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"Dano contra o patrimônio, ataque à liberdade de expressão e exercício arbitrário das próprias razões", detalhou o delegado da 10ª DP, durante encontro com a presidente da Adufrj, professora Maria Lúcia Werneck O delegado Paulo Castello Branco, da 10ª DP, em Botafogo, explica que o vandalismo contra a faixa da Adufrj no muro do Canecão pode ser enquadrado em três tipos de crime. "Dano contra o patrimônio, ataque à liberdade de expressão e exercício arbitrário das próprias razões", detalhou o policial durante o encontro com a presidente da Adufrj, professora Maria Lúcia Werneck, na tarde de segunda-feira (5). "Iremos concentrar nossa investigação no cidadão que retirou a faixa. Já temos as imagens dele. Isso tem um valor pedagógico para evitar novos atos semelhantes". "O delegado mostrou respeito com a nossa denúncia. Essa truculência e intolerância não podem ficar impunes", ponderou Maria Lúcia, na saída da delegacia. Os diretores da Adufrj esclarecem que a campanha “Inverter a Intervenção” não é um movimento contra a intervenção federal no Rio de Janeiro. "Inverter a intervenção é, para nós, buscar outras perspectivas, discutir as causas estruturais do problema e buscar soluções que não estejam sujeitas ao calendário eleitoral. É recolocar no centro do debate a elaboração e execução de políticas públicas. Como professores, é claro, vemos a educação como o carro-chefe deste processo", resumiu o vice-presidente da Adufrj, professor Eduardo Raupp de Vargas. "Nossa campanha continua. Valente e acolhedora. Disposta ao debate, a receber as críticas e decidida a colaborar na solução desta situação tão grave. O Rio de Janeiro precisa da mobilização de todos os saberes. Precisa de paz e democracia". Instalada na quinta-feira em uma grade lateral do Canecão, a peça gráfica foi criada pela Adufrj e apoiada pelas entidades representativas dos técnicos-administrativos (Sintufrj) e alunos (DCE e APG), além do Andes. A faixa atraiu a atenção de intolerantes e acabou sendo arrancada no último sábado. A ação foi filmada e compartilhada por grupos conservadores na internet, que ainda hostilizaram a comunidade da UFRJ em mensagens raivosas. No domingo, a diretoria da Adufrj também divulgou uma nota sobre a retirada da faixa. Após repudiar o ato de vandalismo, o texto prossegue: “Ações como essa mostram que a Inversão da Intervenção, mais do que necessária, é urgente para reconstituição de nossa democracia. Intolerantes não passarão. Paz e democracia. #InverteraIntervenção

Na tarde de sábado, 3 de março, uma faixa com o lema da campanha “Inverter a Intervenção” foi arrancada do muro do Canecão, em Botafogo, na zona sul do Rio Não ficou sem resposta a ação de vandalismo contra a faixa da Adufrj sobre a intervenção federal na segurança pública do Rio. No fim da tarde de hoje, 5 de março, a presidente da associação dos professores da UFRJ, Maria Lúcia Werneck, apresentou uma queixa à 10ª DP, em Botafogo. Instalada na quinta-feira em uma grade lateral do Canecão, a peça gráfica fazia parte da campanha “Inverter a Intervenção”, criada pela Adufrj e apoiada pelas entidades representativas dos técnicos-administrativos (Sintufrj) e alunos (DCE e APG), além do Andes. A inspiração para a arte da faixa veio dos grafites do artista britânico Bansky. Num deles, uma menina revista um soldado, mudando a perspectiva de quem é alvo e autor da revista. Diante das cenas frequentes de revistas de moradores, inclusive crianças, em comunidades, o designer André Hippertt juntou ao soldado de Bansky uma aluna de escola pública no Rio. A faixa atraiu a atenção de intolerantes e acabou sendo arrancada, no último sábado. A ação foi filmada e compartilhada por grupos conservadores na internet, que ainda hostilizaram a comunidade da UFRJ em mensagens raivosas. O delegado assistente da 10ª DP, Paulo Castello Branco, recebeu as imagens e prometeu investigar. Segundo ele, além do dano material, as mensagens virtuais dirigidas à universidade também representam uma ameaça à liberdade de expressão. A diretoria da Adufrj também divulgou uma nota sobre a retirada da faixa. Após repudiar o ato de vandalismo, o texto prossegue: “Ações como essa mostram que a Inversão da Intervenção, mais do que necessária, é urgente para reconstituição de nossa democracia. Intolerantes não passarão. Paz e democracia”. #InverteraIntervenção A campanha “Inverter a Intervenção” busca trocar os blindados e fuzis pela força da educação, do conhecimento, da arte e da ciência. Rejeitar soluções frágeis e temporárias e investir em políticas públicas com resultados sólidos e duradouros, como fazem questão de destacar os próprios interventores federais.

Evento organizado pelo Sintufrj discute intervenção. Especialistas alertam sobre abusos em comunidades Professores, estudantes, servidores e intelectuais das áreas do direito e da segurança pública participaram de um debate sobre a intervenção federal organizado pelo Sindicato dos Técnicos da UFRJ na última quarta-feira, no auditório do CT. Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Lula e Dilma e cotado para disputar o governo do Rio pelo PT, questionou: “Intervenções ocorrem a pretexto da situação humanitária. No Rio, houve uma narrativa sobre um suposto aumento da violência, mas que não é real e não justifica esse instrumento”. Segundo Amorim, a medida atinge a Constituição. “Será um ataque direto às comunidades, às favelas, e cria para a política internacional não uma luta, mas sim uma guerra de classes na qual as populações mais pobres são tratadas como inimigas”, finalizou. Para Nilo Batista, professor de Direito Penal, a intervenção resulta da crise de legitimidade do governo e do uso político da mídia. “Não gosto da palavra segurança pública porque em nome dela cria-se é a barbaridade. O que tem de ser garantido são direitos”. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Werneck, destacou a relevância de discutir a intervenção. “Somos contra em princípio, porque a segurança pública não vai se resolver pela via militar”, afirmou. Maria Lúcia lembrou ações que a diretoria da Adufrj irá realizar nesta semana sobre a mesma temática, como a colocação de uma faixa em frente ao Canecão, em Botafogo. Neuza Luzia, coordenadora geral do Sintufrj, afirmou que os sindicatos devem colaborar para a luta em defesa da democracia, para além da luta corporativa. “A universidade precisa se envolver criticamente com o que ocorre no país”, disse. MANIFESTO CONTRA INTERVENÇÃO A diretoria da Adufrj participou na noite de quinta-feira, 1 de março, dia do aniversário de 453 anos do Rio de Janeiro, de reunião para criação de um manifesto e atividades contra a intervenção militar no Rio. Diversas entidades, entre elas o Andes, preparam o documento e a programação. O encontro ocorreu no Sindjustiça-RJ.

Morador da Maré, servidor da UFRJ destaca importância da educação para mudar de vida   A UFRJ mudou minha vida. Estou aqui desde 1989. Eu morava no Complexo da Maré, e minha única perspectiva era trabalhar numa fábrica de velas. Foi quando a UFRJ criou um curso de aceleração da escolaridade e ao mesmo tempo profissionalizante. Ali, aprendi a profissão de torneiro mecânico. Os professores nos mostravam que a única forma de mudar nosso contexto era a educação. Quem terminou o curso teve oportunidade de continuar na UFRJ. Muitas vezes para quem está na Maré a universidade é algo inatingível. Quando eu vim para cá, vi que era possível. Fiz uma graduação, uma especialização e agora penso no mestrado. Hoje meu relacionamento com a Maré é também religioso. Sou servidor público e voluntariamente atuo como pastor. Minha graduação em Pedagogia me ajuda a incentivar os jovens para realizar o Enem e o ensino superior. Sou um interventor na realidade. Um interventor pela palavra e pela educação. Essa é uma intervenção mais eficiente e duradora do que a das Forças Armadas. A intervenção da Educação não é passageira. O conhecimento é algo que a pessoa vai adquirir, vai desenvolver e vai passar para a sociedade.   VLADIMIR CALISTO 46, técnico da POLI/COPPE   (Em depoimento à jornalista Ana Beatriz Magno)

De 2015 a 2017, UFRJ desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio, entre projetos, cursos e eventos; temas vão de agricultura a música, passando por direitos humanos e alfabetização De música a agricultura urbana, de alfabetização a direitos humanos. Entre 2015 e 2017, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu 98 ações de extensão em favelas do Rio. Foram projetos, cursos e eventos. Segundo a PR-5, pró-reitoria responsável pelo setor, o total está subestimado, pois não inclui trabalhos realizados nos campi da universidade. Para Maria Malta, a pró-reitora de Extensão, a intervenção pelo conhecimento inverte a lógica das intervenções belicosas: “Os trabalhos de extensão subvertem a lógica hierarquizada e elitista. Nada mais revolucionário que sair dos nossos locais de conforto e nos abrirmos para aprender com a realidade”, argumenta a pró-reitora. O Complexo da Maré, vizinho à Cidade Universitária, abriga 25 dos projetos de extensão da UFRJ. Entre eles, o de Musicultura, coordenado pelo professor Samuel Araújo, da Escola de Música, que investiga a musicalidade do cotidiano da comunidade. “A Música é só o ponto de partida”, explica o aluno do Instituto de Matemática Diogo Nascimento, veterano do projeto e morador da Maré. “O que me prendeu foram as várias discussões sobre territó- rio que não teria a possibilidade de fazer em nenhum outro lugar”. Para ele, a ocupação do Exército na Maré em fevereiro de 2014 foi longa e cara. “Gastaram milhões, enquanto o cotidiano e a economia local foram sufocados. Os eventos musicais foram interrompidos ”. “A proporção de 55 soldados por morador não existe em nenhum serviço daqui”, opina a mestranda de Antropologia Bárbara Assis, integrante do projeto e moradora da Maré. Para ela, a intervenção é sinônimo de “mais opressão”. “A intervenção parece mais uma coisa de fora da favela do que de dentro”, avalia Rute Osório, estudante de Engenharia Ambiental e moradora da Maré. “Na Copa de 2014, foi uma quantidade chocante de soldados na primeira semana, que foi diminuindo aos poucos. Agora, nem isso vemos”. A estudante participa de outro projeto, o Muda Maré, que trabalha educação ambiental e agricultura urbana com crianças entre sete e doze anos, na Lona da Maré. Na avaliação do professor da Escola de Música Samuel Araújo, coordenador do projeto da Musicultura, a experiência na comunidade desmente estereótipos: “Muitos dizem que a favela não está nem aí para política. Mas em festas e eventos culturais vemos grupos se manifestando sobre temas como a intervenção militar ou a legalização das drogas”.

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