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“Marcha da Maconha” foi uma das dez finalistas do concurso da Fundição Progresso, encerrado no dia 16

Motivação veio dos atos pela legalização da substância

Guilherme Karakida. Estagiário e Redação

Talvez poucos saibam, mas uma das dez músicas finalistas (entre 853 inscritas) do 9º Concurso Nacional de Marchinhas da Fundição Progresso, recém-encerrado, foi composta por um professor da UFRJ. Músico há 38 anos, Henrique Cazes ingressou na universidade em outubro do ano passado para lecionar na primeira habilitação em cavaquinho do mundo.

A fase decisiva do certame foi transmitida ao vivo pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no último dia 16. E a composição do docente, intitulada “Marcha da Maconha” (a letra pode ser conferida em quadro nesta página), embora não tenha ficado entre as três primeiras, ganhou um inédito prêmio especial, pela ousadia e pela irreverência.

Cazes concedeu entrevista ao Jornal da Adufrj antes do baile na Fundição que anunciou o resultado. Ele acredita que os acontecimentos ao redor do mundo pesaram na decisão do júri de levar a canção até a finalíssima: “Não pude imaginar que ocorreriam tantas coisas no cenário internacional, como a legalização no Uruguai e nos EUA (Colorado e Washington), o que deixou mais em pauta a questão”, afirmou. 

Ele escreveu a música em 2011, época das primeiras manifestações a favor da legalização da maconha no Brasil. “Falei com alguns amigos para alguém compor a marchinha, porque tinha um duplo sentido muito bom e era carnavalesco, mas como ninguém se interessou, eu mesmo resolvi escrevê-la”. No entanto, naquele ano, as inscrições do concurso já haviam sido encerradas. Em 2012, Henrique perdeu o prazo de participação. Em 2013, estava no Canadá a trabalho.

Curiosamente, como passa uma imagem séria, o professor criou o heterônimo sambista e politicamente incorreto para apresentar a “Marcha da Maconha”, o Jota Canalha. “Esse personagem foi criado a partir de uma necessidade. Quando comecei a fazer sambas de rua, em torno de 2002, eu mostrava os sambas para as pessoas e elas não acreditavam que eram de minha autoria”, explica.  

 

A favor da legalização

Não usuário, o músico se posiciona a favor da legalização da substância. “Isso já deveria ter acontecido há muito tempo no Brasil. Estamos atrasados em relação à boa parte do mundo nesta questão, o que provoca consequências sociais nefastas”, disse. Segundo Cazes, a maconha não é nenhum bicho de sete cabeças, e a sociedade precisa se conscientizar mais sobre o assunto. “No ambiente de música popular, é uma coisa completamente disseminada e olhada com naturalidade há várias gerações. Antes mesmo da bossa nova, a maconha já estava lá”, observou.

 

Senado avalia projeto de regulamentação da maconha

Em resposta a uma proposta de iniciativa popular apresentada por meio de sua página eletrônica, o Senado Federal vai discutir a possibilidade de protocolar um projeto de lei que regulamente o uso recreativo, medicinal e industrial da maconha no Brasil. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) será o relator da matéria na Comissão de Direitos Humanos daquela casa.

A proposta de descriminalizar o uso da maconha foi protocolada virtualmente no dia 30 de janeiro. Em oito dias, a iniciativa obteve o apoio de mais de 20 mil pessoas, número que assegura o envio da sugestão para a análise da Comissão.

 

MarchinhaganhadoraComo foi a final do Concurso

As dez músicas finalistas foram apresentadas pelos compositores com a Banda da Fundição. Os jurados avaliaram a capacidade da música de se comunicar num evento carnavalesco, além da sua composição e empatia. As três escolhidas foram divulgadas pelo Fantástico e, a partir daí, a votação popular selecionou as melhores marchinhas do ano. O primeiro lugar coube aos compositores Cássio e Rita Tucunduva, que além de casal, foram parceiros na marchinha “Cadê a viga?”. Em segundo, ficou “Colorindo a praça”, de Edu Krieger, seguida por “É hoje!”, de Pedro Holanda.

 Novo reajuste perde da inflação

No início de abril, os professores vão receber em seus contracheques a segunda parcela do reajuste estabelecido pela lei nº 12.772/2012, que definiu o Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal. A primeira parcela vigora desde março do ano passado e a terceira e última será implantada em março de 2015.

Atuais normas, impostas pelo governo, aprofundam a desestruturação da carreira

ara quem não se lembra (ou para quem ingressou há pouco nas universidades federais), a legislação foi indiferente a uma histórica greve de mais de cem dias. O governo não atendeu às reivindicações do movimento docente organizado pelo Andes-SN. E preferiu assinar um pseudoacordo com seu braço sindical, o Proifes. Com a omissão do MEC, que deixou toda “negociação” correr sob a ótica gerencialista do Ministério do Planejamento, aprofundou-se a desestruturação da carreira. 

A diferença mais marcante já é conhecida: os novos docentes entram no início da carreira e aí permanecem, independentemente da titulação, por todo o período do estágio probatório (de três anos). Em setembro de 2013, confrontado com a repercussão negativa de existirem doutores ganhando como Auxiliares, o governo não modificou o dispositivo: apenas trocou a nomenclatura da carreira por meio da lei nº 12.863. Foram criadas as classes A, B, C, D e E. Dentro da classe “A” (inicial), inventou as denominações Professor Adjunto A, se portador do título de doutor; Professor Assistente A, se portador do título de mestre; ou Professor Auxiliar, se graduado ou portador de título de especialista. Para as classes superiores, foram mantidas as antigas denominações.

A valorização salarial relacionada com a titulação acontece fora do vencimento. Como se fosse uma gratificação que chega a representar quase dois terços da remuneração total, em alguns casos. E, mesmo depois de todas as pressões do movimento docente, continua a discriminação em relação aos aposentados. Não só por que o percentual de doutores é menor entre os mais antigos, mas também pelo fato de que a principal valorização de toda uma vida profissional se deu por meio dos anuênios, agora calculados sobre uma base bem menor, a parcela mais reprimida da remuneração.

Corrosão inflacionária

Em agosto do ano passado, o Andes-SN divulgou uma análise do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos) no qual apontava a corrosão inflacionária dos salários no período entre julho de 2010 (último aumento da gestão Lula) e julho de 2013 (já com a primeira parcela da nova lei). Ao longo desses três anos, praticamente todos os níveis no regime de Dedicação Exclusiva perdiam da inflação: hipoteticamente, somente os Associados 1, 2 e 3, com mestrado (o que não existe na carreira), apresentavam algum (pequeno) ganho real.

Nesse mesmo estudo do Dieese, era feita uma projeção inflacionária para dezembro de 2014 (tomado como referência por ser o último mês do governo Dilma Rousseff que impôs a lei das carreiras). E que, portanto, já alcança a segunda parcela do reajuste, em breve nos contracheques. Para aquele cálculo, até o último mês deste ano, considerava-se uma média mensal da inflação registrada entre julho de 2010 e julho de 2013. Nessa situação, entre os que possuem mestrado ou doutorado, apenas os Titulares doutores em regime de DE sairiam ganhando da inflação (com 1,95%). Mas até mesmo esse pequeno grupo de docentes não estará livre das perdas se a inflação se expandir, como projetam alguns economistas.

A seguir, poderão ser consultadas oito das 24 tabelas possíveis para a combinação entre carreira (de Magistério Superior ou de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico), regime de trabalho (20h, 40h ou Dedicação Exclusiva) e titulação (aperfeiçoamento, especialização, mestrado ou doutorado). Foram trabalhadas as variáveis mais comuns (regime de DE, com mestrado ou doutorado).
Não constam das tabelas ganhos judiciais ou decorrentes de direitos adquiridos dos professores mais antigos (tais como anuênios).
 

PLANO DE CARREIRAS E CARGOS DE MAGISTÉRIO FEDERAL

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Sindicato Nacional não pensa só no magistério superior

Colégios de Aplicação e propostas do governo para reformulação Ensino Médio também mereceram destaque

Reposição do quadro docente destas unidades é uma das prioridades

Silvana Sá. Enviada especial a São Luís (MA)

A crise dos Colégios de Aplicação ganhou eco em mais esta edição do Congresso do Andes-SN. Houve resoluções no sentido de lutar pela reposição e ampliação do quadro docente desses colégios, reconhecendo esses espaços como de ensino, pesquisa e extensão. O Sindicato Nacional se empenhará, ainda, pela revogação da Portaria Interministerial nº 253, de julho de 2011. O documento, ao limitar a contratação de substitutos (ao mesmo tempo que o governo não promove concursos para estas Unidades), fere a autonomia universitária e afeta as condições de trabalho docente dos CAp.

A falácia do RSC

Outra preocupação é o debate em torno do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC), criado pela lei que estabeleceu o plano de carreiras e cargos do magistério federal, no final de 2012. Supostamente, este procedimento seria a equivalência à titulação de especialização, mestrado e doutorado para professores do ensino básico, técnico e tecnológico (EBTT) para fins de progressão na carreira. O que está por trás do RSC, porém, é a ideia de que os professores EBTT não precisam dar continuidade aos seus estudos. O RSC, portanto, dificulta e desestimula o professor a dar seguimento à sua formação acadêmica e cria obstáculos para que seja alcançado o topo da carreira. 

Encontro Nacional de Educação em agosto

Outras resoluções foram aprovadas no sentido de ampliar o debate e as ações do Sindicato na defesa da educação em todos os níveis. Uma delas é contra a aprovação do PL 6.840/13. O Projeto piora a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e estabelece mecanismos de fragmentação da educação básica, especialmente no nível médio.

O Congresso deliberou que, em agosto, será realizado o Encontro Nacional de Educação. Haverá encontros regionais preparatórios ainda neste primeiro semestre.

 

Comissão da Verdade do Andes-SN sai fortalecida

14022442Comissão faz uma apresentação de suas atividades durante o 33º Congresso. Foto: Andes-SNDurante o 33º Congresso, algumas resoluções foram tomadas no sentido de fortalecer o trabalho da Comissão da Verdade do Andes-SN. Uma delas diz respeito ao levantamento que as seções sindicais deverão realizar, até junho de 2014, articuladas com outras comissões da verdade, sobre ações da ditadura. Já no segundo semestre, feito o levantamento, o Sindicato Nacional vai promover um seminário nacional sobre o tema, antecedido de encontros preparatórios.

Neste ano, completam-se 50 anos do golpe civil-militar. Por conta disso, ficou definido que as secretarias regionais e as seções sindicais do Andes-SN participarão ativamente de atos de repúdio ao golpe de 1964. Outras articulações em nível nacional deverão acontecer com o objetivo de pressionar o governo e o Congresso Nacional pela revisão da Lei de Anistia. O movimento docente reivindica que sejam responsabilizados os torturadores e quem mais tenha cometido crimes de lesa-humanidade no período militar.

Histórico

A criação da Comissão da Verdade foi definida durante o 32º Congresso do Andes-SN, em março de 2013, no Rio de Janeiro. A efetivação acabou ocorrendo no 58º Conad, em julho do ano passado em Santa Maria (RS), com a nomeação de seus integrantes. A partir de então já foram realizadas diversas reuniões, entre o segundo semestre do ano passado e janeiro deste ano, com o apoio do Grupo de Trabalho História do Movimento Docente (GTHD) do próprio Sindicato.

Uma das iniciativas da Comissão da Verdade do Andes-SN foi encaminhar às Seções Sindicais um questionário que precisa ser respondido para oferecer mais subsídios às atividades do grupo.

 

Os membros da comissão da Verdade são:

Márcio Antônio de Oliveira (Diretoria) – titular

Hélvio Mariano (Adunicentro) – titular

Edson Teixeira (Aduff) – titular

Ana Maria Ramos Estevão (Diretoria) – suplente, substituindo Paulo Cambraia

Elídio Alexandre Borges Marques (Adufrj) – suplente

Antônio Lisboa (Adufcg) – suplente

*Com informações da Sedufsm

 

 

Andes-SN mantém-se na defesa dos aposentados

Uma das plenárias do encontro nacional da categoria aprovou resoluções sobre temas como a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, previdência complementar dos servidores e direitos dos aposentados

Luta contra cobrança previdenciária também está na pauta

Silvana Sá. Enviada especial a São Luís (MA)

14022451Comunidade da UFRJ se organiza para ato do dia 27 de junho de 2013. A defesa da Saúde Pública era uma das bandeiras centrais. Foto: Samuel Tosta - 27/06/2013Os professores reunidos Congresso de São Luís (MA) definiram ações para 2014 relacionadas à Seguridade Social. O Sindicato Nacional e suas Seções Sindicais vão desenvolver ações de enfrentamento à política de desmonte e privatização da Saúde Pública. No caso federal, as iniciativas serão voltadas contra a pressão que o governo tem exercido para a adesão dos hospitais universitários à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Ainda sobre a Ebserh, ficou aprovado que o Sindicato Nacional divulgará materiais com projetos alternativos à empresa, construídos pelas Ifes. A UFRJ, em 2013, protagonizou uma importante luta contra a Ebserh. Na ocasião, os segmentos construíram um projeto de modelo de gestão para os HUs, com participação de professores, técnicos e estudantes. O documento foi amplamente debatido com a comunidade acadêmica e o Conselho Universitário.

Sobre as aposentadorias, a plenária entendeu que não apenas a Fundação de Previdência Complementar dos servidores (Funpresp), federal, precisa ser combatida. Nos estados e municípios, outros fundos privados estão sendo constituídos para retirar o direito dos servidores aos proventos integrais. Por isso, o Andes-SN e suas Seções Sindicais buscarão a articulação com o conjunto dos servidores das três esferas na luta contra esses fundos.

Aposentadorias

Ao longo dos debates, ficou clara a preocupação com os atuais e futuros aposentados. Por isso, será retomada a defesa do direito à aposentadoria com remuneração no padrão de classe imediatamente superior à que o docente se encontrar posicionado. Este dispositivo, revogado pela lei 9.527/97, constava do Art. 192 do Regime Jurídico Único (RJU) dos servidores.

Outras ações definidas se referem ao levantamento, pelas seções sindicais, de solicitações de aposentadorias especiais baseadas no Mandado de Injunção (MI) 880 – o documento reconheceu o direito constitucional à aposentadoria especial aos servidores públicos que trabalham em ambientes insalubres a partir do mesmo critério utilizado para os trabalhadores regidos pela CLT – e que estejam enfrentando dificuldade de efetivação. E montar estratégias de atuação no Congresso Nacional, estados e municípios para pressionar os deputados federais pela aprovação da PEC 555/2006. Esta Proposta de Emenda Constitucional prevê a eliminação da cobrança de contribuição previdenciária para aposentados e pensionistas.

Outra orientação às seções sindicais é que alertem os novos professores que tenham sido servidores públicos para se manterem no regime previdenciário anterior à lei que criou a Funpresp.

 

Congresso homologa novas seções sindicais

Neste 33º Congresso, o Sindicato Nacional mostrou mais uma vez sua força e representatividade. Os delegados e delegadas aprovaram a homologação de duas novas seções sindicais. São elas: Seção Sindical dos Docentes da Universidade de Taubaté (Sindunitau) e Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Minas Gerais – unidade de Ibirité (Aduemg).

Algumas seções sindicais tiveram suas denominações alteradas. A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Pará – campus Marabá – (Sindufpa-MAR), passa a se chamar: Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Seção Sindical do Andes-SN (Sindunifesspa). Houve ainda a criação da Seção Sindical dos Docentes Universitários de Paranaguá (Sindunespar) e a constituição da Seção Sindical dos Docentes do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal dos Jari (Sindifap). *Com informações das Assessorias de Imprensa do Andes-SN e da Sedufsm.

 

Moções

Ao longo dos sete dias de intensos debates, foram apresentadas 38 moções dentro do prazo regulamentado no 33º Congresso e mais quatro durante a Plenária de Encerramento. A delegação da Adufrj-SSind apresentou cinco. Os documentos foram aprovados na Plenária Final da instância deliberativa. Dizem respeito a temas como violação dos direitos dos presos de Pedrinhas (presídio estadual do Maranhão), em repúdio ao uso da morte do trabalhador Santiago Andrade para aumentar a repressão estatal e criminalizar os movimentos sociais e em repúdio à criminalização dos movimentos estudantis autônomos e combativos.

Esta última moção registra a solidariedade ao Movimento de Estudantes de Educação Física, que tem sido criminalizado em diversas universidades brasileiras. O texto destaca a atuação policialesca da direção da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD), que impede manifestações estudantis na Unidade e cassa a representatividade discente na Congregação.

BatePronto/Segurança Pública

Luiz Eduardo Soares/Cientista Político

 

Mudar a polícia

Elisa Monteiro e Redação. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

14022471Soares. A polícia que vai lidar com cidadãos deve ter como missão evitar a violação de direitos. Foto: Marco Fernandes - 17/09/2013Na conjuntura inquieta que alcança o país, as opiniões do antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares têm sido acompanhadas com atenção. Soares é especialista em segurança pública e, nas vezes que foi convocado para exercer funções de Estado (foi secretário de Segurança no governo de Anthony Garotinho e ocupou a Secretaria Nacional de Segurança Pública no governo Lula), teve a trajetória neutralizada por forças conservadoras. Também professor da Uerj, ele é um dos formuladores de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC nº 51) patrocinado no Senado por Lindbergh Farias, que desmilitariza a polícia. Na semana passada, minutos antes de proferir conferência na UFRJ, ele falou ao Jornal da Adufrj. Veja alguns trechos dessa conversa.

 

 

 

Por que desmilitarizar a polícia?

A estrutura militar de hierarquia rígida se justifica pela guerra, quando os soldados vão à morte. Ela foi criada para mobilizar contingentes humanos e de recursos numerosos. Mas a polícia que vai lidar com cidadãos, conforme indica a Constituição Federal, deve ter como missão evitar a violação de direitos.  

O que propõe a PEC 51 que o senhor ajudou a formular?

O fim do ciclo fraturado do trabalho policial que hoje se traduz na existência de uma polícia ostensiva (PM) e uma polícia judicial-investigativa (Civil), com a unificação das polícias. Também é importante reconhecer as diversidades regionais do Brasil. As soluções para o Amazonas devem ser diferentes das para São Paulo. Uma camisa de força homogênea não responde às necessidade de cada região. Além disso, deve ser revista a participação da União e Municípios na política de segurança. O último ponto decisivo está nas instituições de segurança pública assumindo como missão a garantia dos direitos, como indica a Constituição Federal.

O que fazer com os policiais que já estão na corporação?

Como qualquer mudança institucional, a desmilitarização não pode ser feita com o fígado, até para não promover grandes injustiças. Eu recebo denuncias diárias de trabalhadores da segurança pública sobre as humilhações, o desrespeito, a opressão, torturas e todas as formas de arbítrios a que são submetidos. Homens e mulheres policiais são submetidos não só a processos devastadores, que chamamos grosseiramente de lavagens cerebrais, mas a leis internas inconstitucionais. Por que o superior pode prender subalternos sem qualquer justificativa ou formalização?  Isso acontece em praticamente todos os estados do país. E depois, recebem um salário indigno completamente incompatível com o desafio enfrentado no dia a dia, arriscando as vidas. A desmilitarização é condição de acesso à cidadania, aos direitos elementares, ao direito à sindicalização dos policiais militares. Para que possam respeitar os cidadãos, precisam também conhecer a cidadania. Devemos ser solidários a eles nas suas lutas.

Qual a sua opinião sobre os Black Blocs?

Avalio que trazem aspectos negativos, mas uma leitura simplista seria injusta. Eu sempre fui pacifista, mas reconheço que anos a fio emiti o mantra: ‘há um genocídio nas favelas contra as comunidades negras e pobres. E não é possível que continuemos a dormir, repousando diante desse quadro de horror. É preciso tocar as buzinas, bater as panelas, acordar a população, promover a insônia coletiva, pois é impossível naturalizar este quadro’. De repente, alguns jovens começam a quebrar vitrines. Concordar, eu não concordo. Não acho que seja uma boa linguagem. Mas como criticar essa ação unilateralmente, quando sei que a raiz desse ódio e indignação é legítima? Por mais que avalie ser uma simbologia pobre e equivocada, reconheço que eles estão batendo tambor. Eles estão provocando a insônia, pronto. Isso cumpre um papel importante. 

Mas estava evidente que haveria um momento em que teríamos um cadáver aos pés e que as consequências seriam terríveis, pois todo jogo conservador está no isolamento de um grupo e na criminalização das manifestações. Foi o que aconteceu, e agora estamos diante desse desafio terrível. Intencional ou não, os resultados concretos, a morte de uma pessoa, foram inadmissíveis. A pratica do Estado já é a brutalidade, então qualquer linguagem que reproduza esses gestos, para mim, acaba mimetizando a sua pior feição. 

Após mudança de operadora, universidade deverá contar com melhores (e mais baratos) serviços de telefonia

Internet também será mais rápida

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A telefonia fixa da UFRJ vai mudar para melhor a partir de março. Essa é a expectativa da Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), chefiada pelo professor Gabriel Silva. O serviço, antes fornecido pela Oi por quatro anos de contrato, passará a ser prestado pela Embratel, após licitação concluída em outubro último.

Um dos principais atrativos para a mudança de operadora foi a redução nas contas. O custo da ligação DDD para qualquer lugar do Brasil cai de R$ 0,47 (pago em média pela UFRJ) para R$ 0,06 por minuto. Inicialmente, a administração central anunciou uma economia de 40% sobre as atuais contas de R$ 6,2 milhões anuais de telefonia (informação divulgada no Jornal da Adufrj nº 832). Mas, segundo o superintendente da TIC, o valor foi superestimado: “Teremos uma redução aproximada de R$ 6 milhões para R$ 4 milhões (cerca de 30%), o que já é bastante significativo”. Os R$ 2 milhões de diferença serão direcionados à substituição de equipamentos.

O plano da administração, de acordo com Gabriel Silva, é a desativação das atuais centrais telefônicas e o aluguel de novas: “Há várias empresas que prestam esse serviço”, explicou. O sistema, afirma, “é amplamente usado por órgãos da administração”. Como exemplo, Gabriel cita a Polícia Federal. A vantagem estaria na “garantia de uma manutenção rápida” e “sem desembolso”. Além disso, há a “atualização tecnológica”.

O servidor argumenta que, com exceção do HUCFF, a central telefônica mais recente da UFRJ data de 12 anos atrás e está defasada. Em sua visão, a terceirização eliminaria o ônus de um patrimônio ultrapassado e sem valor. Pelos cálculos do engenheiro elétrico e professor do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática, o custo de construção de uma nova central própria (cerca de R$ 8 milhões) equivale a aproximadamente cinco anos de aluguel (em torno de R$ 150 mil). 

A modernização também deve aumentar a capacidade de o sistema suportar, por exemplo, a recorrente falta de energia no campus do Fundão: “As baterias novas consomem menos. A tendência é que tenham resistência mais prolongada a quedas de luz do que as atualmente em uso”. 

Melhora dos serviços

Para o superintendente, o principal ganho ocorre na melhoria da qualidade do serviço: “Recebíamos muitas reclamações e as respostas da empresa (Oi) para manutenções e reparos tinham um ritmo lento, aquém das necessidades da universidade”. Gabriel relata que o processo licitatório estipulou cláusulas contratuais para maior cobertura e segurança da UFRJ. O novo contrato prevê penalidades para a operadora em caso de interrupção ou indisponibilidade na prestação dos serviços.

Aumento de três mil ramais

Com a migração para a Embratel, o número de ramais da universidade saltará dos atuais sete mil para 10 mil. De acordo com Gabriel, hoje, a situação das unidades do campus do Fundão é crítica. Na Praia Vermelha, segundo o superintendente, não há problemas com falta de ramais: o problema está na passagem dos cabos, por ser um prédio histórico (o Palácio Universitário).

Além disso, unidades isoladas como a Faculdade Nacional de Direito (FND), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), Observatório do Valongo, Colégio de Aplicação e Hospital Escola São Francisco de Assis (Hesfa), entre outras, passarão a contar com ramais da UFRJ, eliminando o custo das ligações diretas (entre Unidades da universidade). O mesmo valerá para o campus de Macaé e o polo de Xerém. Segundo nota da administração central, a disponibilidade dos novos três mil ramais será gradativa. A integração do sistema de toda universidade “era um projeto antigo”, afirma.

 

Internet mais rápida

A troca de operadora influirá também no acesso à rede mundial de computadores. As unidades fora da Cidade Universitária terão a velocidade de interconexão de dados aumentada em cinco vezes, de 2 Mbps para 10 Mbps. Além disso, o superintendente da TIC informa que, no Fundão, será ampliado o sinal wi-fi: “Atualmente temos 40 pontos de câmeras de seguranças em locais estratégicos de circulação. A ideia é que os pontos de wi-fi acompanhem essas instalações de câmeras que devem chegar a 120 até 2015”. A cobertura abarcaria toda parte pública do campus, incluindo os estacionamentos – hoje, ela se restringe ao intervalo entre as entradas principais do CCMN e o bloco A do CT. Xerém e Macaé também serão beneficiados, passando a contar com uma velocidade de 4 Mbps para navegação em todos os campi. Em Macaé, apenas um dos três espaços da UFRJ dispunha de rede.

 

Mudança de prefixos

Dentre as mudança práticas, os telefones das unidades da UFRJ no Rio de Janeiro com prefixos 3873, 2598 e 2562 passarão a contar com o prefixo 3938, enquanto os de parte das unidades em Macaé ficarão com o prefixo 2141. Segundo a reitoria, a alteração “ocorrerá em etapas”. A primeira migração será a dos telefones iniciados com 3873, seguida pelos 2598 e 2562. A previsão para mudança é “meados de março”, ainda sem data certa.

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