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Côrtes defende autogestão

Contrário à Ebserh, diretor eleito do HUCFF enaltece capacidade de administração da UFRJ 

Posse será em 19 de dezembro

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

O diretor eleito do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), professor Eduardo Côrtes, concedeu entrevista ao Jornal da Adufrj. Ele falou das primeiras ações que tomará a partir de sua posse, marcada para 19 de dezembro. 

Côrtes conseguiu o feito inédito de vencer a eleição para o HUCFF nos três segmentos: docente, técnico-administrativo e estudantil. Ele, mesmo antes de se candidatar ao cargo máximo do hospital, já se colocava radicalmente contra a assinatura do contrato entre a UFRJ e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ao lado, você poderá acompanhar, por temas, as ideias do professor para a gestão do maior hospital da UFRJ.

 

Extraquadros

Durante a campanha, Côrtes chegou a afirmar que buscaria uma solução mais justa e humana possível para solucionar o problema dos profissionais extraquadros que atuam no HUCFF. “Em muitos setores, os melhores trabalhadores são extraquadros. Como ficaremos sem essas pessoas? O concurso precisará ser realizado. Vamos estudar uma opção, dentro da lei, que pontue, como uma espécie de prova de títulos, a experiência prévia. O currículo precisa valer ponto. O Sintufrj já se dispôs a ajudar criando cursos preparatórios para os nossos funcionários e o hospital disponibilizará as salas”, afirmou o dirigente eleito.

 

Auditoria do TCU

Um dos graves problemas apontados pelo relatório do Tribunal de Contas da União são as áreas de compras e licitações do hospital, cuja resolução já está em curso via Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6). Outro problema indicado pelo TCU foi uma dívida de R$ 8 milhões herdada com a Fundação José Bonifácio. “Estive com a professora Lucila Perrota (diretora adjunta da atual gestão do HUCFF) e ela me disse que o hospital não tem dívidas. Informações detalhadas eu só terei depois que tiver acesso às contas”, disse. 

 

Financiamento

Eduardo Côrtes esteve na direção geral do hospital e foi informado de que o HUCFF está sem dinheiro. “Eles me disseram que o dinheiro do Rehuf (programa de reestruturação dos hospitais universitários federais) esse ano foi menor que no ano passado e que o hospital está comprando insumos em quantidades muito menores. Eu vou conversar com a reitoria porque o hospital não pode fechar. A reitoria e o MEC precisam se comprometer em manter o hospital aberto até começarem a aparecer os frutos da nova administração”. O novo diretor avisou que já trabalha na melhoria das cobranças dos serviços prestados ao SUS. “O HU perde muito dinheiro por não ter um sistema de cobrança. Há uma estimativa de perda de 40% do que poderíamos arrecadar com o SUS por falta de gente treinada, por falta de um sistema organizado e fiscalizado”.

 

Gestão dos hospitais

“Eu sempre defendi que a universidade brasileira, especialmente a UFRJ, que é a maior das federais, tenha e desenvolva sua capacidade de autogestão. Isto está na Constituição. Uma universidade que tem uma das melhores escolas de administração em níveis de graduação e pós-graduação do país (nesse ano, a Coppead foi considerada a melhor da América Latina) não pode dizer que não é capaz de administrar seu hospital. Mais do que isso, temos a obrigação de desenvolver uma administração hospitalar moderna, integrada com o século XXI”, observou o docente. Ele disse que fará uma “força-tarefa” para criar um curso de gestão hospitalar. 

 

Pressão para aderir à Ebserh

“Não posso acreditar que governo algum vá fazer pressão financeira contra uma universidade que usa de sua prerrogativa constitucional para decidir se quer ou não ser administrada por fora. Porque se o governo fizer isso, ele estará indo contra a lei. Não aceitamos ser discriminados ou perder verbas por isso”, afirmou o docente. Quanto à relação com a Ebserh, em Brasília, que assumiu o lugar da extinta Coordenação Geral dos Hospitais Universitários no MEC, a CGHU, Côrtes afirmou que a relação se dará “sem nenhum problema”. “Vamos trabalhar juntos. E vamos atuar para que seja flexibilizada a legislação para os hospitais. As normas precisam ser condizentes com um local que tem pessoas doentes, que podem morrer caso não existam determinados procedimentos e recursos”. 

 

Equipe

O diretor eleito informou que segue organizando uma equipe de trabalho e que, nos próximos dias, deverá divulgar todos os nomes. Mas adiantou que o professor Eduardo Fraga, coordenador de Atividades Educacionais do hospital, permanecerá no cargo. “É uma coordenação de grande relevância do hospital. Organiza concursos, coordena todas as atividades na área de graduação, pós-graduação, estágios, residências”.

 

Comissão da reitoria

“Quando decidi me candidatar, tive uma reunião com a professora Aracéli (Ferreira, pró-reitora de Gestão e Governança) para me apresentar como candidato e obter informações sobre o trabalho dela”. Depois da eleição, o professor já conversou com a pró-reitora por telefone e agendou outra reunião para ter acesso aos dados já levantados pela PR-6. “O trabalho dela (Aracéli) é muito interessante porque o hospital tem deficiências em muitos setores. Ela se dispôs a ficar aqui o tempo necessário, mas nós precisamos andar com nossas próprias pernas”. O diretor eleito disse que a reitoria encaminhará um profissional treinado em compras para atuar no HU, treinando as equipes do hospital. “As áreas mais prioritárias para o treinamento das nossas equipes são em compras e licitações”. O futuro diretor afirmou que não entende o trabalho de apoio da PR-6 como intervenção no hospital.

 

Novo hospital

Na época da implosão da “perna seca” do HUCFF, em dezembro de 2010, o então reitor Aloísio Teixeira (falecido em 2012) chegou a afirmar que o MEC e o Ministério da Saúde haviam se comprometido com a universidade no financiamento para a construção de um novo hospital, que seria erguido no terreno desocupado pela ala demolida. Sobre esse assunto, Côrtes se reunirá com o reitor Carlos Levi e com o vice-reitor, Antônio Ledo. “Essa é uma bandeira pela qual vamos lutar intensamente”. Ele, porém, não confirmou o local de construção desse novo hospital, mas disse que será uma importante realização da universidade. 

 

Estrutura do HUCFF

“A melhor garantia de um bom ensino em saúde é ter um bom hospital. O que ocorre hoje é que nosso hospital não está bom. Nosso hospital não tem leitos suficientes”, afirmou Côrtes. Ele pretende ampliar os leitos do HU para 470. “Estamos vendo a questão da licitação da obra do 11º andar da Ala D. Isso aumentaria de imediato os leitos. Eu ainda não tive acesso a essa documentação, só sei que a obra está atrasada por problemas de licitação. Não há um impedimento físico para a reabertura daquela ala”.  Outras medidas anunciadas são: aumentar o número de cirurgias e de leitos do CTI, recuperação de equipamentos e aumento do número de procedimentos diagnósticos. “Isso serve de treinamento e otimiza o fluxo de pacientes no hospital, reduzindo o tempo de internação. Se eu interno 500 pacientes por ano, os alunos são expostos a 500 leitos. Se eu aperfeiçoo o funcionamento desse hospital e interno 700 pacientes, eu aumento em 50% o meu número de leitos no mesmo hospital”.

 

Emergência

“É preciso reabrir a emergência. Para isso, precisamos de gente. Eu lamentei que nos recentes concursos para a UFRJ não tem nenhum médico para serviço de emergência. Esse hospital não pode ficar com a emergência fechada. Com o apoio da reitoria, iremos até Brasília reivindicar as vagas para a emergência. Eu gostaria que a emergência fosse reaberta agora, mas é muito difícil prever em quanto tempo ela será efetivamente reaberta. Como não tenho dados ainda, não sei quantas pessoas trabalham aqui, quanto tempo elas trabalham. Eu gostaria muito, inclusive, que fosse criada a especialidade Medicina de Emergência e a Enfermagem de Emergência. Isso criaria uma residência médica em emergência. Com isso, daríamos um tom acadêmico a esse setor que hoje é puramente assistencial”. 

 

Representação estudantil

“Queremos que os estudantes tenham assento nos conselhos superiores do hospital, mas nem sempre o assento é suficiente. É preciso criar uma forma de ouvi-los. Além disso, estamos estudando a melhor forma de realizar audiências públicas. Em 2014, queremos fazer a primeira audiência pública de hospital universitário. Nenhum outro HU do Brasil faz isso. E nós queremos não só a participação dos estudantes, como também de toda a sociedade. Será um momento de ouvir e também prestar contas sobre nossas ações. Ter transparência”. 

 

Retomada da excelência do HUCFF

“Costumo perguntar para as pessoas que tipo de hospital elas querem: de excelência, bonzinho, mais ou menos ou queremos empurrar com a barriga por mais quatro anos? As pessoas costumam responder que querem um hospital de excelência. Para isso, o trabalho de cada pessoa aqui deve ser também de excelência. Nossos antigos professores deixaram esse legado para a minha geração. Quando vim trabalhar aqui, o HUCFF era um dos três melhores do país. Essa foi uma das razões da minha candidatura. Pensei: eu não posso me aposentar sem nem ao menos ter tentado melhorar o legado que a minha geração deixará para os futuros profissionais e estudantes que aqui atuarão”. 

 

Modernização do ensino

Além disso, o docente estuda uma reformulação do funcionamento acadêmico do hospital. “Muitas áreas ainda não são utilizadas pelos alunos. Um exemplo é a Patologia Clínica. Serviços de consultoria do hospital também podem ser abertos aos estudantes. Temos que modernizar o ensino do hospital. É preciso treinar os estudantes para suas decisões, tanto em planejamento diagnóstico, quando tratamento terapêutico”.

 

Transição

Ele já esteve com a professora Lucila Perrota, diretora-adjunta do HUCFF, que informou que todas as divisões estão instruídas a abrir as informações necessárias à nova gestão. Além disso, Côrtes garantiu que está indo aos locais de trabalho ver as condições de trabalho dos profissionais que atuam no hospital. “Agora é a oportunidade de conhecer mais a fundo essa realidade. Conheço muita coisa, mas agora, como gestor, a responsabilidade aumenta nesse sentido”.

 

Eleições para a Congregação da Medicina

Novas regras, editadas após prazo-limite de inscrição de chapas para representação docente, geram confusão na Unidade.

O professor da Faculdade de Medicina e também diretor da Adufrj-SSind, Romildo Bomfim, pediu impugnação das novas normas para eleição de representação docente na Congregação da Faculdade de Medicina. A mudança no regulamento ocorreu após o fim do prazo limite para inscrição de chapas (26 de novembro, às 16h). Naquela ocasião, apenas uma chapa, a do professor Romildo, havia se inscrito.

As novas regras, com a prorrogação do prazo das inscrições, entraram em vigor no dia 28 de novembro, dois dias após o prazo-limite, sob a justificativa de correção do número de vagas para as representações docentes. Entretanto, o professor Romildo afirma que o novo edital não contém mudanças quanto ao número de representantes na classe dos Assistentes.

O documento foi encaminhado à Comissão Eleitoral da Faculdade de Medicina no dia 5 de dezembro. A Comissão ainda não deu resposta.

 


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Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".



Nelson Rolihlahla Mandela (nome de batismo Rolihlahla Dalibhunga Mandela) faleceu na quinta-feira (05/12), aos 95 anos. As palavras acima foram ditas em 1964, durante seu julgamento. Em junho daquele ano, ele seria condenado à prisão perpétua. Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela passou a ocupar a cela de número 466/64, cujas dimensões eram de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm. Viveu ali por 27 anos.

O prolongado período de cárcere ao qual Mandela foi submetido era uma manifestação direta do brutal regime segregacionista do apartheid imposto pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul. De 1948 a 1994, ano das primeiras eleições livres no país – conquistadas pelo líder popular –, os direitos da grande maioria dos habitantes eram cerceados pelo governo, formado pela minoria branca. De fato, a segregação racial data do período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial no final dos anos 1940.

Com ele tiveram origem os bantustões, pseudoestados de base tribal criados pelo regime para manter os negros fora dos bairros e terras brancas, mas suficientemente perto delas para servirem de fontes de mão-de-obra barata.

Pouco tempo antes, o jovem Mandela, membro de uma família de nobreza tribal da etnia Xhosa, nascido em uma pequena aldeia do interior, se mudou para capital, Johannesburgo, com 23 anos e começou a atuar na política. Naquele ambiente cosmopolita, em contraste com o cenário rural no qual havia vivido até então, Mandela se formou em advocacia e passou a liderar a resistência não-violenta da Liga da Juventude do CNA (Congresso Nacional Africano).

Na Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros, Mandela fez muitos amigos com quem mais tarde formaria o núcleo de comando da Liga, movimento de resistência ao apartheid que se transformou em partido político a partir de 1994, o CNA.

Na capital, Mandela trabalhou como vigia de uma mina e conheceu Walter Sisulu, ativista político, em 1941. Sobre o encontro Sisulu diria, mais tarde: "Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório."

Alguns anos depois, Mandela se juntou a outro ativista, Oliver Tambo, com quem inaugurou o primeiro escritório advocatício negro do país. Biografias de Mandela analisam que, somente em Johannesburgo, quando já não era mais tratado como um garoto da nobreza tribal, e sim como mais um negro pobre do interior, o jovem percebeu a dimensão do abismo entre brancos e negros. Essa, provavelmente, foi a fagulha determinante para o início da luta contra o racismo.

Em 1951, Mandela é eleito presidente da Liga e no ano seguinte presidente do CNA na província de Transvaal, o que o coloca como vice-presidente nacional da instituição. Em 26 de junho do ano seguinte, é lançada na África do Sul a “Campanha de Desafio”: por todo o país, negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – banheiros, escritórios públicos, correios. Ele é condenado, junto a outros 19 companheiros, com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados.

Em 8 de abril de 1960, o CNA é banido e Mandela fica preso até o ano seguinte, quando passa para a clandestinidade. Em 1961, ele cria o Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação" – também conhecido pela sigla "MK”, braço armado do CNA. O movimento surge em resposta ao Massacre de Sharpville, em 20 de março de 1960, quando 69 negros foram metralhados pelas forças de segurança em um protesto do PAC (Congresso Pan-Africano) contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir.

Segundo Mandela, o treinamento militar seria paralelo ao político, de forma a ficar bem definido que a revolução serviria para tomar o poder, e não para habilitar atiradores. "Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições”, explicou na ocasião. Em 1962, Mandela vai a Londres, onde adquire livros sobre guerra e guerrilha. Ele e Tambo se reúnem com vários políticos e, dali, percorrem diversos países africanos em busca de apoio contra o Apartheid.
(do site Opera Mundi).

  

 

Ao noticiar a morte de Mandela, a mídia conservadora tentou seqüestrar a história, exaltando o lado “conciliador”do primeiro presidente negro da África do Sul. Mas foi a coragem para o confronto ao segregacionista da minoria branca que pôs abaixo o apartheid e que lhe custou quase três décadas de cárceres.

 

A frase

"Quando é negado a um homem o direito de viver a vida na qual ele acredita, ele não tem outra alternativa a não ser se tornar um fora-da-lei"

 

O Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ realizou, nos dias 27 e 28, a 5ª edição da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat).  Com o tema “Prevenir, Agir e Cuidar”, a programação deste ano trouxe palestras e discussões sobre as ações na área de segurança do trabalho na UFRJ, sistema elétrico e anti-incêndios, primeiros socorros, cuidados com a pele e ortopédicos, ginástica laboral e atividade motivacional.

A mesa de abertura contou com a presença do decano do Centro, Walter Suemitsu; do pró-reitor de Pessoal (PR-4), Roberto Gambine; e dos professores Fernando Sepúlveda (Coppe) e Marcos Lopes Dias (Instituto de Macromoléculas). Suemitsu destacou a importância de uma cultura preventiva e sugeriu o debate sobre a possibilidade de inclusão de disciplinas relacionadas à segurança desde a graduação, “estimulando a prática também entre os docentes”.

Já o pró-reitor enfatizou a reflexão permanente sobre os cuidados com o ambiente de trabalho. “Se eu vou aposentar com 60 anos, quer dizer que passarei 43 anos na universidade. Ou seja, bastante tempo! Isso (o longo tempo no mesmo local) por si só já justifica uma preocupação e olhar permanente sobre o ambiente”.

Mandela enfrentou a chaga  capitalista do apartheid

"Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer".

Nelson Rolihlahla Mandela (nome de batismo Rolihlahla Dalibhunga Mandela) faleceu na quinta-feira (05/12), aos 95 anos. As palavras acima foram ditas em 1964, durante seu julgamento. Em junho daquele ano, ele seria condenado à prisão perpétua. Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela passou a ocupar a cela de número 466/64, cujas dimensões eram de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm. Viveu ali por 27 anos.
O prolongado período de cárcere ao qual Mandela foi submetido era uma manifestação direta do brutal regime segregacionista do apartheid imposto pelos sucessivos governos do Partido Nacional na África do Sul. De 1948 a 1994, ano das primeiras eleições livres no país – conquistadas pelo líder popular –, os direitos da grande maioria dos habitantes eram cerceados pelo governo, formado pela minoria branca. De fato, a segregação racial data do período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial no final dos anos 1940.
Com ele tiveram origem os bantustões, pseudoestados de base tribal criados pelo regime para manter os negros fora dos bairros e terras brancas, mas suficientemente perto delas para servirem de fontes de mão-de-obra barata.
Pouco tempo antes, o jovem Mandela, membro de uma família de nobreza tribal da etnia Xhosa, nascido em uma pequena aldeia do interior, se mudou para capital, Johannesburgo, com 23 anos e começou a atuar na política. Naquele ambiente cosmopolita, em contraste com o cenário rural no qual havia vivido até então, Mandela se formou em advocacia e passou a liderar a resistência não-violenta da Liga da Juventude do CNA (Congresso Nacional Africano).

Na Fort Hare, primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos para negros, Mandela fez muitos amigos com quem mais tarde formaria o núcleo de comando da Liga, movimento de resistência ao apartheid que se transformou em partido político a partir de 1994, o CNA.

Na capital, Mandela trabalhou como vigia de uma mina e conheceu Walter Sisulu, ativista político, em 1941. Sobre o encontro Sisulu diria, mais tarde: "Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório."

Alguns anos depois, Mandela se juntou a outro ativista, Oliver Tambo, com quem inaugurou o primeiro escritório advocatício negro do país. Biografias de Mandela analisam que, somente em Johannesburgo, quando já não era mais tratado como um garoto da nobreza tribal, e sim como mais um negro pobre do interior, o jovem percebeu a dimensão do abismo entre brancos e negros. Essa, provavelmente, foi a fagulha determinante para o início da luta contra o racismo.

Em 1951, Mandela é eleito presidente da Liga e no ano seguinte presidente do CNA na província de Transvaal, o que o coloca como vice-presidente nacional da instituição. Em 26 de junho do ano seguinte, é lançada na África do Sul a “Campanha de Desafio”: por todo o país, negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – banheiros, escritórios públicos, correios. Ele é condenado, junto a outros 19 companheiros, com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados.

Em 8 de abril de 1960, o CNA é banido e Mandela fica preso até o ano seguinte, quando passa para a clandestinidade. Em 1961, ele cria o Umkhonto we Sizwe – "Lança de uma Nação" – também conhecido pela sigla "MK”, braço armado do CNA. O movimento surge em resposta ao Massacre de Sharpville, em 20 de março de 1960, quando 69 negros foram metralhados pelas forças de segurança em um protesto do PAC (Congresso Pan-Africano) contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem uma caderneta na qual estava escrito aonde eles poderiam ir.

Segundo Mandela, o treinamento militar seria paralelo ao político, de forma a ficar bem definido que a revolução serviria para tomar o poder, e não para habilitar atiradores. "Nós adotamos a atitude de não violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não violência e usamos os métodos ditados pelas condições”, explicou na ocasião. Em 1962, Mandela vai a Londres, onde adquire livros sobre guerra e guerrilha. Ele e Tambo se reúnem com vários políticos e, dali, percorrem diversos países africanos em busca de apoio contra o Apartheid. (do site Opera Mundi).
 
 
 
Ao noticiar a morte de Mandela, a mídia conservadora tentou seqüestrar a história, exaltando o lado “conciliador”do primeiro presidente negro da África do Sul. Mas foi a coragem para o confronto ao segregacionista da minoria branca que pôs abaixo o apartheid e que lhe custou quase três décadas de cárceres.
 
A frase
"Quando é negado a um homem o direito de viver a vida na qual ele acredita, ele não tem outra alternativa a não ser se tornar um fora-da-lei"
 
 

Documentário retrata drama dos cortadores de cana

Exibição foi o primeiro evento público da recém-criada Universidade da Cidadania, na UFRJ

O lançamento na UFRJ do filme Linha de Corte, de Beto Novaes, no último dia 28, marcou o primeiro evento público organizado pela Universidade da Cidadania (UC) – órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura criado para dialogar com movimentos sociais e servidores públicos.

O documentário trata do impacto da exploração do trabalho na saúde dos cortadores em modernas usinas no interior de São Paulo. Submetidos a condições de trabalho semelhantes ao regime escravo, alguns empregados chegam a coletar 52 toneladas de cana por dia, o que provoca danos irreversíveis na vida deles. Cirurgias no braço e na coluna, por exemplo, são frequentes, como relata Pedro Salveriano, um dos entrevistados.  O ambiente de exploração retratado no filme de Novaes é lastreado por entrevistas com professores da Unicamp e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Nessas entrevistas, fica demonstrado que todo o sistema nos quais os cortadores de cana estão inseridos fica distante das condições de trabalho adequadas, a começar pelos equipamentos utilizados. Estima-se que cada cortador faça 3.500 flexões de coluna e desfira 13.500 golpes de facão por dia. Após a exibição do documentário, o diretor Beto Novaes e a diretora da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Ferais), Carlita Costa, debateram o tema com a plateia.

“Nas usinas, agora existe o ‘colaborador’, porque a categoria trabalho se perdeu”, ironizou Beto. “O aumento da mecanização do corte da cana aumentou a exploração do trabalhador. Com o documentário, talvez vocês consigam entender melhor a nossa realidade”, completou Carlita.

Objetivos

Os objetivos da Universidade da Cidadania (leia matéria na próxima edição do Jornal da Adufrj) foram explicados pelos professores Maria Malta e Fabrício Leal antes da apresentação do documentário na mesa de abertura, que contou com a 1ª Vice-Presidente da Adufrj-SSind, Luciana Boiteux.

A Seção Sindical e a Fiocruz apoiaram a atividade realizada no Salão Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha.

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