liberados foram efetivamente gastos em etapas iniciais da construção.

Voltando às votações do Consuni sobre o Canecão...
Sim, logo depois de uma dessas votações, alguém me disse que o Canecão seria um tema da campanha. E eu respondi que se o Canecão fosse um tema da campanha nós ganharíamos a eleição. De fato, o Canecão foi tema da campanha. Você não perde eleição pelo que fez, perde pelo que não fez. E nós fizemos. O Canecão tem contrato assinado. Com a Ebserh, o Consuni aprovou o início das negociações, mas creio que o Roberto Medronho vai tocar isso, não tenho a mínima dúvida. Além do mais ele vindo da Faculdade de Medicina, que está empenhada nesse processo. A pressão que nós recebemos dos médicos para tocar a Ebserh foi muito grande.

No campo do quadro pessoal, sua gestão enfrentou alguns problemas, como os adicionais de insalubridade e as progressões. Houve algum erro de condução da reitoria em relação a esses problemas?
Acho que nós tínhamos que ter nos comunicado de maneira mais clara com os sindicatos, com a AdUFRJ e com o Sintufrj. Acho que temos limitações legais e uma equipe técnica na PR-4 que atende a manuais aos quais não temos acesso. A formação desses quadros é feita de uma maneira centralizada em Brasília e eles seguem orientações que não são dadas por nós. Os técnicos seguem as orientações emitidas pelo Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal (Sipec), com normativas bastante restritivas, por exemplo, no que se refere aos adicionais. Só eles podem ter acesso ao sistema, com o CPF deles. Isso é um lado. Outro lado é a falta de estrutura, por exemplo, a falta de aparatos de medição. E nisso a gente falhou na gestão. E tivemos dificuldades de falar isso adequadamente aos sindicatos. Houve um erro de comunicação sério da nossa gestão.

E sobre as progressões?
No caso das progressões múltiplas, eu tenho trabalhado para avançarmos. Estive com a ministra da Gestão recentemente para tratar desse assunto. Mas não é simples. A legislação impõe aos professores a avaliação, enquanto isso não é exigido de outras carreiras. Há unidades na UFRJ, por exemplo, que exigem que o docente apresente todas as suas publicações em papel ou em foto na sua avaliação. Não basta ter preenchido o Lattes. Há outras em que o professor tem que comprovar que deu aulas! Isso não é razoável.

O senhor considera que a gestão do professor Medronho é uma continuidade da sua?
Não, acho que a nossa gestão terminou. Entra uma nova gestão, com uma nova correlação de forças, novos atores centrais. Mas o professor Roberto Medronho é do nosso campo político. E se você entender a nossa gestão como um campo político, eu acho que sim, que há uma influência da nossa atuação.

O senhor entrega uma UFRJ melhor da que encontrou no início de sua gestão?
Sim, entregamos uma universidade melhor do que nós pegamos. Melhor equipada, tanto sob o ponto de vista administrativo quanto do acadêmico. Hoje eu tenha a oportunidade de saber onde está cada egresso da UFRJ desde que esteja formalmente empregado. Futuramente vamos conseguir saber quais empresas são de propriedade de egressos da UFRJ. Estamos substancialmente melhores, mas nós não tivemos orçamento. E a UFRJ tem uma estrutura muito lenta de decisão. Os equívocos de uma gestão muitas vezes só são percebidos na gestão seguinte. Eu participei do Plano Diretor 2010-2020, e os equívocos daquele plano eu só vi agora. Tivemos iniciativas muito boas, que vão ficar.

Uma delas foi a criação da Superintendência de Ações Afirmativas e Diversidade.
Um dos nomes mais citados no último Consuni que tratou desse tema foi o do professor Marcelo Paixão, que conheço desde os 18 anos, foi meu contemporâneo no Instituto de Economia. E ele tem uma tese brilhante sobre a questão negra no Brasil e de como a esquerda vê essa questão. Ele sempre pontuou a necessidade de políticas afirmativas, e ele foi ao Consuni em 2010 colocar esse ponto de vista ao tratar da questão das cotas. E essa questão foi derrotada no Conselho, a UFRJ votou contra aquela proposta de resolução do professor Marcelo Paixão. Tínhamos uma dívida, e ela veio sendo recuperada ao longo dos anos. Houve a criação (em 2021) do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). E agora veio a criação dessa superintendência, foi uma reparação. Eu acho que a política de cotas chegou ao limite, e a gente tem que buscar outras formas de reparação e ações afirmativas na UFRJ.

E olhando para o futuro da universidade, qual a sua visão?
Eu acho que a gente vai ter um questionamento da universidade, sobre sua função. E principalmente da universidade de Humboldt (A Universidade Humboldt de Berlim, fundada em 1810 pelo linguista e educador liberal prussiano Wilhelm von Humboldt, influenciou com seu modelo outras universidades ocidentais), que é a universidade de pesquisa. Só no Rio de Janeiro, nós formamos dois mil doutores por ano, entre 40% e 50% deles colocados na praça pela UFRJ. E a UFRJ absorve cerca de 10% do que ela forma por ano. Os outros 90% não consegue absorver. Não há expansão possível das universidades para absorver, e nem o mercado está absorvendo. A política de inovação, que nós aprovamos em nossa gestão, pretende conectar o saber acumulado e produzido aqui dentro com a sociedade, tenta fazer essa aproximação. Porque, do contrário, daqui a pouco vão nos questionar qual a nossa função. Estamos fazendo a nossa parte, mas e daí? Se o mercado não absorve, para que serve fazer a nossa parte? Por que criamos um sem número de programas sem rever os existentes? Temos que pensar nisso.

Há algo que o senhor gostaria de ter feito e não fez?
Eu gostaria de ter concluído o projeto patrimonial. As obras paradas, ter a solução para elas. Gostaria de ter entregue um prédio de pesquisas em Macaé, que estava contratado, mas houve um problema e não consegui. Podíamos ter avançado na concepção de graduação. Cheguei a montar um grupo de estudos para rever os princípios da graduação pós-pandemia, mas não conseguimos inserir essa questão de forma mais concreta nos conselhos universitários. Acho que somos muito intensivos em carga horária e pouco intensivos em estudo, damos pouca liberdade para os alunos pensarem. Temos um excessivo direcionamento desses meninos. Qual a necessidade de se ter Economia fechada, Administração fechada? Quando esses alunos chegam aqui, com 16, 17, 18 anos, eles só sabem as notas de corte. Por que damos essa responsabilidade a eles, de escolher logo um caminho fechado tão cedo? Não sei se isso é consenso do ponto de vista acadêmico, creio que há uma resistência dos próprios professores, dos conselhos profissionais, mas sei que gostaria de ter avançado com essa discussão na UFRJ.

E qual será seu rumo a partir de agora?
Eu vou para o Instituto de Economia. Voltar a dar aulas de Microeconomia. Estou iniciando uma linha de pesquisa em descarbonização, e devo me dedicar a isso nos próximos anos. Vou voltar para minha casa, acho que está na hora de voltar para casa. Tem uma hora que você sente falta daquele cafezinho debaixo da árvore, que você tomava com seus colegas. Eu sou um professor, sou um pesquisador. Dei poucas aulas nesse período aqui na reitoria.

Mas isso quer dizer que sua carreira como gestor está encerrada?
Não. Apenas estou voltando para o Instituto de Economia nesse momento. Essa é uma decisão firme. Está na hora de reformatar a vida, voltar às origens.

WhatsApp Image 2023 07 05 at 19.59.53 3Fotos: Alessandro CostaSão dez anos muito bem vividos. A primeira década do “Tem Menina no Circuito”, do Instituto de Física, foi celebrada com a inauguração do novo laboratório do projeto. Instalado no segundo andar do novo prédio da Física, o espaço poderá receber as estudantes em oficinas propostas pelo grupo, além de ser mais adequado à formação e treinamento das monitoras. O laboratório anterior era muito pequeno e já não comportava a expansão do projeto, que atende 200 meninas de cinco escolas públicas.
“Aqui é um espaço maior. Vamos trazer as meninas para fazer as oficinas aqui. Essas oficinas são o nosso fio condutor, mas o objetivo final é causar nelas essa sensação de pertencimento à universidade”, destaca a professora Elis Sinnecker, que é uma das coordenadoras do projeto. “Esse é nosso espaço de criação, onde desenvolvemos produtos e conhecimento. Agora mais amplo e apropriado para nossas atividades”, celebra.
Já na entrada, o cartão de visitas pode ser montado por quem chega para saber mais sobre as atividades desenvolvidas. Uma demonstração lúdica do que é a proposta do projeto. Com instruções impressas no cartão e orientação das monitoras, o visitante pode montar um circuito elétrico. Na bancada, baterias, luzes LED, fitas e fios estão à disposição. Se acertar a montagem, a pequena lâmpada acende quando o cartão é pressionado.
Outra coordenadora, a professora Thereza Paiva é só alegria. “Estou muito feliz! Vamos dar um salto de qualidade. Aqui a gente vai poder receber as alunas do ensino médio para as nossas atividades. É um espaço de prototipagem, com impressora 3D”, destaca.WhatsApp Image 2023 07 05 at 20.00.28
As coordenadoras já têm olhos para o futuro. “A gente cria produtos, mas também produz pesquisa, conhecimento. Estamos em vias de submeter projeto ao Comitê de Ética para buscar saber que efeitos produzimos nas escolas onde participamos”, adianta a professora.
Hoje, o Tem Menina no Circuito atende alunas de escolas da Rocinha, Realengo, Duque de Caxias, São João de Meriti e Mesquita. Todas em áreas periféricas. “Quando começamos, era uma coisa inimaginável, primeiro, que sobreviveríamos por dez anos. Depois, que teríamos um laboratório tão grande”, festeja a professora Tatiana Rappoport, terceira coordenadora e idealizadora da iniciativa. “Hoje podemos dizer que temos um projeto maduro, de muita qualidade. Algo que se reflete nesse laboratório que tem a cara das meninas”.
Maduro, o projeto agrega monitoras de várias áreas do conhecimento. Todas da graduação da UFRJ. Elas são da Física Médica, Ciências Contábeis, Biofísica, Química. “Eu vi a chamada do projeto pelo Instagram e resolvi me inscrever porque é uma oportunidade de eu voltar ao colégio onde estudei”, conta a aluna Jossana Almeida, moradora de São João de Meriti. “Eu me sinto realizada em mostrar para as meninas que é possível elas traçarem a trajetória que eu fiz e ingressar numa universidade pública”.
Nathália Vieira acrescenta que a idade próxima entre as estudantes do ensino médio e as alunas monitoras ajuda a criar a identificação e o sentimento de pertencimento. “Elas sentem que é possível para elas também. É muito estimulador para as meninas”. Jéssica de Melo completa: “Elas se abrem com mais facilidade, porque se sentem próximas a nós, se sentem nossas amigas”.
O projeto acaba servindo também para ensinar e reforçar conceitos importantes das ciências exatas e contribuir para a inserção dessas jovens estudantes nas chamadas “áreas duras” do conhecimento. Por outro lado, há importante efeito nas graduandas. “Estive na SIAC para acompanhar as monitoras do projeto. Elas estavam tão amadurecidas, desenvoltas em suas apresentações. Falavam com tanta propriedade sobre os temas”, descreve a professora Maria Fernanda Elbert, do Instituto de Matemática e colaboradora do projeto. “O Tem Menina atua não só no acesso à graduação. Ele promove um efeito acadêmico importante nas monitoras, que são nossas estudantes de graduação. Ter esse espaço, neste momento, é um grande presente”.

LINGUAGEM JOVEM
WhatsApp Image 2023 07 05 at 19.59.53 4Vice-presidente da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart visitou o laboratório, durante a inauguração. “O espaço é muito interessante, com uma linguagem bem jovem, bastante atraente para as meninas que estão usando o equipamento”, elogiou. Para a docente, o “Tem Menina” cumpre um papel importante no combate à sub-representação feminina nas chamadas áreas mais duras da Ciência.
A dirigente do sindicato conversou com a professora Thereza que a AdUFRJ busca captar recursos para uma segunda edição do documentário “Ciência: Luta de Mulher” — o filme, lançado ano passado, trata das histórias de pesquisadoras em diferentes campos do conhecimento. Já a sequência teria como objetivo ouvir as meninas sobre a Ciência. “Tentando captar os dilemas, dramas e perspectivas delas quando olham para a Ciência”, conclui

WhatsApp Image 2023 07 12 at 18.19.44ATENDIMENTO O ex-reitor Carlos Levi e o professor emérito Segen Estefen esclarecem dúvidas em um dos plantões jurídicos, que foram ampliados - Foto: Meriane PaulaA assessoria jurídica da AdUFRJ está de cara nova e com um inconfundível sotaque gaúcho. Desde o início do mês, os profissionais da Lindenmeyer Advocacia & Associados vêm atendendo os filiados em plantões do sindicato. “O escritório tem sua sede matriz em Rio Grande (RS), com atuação em toda a Região Sul, Brasília e, agora, também no Rio de Janeiro”, afirma Mariana Lindenmeyer.
A advogada é filha de Alexandre Duarte Lindenmeyer — hoje licenciado para exercer o mandato de deputado federal pelo PT —, que fundou a firma em 1986 com o propósito de prestar assistência jurídica especializada para os trabalhadores. Ao longo dos anos, o escritório agregou novas áreas do Direito, mas sem perder o compromisso original. “O escritório possui mais de 34 mil clientes desde a sua fundação. A assessoria sindical é área de atuação especializada do escritório. Atualmente, assessoramos 15 sindicatos”, informa o advogado Halley Lino de Souza.
Muitos dos sindicatos são ligados ao funcionalismo federal, estadual e municipal. “Poucos anos após a sua fundação, nosso escritório já passou a prestar assessoria para servidores públicos, em especial, para os docentes”, reforça Renan Souza. “Somos fundadores e integrantes do Coletivo Nacional de Advogados de Servidores Públicos, o CNASP, entidade que congrega 26 escritórios em diversos estados do Brasil”.
Dos 17 sócios advogados e mais de 30 colaboradores do escritório agora a serviço da AdUFRJ, Mariana, Halley e Renan serão os mais próximos dos professores da UFRJ. E, para além do profissionalismo, os docentes podem esperar a dedicação de quem construiu uma profunda ligação com a universidade pública. Os dois primeiros militaram no movimento estudantil na Federal do Rio Grande (FURG). O último é filho de professora daquela instituição. “Nosso compromisso é total. Eu diria que há uma simbiose entre a defesa dos trabalhadores, a vida da universidade e a visão que temos de que o ensino é estratégico para um projeto de nação desenvolvida”, afirma Halley. “Nos orgulha demais fazer essa defesa. Estamos muito motivados”.
As demandas dos professores do magistério federal estão longe de representar uma surpresa para os novos advogados. Desde 1988, a Lindenmeyer Advocacia & Associados presta assessoria jurídica para o sindicato dos docentes da FURG. O escritório participou de processos antigos como os reajustes devidos aos servidores em governos anteriores, como os 26,05% (Plano Verão, de 1989, na era Sarney), 84,32% (Plano Collor) ou 3,17% (na gestão de FHC).
WhatsApp Image 2023 07 12 at 18.19.44 3Halley, Mariana e Renan - Fotos: Alessandro CostaSobre o ganho judicial dos 26,05% — cortado dos vencimentos de aproximadamente cinco mil professores da UFRJ, ativos e aposentados, no fim de 2020 —, o escritório diz que nem tudo está perdido. “Estão sendo estudadas estratégias de modo a efetuar uma tentativa de restabelecimento desse pagamento no contracheque do professor e da professora”, informa Halley.
Assim que chegou, o escritório identificou que há professores que se aposentaram há cinco anos ou menos e que nunca gozaram de licença-prêmio. Dentro deste intervalo, há casos em que o docente pode receber indenização baseada nos salários da época, corrigidos pela inflação. Até aquele ano, os professores universitários tinham direito a três meses de licença-prêmio a cada quinquênio. Muitos, no entanto, nunca requereram o benefício.
Saindo das causas mais antigas para as mais recentes, o escritório já tomou conhecimento dos problemas que os docentes da UFRJ enfrentam em seus processos de progressão e promoção na carreira. “Sobre as progressões múltiplas, caso o professor ou professora tenha seu pedido administrativo indeferido, o Poder Judiciário vem corrigindo essa ilegalidade prática”.
Em vídeo divulgado esta semana nas redes sociais da AdUFRJ, os advogados alertam que os efeitos financeiros das progressões e promoções devem ser retroativos ao preenchimento dos requisitos: o intervalo de 24 meses com produção acadêmica suficiente para o salto de nível ou classe. Anteriores, portanto, à data do pedido feito pelo docente ou à data da avaliação da progressão.
Esta forma de comunicação, aliás, será recorrente. “As leis possuem linguagem muito técnica e distante das pessoas”, diz Halley. “Nossa proposta é utilizar as redes sociais para informar os professores e as professoras da AdUFRJ dos seus direitos de forma rápida, simples e direta, bem como atualizar sobre as ações administrativas e judiciais, individuais e coletivas”.
Outra mudança do novo contrato reside no atendimento direto aos sindicalizados. Antes, os professores eram atendidos em dois plantões online de quatro horas, duas vezes por semana. Agora, são três dias e dois turnos: terças, quartas e quintas, de manhã e de tarde. Pela manhã, o horário será de 10h às 12h; à tarde, de 13h30h até às 16h30, com agendamento pelo telefone da AdUFRJ: (21) 99808-0672 ou pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Os atendimentos poderão ser virtuais ou presenciais.
Os que vão ao sindicato podem beber um cafezinho enquanto aguardam. Mas, em breve, outra opção pode estar disponível. “A cuia de chimarrão tem ficado no apartamento”, brinca Halley.

NOVA ASSESSORIA ASSUME
AÇÕES EM ANDAMENTO SEM CUSTOS

A nova assessoria jurídica já fez o mapeamento de todas as ações coletivas e individuais informadas pelo escritório Machado Silva & Palmisciano, que terá o contrato encerrado no próximo dia 17.
Na transição entre os escritórios, os filiados precisam ficar atentos. Quem já possui processo individual em andamento precisa fazer a opção entre ficar sob a orientação do antigo escritório ou permanecer sob a assessoria jurídica da AdUFRJ.
“Fazendo essa opção de manter o processo sob a assessoria jurídica da AdUFRJ, é preciso que o sindicalizado comunique a sua decisão aos advogados que até então patrocinam a sua ação, para que esses possam repassar os processos ao sindicato”, explica Mariana. O novo escritório está assumindo os processos sem nenhum custo.

 

WhatsApp Image 2023 07 05 at 20.05.11A eleição para a diretoria da AdUFRJ será nos dias 13 e 14 de setembro. As chapas podem se inscrever até 13 de agosto. Todos os sindicalizados até 14 de julho podem votar. O pleito será virtual.
Haverá escolha também dos integrantes do Conselho de Representantes da AdUFRJ. As listas com os candidatos devem ser apresentadas até 2 de setembro. O edital eleitoral foi aprovado na última assembleia, na segunda-feira, 3.
Com a saída do agora ex-presidente João Torres para a pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa, o cargo deveria ser ocupado pela 1º vice-presidente, professora Mayra Goulart. A docente, no entanto, quer disputar a presidência da AdUFRJ no pleito que se aproxima. Por isso, Nedir assumiu a presidência.
“Se Mayra virar nossa presidente agora, não poderá concorrer ao mesmo cargo para o próximo mandato”, explicou João. A situação não é permitida pelo regimento.
Como alternativa, a direção resolveu aplicar outro dispositivo do regimento: quando há vacância, uma assembleia especial pode apreciar o nome de qualquer sindicalizado indicado pela gestão para ocupar o cargo vago. E Nedir foi a escolhida.
Antes 1ª tesoureira, a indicada recebeu manifestações de apoio da assembleia. “A Nedir tem feito um trabalho gigantesco. Foi a diretora que nos brindou com o evento UFRJ na Praça, em Madureira, que foi muito importante”, afirmou a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura, professora Christine Ruta.
Em junho do ano passado, a AdUFRJ levou um conjunto de atividades da universidade para o Parque Madureira, dialogando com a população sobre a importância da Ciência. No chat da reunião, o professor Jorge Ricardo, da Faculdade de Educação, escreveu: “A professora Nedir é muito querida”.
Em sua última atividade como presidente da AdUFRJ, o professor João Torres se despediu dos colegas. “Desejando para a Nedir e para os colegas que ficam na diretoria um ótimo trabalho, que tenho certeza de que vão fazer”.

EDITAL

Eleições para Diretoria
e Conselho de Representantes

De acordo com o disposto no Art. 38 do Regimento Geral e no Art. 4o do Regimento Eleitoral da AdUFRJ-SSind, e conforme aprovado em assembléia geral da entidade realizada em 3 de julho de 2023, convoco eleições para a Diretoria e o Conselho de Representantes da Adufrj-SSind, biênio 2023-2025, para os dias 13 e 14 de setembro de 2023.
As chapas candidatas à Diretoria devem ser inscritas junto à secretaria da Adufrj-SSind até 13 de agosto de 2023, de acordo com o disposto no Art. 41 do Regimento Geral e no Art. 12 do Regimento Eleitoral da Adufrj-SSind.
As listas de candidatos/as ao Conselho de Representantes deverão ser inscritas até o dia 2 de setembro de 2023, de acordo com o disposto no Art. 14 do Regimento Eleitoral da Adufrj-SSind. Podem candidatar-se a cargo da Diretoria ou do Conselho de Representantes os/as docentes sindicalizados/as até 15 de maio de 2023, que estejam em pleno gozo de seus direitos, de acordo com o disposto no Art. 40 do Regimento Geral e no Art. 8 do Regimento Eleitoral da Adufrj-SSind.
São eleitores os docentes sindicalizados até 14 de Julho de 2023 que estejam em pleno gozo de seus direitos, de acordo com o disposto no Art. 36 do Regimento Geral da Adufrj-SSind.
As eleições serão realizadas de forma remota, por meio de programa auditável que garanta link individual e intransferível, enviado por email aos sindicalizados/as aptos/as a votar.

João Torres de Mello Neto
Presidente da Adufrj-SSind

 

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