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A administração ficará a cargo do Parque Tecnológico. O anúncio foi feito na reunião do Conselho Universitário do último dia 8, A UFRJ passará a gerir o Polo de Biotecnologia, até então pertencente à Fundação Bio- -Rio, e todas as pesquisas realizadas no local. A administração ficará a cargo do Parque Tecnológico. O anúncio foi feito no Conselho Universitário do dia 8, que rejeitou o recurso da Bio-Rio para manter o convênio com a UFRJ. Em maio deste ano, a universidade havia rescindido o convênio com a fundação, que não pagava aluguel desde 2011. A universidade fixou para a segunda quinzena de 2019 o prazo final da reintegração de posse. No Consuni, o relator do processo, professor Flávio Martins, decano do CCJE, destacou que a Bio-Rio está inadimplente e sequer está entre as credenciadas para apoio da UFRJ. O decano considerou inviável prorrogar o contrato e indicou ações judiciais para ressarcimento da dívida, além de sindicância para apurar responsabilidades. Segundo o reitor Roberto Leher, a expectativa é ampliar pesquisas sobre medicamentos, como a parceria com a Fiocruz para pesquisa em biofármacos e farmoquímicos. A mudança foi celebrada pelo vice-diretor da Coppe, professor Romildo Toledo Filho: “A incorporação da biotecnologia torna o parque mais global”, afirmou. A UFRJ informou que o terreno entrará no acordo com o BNDES sobre uso de ativos imobiliários.

O que fazer se um aluno quer filmar a aula? O Cnasp (Coletivo de Advogados do Serviço Público) lança cartilha para tirar dúvidas sobre a liberdade de cátedra – direito garantido pela Constituição. Fernanda da Escóssia e Silvana Sá   O que fazer se um aluno quer filmar a aula? O professor pode ser impedido de incluir conteúdos na disciplina? Perguntas assim têm assombrado docentes de diversas áreas, do ensino básico ao superior, em meio ao clima de agressões amplificado pelas últimas eleições. Diante disso, o Cnasp (Coletivo de Advogados do Serviço Público) lançará uma cartilha para tirar dúvidas sobre a liberdade de cátedra – direito garantido pela Constituição e pela LDB. A advogada Ana Luísa Palmisciano, que atende no Plantão Jurídico da Adufrj, integra o Cnasp. “A ideia é reforçar a liberdade de cátedra como direito fundamental, que inclui liberdade de ensino e pluralismo de ideias e concepções pedagógicas. O professor não pode se sentir amedrontado”, afirma Ana Luísa. Professores que tiverem dúvidas sobre o assunto podem procurar o Plantão Jurídico da Adufrj ou enviá-las pelo SOS UFRJ, canal de Whataspp da Adufrj (99808-0672). A advogada lembra que o STF decidiu pela livre manifestação nas universidades. Antes do 2º turno das eleições, 21 universidades sofreram ações da Polícia e da Justiça Eleitoral. Docente do Instituto de Economia da UFRJ, Célia Kerstenetzky percebe um temor difuso: “Os estragos se fazem sentir pela atitude instintivamente defensiva que assumimos”. Ela diz que os professores devem estar atentos contra medidas em discussão no Legislativo. Na UFPE, circulou uma lista com insultos a professores e estudantes. A UFPE repudiou ameaças à liberdade de cátedra e solicitou investigação ao Ministério Público e à Polícia Federal. “A orientação é buscar primeiro meios administrativos para se proteger de situações que impliquem censura ou cerceamento antes de judicializar os conflitos”, explica Eduardo Raupp, vice-presidente da Adufrj e representante do seção sindical na reunião realizada pelo Andes em Brasília sobre o tema. O Andes também produziu material com orientações aos docentes e aprovou que cada seção solicite aos conselhos universitários normas para proteger seus docentes.   Dicas da Cartilha do Cnasp   DIREITO AUTORAL  - O professor é a principal autoridade em sala. Aulas e material de apoio, como slides e apostilas, não podem ser divulgados ou reproduzidos sem sua prévia autorização, sob pena de violação ao art. 46, IV, da Lei nº 9.610/98, que trata dos direitos autorais. (...) O professor deve avisar publicamente se permite ou proíbe gravação e filmagem da aula, e indicar que haverá sanção disciplinar para quem descumprir.   NADA DE SILÊNCIO - É fundamental que os ataques sejam levados a público. Por isso, professor(a), não fique em silêncio ao ser vítima ou presenciar casos assim.   JUNTE PROVAS - A existência de provas (materiais ou testemunhais) é essencial. (...) No caso dos ataques ou ofensas na internet, redes sociais e aplicativos, uma medida imediata é a captura de tela (print screen).   BOLETIM DE OCORRÊNCIA - Não é recomendável que se chame a polícia no campus, só em último caso (...). Se preciso, acione a segurança do campus, se houver. (...) O boletim de ocorrência policial, entretanto, é recomendável, após o fato ter sido registrado nas instâncias institucionais. CONTEÚDO OFENSIVO E DIREITO DE RESPOSTA - Em caso de veiculação de material criminoso ou ofensivo, recomenda-se fazer o registro e denunciar o conteúdo à própria rede social. Se a resposta demorar ou o conteúdo for mantido no ar, a solução é solicitar a retirada através de ação judicial. Quando a ofensa é veiculada por meios de comunicação tradicionais, uma alternativa é solicitar direito de resposta ao veículo. Caso seja negado, a ação judicial é novamente o recurso cabível.

Elisa Monteiro e Fernanda da Escóssia Qual o segredo da Faculdade de Medicina da UFRJ? Aos 210 anos, a unidade mistura a atuação sólida em ensino, pesquisa e extensão com histórias inspiradoras de seus professores e alunos para se manter no posto de curso mais procurado do país no Enem. Ao todo, a Faculdade abriga cerca de 950 alunos de outros cursos, além dos 1.200 graduandos da Medicina. Nos nove programas de pós- -graduação, há mais 500 mestrandos e doutorandos. As comemorações pelos 210 anos incluíram um concerto na sala Cecília Meirelles e uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina, acompanhada por nomes como o do ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão. “Estive na primeira turma de residência de doenças infecciosas do Hospital Universitário (HUCFF). Foi uma experiência que mudou minha vida”, disse. Ainda com o nome de Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro, a faculdade foi criada em 5 de novembro de 1808, por carta régia de Dom João VI. Mais tarde, foi integrada à Universidade do Brasil, posteriormente chamada de UFRJ. “A Faculdade de Medicina da Bahia foi criada em fevereiro, mas nós começamos a funcionar primeiro, porque o Rio era capital. Praticamente inauguramos o ensino superior no país”, afirma o diretor da Faculdade, o epidemiologista Roberto Medronho. Pelos bancos da Faculdade passaram alunos notáveis, como Carlos Chagas, pai e filho, Oswaldo Cruz, Vital Brasil, Paulo Niemeyer e Ivo Pitanguy. É o berço da formação e aperfeiçoamento da elite médica do país. Até hoje segue como o curso com a maior nota de corte do país, em todo o sistema Sisu. “Mas o principal desafio é formar os alunos com o senso das humanidades, com o compromisso ético e técnico. O aparato tecnológico é necessário, porém o equipamento mais poderoso é o médico”, afirma Medronho, ex-aluno da escola. O estudante Eduardo Culierkorn concorda. “É difícil superar a tendência de ultraespecialização e aproximar a Medicina do paciente. Grande parte dos problemas de saúde está relacionada a fatores como diabetes e hipertensão”, justifica o futuro médico. “Sempre tivemos e ainda mantemos a capacidade de selecionar os melhores alunos. Eles são muito bons”, avalia a professora Titular, ex-aluna e ex-decana do Centro de Ciências da Saúde Vera Lucia Halfoun. “Engana-se quem pensa que isso mudou com as cotas”, completa. Como experiência ruim, Vera guarda os tempos de censura. “Ainda era estudante quando um jornalista italiano me perguntou sobre o governo brasileiro. Saí correndo, passei semanas com medo”. Para a vice-presidente da Adufrj, professora Ligia Bahia, o aniversário de 210 anos confirma “a relevância da produção de conhecimentos críticos” produzidos na instituição. “A comemoração mostra que a Faculdade se apoia no seu passado para inovar no presente e no futuro”, resume Ligia Bahia, formada em Medicina na UFRJ em 1980.

  Em 2018, a UFRJ recebeu 26 emendas orçamentárias da bancada, de 13 deputados e de um senador. As emendas somaram R$ 22,7 milhões e foram aplicadas em várias áreas da universidade, entre elas o Hospital Universitário e a Coppe. Do total, R$ 10,7 milhões foram para custeio e R$ 12 milhões para investimento. Captar emendas orçamentárias tem sido uma estratégia da reitoria para driblar a queda dos repasses federais: “Conseguimos uma boa interlocução com a bancada do Rio de Janeiro. A UFRJ recebe apoios independentemente de partidos. Isso tem sido muito importante para desenvolver inúmeras atividades”, afirma o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Roberto Gambine. Para o ano que vem, ainda não há definição. A Lei Orçamentária Anual (LOA) ainda não foi votada, mas a proposta que tramita no Congresso não é nada animadora: a universidade receberia, sem emendas, R$ 361 milhões para custeio e investimento — este ano, a UFRJ contou com R$ 388 milhões. O prazo para a apresentação das emendas termina esta semana. Cada parlamentar pode dispor de até R$ 15,4 milhões. As bancadas podem apresentar propostas de até R$ 169,6 milhões. A assessoria do deputado federal Hugo Leal (PSD/RJ), coordenador da bancada do Rio na Câmara, adianta que haverá uma emenda de R$ 55 milhões para a recuperação do Museu Nacional. A expectativa é que o dinheiro seja utilizado na reconstrução das fachadas e coberturas do prédio histórico entre o ano que vem e 2021. A confirmação desta emenda e de outras só será conhecida no final de dezembro, com a votação da LOA. Antes disso, até 6 de dezembro, os números devem passar pelo crivo da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso.

Em tempos de ataque às liberdades de expressão e de cátedra, a universidade deve reagir a qualquer tentativa de cerceamento, sem antecipar a autocensura. Foi esse o tom do debate realizado na Escola de Comunicação   Em tempos de ataque às liberdades de expressão e de cátedra, a universidade deve reagir a qualquer tentativa de cerceamento, sem antecipar a autocensura. Foi esse o tom do debate realizado nesta quarta- -feira (7) na Escola de Comunicação da UFRJ, com participação de 60 professores, alunos e técnicos, além da direção da Adufrj e do Sintufrj. Um dos eixos da discussão foi a necessidade de buscar formas de proteção da comunidade acadêmica e, principalmente, de uma ação concreta na área de comunicação. “Não podemos enfiar a cabeça na terra, como um avestruz”, afirmou a diretora da Escola de Comunicação, Ivana Bentes. A presidente da Adufrj, Maria Lúcia Teixeira Werneck Vianna, destacou que é a pluralidade do ambiente universitário que favorece a produção do conhecimento crítico. Lembrou que o STF tornou sem efeito as ações da Justiça Eleitoral nas universidades, às vésperas do segundo turno. “Vamos agir sem alarmismo. O respeito às instituições é fundamental”, afirmou Maria Lúcia. Ela lembrou o serviço criado pela Adufrj para receber denúncias de ataques, bem como o atendimento oferecido pelo Plantão Jurídico. Estudantes, técnicos e professores expuseram o receio de ser alvo de algum tipo de assédio ou ataque em virtude de posicionamento político ou orientação sexual. O professor Paulo Vaz sintetizou um sentimento comum: o temor de que o governo de Jair Bolsonaro acabe sepultando, por subfinanciamento, qualquer pesquisa na área de artes, cultura e ciências humanas. “Temos de valorizar o lugar do pensamento, da universidade, e as ciências humanas são o lugar do pensamento crítico por excelência”, afirmou. Professor emérito da UFRJ, o filósofo Marcio Tavares D’Amaral iniciou e encerrou o evento destacando a necessidade de confiar nas instituições. Ele reiterou que o Brasil não vive uma ditadura e que o medo não pode paralisar a ação. “O medo é uma forma de inteligência. Ele nos diz quando recuar, ajuda a analisar o quadro. De algum modo, o medo nos orienta a agir”, afirmou.  

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