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Não pude deixar de pensar na morte do Aloisio ao tomar conhecimento, no dia 2 de outubro – por coincidência o seguinte ao do aniversário dele – de dois acontecimentos tristes relacionados com reitores de universidades federais: o trágico falecimento do reitor da UFSC, Luiz Cancellier, e a decisão tomada pelo professor Naomar Almeida de afastar-se da reitoria da UFSB. Duas situações muito diferentes (e diferentemente danosas), mas, nem por isso, destituídas de pontos em comum. Duas ocorrências diversas e distantes daquela que, em grande medida, levou Aloisio a sair de cena, mas, nem por isso, alheias ao que com ele sucedeu. O professor Cancellier sucumbiu ao peso letal da humilhação pública provocada pela prisão, arbitrária e espetaculosa, que deu sequência a uma condenação sem julgamento visando enlamear sua dignidade pessoal e profissional. Naomar, ex-reitor da UFBA e há quatro anos à frente de um projeto universitário extremamente inovador – a meu ver, uma tentativa séria de compatibilizar inclusão social e excelência acadêmica - sucumbiu à força das tradições de particularismo e aversão à diversidade que continuam a atuar na universidade brasileira. Situações muito diferentes, é óbvio. Afetadas ambas, contudo, pelas marcas da intolerância e da dificuldade que instituições e pessoas têm, ainda hoje no Brasil, de agir sob regras democráticas. Marcas de um conservadorismo que, reanimado pela crise vigente (econômica, política, institucional, ética, etc) vem, mais uma vez, proclamar como salvação a substituição da política pelas decisões técnicas (dessa feita, as jurídicas). Propaganda enganosa cujo enredo conhecemos: de toga ou de botas, o autoritarismo se alia rapidamente ao privatismo desenfreado. Universidades públicas se tornam presas fáceis. Aloisio não tirou a própria vida nem abdicou da liderança que exercia na UFRJ. Levou-o fulminante parada cardíaca para a qual contribuíram, não tenho dúvidas, as pressões e ameaças advindas de suspeitas infundadas sobre sua integridade. Como contribuiu, de certo, a desidratação das iniciativas que deslanchou com vistas ao aprofundamento do caráter público e integrado da universidade e à elevação da qualidade de seu desempenho. “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Seguindo Marx, podemos, apesar de tudo, ser otimistas. Vivenciamos, com pesar, a primeira repetição e fomos abatidos. Na próxima, porém, com risos, vamos vaiar o espetáculo. Maria Lúcia Werneck Presidente eleita da Adufrj

Suicídio do professor Luiz Carlos Cancellier (foto), no último dia 2, reacendeu um intenso debate sobre a atuação da Justiça e da Polícia Federal em grandes investigações O suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, professor Luiz Carlos Cancellier, no último dia 2, reacendeu um intenso debate sobre a atuação da Justiça e da Polícia Federal em grandes investigações. Ele se jogou do quinto andar de um shopping em Florianópolis, 18 dias depois de ter sido preso acusado de obstrução à Justiça, em 14 de setembro. Cancellier foi solto 30 horas depois, mas “a humilhação e o vexame” aos quais foi submetido, segundo ele próprio publicou em artigo no Globo, foram pesados demais. No bolso da calça que vestia quando seu corpo foi encontrado, havia um bilhete em tom grave: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!”. O sepultamento do reitor aconteceu no dia 3 de outubro. Ele tinha 59 anos. Em protesto, o cortejo fúnebre fez uma parada na sede da PF, em Florianópolis. A juíza que expediu a prisão temporária do reitor, Janaina Cassol Machado, está sendo acusada de cometer abuso de autoridade por não ter chamado Cancellier a prestar esclarecimentos prévios. Mesmo após revogada a prisão, o reitor ficou impedido de frequentar a universidade. A juíza está de férias. A assessoria de imprensa da 1ª Vara Federal de Florianópolis afirmou que nem a instituição, nem a juíza se manifestarão sobre o caso. Segundo a Polícia Federal, a morte de Cancellier não compromete a investigação e o andamento do inquérito, sobre suposto desvio de recursos do ensino à distância da UFSC. O pedido de prisão temporária do reitor foi feito pela delegada Érika Mialik Marena, ex-coordenadora da Operação Lava-Jato. Ela também não foi encontrada para comentar o caso. A operação “ouvidos moucos” investiga ações da reitoria da UFSC desde 2010. O inquérito tem quatro anos e corre em segredo de Justiça. A assessoria de imprensa da Controladoria-Geral da União informou que também não se pronunciará sobre o assunto. Ainda de acordo com a instituição, os investigados devem responder por fraude em licitação, falsidade documental, estelionato, inserção de dados falsos em sistemas e organização criminosa. “Poderia ter sido comigo” Em 2012, a UFRJ se viu envolvida num escândalo semelhante. O ex-reitor Aloísio Teixeira e o então reitor Carlos Levi foram acusados de irregularidades na gestão e de desviarem R$ 50 milhões da universidade, junto com outros professores e servidores. Uma dessas pessoas era o professor Geraldo Nunes, então coordenador do setor de Convênios e Relações Internacionais. Nunes foi o único demitido. “Eu fiquei muito abalado com a notícia do colega da UFSC. Poderia ter sido comigo. Eu cheguei a pensar em dar cabo da minha própria vida muitas vezes”, revelou o docente. “É um processo muito doloroso. A Globo foi até a minha casa, filmou a fachada. Colocou minha foto no ‘Fantástico’ como se eu fosse um criminoso. Um processo de exposição como esse é muito doloroso, porque você não perde só o salário. Você perde a cidadania, perde a vida, perde tudo”, analisou. O professor contou que o que o sustentou foi o apoio recebido dos amigos da UFRJ, da família e de profissionais especializados. “Eu fazia terapia e o amparo das pessoas que eram importantes para mim foram fundamentais para eu me manter de pé. Ainda assim, fiquei profundamente deprimido”, lembrou. Geraldo Nunes foi demitido pela Controladoria-Geral da União em dezembro de 2012 e deixou de receber os salários da universidade em abril de 2013, quando o reitor Levi assinou sua exoneração, pressionado pela CGU. “Fui demitido duas vezes. Um processo completamente irregular. Foram 40 meses sem salários”. O professor foi reintegrado à UFRJ em setembro do ano passado. Apesar de ter sido inocentado no processo administrativo movido pela CGU, ele ainda responde ao processo criminal na Justiça e a uma Ação Civil Pública no Ministério Público. Por conta disso, não recebeu os salários atrasados, correspondentes aos anos de afastamento da universidade. “Além de ter sido prejudicado economicamente, o tempo parado atrapalhou toda a minha progressão na carreira”. Ele moveu ação contra a União e aguarda a conclusão do processo. No próximo dia 18, haverá uma audiência do processo penal, mas o docente está confiante. "Embora ainda possa demorar a conclusão dos demais processos, estou confiante porque fomos inocentados no processo de origem de tudo isso, que é o da CGU. Sem dolo, não há porque sermos penalizados nas outras instâncias". Comoção A Universidade Federal de Santa Catarina decretou luto oficial por três dias e só retomará as atividades administrativas e acadêmicas na sexta-feira, dia 6. A vice-reitora Alacoque Lorenzini Erdmann não foi encontrada pela reportagem para comentar o assunto. O Governo do Estado de Santa Catarina também decretou luto de três dias. Outras instituições publicaram notas de pesar, como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). De acordo com a nota, os reitores compartilham um sentimento de pesar associado à “indignação e inconformismo” com o tratamento dado ao reitor. “É inaceitável que pessoas investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal”, diz um dos trechos. A UFRJ, a Universidade de Brasília, a Federal do Espírito Santo, Federal da Grande Dourados, Estadual de Santa Catarina, Federal de Alagoas, Federal do Tocantins também publicaram notas de pesar pela morte trágica do reitor. O procurador-geral do estado de Santa Catarina divulgou nota cobrando responsabilidade dos envolvidos. Renúncia na Bahia Outra universidade que teve sua reitoria abalada essa semana foi a Federal do Sul da Bahia. O reitor Naomar Almeida Filho renunciou ao cargo máximo da instituição no último dia 3. Como justificativa para o afastamento, o professor alegou a asfixia de recursos imposta pelo governo federal. Em carta, ele afirmou que tem sofrido “profundo desgaste interno, intensificado pela suspensão de novos concursos federais, fomentando incerteza e angústia na comunidade universitária”. O reitor relata, ainda, conflitos internos e chega a acusar de "sabotagem" parte da sua própria equipe de governo. "Ações de evidente sabotagem, inclusive de dentro da equipe de gestão, criaram obstáculos à nossa agenda de integração social". O movimento, segundo o reitor, teria conseguido cancelar um congresso da universidade, "além de boicotar tanto inovações curriculares de maior potencial inclusivo quanto a articulação com a educação básica”, contou no documento. Leia, ainda, artigo de Maria Lúcia Werneck, presidente eleita da Adufrj

Uma eleição suplementar na Educação Física, nos dias 26 e 27, completou o Conselho de Representantes da Adufrj. Foram 12 votos: 11 para a lista A, 1 voto para a lista B. Marcelo Paula de Melo e Luís Aureliano Imbiriba Silva serão os titulares da unidade no colegiado; Renato Mendonça Barreto da Silva e Alexandre Palma de Oliveira ficarão como suplentes. Um erro na confecção das cédulas fez a comissão eleitoral invalidar esta parte da votação realizada nos dias 11 e 12 de setembro. Não houve problema nos votos para a eleição de diretoria. Confira, no link, como ficou a composição do Conselho, biênio 2017-2019.  

Os intelectuais franceses Christian Laval (foto) e Pierre Dardot são os convidados especiais do ciclo de debates “Impasses e Alternativas do presente”, a partir de quinta-feira. A Adufrj faz parte da organização Os intelectuais franceses Christian Laval e Pierre Dardot são os convidados especiais do ciclo de debates “Impasses e Alternativas do presente”, a partir de quinta-feira (5). O primeiro debate, intitulado “Neoliberalismos”, está marcado para o Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, da UFF, no bloco O, sala 516, às 18h. O Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ recebe, sexta-feira (6), às 17h, a palestra “Comum – Ensaio sobre a Revolução no Século XXI”. Na ocasião, haverá o lançamento do livro homônimo, produzido pela Boitempo. A editora e o SESC, de São Paulo, são os responsáveis pela vinda de Laval e Dardot ao Brasil. Eles participaram do “seminário internacional 1917: o ano que abalou o mundo”, no fim do mês passado, na capital paulista. No sábado, às 16h, é a vez do Museu da Maré acolher o debate “Refundar o Comum”. Na segunda, às 18h, o tema é “Repensando a Revolução no Século XXI”, na sala 107 do IFCS. O evento é organizado pela Adufrj, pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia (UFRJ) e pelo Departamento de Sociologia e Metodologia em Ciências Sociais da UFF. Datas, horários e locais dos debates: 5/10 – ICHF (UFF) - Rua Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis - São Domingos, Niterói 6/10 – CBAE (UFRJ) – Avenida Rui Barbosa, 762 – Flamengo, Rio de Janeiro 7/10 – Museu da Maré - Av. Guilherme Maxwel, 26 - Maré, Rio de Janeiro. Como chegar De carro: O melhor acesso é via Av. Brasil. Pegar a pista lateral sentido Zona Oeste e acessar a Av. Paris, à direita, logo após o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) do Exército (próximo à Passarela 7). Basta seguir a rua até o final. É possível estacionar na porta do Museu. De ônibus: Para quem for de ônibus, basta pegar qualquer linha que passe pela Avenida Brasil e seja paradora. O ponto de descida é a passarela 7 da Avenida Brasil, em frente à Escola Municipal Bahia. Depois, é só seguir até o final da rua do colégio. 9/10 – IFCS (UFRJ) – Largo de São Francisco de Paula, 1 – Centro, Rio de Janeiro  

A avaliação quadrienal da Capes sobre os programas de pós-graduação da UFRJ foi celebrada em reunião do Conselho de Ensino para Graduados, no dia 22. Especialmente pelos representantes dos cursos que alcançaram o conceito máximo: “Não só ficamos com o primeiro lugar, como somos o único programa na Comunicação do Brasil com 7”, festejou Beatriz Becker, professora da ECO. “É uma conquista histórica para a área de Comunicação e Cultura. E fruto de muito esforço conjunto de professores, técnicos e alunos”. Durante a reunião do colegiado, a reitoria apresentou uma avaliação bastante positiva dos resultados. “Oitenta e três por cento dos programas mantiveram ou elevaram seus conceitos. Essa é a mensagem que a reitoria gostaria de deixar sobre essa avaliação”, destacou a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, professora Leila Rodrigues. A conta leva em consideração os cursos acadêmicos e os mestrados profissionais. O saldo ficou assim: 21% das pós (equivalente a 27 cursos) subiram de posição; 57% (74) mantiveram o conceito anterior; 7% (22) caindo e 5% (6) não avaliados.  Na projeção dos desempenhos por Centro, Leila sublinhou a participação geral do Centro de Ciências da Saúde. De acordo com a pró-reitora, a administração acompanhará de perto os recursos para reversão das avaliações com baixo resultado. Um dos casos citados foi a Escola de Serviço Social, que encolheu de 6 para 4. Haverá especial atenção para os quatro cursos indicados para descredenciamento. São eles: Economia Política Internacional; História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia; Letras Clássicas; e Produtos Bioativos e Biociências. Os encaminhamentos imediatos são a suspensão de editais e produção dos recursos junto aos coordenadores. Leila Rodrigues informou que os diplomas dos estudantes são garantidos pela nota de criação dos programas. A situação das bolsas ainda será avaliada. Ranking nas vacas magras A redução dos recursos para pesquisa é a maior preocupação para quem realiza pesquisa na universidade hoje. “Diante dos cortes aplicados tanto na Educação quanto nas agências de fomento à pesquisa”, analisou o professor Jose Garcia Junior, do Instituto de Ciências Biomédicas. “O mínimo que se espera da Capes é que não haja avaliação no próximo quadriênio. E já há um movimento de discussão nesse sentido”, disse. Garcia frisou que, “embora a UFRJ apareça para a sociedade como uma liderança nacional, ela também é vista para fora como inimiga do atual governo”, o que a fragiliza em termos de negociações. O docente expressa preocupação com o futuro: “Podemos dizer que boa parte do resultado positivo da UFRJ nesta avaliação se deve a um ciclo virtuoso de investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Com a Fundação sucateada como está, a tendência é uma piora expressiva nos resultados”. Perda de espaço “A UFRJ mostra um bom resultado geral. Mas muito em função da criação de novos cursos”, observou Maria Alice Zarur Coelho, professora da Escola de Química. “Há uma estagnação entre os já consolidados. Isso é particularmente preocupante quando, comparativamente, universidades de outras regiões aumentam investimento em pesquisa, enquanto no Rio só perdemos”. Maria Alice citou recente aporte de recursos da Universidade Federal do Ceará na área de Química. Já a professora Rachel Coutinho Carvalho, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, acrescentou o aumento da concorrência das particulares: “Instituições como as PUCs (Pontifícia Universidade Católica) e Mackenzie não precisam lidar com cortes”.  

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