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Screenshot 17Clique na imagem para abrirSolidariedade. Essa é a palavra que uniu as cinco entidades representativas da UFRJ para ajudar a quem mais precisa durante a pandemia do coronavírus. Na próxima terça-feira, 4 de maio, professores, técnicos, trabalhadores terceirizados da UFRJ, estudantes de graduação e pós lançam o Fórum de Mobilização e Ação Solidária (FORMAS). Será um evento virtual pelo zoom, a partir das 16h.
O Fórum também criou um boletim informativo de sete páginas, quinzenal. O primeiro número já está circulando nas redes sociais desde terça-feira, 28. Não será um relatório de ações de solidariedade. Mas um veículo ativo que associa a solidariedade às bandeiras comuns, como defesa da ciência, das universidades públicas, da vida e dos direitos dos trabalhadores.
O FORMAS é um espaço de mobilização política e solidária. O objetivo é divulgar e ampliar as atividades de cada uma das entidades representativas e criar uma rede articulada de ação política. Desde as primeiras semanas de quarentena, as entidades têm tomado iniciativas de ajuda aos setores mais vulneráveis, como o apoio aos moradores da Vila Residencial atingidos pelas enchentes no início de abril, as doações para o Hospital Universitário e para os trabalhadores terceirizados.
Os integrantes do Formas acreditam que a resposta à pandemia não depende de convicções ou opiniões fortes, mas do emprego de método científico, pautado por valores democráticos, empáticos e socialmente responsáveis. E nesse cenário, as universidades públicas, e a UFRJ em particular, têm um papel crucial a cumprir.

A professora Beatriz Gonçalves Ribeiro, do curso de Nutrição da UFRJ-Macaé, dá dicas sobre alimentação saudável na quarentena. A docente é PhD em nutrição humana e esclarece: Quais os melhores alimentos para manter o sistema imune funcionando bem? Existe algum alimento que fortaleça as defesas do organismo diante desta pandemia? Corre aqui pra ver.

WEB menor 1125 p7O atual presidente rompeu com a tradição da democracia brasileira de negociação com os poderes constituídos e os diversos setores da sociedade. Em vez disso, usa o seu terço consolidado do eleitorado brasileiro para exercer uma governabilidade de pressão, baseada no potencial competitivo de seu nome para o segundo turno de 2022. No entanto, a crise coronavírus desestabilizou o tabuleiro político.
   Josué Medeiros, professor do IFCS, conduziu o bate-papo virtual do #Sextou - Tamo Junto, no dia 17, e avaliou que “2022 está em xeque. A pandemia inviabiliza a estratégia bolsonarista”. Cerca de trinta docentes participaram da atividade.
    Uma pesquisa conduzida por alunos do curso de Ciências Sociais ligados ao Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB/IFCS) subsidiou o debate. Durante o primeiro mês de isolamento social, foram observadas as reações de diferentes atores e instituições da política brasileira ao decreto de paíndemia feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
   O leque de estudos abrangeu desde os principais ministros do governo e membros influentes do Congresso até agentes da mídia, empresários e os movimentos sociais, passando pelo Supremo Tribunal Federal e governadores.
Para o diretor da Adufrj – que juntamente com o Prof. Pedro Lima (IFCS), coordenou o trabalho – o resultado mais importante é o risco de um autogolpe. “A popularidade do presidente está caindo. Os dados mostram que hoje 23% consideram o governo muito bom. Em fevereiro, eram 29%. Já os que avaliam a gestão ruim subiram de 38% para 43%. O que Bolsonaro fará se não conseguir levar a cabo sua estratégia para 2022?”, questionou o docente.
Josué alertou ainda que a crise sanitária e econômica acelera as disputas colocadas desde 2019, e radicaliza as respostas do poder central. “Bolsonaro já mostrou que não pretende recuar”, argumentou. “O presidente está sempre dobrando as apostas, demitindo o Ministro da Saúde no meio da pandemia, atacando os governadores, o Congresso e o Supremo. Sua expectativa é de pressionar as instituições até o limite para ter justificativas para um autogolpe”.
A base das reflexões apresentadas pode ser conferida em treze pequenos textos que estão disponíveis na rede do Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB) (https://nudebufrj.com/).
 
Sucessão e universidade
A estabilidade do governo foi destacada por boa parte das falas dos professores que participaram do debate virtual. Enquanto muitos expressaram ceticismo em relação à possibilidade de um golpe não institucional, alguns demonstraram descontentamento mesmo com um impeachment. “Se sai Bolsonaro entra Mourão. Qual o sentido disso?”, questionou o professor do Instituto de Física, Nelson Braga. “Para ganhar a eleição será preciso envolver o máximo de pessoas possível”, avaliou.
Mas também houve opiniões divergentes sobre a capacidade do governo de manter a sua base. “A crise terá um impacto sobre a base de apoio do governo porque agora se trata de uma questão que toca diretamente a vida da população”, argumentou Maria Paula Araujo, do Instituto de História. “Bolsonaro não vai abrir mão de seu ponto de vista em relação ao isolamento e, infelizmente, vai ser uma tragédia. E ele não vai conseguir se reorganizar depois disso e caminha para um abismo”, concluiu.  
O papel crítico da universidade dominou outro bloco de intervenções. E a inspiração foi o anúncio de recentíssima dança das cadeiras no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A nomeação do ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa, Evaldo Ferreira Vilela, para o cargo de presidente da agência, na própria sexta-feira (17), foi considerada um aceno para a comunidade científica. “É um nome técnico, com currículo na Academia Brasileira de Ciências”, frisou Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ. “Pode expressar um esforço para neutralizar opiniões críticas”, acrescentou em seguida.

Há 41 anos, surgia a AdUFRJ. A conjuntura política era ainda instável, mas caminhávamos para a redemocratização do país, estávamos a poucos meses de ver assinada a lei da anistia e o retorno de todos os exilados. Foi um passo importante, cheio de coragem e esperança. Hoje agradecemos a todos que se lançaram nesse movimento. Foi crucial para a redemocratização do país, para a construção de uma carreira docente e na defesa de mais verbas para a universidade. Seguiremos firmes com o compromisso de fazê-la cada dia mais forte e representativa dos docentes da UFRJ. Hoje, como naqueles dias, não temos muitas certezas de como será o desfecho de toda essa instabilidade política e econômica no país, agravada pela pandemia do coronavírus, mas arriscaremos sempre jogar com a mesma esperança. Sabemos que teremos dias muito difíceis pela frente e a AdUFRJ estará a postos, em nome de seu passado de lutas, se arriscando a construir um novo futuro!

WEB menor 1125 p3Foto: Arquivo Biblioteca NacionalCidades vazias, pessoas nas ruas com medo de uma doença respiratória que subitamente tomou o planeta, milhares de mortos. A descrição poderia ser atual, mas é de 1918, quando a gripe espanhola se tornou uma pandemia, a primeira e mais mortal do século XX. O mundo hoje é muito diferente, mas existe espaço para comparar as reações e os efeitos da crise gerada pela influenza no Brasil em 1918 com o cenário que o país atravessa hoje.
A gripe espanhola chegou ao Brasil em setembro de 1918, em um navio inglês que aportou em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, cidades que junto com São Paulo foram as mais afetadas pela doença. “Naquela época a circulação de pessoas era muito menor, o que manteve a doença restrita aos principais centros no primeiro momento”, explicou Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, e autor do livro “Pandemias - a humanidade em risco”. “No Rio de Janeiro, que tinha 1 milhão de habitantes, morreram por volta de 15 mil pessoas, 1,5% da população”, contou.
O vírus, do tipo H1N1, muito comum em aves, fez sua primeira vítima no estado norte-americano do Kansas, onde havia bases militares. Os soldados infectados levaram a doença para as trincheiras da Primeira Guerra, onde ela se espalhou. As estimativas são de que a gripe espanhola matou entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas no mundo todo.WEB menor 1125 p3aFoto: Arquivo Biblioteca Nacional
No Brasil foram aproximadamente 35 mil mortos entre os meses de setembro e novembro de 1918. “No Brasil a doença teve um ciclo de 6 semanas”, contou Ujvari. “Provavelmente houve subnotificação de casos, mas acredita-se que em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo 76% da população ficou doente”, afirmou. Isso explicaria o período curto da epidemia no Brasil. “A duração bate com a nossa expectativa de que as pessoas foram ficando imunes à gripe, então o vírus não encontrou mais gente suscetível”, o que quer dizer que atingimos a chamada imunidade de rebanho. Mas o médico ressalta que, dado o número de mortes,  foi “um preço altíssimo”.
Um dos fatores que acelerou o contágio foi a ignorância a respeito da doença. Com pouca informação, o governo e a sociedade não se prepararam para o pior. “Quando a doença chegou ao Rio que viram que ela tinha alastramento e letalidade enormes”, contou o médico. O que seguiu daí foram cenas terríveis. O precário serviço de saúde colapsou, e hospitais não davam conta de atender pacientes, os carros funerários não conseguiam recolher os mortos, e os cemitérios começaram a enterrar as pessoas em valas coletivas. “A quarentena foi muito mais uma consequência do que uma ação para evitar o contágio. O número de pessoas doentes era tamanho que as ruas começaram a ficar vazias, e quem não estava doente passou a ficar em casa com medo”.
WEB menor 1125 p3bFoto: Arquivo Biblioteca NacionalE qual foi o papel do poder público durante a pandemia? A professora Dilene Raimundo do Nascimento, do programa de pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Fiocruz explica que a primeira reação do governo foi não agir. “Eu diria que toda epidemia tem uma primeira fase de negação”, explicou. “O diretor geral de Saúde Pública, Carlos Seidl, tratava a doença como uma gripe comum”. Quando a pandemia começou a empilhar corpos pelas ruas, Seidl foi exonerado e o novo diretor geral, Theóphilo Torres, convidou o médico sanitarista Carlos Chagas, que  era diretor do Instituto Oswaldo Cruz (hoje a Fiocruz), para liderar os esforços contra gripe espanhola.
Chagas abriu hospitais de campanha no Rio e em São Paulo, fechou as escolas, proibiu eventos com aglomerações de pessoas e criou 27 postos de atendimento nas estações de trem do subúrbio do Rio de Janeiro, região mais afetada da cidade. “Naquela época não existia um equipamento público de saúde, só a Santa Casa, o São Sebastião e o Hospital de Jurujuba”, explicou. “Os esforços necessários para combater a gripe espanhola, e a comoção que ela causou nas pessoas, ajudaram a criar, em 1920, a Diretoria Nacional de Saúde” (o Ministério da Saúde seria criado apenas em 1930). “Hoje nós temos o SUS, e há quem ataque o sistema e lute pelo seu fim”, criticou. “Corremos o risco de repetirmos uma situação grave como a de 1918, porque existe uma chamada para romper com o isolamento”.
A historiadora e professora da UFRJ Marialva Barbosa destaca também o papel da imprensa durante a crise. “Com Chagas os jornais começam a publicar na primeira página os protocolos de cuidado, como lavar as mãos, não visitar outras pessoas e se alimentar bem”. Ela ressalta ainda que no debate público da época não houve tanto espaço para o falso dilema entre preservar vidas ou a economia. “Talvez estivéssemos em outro momento civilizatório. Hoje em dia o outro não importa muito, porque estamos muito envolvidos na individualidade, no consumismo e no próprio lucro, o que nos levou a uma insensibilidade que existe essa dicotomia”.

 

Carlos Chagas
Figura decisiva no combate à pandemia da gripe espanhola, Carlos Chagas é um dos maiores nomes da medicina brasileira. Médico sanitarista, infectologista e pesquisador, formou-se na Faculdade de Medicina (hoje parte da UFRJ) e foi aluno de Oswaldo Cruz no Instituto Soroterápico Federal, atual Fiocruz. Oswaldo Cruz morreu um ano antes da gripe espanhola, mas desde cedo despertou no aluno a paixão pela saúde pública. As pesquisas de Chagas sobre a malária e a descoberta da enfermidade que mais tarde ganhou seu nome - doença de chagas - o colocam entre os mais importantes pesquisadores da sua época no mundo. Seus dois filhos, Evandro e Carlos seguiram carreira na medicina e destacaram-se nos seus campos de pesquisa. Carlos Chagas Filho criou o Instituto de Biofísica da UFRJ, que hoje leva o seu nome.

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