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Professora avalia o avanço do capital sobre as instituições públicas de ensino superior no país

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A professora Andrea Vale, da Universidade Federal Fluminense (UFF), focou sua apresentação nos desafios e problemas da educação superior no Brasil. “A transformação do mundo do trabalho com o avanço da precarização das relações e mudanças no aparato do Estado desembocam na super exploração dos trabalhadores da educação. Este movimento não está separado do avanço do capital privado sobre a educação pública e do avanço da educação privada capitaneada por recursos públicos”.

Para Andrea, há uma diluição das fronteiras entre o público e o privado, utilizada como estratégia pelo empresariado: “Os empresários da educação superior conseguem um conjunto de decretos que criam a figura de centros universitários. Criam-se faculdades isoladas, sem a necessidade de atuação em pesquisa ou extensão, consideradas atividades onerosas para seus negócios e pouco eficientes do ponto de vista da formação para o trabalho”. 

As isenções tributárias, de acordo com a docente, têm importante papel na expansão da rede privada e possibilitam a ampliação do “acesso a instituições muitas vezes de qualidade duvidosa, com alunos sem condições de permanência”. Para Andrea, um dos “efeitos nefastos” da política de expansão é o “ataque à universidade – seja pela expansão do setor privado predominantemente por IES não-universitárias, seja pelo modo como a expansão precária rebate nas universidades públicas”. 

Entre 1994 e 2002, de acordo com dados apresentados por Andrea Vale, quase dobrou o número de instituições de ensino superior no Brasil: de 851 para 1.637. Isto representou um aumento de 92,4%. No entanto, “as IES públicas reduzem seu número em -10,5% contra um aumento de 127,8% das IES privadas. A proporção, que em 1994 era de 25,6% públicas e 74,4% privadas, em 2002, é de 11,9% públicas e 88,1% privadas”.

Quanto às matrículas, continua a docente, no mesmo período há um “crescimento total de 109,5%, entretanto, registrando-se apenas 52,3% de aumento para as matrículas públicas, contra 150,2% para as matrículas privadas”. “Isto fez com que a proporção bastante estável, durante cerca de 20 anos, em torno dos 40% de matrículas públicas e 60% de matrículas privadas passasse, em oito anos, para 30,2% de matrículas públicas e 69,8% privadas”. Entre 2003 e 2010, as matrículas cresceram 28,63% nas IES públicas e 44,96% nas privadas. “Em resumo, entre 1995 e 2012, as matrículas cresceram 144,92% no setor público e 297,30% no setor privado”.

 

Na próxima edição, Educação Técnica e Tecnológica e a Educação no campo.

 

Encontro representativo

Diversos movimentos sociais, entidades classistas, movimentos estudantis e partidos políticos de esquerda participaram do Encontro Estadual de Educação. A carta de encerramento do encontro contabilizou a presença de 40 entidades. Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Sinasefe, Fasubra, Andes-SN, Sepe, Anel, Oposição de Esquerda da UNE, Associação dos Estudantes Secundaristas do RJ, Conselho Regional de Serviço Social, PCB, PSOL, PSTU e PCR foram algumas das entidades e partidos presentes.

O número total de participantes chegou a 350. Participaram dos grupos de discussão durante a tarde 250 pessoas. Isto demonstra a disposição para articular alternativas que sejam encaminhadas ao Encontro Nacional de Educação.  

 

Redução drástica das matrículas no estado

Eveline Algebaile, professora da Uerj, apresentou um quadro geral da educação básica e mostrou números alarmantes: há uma forte redução da participação dos estados na composição das matrículas na educação básica. No Rio de Janeiro, as matrículas estaduais caíram de 1.490.607 em 2006, para 973.666 matrículas em 2012. Para 2013, os números estão sendo atualizados e devem corresponder a pouco mais de 800 mil. “São menos 100 mil matrículas por ano no estado do Rio. É a rede que apresenta a maior queda no Brasil. Enquanto isso, a rede privada cresce 13,3% no país e 22,6% no Rio de Janeiro”.

Completaram-se dois anos da morte do ex-reitor da UFRJ Aloísio Teixeira. A professora Maria Malta leu texto no qual destacou as qualidades do ex-dirigente máximo da universidade, seu senso de justiça, sua luta pela abertura democrática e, como reitor, pela condução igualmente democrática da UFRJ. 

“Na clandestinidade (na qual viveu por quatro anos) atuou na formação de quadros no partido (PCB) e no retorno à vida pública, optou por formar-se economista. Em 1981 ingressou como professor na UFRJ, onde se titulou mestre, publicou sua tese de doutoramento elaborada na Unicamp e atuou como professor, pesquisador e extensionista durante a vida inteira. Escolheu ser reitor desta universidade. Lutou por isso. Morreu por isso”, disse Maria Malta.

Em busca de um projeto

Reunião foi preparatória do Encontro Nacional de Educação de 8 a 10 de agosto, no Rio de Janeiro

Silvana Sá. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

“Não temos um projeto alternativo ao imposto pelos setores dominantes para a Educação. Esta é uma tarefa necessária e urgente”. Com essas palavras o professor Titular da Faculdade de Educação da UFRJ, Roberto Leher, iniciou a mesa de abertura do Encontro Estadual de Educação do Rio de Janeiro. As palavras, aparentemente desalentadoras, são na realidade a constatação de que há muito que fazer, principalmente no campo da educação pública. A etapa preparatória do Encontro Nacional ocorreu no dia 26 de julho, no Instituto Superior de Educação. O ENE acontecerá também no Rio de Janeiro, de 8 a 10 de agosto. O prazo de inscrição termina no dia 30 de julho. 

Leher explicou que a educação vive não só um momento de disputas conceituais, como também um forte ataque por parte do empresariado. O movimento Todos pela Educação, explica o professor, é uma coalizão de empresários de diversos setores, inclusive do financeiro, com objetivo de realizar uma “ação classista”. “No discurso, eles dizem que organizam uma agenda para o Brasil, mas ocultam que esta é uma agenda para o capital”.

De acordo com Roberto Leher, o Todos pela Educação se constitui atualmente como a principal organização que põe em prática a tarefa de transformar a educação, especialmente a pública, em local de doutrinamento da classe trabalhadora: “Atualmente são 190 mil escolas sendo normatizadas e isto se faz impondo cartilhas, avaliações, IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) etc. Tem sido retirado do professor o papel de construir o conhecimento. Ele passa a ser mero reprodutor de conhecimento”.

Crise financeira e educação

Segundo a análise do professor da Faculdade de Educação da UFRJ,  a crise financeira vai se aprofundar no Brasil e a entrada do setor financeiro no ramo educacional foi pensada também como forma de amenizar os efeitos da crise sobre a classe dominante. “Neste movimento de abertura de capital há também a desnacionalização da educação brasileira”. Um dos resultados foi a fusão de duas gigantes da educação privada (Kroton e Anhanguera) que resultou na maior empresa de educação do mundo, a Kroton, com um milhão e meio de estudantes. O número de alunos é superior ao de 30 universidades federais juntas.

A entrada do setor financeiro no campo da educação, associado aos incentivos públicos à iniciativa privada, deságuam na abertura de capital de empresas de educação na Bolsa de Valores e financiamento do setor privado da educação com recursos públicos. Financiamentos estudantis, como o Fies, programas como o Prouni e incentivos fiscais são responsáveis pela injeção de dinheiro público na educação privada.

 

Cresce nesse contexto a educação à distância, diminuem-se os recursos humanos necessários à qualidade e excelência das aulas. Reduzida à mercadoria que gera lucro, a educação pública, gratuita e de qualidade perde campo.


Fatia do PIB para o setor privado

14072922Roberto Leher. Foto: Samuel Tosta: 26/07/2014Roberto Leher afirmou que a aprovação dos 10% do PIB para a Educação não se configurou exatamente em uma conquista. “Por mais que tenhamos afirmado a necessidade de que os recursos do PIB fossem destinados exclusivamente para a educação pública, o parágrafo 4º do Artigo 5º da lei diz que os investimentos poderão ser realizados em programas como o Fies (Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), o ProUni (Universidade para Todos), o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e o Ciência sem Fronteiras. Ou seja, o PIB poderá ser destinado à iniciativa privada”.

A Lei 13.005/2014, que aprova o PNE, considera também como investimento público em educação “os subsídios concedidos em programas de financiamento estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de educação especial”.

 

 “Vamos ter que dar carne e sangue para o que entendemos como público. É forçoso reconhecer que ainda não conseguimos amadurecer nossa agenda de educação. O que temos a dizer sobre a ideia de pensar a educação como formadora de mão de obra para o mercado? A formação própria e auto-organizada dos trabalhadores é imprescindível”, finalizou o docente.

Reunião na ABI marca rearticulação sindical contra perseguições políticas e solidariedade a ativistas denunciados em inquérito. Polícia também abriu processo sigiloso contra entidades sindicais

Elisa Monteiro. Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

A conjuntura recente acabou ampliando a pauta do ato convocado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) na quinta-feira 24. Além da defesa do direito de greve, sua motivação inicial, a reunião se transformou em manifestação política contra a tentativa de criminalizar entidades sindicais e o movimento social. 

“Nossa tarefa neste momento é defender todo lutador e lutadora atacados, independente da organização ou filiação partidária”, disse Márcio Alexandre da Silva, dirigente da Apeoesp, sindicato dos professores de São Paulo. O processo movido contra 23 ativistas – soltos, no momento, por força de um hábeas corpus – influenciou a atmosfera do encontro na ABI. A polícia procura envolver alguns sindicatos como supostos financiadores de atos violentos.

Além do Sepe, Sindipetro-RJ (petroleiros) e Sindsprev-RJ (funcionalismo público) foram citados pela polícia entidades investigadas num processo sigiloso. O setor da Educação vem sendo especialmente visado desde o início das greves do Ensino Superior (2012) e da rede básica (2013 e 2014). Durante o último movimento paredista dos professores estaduais e municipais da rede, a retaliação aos militantes foi dura, com demissões e transferências.

Historicamente, o movimento sindical sempre foi alvo das forças da repressão. Francisco Soriano, diretor do Sindipetro, lembrou a campanha  do governo de FHC contra os petroleiros em 1995: “Naquele momento, o governo bloqueou, como hoje é feito com os metroviários de São Paulo, as contas do sindicato”, disse.

Lei antigreve

Dirigente dos metroviários de São Paulo e um dos demitidos durante a greve recente da categoria, Paulo Pasin frisou que a repressão contra os educadores não é caso isolado. “Houve um consenso das elites depois da redemocratização pela preservação dos aparatos repressivos até os dias atuais”.

Pasin analisou ainda o papel do Judiciário na criminalização das lutas dos trabalhadores organizados: “Quando o Ministério Público de São Paulo diz que temos que manter 100% do funcionamento do serviço no horário de pico e 80% nos demais, na prática está impedindo a greve”. 

O professor Roberto Leher, do Fórum Estadual em Defesa da Escola Publica, alertou para o recrudescimento e a sofisticação da repressão às organizações dos trabalhadores, destacando o investimento no setor da inteligência. “É muito significativo que aos 50 anos do Golpe (civil-militar de 1964) estejamos discutindo liberdades democráticas”, disse, registrando o aumento do número de greves nos últimos anos.

Mais de 200 pessoas passaram pelo encontro que reuniu, além de um número expressivo de entidades sindicais e estudantis, a Conlutas-CSP, movimentos pelos diretos humanos como o Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH) e representantes de outras organizações como o MST. Os partidos PCB, PSTU, PSOL e PCdoB também expressaram apoio aos professores.  A Adufrj-SSind esteve no evento para se solidarizar. “Cada demitido é como um demitido de nossa categoria. Cada preso é também um preso para nossa categoria”, disse Cláudio Ribeiro, presidente da entidade.

 

Absurdos no inquérito

Durante a reunião na ABI,  o advogado Thiago Mello, do IDDH,  falou sobre as irregularidade presentes no inquérito que originou o pedido de prisão de 23 ativistas. “Por mais absurdo que possa parecer, o IDDH é citado nesse documento como ‘nave mãe’ de uma lista de 73 movimentos dos mais diversos”. A lista enumera núcleos independentes de comunicação, ONGs e até páginas humor na internet como “suburbano da depressão”. O advogado disse que o inquérito apresenta argumentos frágeis Thiago Mello informou que permanece em sigilo um inquérito especial exclusivamente composto por entidades sindicais.

 

NOTA DE REPÚDIO À CRIMINALIZAÇÃO

DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

O ANDES-SN e o SINASEFE repelem vigorosamente todas as formas de repressão que vêm sendo utilizadas pelo governo, pelo Tribunal de Justiça e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que resultaram nas prisões de manifestantes e, mais recentemente, na decretação de prisão preventiva de 23 ativistas com base em denúncias vagas e suposto planejamento de ação. Baseia-se este repúdio no direito constitucional de todos os cidadãos brasileiros de se manifestarem livremente, como também no direito à associação e liberdade de expressão. Tem sido corriqueira a criminalização dos movimentos sociais quando estes se manifestam contra os interesses dos governos de plantão. 

Durante o período de realização da Copa do Mundo, vivenciou-se no Brasil um regime de exceção repressor só antes visto em tempo de ditadura militar. Não é possível aceitar em silêncio os desmandos de um governo que se utiliza dos aparelhos de estado para sufocar a sociedade crítica e aprofundar o processo de mercantilização e privatização que se instalou neste breve período de Copa do Mundo. O Brasil não vive mais na ditadura, vivemos o estado democrático de direito. A Lei da Copa não é a Constituição Brasileira. 

O ANDES-SN o e SINASEFE reafirmam seu veemente repúdio às prisões arbitrárias e exigem o respeito aos movimentos sociais e a todos aqueles que lutam pela liberdade e defesa dos interesses do povo brasileiro.

Brasília, 25 de julho de 2014

ANDES-Sindicato Nacional

SINASEFE

No Rio de Janeiro, Encontro Estadual acontece no próximo sábado, 26 de julho, no Iserj, na Tijuca

Encontro Nacional será entre os dias 8 e 10 de agosto no Rio de Janeiro. Estados realizam atividades desde maio

De 8 a 10 de agosto o Rio de Janeiro sediará o Encontro Nacional de Educação que reunirá diversos setores ligados aos movimentos sociais e sindicais para debater os rumos da educação no país. Na pauta, a análise do Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014 aprovada em 25 de junho) e os embates necessários à defesa da Educação Pública.

Antes dele, porém, os estados se preparam para acumular entendimentos. Por isso, acontecem desde maio as etapas preparatórias, os Encontros Estaduais de Educação. No Rio, a discussão ocorrerá no dia 26 de julho, no Instituto Superior de Educação (Iserj), que fica na Rua Mariz e Barros, 273, Tijuca.


Inscrições

As inscrições para Encontro Estadual de Educação já estão encerradas, mas ainda é possível se inscrever para o Encontro Nacional. Para isto, basta acessar, até 30 de julho, o link http://migre.me/kvqAH. A inscrição custa R$ 30, mas militantes de movimentos populares podem contribuir com R$ 5. Após preencher o formulário, o participante deve realizar depósito identificado na Conta Corrente: 26.826-7, da agência: 2883-5, do Banco do Brasil. Mais informações no site: http://ene2014.wordpress.com/.

 

Caminho da mercantilização

Publicação analisa o Plano Nacional de Educação que o governo aprovou recentemente no Congresso 

14072132No prelo. Contribuição ao debate. Foto: DivulgaçãoPara aprofundar as análises de conjuntura sobre a política dos governos e o projeto de mercantilização da educação, o Coletivo de Estudos em Marxismo e Educação (COLEMARX) e o GT de Política Educacional da Adufrj-SSind publicarão na próxima semana uma cartilha. Ela pretende ser uma das referências para os debates nos encontros estadual e nacional.

A cartilha expressa reflexões que ajudam a entender a reforma da educação em curso aprofundada pelo PNE. Ganha força de lei, com o Plano, o processo de mercantilização da educação pública em todos os níveis, não só na educação básica, como na superior. Mais ainda: o Plano é construído para beneficiar instituições privadas de ensino, com repasses de recursos públicos em detrimento dos investimentos na educação pública.

Vê-se dia a dia estruturas curriculares serem alteradas para darem lugar a materiais didáticos de grupos empresariais do setor educacional. Isto se amplia na medida em que o protagonismo do professor e de sua relação com o aluno é retirado. Já não é mais o professor que determina a forma de passar os conteúdos e nem o tempo de assimilação da turma, mas o empresariado. Está inaugurada a era da educação pública como negócio.

Todos aos Encontros

Para o movimento docente, o pilar de sustentação da Lei que regulamenta o PNE é a “aplicação de avaliações padronizadas na educação básica e no ensino superior em nome da elevação da qualidade do ensino”. Assim, a classe trabalhadora e seus filhos têm pred efinidas avaliações e metas que devem ser cumpridas em nível nacional.

Estas e outras reflexões farão parte das discussões do Encontro Estadual de Educação do próximo dia 26 e também do Encontro Nacional, de agosto. Acumular os entendimentos e, principalmente, definir estratégias de luta contra essa realidade que se impõe à educação pública, é tarefa de todos. É necessário articular ações de resistência a este modelo degradante de educação, que retira a condição de sujeito de alunos, professores e todos os trabalhadores do setor.

Fazem parte ainda das análises a formação e valorização docente, a expansão do setor privado em detrimento de investimento nas instituições públicas de ensino, entre outros temas igualmente relevantes.

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