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WEB menor 1125 p7O atual presidente rompeu com a tradição da democracia brasileira de negociação com os poderes constituídos e os diversos setores da sociedade. Em vez disso, usa o seu terço consolidado do eleitorado brasileiro para exercer uma governabilidade de pressão, baseada no potencial competitivo de seu nome para o segundo turno de 2022. No entanto, a crise coronavírus desestabilizou o tabuleiro político.
   Josué Medeiros, professor do IFCS, conduziu o bate-papo virtual do #Sextou - Tamo Junto, no dia 17, e avaliou que “2022 está em xeque. A pandemia inviabiliza a estratégia bolsonarista”. Cerca de trinta docentes participaram da atividade.
    Uma pesquisa conduzida por alunos do curso de Ciências Sociais ligados ao Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB/IFCS) subsidiou o debate. Durante o primeiro mês de isolamento social, foram observadas as reações de diferentes atores e instituições da política brasileira ao decreto de paíndemia feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
   O leque de estudos abrangeu desde os principais ministros do governo e membros influentes do Congresso até agentes da mídia, empresários e os movimentos sociais, passando pelo Supremo Tribunal Federal e governadores.
Para o diretor da Adufrj – que juntamente com o Prof. Pedro Lima (IFCS), coordenou o trabalho – o resultado mais importante é o risco de um autogolpe. “A popularidade do presidente está caindo. Os dados mostram que hoje 23% consideram o governo muito bom. Em fevereiro, eram 29%. Já os que avaliam a gestão ruim subiram de 38% para 43%. O que Bolsonaro fará se não conseguir levar a cabo sua estratégia para 2022?”, questionou o docente.
Josué alertou ainda que a crise sanitária e econômica acelera as disputas colocadas desde 2019, e radicaliza as respostas do poder central. “Bolsonaro já mostrou que não pretende recuar”, argumentou. “O presidente está sempre dobrando as apostas, demitindo o Ministro da Saúde no meio da pandemia, atacando os governadores, o Congresso e o Supremo. Sua expectativa é de pressionar as instituições até o limite para ter justificativas para um autogolpe”.
A base das reflexões apresentadas pode ser conferida em treze pequenos textos que estão disponíveis na rede do Núcleo de Estudos sobre a Democracia Brasileira (NUDEB) (https://nudebufrj.com/).
 
Sucessão e universidade
A estabilidade do governo foi destacada por boa parte das falas dos professores que participaram do debate virtual. Enquanto muitos expressaram ceticismo em relação à possibilidade de um golpe não institucional, alguns demonstraram descontentamento mesmo com um impeachment. “Se sai Bolsonaro entra Mourão. Qual o sentido disso?”, questionou o professor do Instituto de Física, Nelson Braga. “Para ganhar a eleição será preciso envolver o máximo de pessoas possível”, avaliou.
Mas também houve opiniões divergentes sobre a capacidade do governo de manter a sua base. “A crise terá um impacto sobre a base de apoio do governo porque agora se trata de uma questão que toca diretamente a vida da população”, argumentou Maria Paula Araujo, do Instituto de História. “Bolsonaro não vai abrir mão de seu ponto de vista em relação ao isolamento e, infelizmente, vai ser uma tragédia. E ele não vai conseguir se reorganizar depois disso e caminha para um abismo”, concluiu.  
O papel crítico da universidade dominou outro bloco de intervenções. E a inspiração foi o anúncio de recentíssima dança das cadeiras no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A nomeação do ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa, Evaldo Ferreira Vilela, para o cargo de presidente da agência, na própria sexta-feira (17), foi considerada um aceno para a comunidade científica. “É um nome técnico, com currículo na Academia Brasileira de Ciências”, frisou Pedro Lagerblad, diretor da AdUFRJ. “Pode expressar um esforço para neutralizar opiniões críticas”, acrescentou em seguida.

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