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“A UFRJ hoje mostrou que está viva, está na luta e vai virar esse jogo”. Com estas palavras, a presidente da AdUFRJ, professora Eleonora Ziller, encerrou uma inédita e concorrida assembleia comunitária virtual em defesa da universidade, no dia 26. Somente a “plateia” do Youtube, que chegou a contar com mais de 500 pessoas assistindo à reunião ao mesmo tempo, seria suficiente para lotar qualquer um dos maiores auditórios do Fundão.
Professores, técnicos e estudantes sentiram o frisson em torno do encontro organizado pelo Formas, o Fórum de Mobilização e Ação Solidária, que congrega todas as entidades representativas da UFRJ. Em falas apaixonadas, como se estivessem cercados da multidão de colegas, eles conclamaram à união de todos os segmentos contra as políticas autoritárias do governo. “É um primeiro passo. Nossa assembleia é quase um ato simbólico de amor à UFRJ, de amor à vida, de amor à democracia”, disse Eleonora. “Quanto mais força fizerem para nos calar, mais aumentará a nossa luta”.
Os depoimentos seguintes confirmaram a declaração inicial da presidente da AdUFRJ. E a assembleia comunitária acabou se transformando no grande “esquenta” da universidade para o ato nacional do próximo sábado (29), que terá como principal palavra de ordem o “Fora Bolsonaro” (leia mais na contracapa).
Protagonistas do primeiro ato de rua durante a pandemia, no último dia 14, os estudantes reforçaram a necessidade da ação coletiva: “Esta será a primeira de muitas assembleias e eventos que vamos fazer em conjunto com toda a comunidade acadêmica para colocar Bolsonaro no lugar que ele merece, que é a lata de lixo da história”, afirmou Antônia Velloso, uma das representantes do DCE Mário Prata.
Coordenadora do Sintufrj, Gerly Miceli manifestou solidariedade com as famílias dos mais de 450 mil mortos pela covid no Brasil. “É um governo genocida, sim, e ainda não se tem 10% de população vacinada”, criticou. “A UFRJ não pode fechar. É um patrimônio deste país. E a campanha do Sintufrj fica cada vez mais viva. É vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”.
A proposta de extinção da Uerj, apresentada esta semana pelo deputado estadual bolsonarista Anderson Moraes (PSL), também repercutiu na reunião. Natália Trindade, da Associação de Pós-graduandos (APG) e ex-aluna da universidade estadual, disse que seus dois orgulhos estavam sob ataque. “A UFRJ vai resistir, não vai fechar; a Uerj vai resistir”.
Na grande corrente virtual que se formou na assembleia, apenas uma nota triste. Dirigentes sindicais e estudantis lamentaram a não participação da representação da associação dos terceirizados: dos três diretores da Attufrj, dois estavam com problemas de saúde e um terceiro não conseguiu liberação do trabalho.

SEM RECURSOS
PARA FUNCIONAR
Durante a assembleia, uma apresentação da reitoria ajudou a entender por que todas as ações institucionais contra a pandemia estão ameaçadas pelos cortes do governo: da realização de testes ao atendimento nos hospitais, passando por mais de 140 projetos de pesquisa. “Estamos cumprindo nosso papel de instituição de Estado, patrimônio do povo brasileiro que somos. Mas, mais que resistir, precisamos agir. Pois nossas instituições precisam ser valorizadas”, disse a reitora Denise Pires de Carvalho.
O pró-reitor de Planejamento, professor Eduardo Raupp, informou que o atual orçamento (de R$ 299 milhões) equivale, em valores corrigidos pela inflação, ao de 2008, quando a UFRJ tinha a metade dos alunos de hoje. “Nós nos deparamos com o maior ataque do ponto de vista orçamentário, não só à UFRJ, mas a todo o sistema de universidades. Voltar 13 anos em termos orçamentários é tentar nos aniquilar”, enfatizou.

TODOS AO ATO DO DIA 29
Cento e dezoito pessoas se inscreveram para o debate na reunião. Para não alongar demais o horário da atividade, sete nomes de cada segmento foram sorteados eletronicamente. A convocação para o ato do dia 29 foi consenso, entre os que falaram.
Professora do Direito, Luciana Boiteux fez um dos convites para os colegas, ressaltando todos os cuidados sanitários. “Não é momento de pensar em desânimo, mas de partir para cima. Queremos nosso Brasil de volta, queremos nossos direitos de volta. Estamos juntos e vamos lá no dia 29”.
A técnica-administrativa Adriani Pinheiro convocou os mais antigos: “Estou com esse grito entalado na garganta, louca para ir para a rua, para dizer ‘fora Bolsonaro’. A nossa geração, que já tomou vacina, nem que seja só a primeira dose, vai estar lá com toda força. A juventude está dando o exemplo”, afirmou.
Norma Menezes, da Escola de Belas Artes, sugeriu a utilização de fitas coloridas para os manifestantes guardarem o distanciamento recomendado pelas autoridades sanitárias. Também disse que poderiam ser organizadas coreografias em meio ao protesto. “Façamos um encontro criativo”, disse.
Josué Medeiros, diretor da AdUFRJ, avaliou a assembleia de forma positiva. “Para nós, é um evento que energiza. É uma jornada que se iniciou há 15 dias, com o protesto contra a chacina no Jacarezinho; depois, no dia 14, no ato em frente ao IFCS. No sábado, tem o Fora Bolsonaro”, disse. “Estamos numa dinâmica de retomada das ruas que vai nos preparando para enfrentar a conjuntura difícil deste ano. E somente as ruas vão mudar esta conjuntura”, completou.

COMUNIDADE RECEBE
APOIO EXTERNO
Representantes de sindicatos, centrais sindicais, movimentos sociais e políticos foram convidados a enviar um vídeo curto à assembleia. “A gente sabe dar boas aulas, a gente sabe pesquisar e a gente sabe lutar. Venceremos”, incentivou a escritora e professora de Física do Cefet, Elika Takimoto, em sua saudação.
Também participaram: Flávia Calé (presidente da Associação Nacional dos Pós-graduandos), Rivânia Moura (presidente do Andes), Nilton Brandão (presidente do Proifes), Rosana Fernandes (CUT Nacional), deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), Ligia Bahia (SBPC), deputado federal Elvino Gass (PT), vereadores Tarcísio Motta e Professor Josemar e deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), Esteban Crescente (Movimento Luta de Classes); João Paulo Rodrigues (MST), Jones Manoel (PCB); Giovanna Almeida e Leonardo Péricles (Unidade Popular).

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