O ataque aos portões da UFRJ
Ato, em 31 de março, lembrou a resistência da Faculdade Nacional de Direito à ditadura civil-militar
Cinco professores da FND foram cassados pelo regime
Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Há 50 anos, na noite de 31 de março de 1964, estudantes e professores faziam vigília na Faculdade Nacional de Direito. Corria a notícia que o prédio seria invadido pelas forças retrógradas que começavam a tomar o país. “Fizemos uma vigília cívica, pois diziam que o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) iria botar fogo e atacar a faculdade, o que acabou acontecendo na sede da UNE”, descreve relato de Técio Lins e Silva, então diretor do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO). O receio da comunidade universitária confirmou-se com um ataque na manhã do dia seguinte. E um massacre só foi evitado pela ação inesperada de uma tropa do Exército antigolpista liderada pelo então capitão Ivan Proença, posteriormente preso pela ditadura.
O texto de Lins e Silva foi lido pela professora Luciana Boiteux, 1ª vice-presidente da Adufrj-SSind, durante atividade na própria FND, em 31 de março último, que lembrou os impactos da ditadura civil-militar naquela Unidade (eventos semelhantes deverão ocorrer em outros locais da UFRJ, ainda em abril. O próximo está marcado para o dia 8, 11h, no Teatro de Arena do CCS, na Ilha do Fundão).
A dirigente citou, ainda, o professor Heleno Cláudio Fragoso, docente da FND e advogado de presos políticos naquele período obscuro da história do país: “Por exercer sua função social como advogado, foi preso. Ele foi também expulso da FND por suas convicções políticas. Reconstruir essa memória é muito importante para entendermos o que acontece. É um momento de fomentar a busca da verdade”, disse Luciana. Além de Heleno, também foram cassados da FND os professores: Evaristo de Moraes Filho, Francisco Mangabeira, Hermes Lima e Max da Costa Santos.
Repressão ontem e hoje
Cláudio Ribeiro, presidente da Seção Sindical, traçou um paralelo entre as repressões vividas na ditadura e na democracia: “Se este lugar foi palco de resistência em 1964, devemos nos lembrar que, em junho do ano passado, também houve estudantes presos aqui sem poder sair. Aqui e no IFCS. Temos de saber o significado do Golpe de 1964 e seus reflexos na nossa vida cotidiana. O que aconteceu e não pode novamente acontecer?”, questionou. O professor afirmou que a universidade hoje é pior do que deveria ser devido aos efeitos do golpe. “A gente tem que debater e reafirmar o tempo todo a importância da representação estudantil, por exemplo. Porque, quando a universidade caminhava para uma atuação mais aberta, houve uma ruptura”.
Pela gestão atual do CACO, falou Leonardo Guimarães. O estudante chamou atenção para o autoritarismo ainda presente no país. “Esse debate é fundamental e não é só saudosista”. Como exemplo, ele mencionou a gestão de Armênio Cruz (diretor da FND indicado pelo interventor José Vilhena), encerrada há apenas dez anos.
Maria Leão, em nome do DCE Mário Prata, lembrou as mulheres que fizeram parte da resistência: “É muito simbólico termos os nomes dessas mulheres aqui atrás (fazendo referência a um varal de fotos e nomes de estudantes da UFRJ mortas e desaparecidas na ditadura). Ao longo da história, ficamos com os papeis de enfermeiras, de companheiras, mas pouco se fala das mulheres que resistiram e morreram”. Maria citou a criminalização da pobreza como a nova face da repressão: “É simbólico discutirmos o dia que durou 21 anos, mas é preciso lembrar que a polícia hoje não mata estudante e professor, mas mata pobre nas favelas. O Exército mata índio”.
Além das entidades organizadoras do evento (Adufrj-SSind, DCE Mário Prata, CACO e Coletivo de Mulheres da UFRJ), também participaram do ato: a Associação de Pós-Graduandos da UFRJ (APG), o Coletivo Direito de Resistência, Sintufrj, Levante Popular da Juventude, Assembleia Nacional de Estudantes Livre (Anel) e União Nacional de Estudantes (UNE).
O horror da tortura
Depoimento sobre o pesadelo no interior do DOI-Codi
Ainda na atividade de 31 de março, pelo Coletivo de Mulheres da UFRJ, a estudante Ingrid Figueiredo leu parte do depoimento da cineasta Lúcia Murat dado à Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, em maio de 2013: “(...) Quando cheguei no DOI-Codi, não sabia onde estava, só fui descobrir mais tarde, que era o quartel do Exercito localizado na Rua Barão de Mesquita, que existe até hoje. Rapidamente me levaram para a sala de tortura. Fiquei nua, mas não lembro como a roupa foi tirada. A brutalidade do que se passa a partir daí confunde um pouco a minha memória. Lembro como se fossem flashes, sem continuidade. De um momento para outro, estava nua apanhando no chão. Logo em seguida me levantaram no pau de arara e começaram com os choques. Amarraram a ponta de um dos fios no dedo do meu pé enquanto a outra ficava passeando... Nos seios, na vagina, na boca. Quando começaram a jogar água, estava desesperada e achei num primeiro momento que era para aliviar a dor. Logo em seguida, os choques recomeçavam muito mais fortes. Percebi que a água era para aumentar a força dos choques”.
Votação ocorre nos dias 13 e 14 de maio
A Comissão Eleitoral Central (CEC) divulgou no último dia 24 a homologação da chapa 1 “Andes-SN – de Luta e pela Base”, única inscrita ao processo eleitoral para a diretoria do Sindicato Nacional, biênio 2014-2016. Foi divulgada também a nominata completa com os 83 nomes que compõem a chapa (confira abaixo).
Eleições
As eleições acontecerão nacionalmente, por votação direta e secreta, nos dias 13 e 14 de maio. As seções sindicais e secretarias regionais do Andes-SN têm até o dia 4 de abril para enviarem à CEC a relação completa de seus sindicalizados aptos a exercer o direito ao voto.
Presidente
Paulo Marcos Borges Rizzo
Seção Sindical do Andes-SN na UFSC
1ª Vice-Presidente
Marinalva Silva Oliveira
SINDUFAP
2º Vice-Presidente
Epitácio Macário Moura
SINDUECE
3ª Vice-Presidente Sônia
Meire Santos Azevedo de Jesus
ADUFS
Secretária Geral
Cláudia March Frota de Souza
ADUFF
1º Secretário
Francisco Jacob Paiva da Silva
ADUA
2º Secretário
Fausto Camargo Junior
SINDCEFET-MG
3º Secretário
Alexandre Galvão Carvalho
ADUSB
1º Tesoureiro
Amauri Fragoso de Medeiros
ADUFCG
2º Tesoureiro
Daniel de Oliveira Franco
ADUFPI
3º Tesoureiro
Walcyr de Oliveira Barros
ADUFRJ
Regional Norte I
1º Vice-Presidente
Antônio José Vale da Costa
ADUA
2ª Vice-Presidente
Vânia Graciele Lezan Kowalczuk
SESDUF-RR
1ª Secretária
Laurinete Rodrigues da Silva
SINDUERR
2º Secretário
Moisés Silvei Lobão
ADUFAC
1º Tesoureiro
Marcelo Mario Vallina
ADUA
2º Tesoureiro
Otino José de Araújo Freitas
ADUNIR
Regional Norte II
1º Vice-Presidente
André Rodrigues Guimarães
SINDUFAP
2ª Vice-Presidente
Oglaíses Cabral Maués
ADUFPA
1º Secretário
Rigler da Costa Aragão
SINDUNIFESSPA
2ª Secretária
Jennifer Susan Webb Santos
ADUFPA
1ª Tesoureira
Maria da Conceição Rosa Cabral
ADUFPA
2º Tesoureiro
Tadeu Lopes Machado
SINDUFAP
Regional Nordeste I
1º Vice-Presidente
Alexandre Araújo Costa
SINDUECE
2ª Vice-Presidente
Marta Maria Azevedo Queiroz
ADUFPI
1ª Secretária
Sirliane de Souza Paiva
APRUMA
2ª Secretária
Lila Cristina Xavier Luz
ADUFPI
1ª Tesoureira
Elda Maria Freire Maciel
SINDUECE
2º Tesoureiro
Ariel Clodoaldo Magalhães Costa
APRUMA
Regional Nordeste II
1ª Vice-Presidente
Maria Regina de Avila Moreira
ADURN
2º Vice-Presidente
Clodoaldo da Silveira Costa
ADUFPB
1ª Secretária
Rejane Dias da Silva
ADUFEPE
2ª Secretária
Daniela Maria Ferreira
ADUFEPE
1º Tesoureiro
Aderaldo Alexandrino de Freitas
ADUFERPE
2º Tesoureiro
Antônio Gautier Farias Falconieri
ADUERN
Regional Nordeste III
1º Vice-Presidente Gean
Claudio de Souza Santana
ADUFS-BA
2º Vice-Presidente
Tiago Leandro da Cruz Neto
ADUFAL
1º Secretário
Luiz Henrique dos Santos Blume
ADUSC
2º Secretário
Jailton de Jesus Costa
ADUFS
1º Tesoureiro
José Milton Pinheiro de Souza
ADUNEB
2ª Tesoureira
Elza Margarida de Mendonça Peixoto
APUB-UFBA
Regional Planalto
1º Vice-Presidente
Alexandre Aguiar dos Santos
ADUFG
2ª Vice-Presidente
Liliane Maria Macedo Machado
ADUnB
1º Secretário
Fábio Henrique Duarte
SESDUFT
2ª Secretária
Karinne Regis Duarte
ADCAC
1ª Tesoureira
Helga Maria Martins de Paula
ADCAJ
2º Tesoureiro
Paulo Henrique Costa Mattos
APUG
Regional Pantanal
1º Vice-Presidente
Marlon Leal Rodrigues
ADUEMS
2º Vice-Presidente
Eduardo Soares Gonçalves
ADUNEMAT
1º Secretário
Cláudio Freire de Souza
ADUFDOURADOS
2ª Secretária
Maria Aparecida Mendes de Oliveira
ADUFDOURADOS
1º Tesoureiro
Rogério Benedito da Silva Añez
ADUNEMAT
2º Tesoureiro
Alexandre Bergamin Vieira
ADUFDOURADOS
Regional Leste
1º Vice-Presidente
Antônio Libério de Borba
SINDCEFET-MG
2ª Vice-Presidente
Renata Rena Rodrigues
ASPUV
1ª Secretária
Cenira Andrade de Oliveira
ADUFES
2ª Secretária
Sandra Boari Silva Rocha
ADFUNREI
1º Tesoureiro
Joaquim Batista de Toledo
ADUFOP
2ª Tesoureira
Valéria Siqueira Roque
ADFMTM
Regional Rio de Janeiro
1º Vice-Presidente
Luis Eduardo Acosta Acosta
ADUFRJ
2º Vice-Presidente
Marco Antonio Perruso
ADUR-RJ
1º Secretário
Guilherme Lúcio Abelha Mota
ASDUERJ
2ª Secretária
Elza Dely Veloso
ADUFF
1º Tesoureiro
Wellington Augusto da Silva
ADUR-RJ
2º Tesoureiro
Raul Ernesto Lopez Palacio
SESDUENF
Regional São Paulo
1º Vice-Presidente
César Augusto Minto
ADUSP
2º Vice-Presidente
Paulo Cesar Centoducatte
ADUNICAMP
1ª Secretária
Rosangela Sarteschi
ADUSP
2ª Secretária
Maria Lucia Salgado Cordeiro dos Santos
Regional São Paulo/ Fac.Sumaré
1ª Tesoureira
Lighia Brigitta Horodynski Matsushigue
ADUSP
2º Tesoureiro
Paulo Jorge Moraes Figueiredo
ADUNIMEP
Regional Sul
1ª Vice-Presidente
Maria Luiza Domingues
SINDUTF-PR
2ª Vice-Presidente
Mary Sylvia Miguel Falcão
SINDUNESPAR
1º Secretário
Leonardo Rafael Santos Leitão
SIDUFFS
2ª Secretária
Carmem Susana Tornquist
APRUDESC
1º Tesoureiro
Altemir José Borges
SINDUTF-PR
2º Tesoureiro
Alberto Elvino Franke
Seção Sindical do ANDES-SN na UFSC
Regional Rio Grande do Sul
1º Vice-Presidente
Giovanni Felipe Ernst Frizzo
ADUFPel
2º Vice-Presidente
Júlio Ricardo Quevedo dos Santos
SEDUFSM
1º Secretário
Jefferson Marçal da Rocha
SESUNIPAMPA
2º Secretário
Daniel Luiz Nedel
SESUNIPAMPA
1º Tesoureiro
Paulo Juarez Rieger
APROFURG
2º Tesoureiro
Carlos Schmidt
Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS
Leia mais: Comissão eleitoral homologa chapa única para eleição do Andes-SN
Prioridade é a graduação
CEG rejeita proposta que regulamenta progressão e promoção dos professores com ênfase na pós stricto sensu
Documento foi enviado ao Consuni
Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
O Conselho de Ensino de Graduação (CEG), em sessão do dia 26, rejeitou a perspectiva excludente de uma progressão com ênfase na pós-graduação stricto sensu (conforme noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj). Na ocasião, foi reforçada a indissociabilidade universitária do tripé ensino, pesquisa e extensão. Um documento, contendo a síntese da posição dos conselheiros, foi lido pela pró-reitora Angela Rocha no Consuni do dia seguinte (veja matéria da página 4). Ele reafirma a importância institucional da carreira única entre os docentes do ensino superior, o que inclui os professores da educação básica da UFRJ.
Veja mais sobre a carreira no Consuni
Angela frisou que a pós não está aberta a todos, ao contrário da graduação. “Se fosse para determinar uma obrigatoriedade, seria sem dúvida em um mínimo de horas no ensino de graduação e básico”, disse.
A posição do CEG tomou como referência a proposta da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD), instância reconhecida como legítima para pautar a questão na universidade (os textos em debate nos colegiados superiores da UFRJ podem ser conferidos no site da Adufrj-SSind).
Os conselheiros acrescentaram uma longa lista de atividades desenvolvidas pelos docentes aos conjuntos estabelecidos pela CPPD. Andrea Penteado (representante do CFCH) destacou também a importância da transparência institucional na realização do debate.
Cláudia Piccinini (do CFCH) cobrou mais tempo para o debate sobre progressão. Além disso, destacou que, não por acaso, os obstáculos para ascensão se concentram na transição para Associado: “É uma diferença de R$ 3 mil. Precisamos discutir como minimizar as perdas salariais frente à política governamental de economizar com Educação”. Para ela, é preciso “desburocratizar” a progressão. “Crescer na carreira deve ser um processo natural”, defendeu.
Renata Flores observou que a proposta da CLN amplia o distanciamento do Colégio de Aplicação das demais Unidades da UFRJ. Ela lembrou que as atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas na educação básica do CAp não são diferentes das desenvolvidas na graduação.
Nota do CEG
O Conselho de Ensino de Graduação (CEG), em Sessão Ordinária de 26 de março de 2014, discutiu as propostas, em debate atualmente, sobre progressão docente. A seguir, alguns dos pontos já levantados:
1) O CEG baseou a discussão na proposta apresentada pela CPPD, comissão definida pela Lei 12772/12 que deve estar à frente das discussões sobre os processos docentes, atuando junto aos Conselhos responsáveis pela pauta. Também considerou que a proposta apresentada parece refletir melhor a diversidade e realidade da nossa Universidade.
2) Qualquer proposta de resolução que venha a ser apreciada pelo CONSUNI deve ser necessariamente, precedida por apresentação que justifique o modelo proposto, e, antes da discussão pela plenária, deve passar por apreciação das 3 comissões do CONSUNI.
3) Por princípio geral e levando em consideração as atribuições da carreira docentes nas IFES, a saber, docência, pesquisa, extensão e gestão, o CEG entende que as normas para progressão devem tratar de forma unificada as carreiras de magistério Básico (EBTT) e de ensino superior, sem distinção também do ensino de graduação e pós-graduação, uma vez que todos os professores empossados devem cumprir essas atribuições. Ainda com base neste pressuposto, a progressão/promoção deve ter indicação clara da obrigatoriedade de atuação na graduação para todos os professores, como garantia do cumprimento de qualidade tanto das atribuições docentes, quanto da Missão da Universidade. A fixação de um percentual de horas-aulas de atuação na graduação seria mais do que desejável.
4) A Resolução do CONSUNI, como em parte já o faz a proposta da CPPD, deveria contemplar perfis de carreira desejáveis ao melhor cumprimento das missões desta Universidade, bem como a indicação de valores mínimos e máximos a serem respeitados a título do avanço dos docentes em suas carreiras, delegando para centros e unidades a fixação de pesos, valores e demais detalhamentos tendo em vista nossa diversidade e pluralidade.
5) A proposta deve deixar clara que qualquer detalhamento e relação de possíveis atividades desenvolvidas por professores nunca será exaustiva e são listadas atividades que incorporam tradicionalmente as práticas conduzidas na Universidade, definidas em sua Missão, e que devem ser consideradas sem que excluam outras atividades possíveis dadas as especificidades de cada Unidade e os avanços das áreas de conhecimento.
6) O CEG apresentará posteriormente proposta detalhada e para isso solicita o dilatamento do prazo para discussão.
Angela Rocha dos Santos
Presidente do CEG
CEPG ainda vai apreciar minuta da carreira
O Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) não discutiu na reunião de 28 de março a proposta de regulamentação da carreira docente. O assunto ficou pautado para a próxima sessão do colegiado, agendada para 4 de abril, às 9h. Débora Foguel, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, afirmou que não é dela a proposta de progressão que superestima a atuação docente em programas de pós: “Fui surpreendida com meu nome no Jornal da Adufrj. Eu fiz parte de três reuniões da Comissão de Legislação e Normas, como convidada, assim como membros da CPPD. Fiz algumas propostas que a CLN considerou interessantes, e outras que foram descartadas. A proposta de progressão em circulação não é minha, não é da PR-2, menos ainda do CEPG. É da CLN”.
A pró-reitora deixou claro que o colegiado precisa tirar uma posição com relação à regulamentação da carreira docente o mais breve possível: “O CEG já se debruçou sobre a matéria e tem um posicionamento. Para eles, a proposta da CPPD é mais adequada que a da CLN. Minha opinião é exatamente inversa. Por isso precisamos discutir e ter também nossos encaminhamentos”, finalizou Débora.
Após duas semanas de greve, os professores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) se reuniram novamente no último dia 27 e rejeitaram a proposta de reajuste de 35% em duas parcelas, proposta pelo governo Sérgio Cabral. Também repudiaram a exigência governamental de suspensão do movimento para que uma proposta seja enviada à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. É o que informa o blog do professor Marcos Pedlowski, daquela instituição.
A solidariedade entre os diferentes segmentos que compõe a comunidade universitária já é um dos grandes ganhos do movimento: demonstração disso é que a mesma assembleia aprovou a realização de reuniões para articular as atividades que serão promovidas por professores, estudantes e técnicos-administrativos da Uenf.
Receita de combatividade
Presidente da Adufrj-SSind convida novos docentes para se sindicalizarem: luta coletiva é a melhor forma de encarar problemas na carreira, previdência complementar e condições de trabalho precárias
Palestra ocorreu no último dia 26
Possibilidade de regras complicadas de promoção e progressão dentro de uma carreira já distorcida, normas previdenciárias piores, condições de trabalho insatisfatórias e um Plano Nacional de Educação do governo que legitima a destinação de recursos públicos para a iniciativa privada: se o cenário é ruim, não pode faltar, porém, a disposição para enfrentá-lo. E a Adufrj-SSind está de portas abertas para organizar, de forma coletiva, as lutas para superação desses problemas. Essa foi a mensagem do presidente da Seção Sindical, Cláudio Ribeiro, durante uma palestra de recepção a aproximadamente 20 novos docentes da UFRJ. A atividade, organizada pela Pró-reitoria de Pessoal, ocorreu no auditório Roxinho (CCMN), no último dia 26.
Após dar os parabéns aos recém-concursados, o presidente da Adufrj-SSind chamou atenção, logo de início, para o debate em torno das regras, internas à UFRJ, de progressão e promoção dentro da carreira. Cláudio deu um exemplo da restrição causada por uma progressão para Associado ficar obrigatoriamente vinculada à atuação em programa de pós-graduação stricto sensu, como propõe a CLN: “Eu sou professor da FAU. Lá existem dois programas de pós stricto sensu, cada um com aproximadamente 20 docentes. E a faculdade possui 150 professores!”, observou.
Veja mais sobre a carreira no Consuni
Veja mais sobre a carreira no CEG
Sobre aposentadoria, Cláudio Ribeiro destacou a recente instituição da previdência complementar (via Funpresp) para os novos servidores públicos: para esses, o teto dos proventos passa a ser igual ao dos trabalhadores celetistas, que contribuem para o regime geral: “Daqui a 20 anos, farei parte de uma minoria que tem uma aposentadoria diferenciada. Isso cria um clima ruim, de divisão, na categoria”, disse. “Felizmente, a adesão à Funpresp tem sido baixíssima entre os docentes”, completou, em referência à campanha do Andes-SN contra a adesão ao fundo.
O Plano Nacional de Educação (PNE) do governo, em tramitação no Congresso Nacional, foi outra preocupação compartilhada pelo dirigente sindical. Ele ressaltou que a proposta, tal como está, retira o caráter “público” dos investimentos. Ou seja, os recursos do Tesouro poderiam ser deslocados para a iniciativa privada em cursos falsamente “gratuitos”, como o Programa Universidade para Todos (Prouni).
Para fazer frente a esses desafios, Cláudio chamou os novos professores para a filiação à Adufrj-SSind: “Ficamos muito tempo sem concursos. Temos uma prática diferente que, somada à ação dos que já estavam aqui antes, impulsionam uma renovação importante da luta. A participação de vocês é muito importante, pois nosso sindicato funciona pela base”, completou.
A recepção aos novos professores ainda contou com uma palestra da presidenta da Comissão Permanente de Pessoal Docente, professora Denise Nascimento, e da professora Libânia Xavier, que apresentou o Programa de Apoio à Docência do Ensino Superior (Pades). Iniciativa conjunta da PR-4, da Faculdade de Educação e do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, com o apoio das decanias do CCMN, CCS, CLA, CT e CCJE. O objetivo é apoiar e promover o aperfeiçoamento das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes da universidade. Saiba mais em http://www.pades.pr4.ufrj.br.
Vontade de lutar
Luanda Chaves Botelho, 30 anos, chega com vontade de mudar, para melhor, a situação da UFRJ. E ela possui “conhecimento de causa”: foi aluna da Faculdade Nacional de Direito no início dos anos 2000, militou no centro acadêmico local (CACO) e no DCE. Na época, diante da crise estrutural e de pessoal vivida no prédio histórico, participou do movimento pelo afastamento do então diretor daquela Unidade, professor Armênio Cruz. Em 2004, o ex-reitor Aloísio Teixeira atendeu à vontade do corpo discente, destituiu Armênio do cargo e nomeou Alcino Câmara Neto (ex-decano do CCJE) como diretor interino. A medida, que completa dez anos em 29 de março, tornou-se um dos marcos da recuperação da FND. “Estive ao lado dos estudantes e estarei ao lado dos professores nas lutas necessárias. Para quem viveu o ‘fora, Armênio’, é impossível não manter essa chama acesa”, afirma.
Agora professora Assistente-A da FACC, lotada no Departamento de Instituições do Direito, Luanda vai atuar no Fundão. Onde elegeu um desafio para sua vida acadêmica: tornar a universidade mais acessível aos portadores de necessidades especiais. Cadeirante em função de uma doença de distrofia muscular (quadro que se agravou com um acidente de carro, em 2007), a professora, por exemplo, não podia se deslocar livremente no auditório do Roxinho, que não tem rampas: “Pelo visto, vou precisar de uma dose extra de paciência”, desabafa.
Ingresso de doutores e mestres no início da carreira é “absurdo”
Quem também já conhece um pouco da universidade antes mesmo de ter passado no concurso para Adjunto-A da Faculdade de Medicina é o professor Márcio Penha Morterá Rodrigues, de 37 anos. Graduado pela UFF, fez toda a pós-graduação na UFRJ e ainda atuou como substituto da FM nos últimos dois anos. Ele considerou um absurdo a postura do governo de forçar o ingresso de doutores e mestres no estágio inicial da carreira, pela nova lei: “Houve um desestímulo. É uma carreira muito bonita, gratificante, mas não do ponto de vista salarial”, observa.