facebook 19
twitter 19
andes3
 

filiados

Medida tomou recursos próprios da universidade. Outras 51 federais e nove hospitais universitários foram tungados. Dinheiro será usado para pagar aposentados e pensionistas O governo Temer levou a asfixia orçamentária das universidades a um nível inimaginável: por meio da portaria nº 9.420, mais de R$ 450 milhões de reservas financeiras das instituições foram redirecionados para pagamento de uma parte da folha de pessoal. Só a UFRJ perdeu R$ 25 milhões com a inédita canetada da Secretaria de Orçamento Federal. “Isso nunca tinha sido feito”, afirmou o secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno. As reservas financeiras são constituídas de receitas próprias das universidades — ou seja, recursos oriundos de aluguéis, convênios, cursos, entre outras fontes —, que não puderam ser gastas por falta de autorização do governo. As verbas estavam retidas no caixa único do Tesouro. Além da UFRJ, foram atingidas mais 51 universidades e nove hospitais universitários de todo o país. A que mais perdeu reservas foi a UnB (R$ 80 milhões), seguida por UFPR (R$ 66 milhões) e UFRGS (R$ 59,2 milhões). “Isso é uma tragédia. Havia a expectativa de usarmos esta reserva para a recuperação do patrimônio histórico e para reduzir déficit”, disse o pró-reitor de Planejamento, Roberto Gambine. “Será um desestímulo ao processo de captação de receitas próprias. Hoje, você arrecada e não pode gastar tudo; agora, ainda vão pegar a reserva”, criticou. A portaria é ainda mais frustrante para a comunidade acadêmica neste momento em que o Congresso discute uma emenda à lei orçamentária que permitiria às instituições a liberação e livre utilização desta “poupança” em 2019. O pleito é antigo. A novidade é que o montante também não ficaria submetido ao teto de gastos da administração pública. O confisco causou imediata reação da Andifes. Em ofício ao governo, a entidade solicita a reversão da portaria. A associação dos reitores já se reuniu com o presidente do Tribunal de Contas da União e tenta agendar uma audiência com o Planejamento. PLANEJAMENTO RESPONDE Questionado pela reportagem, o Planejamento justificou a portaria com a “frustração da previsão de arrecadação”. Segundo a pasta, a queda da arrecadação ocorreu porque o Congresso não aprovou Medida Provisória que adiava os reajustes do funcionalismo e aumentava a alíquota previdenciária dos servidores. A assessoria limitou-se a dizer que não há impedimento para o uso dos recursos no pagamento de pessoal, nas unidades de origem do dinheiro. Para o professor Eduardo Raupp, vice-presidente da Adufrj, além de desestimular a captação de recursos próprios, a medida sinaliza uma grave mudança no conceito do orçamento: “Perde-se a garantia do repasse integral de pessoal e vê-se ameaçada a autonomia sobre a gestão do custeio e investimento”. Ele completa: “Não sabemos se o próximo governo vai dar prosseguimento a isso. Vamos entrar em 2019 sem saber quais são as regras do orçamento. E num contexto difícil, de déficit da UFRJ”.

Incerteza na comunidade acadêmica aumenta com vaivém das declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que agora fala em manter ensino superior no MEC Ouvir os professores, debater a conjuntura e pensar estratégias de defesa da universidade e da comunidade acadêmica. É com este objetivo que a diretoria da Adufrj tem realizado reuniões em várias unidades da UFRJ. Os encontros ajudam a preparar a próxima Assembleia Geral, dia 22, às 16h, na Praia Vermelha. “Os professores precisavam ser ouvidos. A conjuntura está gerando muita ansiedade”, afirmou Felipe Rosa, diretor da Adufrj. “Tivemos debates muito proveitosos sobre a situação do país e o que ocorre na universidade”, completou. O clima de incerteza entre os professores é ampliado pelas declarações do presidente eleito ou de seus assessores mais próximos. Após ventilar uma migração da educação superior para o Ministério de Ciência e Tecnologia, Jair Bolsonaro disse, esta semana, que deverá manter as universidades no MEC. O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Ildeu Moreira, observou que a entidade mantinha um grupo estudando a possível mudança, mas o trabalho foi descontinuado diante da recente declaração de Bolsonaro. “Estávamos nessa discussão, quando o presidente eleito anunciou a permanência das universidades no MEC. Há muito balão de ensaio. O que nos interessa é saber como retomar investimentos na pesquisa”, disse. É PRECISO DIALOGAR COM O PÚBLICO Nos encontros dos professores nas unidades, uma preocupação comum foi a existência de diálogo com o público externo à UFRJ: “Acho importante mantermos um estado permanente de luta, de preferência indo mais uma vez às praças para falar sobre a importância da universidade”, defendeu a professora Ana Amora, na reunião realizada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Em resposta a esta e outras demandas semelhantes, a diretoria da Adufrj informou que a campanha “UFRJ Sempre”, de valorização da instituição, estará em outdoors, ônibus, placas e redes sociais, nos próximos dias. (Colaboraram Elisa Monteiro e Silvana Sá)

Donna Murch, professora da Rutgers University, nos Estados Unidos, participou do Seminário “50 Anos de 1968: a utopia quase no poder”. Promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura, pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ e pela Adufrj, o evento analisou impactos dos movimentos políticos e culturais de 1968 no Brasil e no mundo. Especializada na luta de movimentos negros, em particular os Panteras Negras, Donna Murch falou ao Boletim da Adufrj. Qual o legado dos Panteras Negras? Eles criaram um patrulhamento utilizando autodefesa armada para proteger a população negra. Foi revolucionário. Explicavam às pessoas seus direitos. Tínhamos um contexto educacional de total democracia do ensino superior. Todos os que se formavam no ensino médio tinham acesso à universidade, e os Panteras Negras se estabeleceram nas universidades. Talvez o legado mais importante tenha sido a criação de escolas para educação política. Em 1968, os Panteras são declarados pelo FBI ameaça à segurança dos EUA. O que isto significou? 1968 marcou o início da criminalização e encarceramento em massa da população negra. Foram demonizados. Houve prisões, assassinatos de líderes, exílio. A perseguição foi tão forte que, a partir de 1968, os Panteras perdem força. Em 1981, são totalmente dissolvidos. Vê paralelo entre os EUA de 1968 e o que acontece hoje no Brasil? Havia lá, como há aqui, luta por ampliação de direitos civis e resistência a essas lutas. Há paralelos atuais também. O nacionalismo de direita é fenômeno global. Trump construiu a expansão da política reacionária durante o governo Obama, quando a apatia desmobilizou as pessoas. Este nacionalismo de direita tem caráter diferente, um discurso nazista. Bolsonaro revigora a questão militarista, como Trump. Bolsonaro e Trump aparentemente têm alinhamento político, como na questão de Israel e no discurso contra a Venezuela.

A Coppe homenageou no dia 14 seu idealizador, o professor Alberto Luiz Coimbra (1923-2018). Como reconhecimento do papel fundamental do botafoguense Coimbra, foi inaugurado um busto em sua homenagem criado pelo artista Oséias Casanova. O evento integrou as comemorações dos 55 anos da Coppe. O diretor de Relações Institucionais da instituição, Luiz Pinguelli Rosa, destacou o compromisso do fundador com a unidade, mesmo durante a ditadura: “Seu comprometimento com a Coppe custou a ele prisão, interrogatório e afastamento da instituição”. Pinguelli lembrou o papel da universidade: “A universidade não pode ser o lugar do medo. Deve ser o lugar do compromisso com a excelência científica e tecnológica e da discussão sobre os problemas da sociedade e desenvolvimento brasileiro”, Participaram do evento o diretor da Coppe, Edson Watanabe, a vice-reitora da UFRJ, Denise Nascimento, e vários representantes da comunidade acadêmica.

Elisa Monteiro e Kathlen Barbosa No ano em que a Escola de Música da UFRJ comemora 170 anos, ela também forma o primeiro bacharel em cavaquinho do país. Graduado em julho de 2018, Pedro Cantalice, de 33 anos, entrou na UFRJ no ano em que foi criado o curso de cavaquinho, em 2014. Pedro diz que entrar na universidade não fazia parte de seus planos, mas a origem de uma graduação sobre o instrumento popular o atraiu. “Sempre frequentei ambientes de música, mas não flertava com a universidade. Apenas quando ouvi falar que abriria uma graduação de cavaquinho eu disse: se tiver esse curso, eu vou para a UFRJ”, contou. E aquilo com o que ele nem sonhava virou seu novo amor. A Escola de Música se tornou uma segunda casa. “ A universidade é a escola que eu sempre quis ter, o lugar onde estudo o que eu amo. Só quem está dentro sabe o que é vivenciar uma universidade pública. A gente conhece o pessoal da Educação Física, da História, da Física, Química... e reconhece o mesmo sentimento de estar em casa, cada um na área de que gosta”, afirma emocionado. Pedro destacou a relevância de estudar na Academia um instrumento popular. “O cavaquinho entra na universidade com um repertório popular e uma história riquíssima, que talvez a Academia não conhecesse. Acho que todo mundo ganha com essa troca”, afirmou. Morador de Vila Isabel, Pedro começou a aprender cavaquinho aos 15 anos e desde muito jovem já trabalhava com música, não apenas na noite, mas como editor de partituras. “Trabalho há muito tempo para a Academia Brasileira de Música, fazendo uma espécie de tradução de composições manuscritas. Muitas vezes os compositores fazem as peças apenas para os instrumentos que tocam, então você vem e completa com as partes dos demais instrumentos”, comentou. A diretora da Escola de Música, Maria José Chevitarese, destaca o papel da instituição na formação de instrumentistas. “Muitos se destacam não só no Brasil, como também no exterior. São um orgulho nosso”, afirma.   TVADUFRJ: Para mais detalhes da entrevista de Pedro Cantalice, acesse a TV Adufrj no Youtube: www.youtube.com/user/adufrj

Topo