“Aqui é um espaço maior. Vamos trazer as meninas para fazer as oficinas aqui. Essas oficinas são o nosso fio condutor, mas o objetivo final é causar nelas essa sensação de pertencimento à universidade”, destaca a professora Elis Sinnecker, que é uma das coordenadoras do projeto. “Esse é nosso espaço de criação, onde desenvolvemos produtos e conhecimento. Agora mais amplo e apropriado para nossas atividades”, celebra.
Já na entrada, o cartão de visitas pode ser montado por quem chega para saber mais sobre as atividades desenvolvidas. Uma demonstração lúdica do que é a proposta do projeto. Com instruções impressas no cartão e orientação das monitoras, o visitante pode montar um circuito elétrico. Na bancada, baterias, luzes LED, fitas e fios estão à disposição. Se acertar a montagem, a pequena lâmpada acende quando o cartão é pressionado.
Outra coordenadora, a professora Thereza Paiva é só alegria. “Estou muito feliz! Vamos dar um salto de qualidade. Aqui a gente vai poder receber as alunas do ensino médio para as nossas atividades. É um espaço de prototipagem, com impressora 3D”, destaca.
As coordenadoras já têm olhos para o futuro. “A gente cria produtos, mas também produz pesquisa, conhecimento. Estamos em vias de submeter projeto ao Comitê de Ética para buscar saber que efeitos produzimos nas escolas onde participamos”, adianta a professora.
Hoje, o Tem Menina no Circuito atende alunas de escolas da Rocinha, Realengo, Duque de Caxias, São João de Meriti e Mesquita. Todas em áreas periféricas. “Quando começamos, era uma coisa inimaginável, primeiro, que sobreviveríamos por dez anos. Depois, que teríamos um laboratório tão grande”, festeja a professora Tatiana Rappoport, terceira coordenadora e idealizadora da iniciativa. “Hoje podemos dizer que temos um projeto maduro, de muita qualidade. Algo que se reflete nesse laboratório que tem a cara das meninas”.
Maduro, o projeto agrega monitoras de várias áreas do conhecimento. Todas da graduação da UFRJ. Elas são da Física Médica, Ciências Contábeis, Biofísica, Química. “Eu vi a chamada do projeto pelo Instagram e resolvi me inscrever porque é uma oportunidade de eu voltar ao colégio onde estudei”, conta a aluna Jossana Almeida, moradora de São João de Meriti. “Eu me sinto realizada em mostrar para as meninas que é possível elas traçarem a trajetória que eu fiz e ingressar numa universidade pública”.
Nathália Vieira acrescenta que a idade próxima entre as estudantes do ensino médio e as alunas monitoras ajuda a criar a identificação e o sentimento de pertencimento. “Elas sentem que é possível para elas também. É muito estimulador para as meninas”. Jéssica de Melo completa: “Elas se abrem com mais facilidade, porque se sentem próximas a nós, se sentem nossas amigas”.
O projeto acaba servindo também para ensinar e reforçar conceitos importantes das ciências exatas e contribuir para a inserção dessas jovens estudantes nas chamadas “áreas duras” do conhecimento. Por outro lado, há importante efeito nas graduandas. “Estive na SIAC para acompanhar as monitoras do projeto. Elas estavam tão amadurecidas, desenvoltas em suas apresentações. Falavam com tanta propriedade sobre os temas”, descreve a professora Maria Fernanda Elbert, do Instituto de Matemática e colaboradora do projeto. “O Tem Menina atua não só no acesso à graduação. Ele promove um efeito acadêmico importante nas monitoras, que são nossas estudantes de graduação. Ter esse espaço, neste momento, é um grande presente”.
LINGUAGEM JOVEM
Vice-presidente da AdUFRJ, a professora Mayra Goulart visitou o laboratório, durante a inauguração. “O espaço é muito interessante, com uma linguagem bem jovem, bastante atraente para as meninas que estão usando o equipamento”, elogiou. Para a docente, o “Tem Menina” cumpre um papel importante no combate à sub-representação feminina nas chamadas áreas mais duras da Ciência.
A dirigente do sindicato conversou com a professora Thereza que a AdUFRJ busca captar recursos para uma segunda edição do documentário “Ciência: Luta de Mulher” — o filme, lançado ano passado, trata das histórias de pesquisadoras em diferentes campos do conhecimento. Já a sequência teria como objetivo ouvir as meninas sobre a Ciência. “Tentando captar os dilemas, dramas e perspectivas delas quando olham para a Ciência”, conclui