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De cada três jovens assassinados no país, dois são negros. Dados como este foram expostos no debate “Cor e Classe na sociedade brasileira”, no dia 4 de dezembro – dois dias antes da morte de Nelson Madela, símbolo da luta antiapartheid. Organizada pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), com o apoio da Adufrj-SSind, Sintufrj e do DCE Mário Prata, a atividade foi realizada no auditório da Escola de Serviço Social, na Praia Vermelha.

A mesa, formada só por negros – uma raridade na UFRJ –, antecedeu o lançamento de dois livros do professor Marcelo Paixão, coordenador do Laeser, na livraria da Editora da UFRJ: A Lenda da Modernidade Encantada: Por uma Crítica ao Pensamento Social Brasileiro sobre Relações Raciais e Projeto de Estado-Nação (Ed. CRV) e 500 Anos de Solidão: Ensaios sobre as Desigualdades Raciais no Brasil (Ed. Appris). 

O debate será reproduzido na próxima edição do Jornal da Adufrj.

Embrião de projeto busca integrar atividades da universidade voltadas para a formação não tradicional

 

Professora do Instituto de Economia explica iniciativa

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


Criar pontes de diálogo com conhecimentos não acadêmicos. Esse é o propósito da Universidade da Cidadania (UC), mais novo órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura. “A UFRJ talvez seja o maior agregador de projetos dessa natureza. Principalmente na região do entorno da Cidade Universitária, no Fundão, onde existe uma infinidade de programas que realizam ações diretas e acessórias a entidades e a movimentos da região”, explica Maria Malta, professora do Instituto de Economia e diretora da UC.

A abertura da instituição “para sujeitos que não estarão na universidade de outra forma senão pela extensão” é um dos objetivos da iniciativa. Mas a professora deixa claro que não haverá concorrência com a Pró-reitoria de Extensão (PR-5): “Vamos atrair os programas da UFRJ que tenham foco no aspecto da formação”, diz. De acordo com Maria Malta, o modelo de ensino universitário é restritivo: “Muitos não conseguem acompanhar, não pelo conteúdo, mas pelo formato. O ensino tradicional é muito repartido, demora, leva tempo demais. Em nossos cursos, cada 15 horas correspondem a um crédito e eles podem ser agrupados em 30h, 60h”, afirma, sobre a segmentação curricular. “Dependendo do caso, a experiência intensiva pode ser mais interessante em termos de aproveitamento individual e coletivo”.

Para Maria, aliás, a noção de “turma” sai prejudicada em alguns cursos de graduação. “Também nesse aspecto, a educação popular tem a acrescentar à universidade. Há sempre uma preocupação com o conhecimento do conjunto”.

Estrutura 

A Universidade da Cidadania ainda não possui uma infraestrutura física compatível com as especificidades da educação popular. Porém, um espaço, que se chamará Escola Superior da Cidadania, já está reservado no Plano Diretor da UFRJ. Ele ficará nas imediações do posto do corpo de bombeiros, no Fundão: “O papel social da universidade não se esgota na formação de profissionais qualificados, de cientistas e pesquisadores; ela tem o compromisso igualmente de formar cidadãos, aptos a pensarem criticamente e a serem agentes de transformação de nossa sociedade, marcada por profundas desigualdades, pela injustiça social e ambiental”, justifica o plano.

Será um lugar com auditórios, salas de reunião, escritórios e outros equipamentos para atender às necessidades do dia a dia: “A educação popular tem uma dinâmica própria, por exemplo, com atividades culturais integradas à programação. Fazem uso de cozinha e outras práticas menos comum à universidade”, explica Maria Malta. Para ilustrar a necessidade da demanda, ela lembra a situação da turma de um curso itinerante, na UFRJ, que chegou a acampar de forma precária no campo de futebol da Educação Física, no campus da Praia Vermelha. 

Aperfeiçoamento para servidores

Além da Escola Superior da Cidadania, a UC é composta ainda pelo Centro de Formação Continuada para o Setor Público (CFCSP). “Essa é outra demanda forte por formação para a universidade”, aponta Maria. De acordo com a docente, o enxugamento neoliberal que quase levou à extinção órgãos públicos voltados para este fim, nos anos de 1990, faz com que a universidade seja frequentemente requisitada neste campo: “Dos servidores do município ao Judiciário”, observa. 

“Nossa avaliação é que a universidade dispõe de um conjunto de disciplinas, em especial, sobre a formação econômica do Brasil, que tem aplicações práticas distintas, mas são do interesse dos dois públicos atendidos pela Universidade da Cidadania”, esclarece.  

Cursos começam em 2014

Por ora, o órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) está na fase de planejamento dos cursos que começam em 2014. O formato vai depender do diálogo com os movimentos parceiros. 

A certificação dos cursos seguirá as regras da universidade para a extensão. Já as aulas, com 360 horas para graduados, vão certificar como especialização: “Quem sabe, no futuro, os cursos caminhem no sentido de até formar um currículo próprio para uma graduação”, afirma Maria Malta.

 

 

A luta da extensão universitária

A diretora da UC, Maria Malta, avalia que a universidade ainda não superou a noção equivocada de Extensão como primo pobre da Academia. “Muitas vezes, a extensão é entendida como uma espécie de militância e não é contabilizada pelos dirigentes e gestores na carga horária”. 

Malta espera que uma recente resolução do Conselho de Ensino e Graduação pelo cumprimento de 10% de atividades na área de extensão, em todos os cursos, colabore para modificar esse quadro. E que a extensão seja valorizada, “inclusive em termos de progressão na carreira”, completa. 

Prazo alterado no CEG

Em sua sessão do último dia 4, o CEG prorrogou até março de 2015 o prazo de adaptação dos cursos da UFRJ aos termos da resolução.


Composição inicial da UC

Já fazem parte da Universidade da Cidadania, como programas e cursos associados: Laboratório de Informática para a Educação (LIpE/Poli/CT); Laboratório de Trabalho e Formação (LTF/Coppe/CT); Laboratório Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/Poli/CT); Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/Coppe/CT); Centro de Cidadania (ESS/CFCH); Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (Ettern/Ippur/CCJE); Laboratório de Estudos Marxista José Ricardo Tauille (Lema/IE/CCJE); e o Programa Itinerante de Legislação de Pessoal e Direito Administrativo, da PR-4.

Coppe celebra seus 50 anos

Seminário sobre o instituto foi realizado nos últimos dias 2 e 3

Rodrigo Ricardo. Especial para o Jornal da Adufrj

Considerado um dos maiores centros de ensino e pesquisa da América Latina, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia, a popular Coppe-UFRJ, vem celebrando, ao longo de 2013, meio século de existência. O mais recente evento comemorativo, o Seminário Coppe 50 anos – Presente e Futuro, ocorreu nos dias 2 e 3 de dezembro, no auditório do Bloco G do Centro de Tecnologia.   

“A Coppe não tem sentido sem a universidade”, frisou, na ocasião, o diretor Luiz Pinguelli Rosa. Ele recordou que o instituto, inicialmente abrigado em duas pequenas salas no campus da Praia Vermelha, nasceu de uma desobediência frente ao desinteresse pela ciência e contra a burocracia. 

Porém, segundo Pinguelli, a atuação dos órgãos de controle acaba por tolher as iniciativas acadêmicas. “Deixa todo mundo amedrontado. Em vez de construir um laboratório ou realizar qualquer outra atividade, o professor prefere ficar parado”. 

 

Mais um programa de pós-graduação

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) avalia com conceito máximo seis dos atuais cursos da Coppe, que acaba de criar a sua 13ª pós-graduação, o Programa de  Engenharia da Nanotecnologia.  E a professora Vera Salim, vice coordenadora da nova pós e também professora do Programa de Engenharia Química (PEQ), acrescenta a expressão “revisitar o passado”  a um dos lemas das comemorações do instituto (“Coppe, construindo presente e desenhando o futuro”).“Nesta trajetória, é preciso recordar que fomos um dos primeiros grupos, dentro da universidade, a praticar com rigor a atividade docente em tempo integral, o que acabou por gerar a dedicação exclusiva. É um diferencial que está sendo negligenciado e mesmo preterido nas propostas dos novos modelos para as universidades públicas brasileiras”, pontuou Vera, representante sindical da Coppe na Adufrj-SSind.  “Não podemos esquecer de todos aqueles que participaram desta jornada. São muitos, impossível citar todos, assim ela fica simbolizada na minha homenagem ao querido colega e saudoso professor Giulio Massarani (1937-2004, um dos fundadores da Coppe)”. 

Para a próxima edição, o Jornal da Adufrj prepara uma reportagem especial sobre os 50 anos da Coppe.

Ex-estudantes do Colégio de Aplicação (CAp) que mantiveram vínculos com a universidade falam sobre a Unidade, melhor instituição federal do estado do Rio de Janeiro no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

Sucesso da escola guarda relação com a diversificação curricular, dizem elas

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

Mesmo com muitas dificuldades de infraestrutura e de pessoal causadas pela falta de investimento do Ministério da Educação, o Colégio de Aplicação da UFRJ fez bonito no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do próprio MEC. Foi a única instituição federal entre as vinte primeiras escolas do Rio (15º lugar) e garantiu a 57ª posição em todo o país. 

Esse desempenho positivo, para duas ex-alunas, de diferentes épocas, está fundamentado na diversificação curricular do colégio. “Desde os laboratórios de ciências até as disciplinas de artes”, conta Cecília Mello. Hoje professora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ, ela cursou o CAp de 1987 a 1995.

 As melhores lembranças de Isabela Peccini, 23, que frequentou o colégio de 1998 até 2008, também dizem respeito exatamente à pluralidade da grade: “Participei de tudo que pude, do grupo de teatro à organização das festas juninas e grêmio estudantil”, afirma a atual estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

Qualidade do quadro de pessoal

Outra chave para o sucesso do projeto pedagógico do CAp é a qualidade do corpo docente e técnico-administrativo:  “A relação com essas pessoas foi o que mais me marcou. Quase todos os professores foram importantes”, conta Isabela.  

Orientação pedagógica fundamental

Para além dos professores de disciplinas, Cecília faz menção à totalidade da equipe pedagógica. De acordo com ela, a orientação educacional foi fundamental na escolha profissional: “Até pela proposta da escola, de oferecer muitas atividades diferentes, a gente acabava tendo facilidade para tudo: matemática, biologia, artes etc. A orientação vocacional foi fundamental. A pessoa disse que minhas características apontavam para as humanas e acertou em cheio. Todo o meu caminho foi pelas humanas”. Ela ingressou no IFCS, antes de seguir para o Ippur.

Grande número de substitutos preocupa

Embora “tetos desabando” e falta de espaço façam parte das memórias das duas ex-capianas, o que mais as preocupa, no presente, é o número excessivo de professores substitutos no quadro do colégio: “Essa rotatividade não acontecia. Contratar professores substitutos era bom porque garantia sempre uma certa renovação. Mas havia um equilíbrio. Foi importante ter professores que tiveram um tempo maior com a gente, pessoas como referências”, acrescenta Isabela. 

Cecília, que chegou a dar aulas na escola como professora substituta em Sociologia, antes de ingressar no Ippur, concorda. Embora a lembrança mais sofrida dela seja a destruição do palco do teatro para que fosse aberto um espaço de atendimento aos licenciandos da UFRJ no colégio, a maior “dorzinha no coração” reside na descaracterização da equipe da escola.

 

 

Greves significaram aprendizado

Outra experiência que marcou a trajetória das duas foi a participação política nos tempos de escola.  As greves estão entre as boas recordações de ambas. “Aprendi mais em algumas atividades (de greve) do que em muitas disciplinas”, observa Isabela, bem humorada. A futura arquiteta experimentou sua primeira passeata aos catorze anos, por meio do CAp: “No Centro (da cidade), puxada pelo Passe Livre (estudantil)”, recorda. O aprendizado, que, à época, pareceu pueril, foi determinante para que se engajasse mais tarde no Centro Acadêmico e na Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Fenea). 

Já Cecília recorda bem da campanha “Fora Collor’ que tomou a escola: “Todo mundo se envolveu muito. Depois algumas pessoas questionaram esse movimento como manipulado pela TV Globo, mas acho isso bobagem. Foi um momento muito importante para o país’, esclarece a professora, formada em antropologia pelo IFCS.

O mais novo painel da Adufrj-SSind na lateral do ex-Canecão, na Zona Sul do Rio, destaca um ponto que precisa mobilizar toda a população brasileira em 2014, ano eleitoral: a defesa e ampliação da Educação Pública.

Completa o mural uma imagem de cartaz que reivindica a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, de forma imediata. O detalhe foi capturado pelas lentes do fotógrafo Samuel Tosta, durante as manifestações que sacudiram 2013. 

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