facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Que UFRJ os candidatos esperam encontrar e que UFRJ esperam deixar ao final de um mandato de quatro anos? E quais são as propostas para os principais desafios da universidade? Reunimos as expectativas e as propostas da três chapas para os principais desafios da universidade. Os textos foram escritos pelos candidatos. A ordem das respostas segue a das inscrições no processo eleitoral

QUE UFRJ ESPERA ENCONTRAR ?

CHAPA 20 REITOR: ROBERTO BARTHOLO - Coppe VICE-REITOR: JOÃO FELIPPE CURY MARINHO MATHIAS - Instituto de Economia NÓS TEMOS GRAVES problemas na UFRJ. Existe um nó entre o estrangulamento orçamentário do Brasil que atinge a UFRJ e o anacronismo e a disfunção da gestão da nossa universidade. Estes aspectos se entrelaçam, um agravando o outro. As prioridades adotadas até o presente não foram felizes em lidar com estes problemas, menos ainda em reconhecer esse nó. Essa atitude explica tragédias como o Museu Nacional, explica os pequenos e médios desesperos e desastres em cada lugar e em tantos momentos, explica a distância entre o que se anuncia, o que se promete e o que acaba se tendo de fato. TODOS CONCORDAM que tem-se menos dinheiro do que se precisa, Tem-se mau uso do pouco dinheiro que se tem. MAS A CHAPA 20 entende que apenas a sua proposta compreende que se tem mesmo é um nó, que não há caminho lidando com cada aspecto em separado, que adianta pouco oferecer solução para uma parte de cada aspecto, para soar otimista e positivo, ao invés de encarar o nó em sua totalidade. ESSA É A SITUAÇÃO e o rumo para a continuada degradação da nossa infraestrutura, do empobrecimento de nossas atividades, do desestímulo a se empenhar que atinge a todos nós, docentes, técnicos, administradores e estudantes. Por erros de prioridade na situação atual ou nas propostas para a reitoria sentimos ainda o quanto de nosso tempo e energia são gastos com coisas que não deveriam ser prioridade ou mesmo ter lugar em nossas vidas. Tantas coisas faltam, tantas coisas subtraem o que deveria ser disponível e articulado para a busca e a realização das coisas que valem a pena. Foi talvez inevitável que nessa situação se tenha, por vezes, a manipulação de apetites ou de medos para obter vantagem ou influência – para depois deixar de lado a quem se iludiu. TEMOS QUE LIDAR com isso, buscar desatar o nó em termos de recursos, em termos de gestão, em termos de prioridades. Em termos de recursos, há que se ter claro que não há perspectiva de um aumento substancial de recursos orçamentários. Em termos de gestão, há coisas que precisam ser reconhecidas e mudadas – o anacronismo e a disfunção em processos, padrões e modelos de gestão de tantos aspectos da vida universitária da UFRJ. Em termos de prioridades, não é possível imaginar solução quando se oferece e promete ou bem continuidade como se ela fosse boa, ou bem possível prioridade para todos os lugares em que se passa para obter apoio. É ASSIM QUE A CHAPA 20 avalia a situação da UFRJ. CHAPA 10 REITORA: DENISE PIRES DE CARVALHO - Instituto de Biofísica VICE-REITOR: CARLOS FREDERICO LEÃO ROCHA - Instituto de Economia A UFRJ ESTÁ EM CRISE. É uma das maiores e melhores universidades do Brasil e da América Latina. O arcabouço acadêmico tem sido muito pouco afetado pois houve reposição dos quadros de docentes e técnicos nos últimos anos. No entanto, as gestões acadêmica e administrativa da universidade não têm sustentado os avanços necessários para garantir o seu protagonismo. As equipes que têm ocupado a administração central não têm sido capazes de implementar políticas inovadoras e de vanguarda. Portanto, a UFRJ da atualidade encontra-se defasada e precisa reencontrar o rumo da excelência acadêmica. FUNDAMENTALMENTE, temos uma universidade incapaz de se discutir. Os Conselhos Superiores estão esvaziados. Deixaram de tratar as pautas relevantes. A universidade carece de institucionalização, transparência e democracia, na medida em que não são discutidos os temas relevantes que a devem guiar. SOB O PONTO DE VISTA ORÇAMENTÁRIO, a universidade está quase quebrada. Receberemos uma universidade com pagamentos atrasados que ultrapassam 50% de seu orçamento. Para resolver essas questões, é necessário redimensionar o orçamento, renegociar dívidas e encontrar alternativas que permitam um aumento de sua arrecadação. AS TAXAS DE EVASÃO cresceram e a permanência estudantil está comprometida. Devemos elaborar um diagnóstico sobre o desempenho dos cursos de graduação e reestruturar as políticas de permanência estudantil visando ao aumento no número de concluintes. A INFRAESTRUTURA PREDIAL está deteriorada afetando as condições de trabalho e a permanência estudantil em nossas instalações, o que claramente tem efeito sobre o nosso desempenho acadêmico. As obras inacabadas e a infraestrutura predial precária devem ser o foco de atuação da futura reitoria. PARA QUE AS ATIVIDADES de ensino, extensão, pesquisa, inovação e internacionalização possam ocorrer com qualidade, é preciso modernizar a UFRJ. Novos sistemas de informação devem ser colocados em prática, além de mecanismos que permitam melhorar a comunicação e a infraestrutura acadêmicas. A UFRJ tem excelentes estudantes, técnicos e docentes. No entanto, eles não têm desenvolvido as suas atividades na plenitude, por falta de capacidade na administração central. UMA SENSAÇÃO PRESENTE na UFRJ neste momento é a insegurança quanto às instalações, à violência urbana, à capacidade de realização de atividades. É esse o sentimento que queremos mudar. CHAPA 40 REITOR: OSCAR ROSA MATTOS - Coppe VICE-REITORA: MARIA FERNANDA QUINTELA - Instituto de Biologia A UFRJ DE HOJE é melhor que a do passado. É melhor porque mantém sua qualidade com mais democracia. Não apenas segue em boa posição entre as melhores universidades da América Latina – segundo aferição da Capes, em rankings (insuficientes) como o Times Higher Education, o Ranking Universitário da Folha e o Academic Ranking of World Universities (Xangai) –; como foi capaz de avançar na produção científica mundial em áreas estratégicas (arboviroses, neurociência, biotecnologia molecular, petróleo e gás, entre outras). A democracia vitaliza nossa universidade. Prova disso é que, apenas no período Vilhena, um reitor que não foi escolhido pela comunidade, com sua suposta política de excelência, os índices de produção científica e a qualidade dos programas de pós-graduação afundaram. NOSSA UNIVERSIDADE MELHOROU justamente quando ocorreu profunda mudança no perfil socioeconômico de seus estudantes. Melhorou porque atende melhor aos interesses da sociedade, apesar das imensas dificuldades que enfrenta. Neste período, a UFRJ criou uma Pró-Reitoria específica para as políticas estudantis, a PR7. Constituiu o seu Complexo de Formação de Professores. Estabeleceu política de qualificação de seus servidores (PQI). Os técnico-administrativos estão mais valorizados, compondo cerca de metade dos cargos da alta administração da instituição. As unidades hospitalares e os institutos especializados estão em franca melhoria. Mais recentemente, a universidade iniciou a democratização da pós-graduação. Esses processos a fizeram melhor. A DESPEITO DISSO TUDO, a universidade sofreu um estrangulamento orçamentário inédito. Em valores constantes, a universidade perdeu R$ 200 milhões ao ano em relação ao orçamento de 2014 a 2016. A pesquisa vem tendo perdas com a crise orçamentária no MCTIC (CNPq, Finep) e na Faperj, agora em retomada. A infraestrutura está exaurida em diversas áreas. Muitos servidores estão apreensivos justamente com a reconfiguração da Previdência. Os desafios não são pequenos. E HÁ MUITO O QUE FAZER. Institucionalizar o campus Macaé e concluir a transferência de Xerém para o campus de Santa Cruz da Serra. Prosseguir e ampliar os esforços de busca de recursos para a reconfiguração do Museu Nacional, juntamente com sua extraordinária equipe. Institucionalizar o Conselho da Extensão, que já é parte do percurso formativo de nossos estudantes. Apoiar a consolidação do novo ramo da biotecnologia do Parque Tecnológico, o qual é referência em todo país. Nós, da chapa 40, enfrentaremos as dificuldades lutando pela qualidade com mais democracia!

QUE UFRJ ESPERA DEIXAR?

CHAPA 20 REITOR: ROBERTO BARTHOLO - Coppe VICE-REITOR: JOÃO FELIPPE CURY MARINHO MATHIAS - Instituto de Economia UMA UFRJ SAUDÁVEL, uma UFRJ alegre, uma UFRJ querida: uma UFRJ Minerva 2.0. UMA UFRJ EM QUE SE ADOTOU uma perspectiva de pragmatismo visionário. Em que se reconheceu a necessidade de dar conta do nó do estrangulamento orçamentário e das disfunções e anacronismos de gestão e em que se levou adiante uma prioridade suprema e constante na atividade universitária: os cursos de graduação. EM QUE SE TROUXE o gerenciamento de riscos para o centro das políticas acadêmicas e universitárias. Em que se trouxe a gestão da universidade ao estado da arte do século 21 pela incorporação das novas tecnologias de informação e comunicação na gestão. Em que se libertou a universidade para que pudesse ir à sociedade em busca de relacionamentos com organizações extrauniversitárias em colaborações, parcerias e contratos que alavanquem os recursos extraorçamentários de que necessitamos. EM QUE SE DESATOU O NÓ por inovações institucionais pelas quais o funcionamento da universidade ficou mais fácil tendo aliviado a carga de atividades meio em prol de atividades fins mais vibrantes e fecundas. Em que se experimentaram e se seguiu abrindo novas formas de relacionamento com a sociedade e com o mundo, enriquecendo a passagem universitária, alargando oportunidades de ensino-aprendizado e de intervenção, trazendo recursos extraorçamentários capazes de sustentar a universidade que desejamos. EM QUE, AO DESATAR O NÓ e se perseguir a prioridade dos cursos de graduação de mais alta qualidade, que todos, dentro e fora da universidade, tenham visto, sentido, sabido, apreciado e se sentido chamados ao empenho de fazer florescer e seguir fazer florescendo as pequenas coisas. Que as coisas cotidianas tenham passado a ser feitas a contento, com segurança, com saúde, com desfrute, e sim, com alegria. É JUSTAMENTE NESSE SENTIDO que afirmamos o nome de nossa chapa Minerva 2.0. Minerva, fonte originária de nossa identidade como universidade, referência a uma tradição, uma herança, a um legado que estamos comprometidos a zelar e desdobrar suas repercussões no tempo. 2.0, o reconhecer a necessidade de que, para estarmos à altura desse compromisso, necessitamos atualizá-lo, necessitamos fazer da Minerva contemporânea, formando cidadãos livres e competentes. Ofertando a todos aqueles que venham a passar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro condições para percursos formativos mais abertos nas relações mais diversificadas, fecundas, provocantes e amplas com o mundo do século 21. CHAPA 10 REITORA: DENISE PIRES DE CARVALHO - Instituto de Biofísica VICE-REITOR: CARLOS FREDERICO LEÃO ROCHA - Instituto de Economia DEVEMOS RESGATAR o orgulho de ser UFRJ. Nosso objetivo é colocar de volta a Universidade no caminho da excelência acadêmica, da criação e da formação de pessoas com qualidade. Queremos entregar uma universidade que possa se discutir e liderar processos. PARA ISSO, OS CONSELHOS superiores pautarão as questões relevantes, dentre as quais aquelas relacionadas às mudanças estatutárias para a necessária institucionalização e regulamentação dos novos campi e dos complexos hospitalar e de formação de professores. Proporemos a criação de novos conselhos superiores de Extensão, de Administração e de Gestão de Pessoas. Instalaremos a comissão temporária de alocação de vagas de servidores técnico-administrativos após o seu dimensionamento. Os concursos para funcionários serão descentralizados, como acontece com os concursos docentes. NO ÂMBITO DO ENSINO, teremos uma universidade com menor evasão e esperamos superar as questões de permanência com ações efetivas de política estudantil. Isso está associado à ampliação dessas políticas para atuação também nas frentes acadêmicas e de convivência. Nosso programa contém uma série de ações como a criação de núcleos de assistência psicológica, criação de superintendência estudantil de desportos. No entanto, mais importante, devemos ser capazes de discutir formas de ensino alternativas com maior engajamento de pessoas. Na pós-graduação, a universidade terá maior interação entre seus programas e procuraremos elevar a sua qualificação. Uma iniciativa bastante interessante é a criação de programas de pós-graduação do tipo “casadinhos internos”, que promoverão a atuação de orientadores de programas 6 e 7 nos programas avaliados como 3, 4 e 5 pela Capes. COM RELAÇÃO À PESQUISA, nossa primeira ação será a discussão e a normatização do Marco Legal da Ciência e Tecnologia, além da aprovação de uma Política de Inovação. Pretendemos aumentar a capacidade de criação da universidade, tanto no âmbito científico, quanto no cultural. Isso também passará por promover maior segurança jurídica e mais uma iniciativa de institucionalização relacionada à atuação de nossas fundações de apoio. A UFRJ TEM UM CONJUNTO de prédios históricos importantes. Em geral, seu estado de conservação está aquém do desejado. Implantar formas de financiamento para a manutenção desses edifícios é um desafio que pretendemos superar. Isso significa que devemos entregar uma universidade que encontra soluções alternativas. FUNDAMENTALMENTE, queremos entregar uma universidade mais segura e acolhedora, uma universidade capaz de interagir com a sociedade e que se apresente sob os preceitos democráticos, de transparência e de excelência acadêmica que a devem caracterizar. A UFRJ vai ser diferente. CHAPA 40 REITOR: OSCAR ROSA MATTOS - Coppe VICE-REITORA: MARIA FERNANDA QUINTELA - Instituto de Biologia AO FINAL DO MANDATO, pretendemos fazer um balanço comprovando que a excelência seguiu avançando com a universidade democratizada e que os jovens de diversas origens possam se sentir felizes na UFRJ. E que todas e todos estudantes possam concluir seus cursos com amor à ciência, à cultura, à tecnologia e à arte. Com a melhoria das condições de trabalho de nossa comunidade, lutaremos para reduzir fortemente a evasão, tornando possível o sonho dos jovens. Trabalharemos para que o Projeto de Valorização do Patrimônio do BNDES esteja dando seus primeiros frutos, por meio de um inspirador Espaço Cultural da UFRJ, novas moradias estudantis, restaurantes em todos os campi e no Centro, que todos que encontram-se na Praia Vermelha e nas unidades do Centro estejam em condições dignas, da reforma estrutural do CCS e dos novos laboratórios multiusuários. Lutaremos para que o Complexo Hospitalar esteja plenamente concluído e que o mesmo tenha entrado na pauta do Orçamento da União. ESTAREMOS JUNTO COM AS LUTAS democráticas em prol da mudança nas prioridades do orçamento da União, educação, saúde, direitos humanos fundamentais, direitos sociais universais. Nessas lutas, junto com a Andifes, os coletivos estudantis e os movimentos docente e de servidores técnico- -administrativos, pretendemos assegurar a recomposição do orçamento das universidades federais aos valores corrigidos da LOA (2014-2016) e a ampliação da verba do PNAES, transformado em lei. E que as receitas próprias tenham liberação orçamentária imediata. LUTAREMOS PARA QUE O MEC estabeleça um montante orçamentário para custear as obras interrompidas, um compromisso há anos postergado. Lutaremos para entregar à futura gestão uma UFRJ sem obras interrompidas e com o agendamento da data de inauguração de todo complexo do Museu Nacional, prédio central, anexos e acervos e nos emocionar com a festa no país, em que milhares de pessoas estarão se dirigindo para celebrar a sua reconstrução. E que todas as edificações (e campi) estejam em condições de plena segurança, aferida de modo técnico. PRETENDEMOS AVANÇAR NA DIVERSIFICAÇÃO das áreas de atuação do Parque Tecnológico, incluindo a cultura. Muitas de nossas metas dependem, como é perceptível, das lutas democráticas em nosso país. Essa é nossa perspectiva: a universidade somente será melhor em um país melhor, em que o conhecimento, em todas as suas dimensões, seja compreendido como parte de um processo civilizatório e democrático. Leia também as propostas dos candidatos para: ORÇAMENTO E GESTÃO DE SEGURANÇA INFRAESTRUTURA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E CANECÃO        

Diretoria da Adufrj enfatiza a importância do comparecimento de toda a comunidade acadêmica à votação para legitimar e fortalecer a autonomia da universidade A UFRJ realiza nos próximos dias 2, 3 e 4 o primeiro turno da pesquisa para a escolha da nova reitoria. Professores, estudantes e técnicos podem votar nas 42 seções eleitorais espalhadas pelos vários campi. Se nenhuma das chapas obtiver maioria, haverá segundo turno. O resultado da votação será encaminhado para o Colégio Eleitoral, formado pelos integrantes do Conselho Universitário (Consuni), do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) e do Conselho de Curadores. O Colégio Eleitoral encaminhará ao governo federal a lista tríplice. Caberá ao presidente da República a nomeação dos novos dirigentes da UFRJ, que assumirão um mandato de quatro anos. Quanto maior engajamento da universidade nesse processo, maior será o custo político de uma eventual arbitrariedade. A diretoria da Adufrj enfatiza a importância do comparecimento de toda a comunidade acadêmica, essencial para legitimar e fortalecer a autonomia da universidade na atual conjuntura. É fundamental que os eleitos tenham respaldo para enfrentar as adversidades, que são muitas. As restrições orçamentárias para a Educação, Ciência e Tecnologia são gigantescas, a liberdade de cátedra está ameaçada, a reforma da previdência paira sobre o nosso futuro. Maior universidade federal do Brasil, a UFRJ servirá de referência para outras instituições de ensino superior. Nessa edição especial de oito páginas do Boletim da Adufrj, trazemos as propostas de todas as três chapas para os principais desafios da universidade. Os textos foram escritos pelos candidatos. A ordem das respostas segue a das inscrições no processo eleitoral. A Diretoria da Adufrj afirma assim seu papel de produzir informação de qualidade e isenta para subsidiar as decisões dos eleitores. Conclamamos professores, alunos e técnicos a votar e defender uma UFRJ pública, gratuita e de qualidade. Boa leitura e bom voto! Diretoria da Adufrj

Na reta final da eleição para a Reitoria da UFRJ, o Boletim da Adufrj ouviu as três chapas sobre as atividades-fim da maior universidade federal do país

Elisa Monteiro e Ana Paula Grabois

Na reta final da eleição para a Reitoria da UFRJ, o Boletim da Adufrj ouviu as três chapas sobre as atividades-fim da maior universidade federal do país. A ordem das respostas corresponde à ordem de inscrição das candidaturas. A Chapa 20, dos professores Roberto Bartholo e Felippe Cury, fala em estimular a modernização pedagógica dos currículos e das práticas em sala de aula na graduação. Na pesquisa, quer rediscutir os indicadores de desempenho. Para a extensão, a proposta é descentralizar e reconhecer os projetos em curso. Para a Chapa 10, dos professores Denise Pires de Carvalho e Carlos Frederico Leão Rocha, o principal desafio da graduação é reverter as atuais taxas de evasão e retenção. Na área da pesquisa, propõem um escritório técnico junto à PR-3 para administrar projetos e agilizar fomentos. A criação de um conselho nos moldes do CEG e CEPG é o caminho apontado para aperfeiçoar a política de extensão. Oscar Rosa Mattos e Maria Fernanda Quintela, da chapa 40, defendem um ensino integrado com disciplinas compartilhadas entre diferentes cursos de graduação e entre graduação e pós. Para a pesquisa, propõem editais internos, manutenção de unidades multiusuárias, bibliotecas, editais para professores visitantes e seniores e estímulo à divulgação científica. Sobre a extensão, a chapa reconhece ser necessário avançar na democratização das decisões a partir de um conselho próprio.   REITOR: ROBERTO BARTHOLO Coppe VICE-REITOR: JOÃO FELIPPE CURY MARINHO MATHIAS Instituto de Economia CHAPA 20 1 . Quais os principais problemas que a chapa enxerga no ensino da graduação e da pós-graduação? As atividades de ensino são cada vez mais reféns de problemas orçamentários e de gestão, sobretudo as de graduação. Se destacar em ensino não agrega na reputação e nos recursos disponíveis na mesma proporção que a proeminência em pesquisa. Por isso, há um desbalanceamento de importância relativa dessa atividade, levando a desinteresse docente, práticas pedagógicas anacrônicas e perda de qualidade da atividade. 2- O que a chapa pretende mudar na política de ensino da UFRJ? Vamos priorizar o fortalecimento das atividades de ensino, sobretudo de graduação. Entendemos que, no século XXI, o crucial é o aprendizado, sendo o ensino parte dele. Vamos estimular a modernização pedagógica dos currículos e das práticas em sala de aula, atualizando a UFRJ em esferas onde a universidade não está, como os cursos online em plataformas como Coursera (que oferece aulas em vídeos e opções de leitura obrigatória e extra, para melhor entendimento dos conteúdos repassados). 3 - Qual o principal problema que a chapa enxerga na área da pesquisa científica na universidade? A universidade pública, a UFRJ em particular, tem a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento nacional e não de produzir estatísticas. Pesquisa é mais do que pesquisa científica e há mais em pesquisar do que atender a indicadores de desempenho. Devemos definir a pauta da pesquisa científica, tecnológica, artística e não apenas responder a indicadores impostos sobre nós. 4 - Qual proposta tem para a pesquisa? O que pretende mudar? Queremos uma pesquisa que crie valor e valor pode ser criado de múltiplas maneiras: via artigos, livros, tecnologias, produtos, negócios. Privilegiar um tipo de produção em detrimento dos outros, em todos os campos do saber, não faz sentido. Precisamos rediscutir os indicadores de desempenho e facilitar a criação de valor em outras modalidades que hoje não são devidamente reconhecidas. 5 - Qual o principal problema que a chapa vê na política de Extensão da UFRJ? Entendemos que a extensão não pode ser confinada a um entendimento estreito, que limita as ações que podem ser empreendidas nessa área. Diversas ações de extensão não têm recebido o devido reconhecimento institucional. 6 - O que a chapa pretende mudar na área de extensão? Entendemos que a extensão tem que ser livre e a definição do que pode ou não ser enquadrado como extensão deve ficar descentralizada em cada unidade. Entendemos que a reitoria deve ter papel conector entre iniciativas e não regulador. Pretendemos fortalecer a extensão universitária conectando as iniciativas e aumentando a visibilidade das ações, pois elas impactam diretamente na imagem e no valor que a UFRJ agrega à sociedade. Questão da diretoria: Como avalia a situação do Canecão e como pretende resolver esta questão? A situação do Canecão é mais um exemplo do entrelaçamento entre problemas orçamentários e de gestão. Expõe a dificuldade que a UFRJ tem em superar barreiras que nos impedem em pensar e agir para criar valor para a sociedade. Pretendemos criar um parque artístico inspirado no parque tecnológico, que permita potencializar e dar vazão às atividades de ensino, pesquisa e extensão das unidades relacionadas na UFRJ, criando e capturando valor em parceria com a sociedade amplamente entendida, envolvendo pessoas e organizações públicas, privadas e do terceiro setor. REITORA: DENISE PIRES DE CARVALHO Instituto de Biofísica VICE-REITOR: CARLOS FREDERICO LEÃO ROCHA Instituto de Economia CHAPA 10  1 . Quais os principais problemas que a chapa enxerga no ensino da graduação e da pós-graduação?Na graduação, as altas taxas de evasão e retenção em muitos cursos da UFRJ são o principal problema. Temos de atuar fortemente na questão da permanência dos alunos. Na pós-graduação, alguns cursos tiveram problemas na última avaliação da Capes. Além disso, temos sofrido com a redução dos recursos para a pesquisa e a defasagem nos valores das bolsas. 2- O que a chapa pretende mudar na política de ensino da UFRJ? Pretendemos identificar as possíveis causas de altas taxas de evasão e retenção nos diferentes cursos e atuar para aumentar o número de concluintes, por intermédio de políticas específicas. Estimularemos a discussão de novas metodologias de ensino, incluindo o uso de plataformas digitais diversas. Também devem ser identificadas as causas de alguns programas não terem sido bem-sucedidos na avaliação da Capes. Uma possível solução é a formação de “casadinhos internos”, em que programas 6 e 7 atuam em colaboração com programas 3 e 4 para melhorar a avaliação. 3 - Qual o principal problema que a chapa enxerga na área da pesquisa científica na universidade? A infraestrutura dos laboratórios de pesquisa está sucateada, na maioria. O fomento destinado à pesquisa vem diminuindo progressivamente. Portanto, a redução no fomento e a infraestrutura inadequada podem diminuir a qualidade das atividades de pesquisa. A Universidade é excessivamente burocratizada na condução de recursos de financiamento e mantém elevada insegurança jurídica. 4 - Qual proposta tem para a pesquisa? O que pretende mudar? Pretendemos discutir e regulamentar o Marco Legal de Ciência e Tecnologia no âmbito da UFRJ para aumentar a possibilidade de fomento. Proporemos a criação de um escritório técnico junto à PR3 para administrar projetos de pesquisa e agilizar fomentos em agências nacionais e internacionais. Esse escritório servirá ainda para facilitar a importação de equipamentos e material de consumo. A adoção de práticas de compras centralizadas pode também reduzir o custo de vários insumos aos laboratórios. 5 - Qual o principal problema que a chapa vê na política de Extensão da UFRJ? A política de Extensão da UFRJ tem sido centralizadora e burocrática. A definição de extensão é estreita e desagrada à comunidade universitária. Essa forma de condução tem desestimulado a prática de extensão e algumas pessoas que desenvolviam atividades de extensão desistiram de atuar. Essa situação é agravada em razão da necessidade de inclusão de 10% da carga horária em atividades de extensão nos currículos de graduação, o que gera grande insatisfação ao corpo discente. 6 - O que a chapa pretende mudar na área de extensão? Proporemos a criação do Conselho de Extensão nos moldes do CEG e CEPG. A política de Extensão será mais republicana e o conceito será ampliado e discutido amplamente nesse Conselho. Buscaremos envolvimento de nosso corpo social. Pretendemos atuar de forma mais democrática e em diálogo permanente com a comunidade universitária. Questão da diretoria: Como avalia a situação do Canecão e como pretende resolver esta questão? O Canecão não existe mais. Há apenas uma dívida da Universidade com a sociedade de prover um espaço cultural naquela área. Não podemos cometer os mesmos erros do passado. O ideal seria uma parceria com o setor privado para o funcionamento de uma casa de espetáculos. O projeto BNDES, iniciado pela atual reitoria, prevê a cessão de toda área entre o Instituto de Psiquiatria, a Neurologia e o Rio Sul. São 44 mil metros quadrados. Seria interessante que, no caso do espaço cultural, houvesse um formato contratual que permitisse o uso dessas instalações pela Universidade. REITOR: OSCAR ROSA MATTOS Coppe VICE-REITORA: MARIA FERNANDA QUINTELA Instituto de Biologia CHAPA 40 1 . Quais os principais problemas que a chapa enxerga no ensino da graduação e da pós-graduação? O ensino precisa ser mais integrado na UFRJ, com disciplinas compartilhadas horizontalmente (entre diferentes cursos de graduação) e verticalmente (entre a graduação e a pós). Criar mais “áreas verdes” nos currículos é importante para integrar o ensino com a pesquisa e a extensão. 2- O que a chapa pretende mudar na política de ensino da UFRJ? A questão das formas e práticas de ensino são muito particulares de cada área ou unidade acadêmica e isso precisa ser respeitado. Cabe à Reitoria fomentar e estimular o debate que possa aperfeiçoá-las. Nesse processo, ouvir os estudantes e fortalecer as Comissões de Acompanhamento e Orientação Acadêmica (COAAs) é fundamental. 3 - Qual o principal problema que a chapa enxerga na área da pesquisa científica na universidade? Os grupos de pesquisa da UFRJ representam um patrimônio do país. No nosso entender, a falta de recursos financeiros e de reconhecimento são os principais problema da pesquisa científica, o que causa impactos preocupantes, em especial aos jovens docentes que estão estabelecendo seus laboratórios e núcleos na universidade. 4 - Qual proposta tem para a pesquisa? O que pretende mudar? Queremos criar editais internos, manter ativas nossas unidades multiusuárias, bibliotecas e outros espaços de pesquisa. Buscar parcerias e manter os editais para professores visitantes e seniors podem ser formas de atravessar esse momento de baixo investimento. Queremos também estimular a divulgação científica. 5- Qual o principal problema que a chapa vê na política de Extensão da UFRJ? Das atividades acadêmicas, a extensão foi a mais recentemente implementada, sendo a que carece de maior institucionalização e capilaridade. Avançamos muito ao longo das últimas gestões. A criação de um Conselho de Extensão com configuração similar ao Conselho de Ensino de Graduação (CEG) e Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) é um passo necessário neste sentido. 6 - O que a chapa pretende mudar na área de Extensão? Avançar na democratização das decisões, hoje ainda muito concentradas na figura do Pró-reitor. A Plenária de extensão, com assento de coordenadores de todas as unidades e centros, tem sido muito importante, mas é preciso criar o Conselho de Extensão. Vamos discutir e ouvir a comunidade, preservando o princípio da gratuidade. Questão da diretoria: Como avalia a situação do Canecão e como pretende resolver esta questão?Queremos devolver à cidade do Rio de Janeiro um equipamento cultural aos moldes do Canecão. Por isso, daremos continuidade ao projeto da UFRJ desenvolvido em parceria com o BNDES. Por enquanto, sabemos que está prevista a construção e manutenção estrutural de uma série de equipamentos da universidade, durante todo o período de seção de uso. Entre eles, um espaço cultural multiuso, com gestão e governança da UFRJ, na Praia Vermelha, que também servirá de laboratório de extensão para todos os cursos na área cultural da universidade.

Oscar Rosa Mattos, candidato a reitor pela Chapa 40, "Unidade e Diversidade", anunciou mudanças na equipe da reitoria, caso seja eleito: a professora Débora Foguel, do Instituto de Bioquímica Médica, ocupará a Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa – ela já ocupou o cargo na gestão de Carlos Levi (2011-2015). Apoiado pela atual gestão da universidade, ele informou que também substituirá o comando das pró-reitorias de Graduação e Extensão. O servidor Luiz Felipe Cavalcanti será mantido no cargo de pró-reitor de Políticas Estudantis. O professor também afirmou que manterá técnico-administrativos à frente da PR-3 (Finanças), PR-4 (Pessoal) e PR-6 (Gestão e Governança), mas não deu nomes. Os anúncios foram feitos durante encontro na Coppe, dia 28. Os professores Oscar Rosa Mattos e Maria Fernanda Quintela fecharam o ciclo de apresentações realizadas pelas três candidaturas, separadamente. Os principais desafios para qualquer das chapas que vencer a disputa, em sua visão, dizem respeito à Emenda Constitucional 95 (do teto de gastos), à Reforma da Previdência, e uma ameaça de ‘lava jato’ da educação. “Não há política de gestão que dê conta de resolver o caos que será a aposentadoria de três mil pessoas. Este é o quantitativo que já está em condições de se aposentar na universidade. Precisamos estar unidos para sobreviver a este momento”, disse. O docente assumiu o compromisso de buscar resgatar um patamar orçamentário “compatível” com as necessidades da UFRJ. “Hoje, nosso orçamento remonta ao de 2011, mas hoje somos muito maiores que em 2011. Os custos também são maiores”. A chapa defendeu a necessidade de “inovar” na captação de recursos próprios, reforçar a atuação junto ao Congresso para a captação de emendas parlamentares e dar continuidade à parceria com o BNDES. A política de assistência estudantil da atual reitoria será mantida, segundo os candidatos. Eles se comprometeram a não estipular políticas sem ouvir os estudantes. “Em caso de ‘cobertor curto’ não tomaremos nenhuma decisão de cima para baixo. Buscaremos o diálogo e consenso”, afirmou o reitorável. Maria Fernanda Quintela criticou a política de Extensão tocada pela atual gestão. Para ela, são necessárias mudanças. “Acreditamos que a discussão precisa vir das Unidades e Centros, porque somos muito diversos. Extensão para a Coppe é diferente do que é Extensão para o programa do CCS que trata a hanseníase na Baixada Fluminense”, comparou a candidata. Outro ponto destacado a respeito do tema é a creditação dos projetos de Extensão para a graduação. “As informações precisam estar sistematizadas. Se não houver 10% de créditos de Extensão no currículo, os estudantes não recebem o diploma”, exemplificou. “Também precisamos responder e sistematizar a creditação para a progressão docente. É uma outra vertente da mesma questão”. Encontros proveitosos Para o diretor da Coppe, professor Edson Watanabe, o ciclo de encontros com as chapas permitiu que a comunidade acadêmica conhecesse melhor as propostas de cada candidatura. “O formato ajudou muito. Conseguimos ter uma programação em que as chapas apresentaram seus principais eixos de ação e puderam ser interpeladas pelos presentes. Sugiro que seja repetido nas próximas eleições. Considero que este seja o caminho”. A professa Angela Uller, da Coppe, também elogiou a elaboração dos debates. “O formato é muito bom. Pena que não foi replicado em outras unidades”. Para ela, a ação deveria permanecer após as eleições. “Os reitores precisam ouvir a voz de sua comunidade em encontros periódicos, não apenas por mediação de representantes nos conselhos”. Sobre a apresentação da chapa, o que chamou sua atenção foi “o tom conciliador e o discurso de sermos um só”.  

Falta climatização nas salas. O ano letivo deveria ter começado dia 11, mas as aulas foram suspensas até segunda (25) e, agora, até 1º de abril As aulas no campus da UFRJ em Caxias já foram adiadas duas vezes por falta de climatização nas salas. Deveriam ter começado dia 11, foram suspensas até segunda (25) e, agora, até 1º de abril. E pode haver um terceiro adiamento. O conselho deliberativo local discute as condições de funcionamento na sexta (29). O campus foi inaugurado às margens da rodovia Washington Luiz, em 6 de agosto do ano passado. Mas, quase oito meses depois, a infraestrutura elétrica ainda não está preparada para receber os aparelhos de ar-condicionado. A cobrança por uma solução à administração central é antiga. Já no fim de agosto, o diretor-geral da UFRJ em Caxias, professor Juan Martin, encaminhou um memorando requisitando a abertura de um processo para a climatização do local. Ele afirma ser insalubre lecionar fora das condições climáticas aceitáveis, ainda mais nesta época do ano. A Reitoria não respondeu sobre o motivo do atraso. Por nota, a assessoria informou apenas que a “Prefeitura da UFRJ está dando suporte ao campus para viabilizar a instalação dos aparelhos de ar condicionado. Esse trabalho começou há cerca de um mês”. E completou que o Escritório Técnico da Universidade estuda criar um Escritório de Planejamento próprio do campus. Os estudantes estão revoltados com a situação. Jhennifer Viana, aluna de Biotecnologia, afirmou que não é a primeira vez que sofrem com o atraso das aulas. O segundo semestre letivo do ano passado também demorou a começar pois havia a promessa de construção de uma passarela, na rodovia. O projeto até hoje não foi concluído. De acordo com ela, os alunos de Caxias estão se sentindo abandonados e negligenciados pela universidade.

Topo